Kipling – Versos na tarde – 06/05/2013
Se Kipling¹ Se és capaz de manter a tua calma quando todo o mundo em redor já a perdeu e te culpa, de crer em ti quando estão todos duvidando e para esses, no entanto, achar uma desculpa; se és capaz de esperar sem te desesperares, ou, enganado, não mentir ao mentiroso. Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares, e não parecer bom demais, nem pretensioso; se és capaz de pensar – sem que a isso te atires; de sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores; se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires tratar da mesma forma a esses dois impostores; se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas em armadilhas as verdades que disseste e as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas, e refazê-las com o bem pouco que te reste; se és capaz de arriscar numa única parada tudo quanto ganhaste em toda a tua vida, e perder e, ao perder, sem nunca dizeres nada, resignado, tornar ao ponto de partida; de forçar coração, nervos, músculos, tudo a dar seja o que for que neles ainda existe, e a persistir assim quando, exausto, contudo, resta a vontade em ti, que ainda ordena: Persiste! Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes; e, entre reis, não perder a naturalidade e de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes; se a todos podes ser de alguma utilidade; e se és capaz de dar, segundo por segundo, ao minuto fatal todo o valor e brilho: Tua é a terra como tudo o que existe no mundo, e – o que ainda é muito mais – és um homem, meu filho! Tradução de Guilherme de Almeida ¹Joseph Rudyard Kipling Prêmio Nobel de Literatura * Bombaim, Índia – 30 de Dezembro de 1865 d.C + Londres, Inglaterra, 18 de Janeiro de 1936 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]