Casimiro de Abreu – Versos na tarde – 02/05/2014
Desejo Casimiro de Abreu¹ Se tivesse a tez morena, Os olhos com expressão, Negros, negros, que matassem, Que morressem de paixão, Impondo sempre tiranos Um jugo de sedução; Se as tranças fossem escuras, Lá castanhas é que não, E que caíssem formosas Ao sopro da viração, Sobre uns ombros torneados, Em amável confusão; Se a fronte pura e serena Brilhasse d’inspiração, Se o tronco fosse flexível Como a rama do chorão, Se tivesse os lábios rubros, Pé pequeno e linda mão; Se a voz fosse harmoniosa Como d’harpa a vibração, Suave como a da rola Que geme na solidão, Apaixonada e sentida Como do bardo a canção; E se o peito lhe ondulasse Em suave ondulação, Ocultando em brancas vestes Na mais branda comoção Tesouros de seios virgens, Dois pomos de tentação; E se essa mulher formosa Que me aparece em visão, Possuísse uma alma ardente, Fosse de amor um vulcão; Por ela tudo daria… – A vida, o céu, a razão! ¹Casimiro José Marques de Abreu * Barra de S. João, RJ – 1893 d.C + Rio de Janeiro – 18 de Outubro de 1860 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]