Juan Gélman – Versos na tarde – 28/08/2013
Arte Poética Juan Gélman¹ Entre tantos ofícios exerço este que não é meu, como um amo implacável me obriga a trabalhar de dia, de noite, com dor, com amor, sob a chuva, na catástrofe, quando se abrem os braços da ternura ou da alma, quando a enfermidade funde as mãos a esse ofício me obrigam as dores alheias, as lágrimas, os lenços saudadores, as promessas no meio do outono ou do fogo, os beijos do encontro, os beijos do adeus, tudo me obriga a trabalhar com as palavras, com o sangue. Nunca fui o dono de minhas cinzas, meus versos, rostos escuros os escrevem, como atirar contra a morte. ¹Juan Gélman * Buenos Aires, Argentina – 1930 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]