As empresas nunca falam conosco. Elas não se comunicam; elas compram esta comunicação, que é terceirizada para as agências. Só que agora não cabe mais ser assim e o profissional de comunicação que se vire. Por João Ghinato ¹ Antigamente, talvez antes da revolução industrial, quando as empresas não eram estas enormes corporações que vemos hoje em dia, quando as empresas não produziam tanto, quando elas ainda vendiam mais para seus bairros, seus conhecidos e parceiros, quando as técnicas de marketing ainda estavam engatinhando, nesta época os próprios donos vendiam seus produtos e serviços, eles falavam com seus clientes, entendiam seus clientes. Ou pelo menos podiam fazê-lo. Com o aumento massivo da produção, concorrências, necessidades de produtividades ao máximo, vieram as departamentalizações e as terceirizações. A comunicação foi terceirizada. A era das agências de propaganda estava iniciada. As empresas passaram a ter departamentos de marketing focados em gerenciar as agências para que estas falassem da melhor forma de suas empresas. As agências passaram a falar por elas. Nós sabemos que quem nos enche de publicidade são as agências, mas fingimos que são as marcas e as empresas. As empresas nunca falam conosco! Não pelos meios de comunicação. Elas não se comunicam. Elas compram esta comunicação. As agências falam por elas. E nós aceitamos. É o que dá para ser.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Era. A internet e seu atual estágio “2.0”, ou, como queiram, a “internet colaborativa”, quebra tudo isto e volta às origens. Nesta nova internet, as empresas passaram a ter a possibilidade e, mais que tudo, serem cobradas por isto, de se comunicar diretamente com seus públicos! Puxa, que legal! Legal para nós, o público, pois para as empresas, e para as agências de publicidade, tem sido, apesar de uma enorme oportunidade para todos, um desafio e um estorvo (até então) enorme e quase avassalador. Nem as empresas e nem as agências sabem fazer isto. Quem sabe? Como fazer? As agências estão aprendendo como fazer mídia, produzir conteúdo multimídia e entretenimento, na internet, mas não sabem e nem poderiam conseguir falar com cada usuário de seus clientes. E as empresas não tem isto. Nem sabem falar. Debatem-se internamente: “Quem responde? O que precisamos falar? Como falamos?” O usuário demanda muito! Demanda tecnicidades a respeito dos produtos, detalhes dos serviços, serviços e informações financeiras, negociações e informações em geral. Os usuários demandam muita atenção e dedicação. Esta tal web 2.0 demanda muito! As empresas precisam, agora, repensar seus departamentos. Talvez o Departamento de Marketing seja, agora, definitivamente, o Departamento de Comunicação e Marketing, onde o elemento Comunicação seja, sobre tudo, Comunicação Digital e tenha gente capacitada a falar ou delegar internamente toda e qualquer necessidade do público. Ou talvez a empresa deva ter, em cada um de seus diversos departamentos, alguém responsável pela comunicação digital de sua área. Não sei o formato, mas o certo é que as empresas não podem mais contar 100% com as agências de publicidade falando por elas. As empresas, agora, precisam “falar com as próprias pernas”. ¹ João Ghinato (jghinato@gmail.com) é diretor de consultorias e planejamento de negócios digitais da AG2