Adélia Prado – Versos na tarde – 07/08/2014
Poema esquisito Adélia Prado 1 Dói-me a cabeça aos trinta e nove anos. Não é hábito. É rarissimamente que ela dói. Ninguém tem culpa. Meu pai, minha mãe descansaram seus fardos, não existe mais o modo de eles terem seus olhos sobre mim. Mãe, ô mãe, ô pai, meu pai. Onde estão escondidos? É dentro de mim que eles estão. Não fiz mausoléu pra eles, pus os dois no chão. Nasceu lá, porque quis, um pé de saudade roxa, que abunda nos cemitérios. Quem plantou foi o vento, a água da chuva. Quem vai matar é o sol. Passou finados não fui lá, aniversário também não. Pra quê, se pra chorar qualquer lugar me cabe? É de tanto lembrá-los que eu não vou. Ôôôô pai Ôôôô mãe Dentro de mim eles respondem tenazes e duros porque o zelo do espírito é sem meiguices: Ôôôôi fia. ¹ Adélia Luzia Prado Freitas * Divinópolis, MG. – 13 de Dezembro de 1935 d.C >>biografia de Adélia Prado [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]