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Ronaldo Monte – Versos na tarde – 08/03/2013

Serenando Ronaldo Monte ¹ Deixa cair a noite, cair sereno o olhar sem fome de seda e âmbar. Aprende a ver sem esforço o que a névoa quer te mostrar. Deixa ficar no escuro o que não queira virar lembrança. Deixa a memória fazer escolhas. Deixa o tempo brincar de esconder. Deixa minar a prata, arcar os ombros, riscar as rugas, dançar os nervos. Testemunhas das carícias do tempo no [ teu corpo. Deixa de presente a madrugada aos novos feixes de luz e voz que aprenderam contigo a caminhar. Fica nesta noite que começa em ondulações de luz e sombra curiosas de te conhecer. ¹ Ronaldo Monte de Almeida * Maceió, AL – 1947 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Papa, Dom Odílio Scherer e a esquerda brasileira

Leio nos jornais que crescem as possibilidades do Arcebispo de São Paulo, Dom Odílio Scherer, vir a ser eleito o próximo Papa, na sucessão a Bento XVI. Por outras fontes, blogs e redes sociais, percebo uma resistência nada sutil da esquerda brasileira, que considera o prelado um “reacionário”. Quem não gosta do PT deve começar a rezar para que Dom Odílio seja o próximo Papa. Nada trará mais infelicidade às hordas petistas. Eu já vejo a questão por um ângulo. Ele, Dom Odílio, deve ter um santo forte. Nada melhor para avalizar conduta que não ter o aval dos esquerdoides de boutique. Mas, acredito que será um italiano jovem – para aqüentar o tranco de consertar a esbórnia administrativa financeira da empresa Vaticano S/A, e de quebra a questão da pedofilia na Igreja católica. O eleito deverá conhecer os meandros, escaninhos e reposteiros da Santa Sé, além de ostentar um conservadorismo arraigado para não abrir espaços aos reformistas – casamento gay, aborto, celibato, ordenação de mulheres, pesquisa em células tronco embrionárias, aborto de anencéfalos, os padrecos adeptos da tal teologia da libertação, homossexualidade “e outras cositas mas”. Ps 1. Seja qual for o eleito espero que não insista que a crise moral que assola o mundo possa ser resolvida com orações. Ps 2. Não esquecer que o Papa Emérito, renunciou para poder influenciar no conclave, o que não seria possível se estivesse morto. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Dilma, vetos e jornalistas analfabetos

O jornalista Alcelmo Goes, O Globo, escreve, liberdade de imprensa é pra isso mesmo, permitir inclusive que analfabetos emita opiniões, escreve que a presidente da República “amarelou” na questão dos Royalties do petróleo, e a compara a Poncio Pilatos, no que diz respeito ao veto presidencial, derrubado no Congresso Nacional. É não. É respeito ao ato jurídico perfeito, abrigado na Constituição Federal, e o jornalista é um ignorante, por ignorar a Constituição. E analfabeto jurídico. E isso não tem nada a ver com partido político. Aliás, não sei por que ainda perco tempo rebatendo essas “disnotícias.” Devem servir chá de alfafa nas redações. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Libertário desmonta Obama e seus assassinatos seletivos

