Twitter obriga a atividade jornalística a mudar o foco
Twitter pressiona uma mudança no foco da atividade jornalística Há menos de um mês alguns parlamentares ingleses estavam passando para seus eleitores e simpatizantes os resultados de uma votação legislativa ignorando o papel da imprensa como mediador entre tomadores de decisões e o público. As sessões do parlamento já são transmitidas ao vivo pelo rádio que é onde a imprensa monitora o trabalho legislativo. Mas o Twitter alterou essas mediação ao estabelecer contato direto entre a fonte da notícia e o consumidor de informações. A moda deve pegar porque os tomadores de decisões têm agora um canal direto com a opinião pública, sem terem que enfrentar os questionamentos e as idiossincrasias da imprensa. Aqui no Brasil já temos quase todos os políticos inscritos pelo Twitter.[ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda] Isto pode aproximar o público dos tomadores de decisões, em especial os membros do poder legislativo, do seu público alvo. Trata-se de uma aproximação de mão dupla porque os eleitores também estão criando os seus canais de cobrança e monitoramento da atividade parlamentar, o que pode contribuir para o saneamento tanto do Senado como da Câmara de Deputados. Mas também vão surgir problemas. No caso dos parlamentares britânicos Tom Watson e Jim Knight, na pressa de avisar seus eleitores, eles acabaram passando resultados equivocados da votação e tiveram que voltar atrás. Outra possibilidade real é o surgimento de uma cacofonia informativa pelo Twitter, tornando necessária uma depuração e contextualização das notícias transmitidas pelo sistema de micro-mensagens. Para os repórteres e editores, a ampliação do uso do Twitter marca mais um passo na direção do fim da era do furo jornalístico. É também um novo empurrão no sentido da transformação dos profissionais em orientadores e contextualizadores das informações passadas ao público pelos tomadores de decisões e formadores de opiniões. A grande diferença é que o foco dos jornalistas deixa de ser a simbiose com o poder político e econômico para voltar-se cada vez mais para o público, reconstituindo aquilo que está na origem do jornalismo, o caráter social da atividade informativa. Carlos Castilho – Observatório da Imprensa