O libertário Rand Paul, do Partido Republicano, desmontou os argumentos da administração de Barack Obama para lançar ataques com Drones. E alertou também para os riscos de americanos serem alvejados dentro dos EUA pelos bombardeios com estes aviões não-tripulados, cada vez mais comuns. Como exemplo, Paul cita um exemplo de um árabe-americano de Detroit, onde há uma comunidade grande. Suponha que este jovem troque um email com um primo no Oriente Médio para contar as notícias da vida da família nos EUA. O primo quer saber apenas isso. Mas, por outro lado, integra uma entidade considerada terrorista pelo Departamento de Estado. Isso torna o americano de Detroit terrorista só porque se comunica com o primo do Hamas? E o governo teria o direito de ataca-lo dentro do território americano sem direito a julgamento? O senador, que é filho de Ron Paul, pré-candidato à Presidência, perguntou ao governo americano e não obteve uma resposta satisfatória do Departamento de Justiça. Na prática, o governo de Obama deixou aberta esta possibilidade de matar um americano sem julgamento. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Em defesa do presidente, surpreendentemente, saiu o editorial do Wall Street Journal. Segundo o jornal, o governo deve agir contra combatentes inimigos dentro dos EUA se eles oferecerem um risco. Paul não discorda. Apenas acha que o presidente não pode determinar quem é um combatente terrorista. O rapaz de Detroit pode ser acidentalmente suspeito por trocar e-mails com primo do Hamas. E, como lembra Paul, mesmo no exterior os EUA matam suspeitos. Ninguém garante que determinada pessoa seja realmente terrorista. Simplesmente o governo disse que são. Conheço o Yemen e sei que muitos habitantes podem ser equivocadamente suspeitos de terrorismo. Além disso, existem radicais que oferecem ameaças locais, não a interesses americanos. É preciso diferenciar. Israel, com todas as informações em Gaza e realizando assassinatos seletivos em uma escala infinitamente menos do que os EUA, cometeu alguns erros, como na ação que matou Salah Shehada, líder do Hamas, segundo disseram os próprios líderes do Shin Bet (serviço de segurança interna de Israel) no documentário Gatekeepers. Ele era um terrorista que ameaçava Israel. Mas, junto com ele, morreram 15 inocentes, incluindo crianças. Como era na Palestina e o premiê israelense era Ariel Sharon, houve gritaria. Já nas dezenas de bombardeios do Nobel da Paz Obama no Yemen há um silêncio, especialmente da esquerda. Para ficar claro, Paul não discorda de uma ação contra alguém a caminho de realizar um atentado. Mas não nos outros casos. As pessoas, como diz ele, tem direito a julgamento. Mesmo serial killers podem se defender nos EUA. O mesmo se aplica a estupradores. Suspeitos de terrorismo americanos que não estejam envolvidos em uma ação imediata também devem ter este direito. Quem sabe estejam apenas enviando email para o primo. As declarações foram dadas ontem quando ele adotou um filibuster. Isto é, bloqueou momentaneamente a votação para confirmar ou não a indicação de John Brennan, “pai dos Drones”, para o cargo de diretor da CIA, onde ele continuará a prática do governo Obama de assassinatos seletivos de suspeitos de terrorismo. Em seguida, discursou por 13 horas para condenar estas ações do atual presidente. No fim, mesmo com o filibuster, que exige 60 dos 100 senadores para aprovar uma nomeação, em de maioria simples, o indicado tende a ser aprovado. Obs. Paul afirmou que certamente o senador Obama, de 2007, estaria ao seu lado ontem se fosse George W. Bush realizando as ações com Drones. Guga Chacra/Estadão

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Mônica Waldvogel e os ciclistas

O Diário entende que, nos dias de hoje, você pode avaliar a grandeza de uma cidade pelo número de ciclistas. Copenhague é grande. Amsterdã é grande. Paris é grande. Londres é grande. Nova York quer se tornar grande com ações urgentes que a secretária de transporte da cidade — uma ativista das bicicletas, escolhida pelo prefeito Michael Bloomberg exatamente por isso — vem promovendo em ritmo frenético. A bicicleta é uma causa mundial, dados os congestionamentos, a poluição e os malefícios ao meio ambiente trazidos por automóveis numa quantidade assombrosa e insustentável. E é uma causa também do Diário. Simbolicamente, nos locomovemos todos de bicicleta. Não é assim, porém, que pensam muitos influentes jornalistas brasileiros dos meios tradicionais. Eles parecem viver num universo paralelo, fechados para as coisas que estão movimentando pessoas mundo afora. Uma demonstração sensacional disso foi dada pela jornalista Mônica Waldvogel. Num programa, ela ridicularizou, estrepitosamente, as bicicletas. Perdeu em alguns momentos a respiração ao rir dos ciclistas.  Em que planeta vive ela? No Planeta Globo? Todos lá são assim? Bem, a fala de MW suscitou seu oposto: um texto de um dos melhores blogueiros de bicicletas do país, Max Leisner. O Diário, orgulhosamente, reproduz a carta aberta enviada por Max a MW. Prezada Sra. Waldvogel, A semana que passou foi particularmente pesada para as pessoas que, como aquele amigo ao qual a senhora se refere no vídeo que tive a infelicidade de assistir hoje pela manhã, consideram a bicicleta como um meio de transporte, de vida saudável e de desenvolvimento urbano sustentável. Dois desses risíveis sonhadores – um com 21 e outro com 41 anos – foram atropelados e mortos em menos de 24 horas. O primeiro vítima de um motorista embriagado, e o segundo supostamente de um caminhoneiro que dormiu ao volante. Em ambos os casos, podemos argumentar que as mortes foram acidentais, já que ninguém, por mais embriagado ou sonolento que esteja, desejaria matar uma pessoa. Logicamente que isso não exime a responsabilidade dos motoristas, e muito menos traz de volta à vida os ciclistas mortos. Mas fica, lá no fundo, aquela sensação de que se os condutores estivessem em pleno domínio de suas faculdades mentais, tudo poderia ter sido evitado. Entra em cena – literalmente – o vídeo mencionado acima. Depois de assistí-lo várias vezes – primeiro para ter certeza de que aquilo que eu pensei ter ouvido realmente foi dito, e depois para ter certeza de que  não foi desdito – minha primeira reação foi torcer para que o que vi tenha sido uma infelicidade de edição, daquelas em que só nos é mostrado o conteúdo podre, visando confundir a percepção do ouvinte ou prejudicar a imagem do interlocutor. Se esse for o caso, minha retratação virá prontamente – assim que o conteúdo integral for apresentado. Se não for, então me vejo obrigado a estender um pouco essa cartinha, não tanto com a pretensão de que a senhora chegue a recebê-la, mas mais como catarse. Afinal, com os dois ciclistas que morreram eu só posso falar em pensamento. Para os familiares deles, não teria palavras. Mas  para as suas declarações, e principalmente para o seu comportamento enquanto elas foram feitas, eu tenho muitos pensamentos, muitas palavras, e nenhum impedimento para externá-los. Em primeiro lugar, a senhora deixa claro que em sua opinião a bicicleta não é um meio de transporte. Aí vem minha primeira dúvida: se eu vou de casa para o trabalho de bicicleta, como fazem milhares de pessoas por opção ou necessidade no Brasil e outros milhares mundo afora, e ela não é um meio de transporte, o que é então – além é claro de um obstáculo no caminho de motoristas bêbados, sonolentos e apressados? Ou de motivo de ironias, chacotas e piadas em rodinhas de bate-papo de gente inteligente e valente como a senhora, que munida apenas de um Ipod enfrenta engarrafamentos gigantescos? Enquanto a sua resposta não vem, eu tenho a minha, inspirada nesse mesmo vídeo. A bicicleta é a muleta do ciclista, que por sua vez é um animal com necessidades especiais de locomoção. Para esse animal, o carro, que seria a opção in, não serve. Ele realmente tem necessidades especias, tipo fazer exercício, sentir o vento no rosto, contribuir com o desenvolvimento urbano sustentável (eu sei, eu sei, isso é uma ameaça séria para os amantes de engarrafamento, mas….), diminuir a conta de combustível (eu sei, eu sei, quem pode comprar um Ipod nem sabe o preço do litro da gasolina, mas….) e outras tolices de eco-chatos e demais formas de existência nocivas ao bem estar do cidadão comum. Na verdade, se a bicicleta não for isso, seria ótimo que passasse a ser. Porque nesse caso, de cara, duas coisas ótimas iriam acontecer: 1) na qualidade de portadores de necessidades especiais de locomoção, os ciclistas teriam direto à vagas privilegiadas em supermercados, bancos, escolas e nas ruas. E a partir daí a polícia não precisaria mais ser mobilizada para arrombar cadeados de bicicletas presas a postes de luz; 2) na qualidade de animais, os ciclistas passariam a ser protegidos por associações, instituições e similares, e poderiam trafegar pelas ruas sentindo-se assimilados pela comunidade ao invés de expurgados. Mas, francamente, não tenho muitas ilusões a esse respeito. Como a senhora mesmo diz, “já imaginou hi hi hi um bando de paulistanos ho ho ho  indo trabalhar de bicicleta rá rá rá?” É, não dá pra imaginar. Se isso acontecesse, o Brasil – ou São Paulo ao menos – transformar-se-ia subitamente numa Amsterdam, numa Copenhagen ou numa Minneapolis – que como todos sabemos são lugares de péssima qualidade de vida, haja visto a probabilidade cada vez menor de engarrafamentos (onde escutar música então, oh céus??). E quem, em sã consciência, poderia desejar isso? Alias, “como a senhora mesmo diz” é realmente o grande motivo que me traz ao teclado. Monica Waldvogel, quer eu concorde, goste, acredite ou não, é uma formadora de opinião. E como tal, suas palavras tem um eco que vai além do seu universo particular.

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