Arquivo

Charles Simic – Versos na tarde – 07/03/2013

O quarto branco Charles Simic ¹ O óbvio é difícil de provar. Muitos preferem o oculto. Eu também preferia. Eu escutava as árvores. Elas guardavam um segredo que estavam prestes a me revelar — e não o fizeram. Veio o verão. Cada árvore de minha rua tinha sua própria Xerazade. Minhas noites faziam parte de suas histórias selvagens. Entrávamos em casas escuras, casas sempre mais escuras, silenciosas e abandonadas. Havia alguém de olhos fechados nos pisos superiores. O medo e o fascínio me mantinham bem desperto. A verdade é nua e crua, disse a mulher que sempre se vestiu de branco. Ela não saiu muito de seu quarto. O sol apontava uma ou duas coisas que tinham sobrevivido intactas na longa noite. As coisas mais simples, difíceis em sua obviedade. Essas não faziam barulho. Era um dia do tipo que as pessoas chamam “perfeito”. Deuses disfarçados de grampos de cabelo, espelho de mão, um pente com um dente faltando? Não! Não era isso. Apenas as coisas como são, mudas, imóveis, sem piscar, naquela luz brilhante — e as árvores esperando a noite. Tradução: Carlos Machado ¹ Charles Simic * Belgrado, Iugoslávia – 1938 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

Leia mais »

Joaquim Barbosa, a ribalta e o equilíbrio

Joaquim Barbosa manda repórter “chafurdar no lixo”. Essa é a manchete que ocupa o noticiário no Brasil. Será esse lixo, a pocilga do jornal em questão? O destempero do ministro Presidente do STF foi contra um repórter do Jornal O Estado de São Paulo, que no exercício de seu ofício interpelou o ministro na saída de uma reunião do CNJ. Coincidentemente esse jornalista está fazendo matéria sobre reformas nos gabinetes dos ministros da suprema corte. O jornalão até agora não saiu em defesa de seu profissional, somente publicando nota oficial do STF assinada não pelo ministro, mas pelo secretário de comunicação social da corte, nota que reproduzo abaixo. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Somente para efeito de raciocínio imagino que resposta o ministro daria se o jornalista em questão fosse o senhor Merval Pereira. Essa não é a primeira vez que o ministro demonstra destempero no trato com as pessoas, inclusive com seus pares no STF. Antes foram os colegas Eros Grau, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello.  Destratar jornalista no exercício de seu ofício é também forma de censura. Atitudes intempestivas recorrentes é sinal de falta de equilíbrio para o exercício do mando. O ministro também já apontou seu verbo fluente contra a classe política: “A sociedade está cansada dos políticos tradicionais, dos políticos profissionais”. “Nós temos parlamentares aí que estão há 30, 40 anos no Congresso, ininterruptamente”. Para quem está em cargo vitalício… Político, bem ou mal, tem que lutar pela reeleição, e se a consegue é por vontade do eleitor, que é soberano para delegar ou não mandatos. Não cabe ao ministro condenar o sistema eleitoral, abrigado na Constituição Federal, a qual ele tem o dever de guardar. O que se espera na conduta de um magistrado é equilíbrio e serenidade. Mesmo sob tensão. A ribalta, reafirmo, é um perigo. Ps. A cubana Yoani Sanchez, até onde sei, não remeteu nenhum dos manifestantes que a hostilizaram ao “lixo”. Nota oficial do STF Em nota assinada pelo secretário de comunicação do Supremo, Barbosa pediu desculpas e afirmou que se trata de “episódio isolado que não condiz com o histórico de relacionamento do ministro com a imprensa”. “Em nome do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Joaquim Barbosa, peço desculpas aos profissionais de imprensa pelo episódio ocorrido hoje, quando após uma longa sessão do Conselho Nacional de Justiça, o presidente, tomado pelo cansaço e por fortes dores, respondeu de forma ríspida à abordagem feita por um repórter. Trata-se de episódio isolado que não condiz com o histórico de relacionamento do Ministro com a imprensa. O ministro Joaquim reafirma sua crença no importante papel desempenhado pela imprensa em uma democracia. Seu apego à liberdade de opinião está expresso em seu permanente diálogo com profissionais dos mais diversos veículos. Seu respeito pelos profissionais de imprensa traduz-se em iniciativas como o diálogo que iniciará no próximo dia 07 de março, quando receberá em audiência o Sr. Carlos Lauria, representante do Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), ONG com sede em Nova Iorque. Wellington Geraldo Silva Secretário de Comunicação Social – SCO Supremo Tribunal Federal”

Leia mais »

Chávez e o New York Times

No NY Times: “Chávez um político brilhante, mas incompetente. Culpou os Estados Unidos por seus fracassos na economia, na geração de empregos e na luta contra a criminalidade.” Mas nenhuma palavra sobre o fornecimento de petróleo – 20% do consumo diário – da Venezuela de Chávez ao país do Obama. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

Leia mais »

Marconi Perillo do PSDB impõe censura a jornalista

O governador Marconi Perillo, PSDB de Goiás, impôs, via ação judicial, censura à jornalista Lênia Soares. O censório tucano não gosta das matérias que a jornalista faz mostrando as conexões do emplumado governado ao bicheiro Carlos Cachoeira. A decisão judicial de impor multa diária caso a jornalista escreva o nome do governador, é da juíza Luciana Silva. Fico imaginando o escarcéu que a mídia venal e a revistinha semanal fariam se o censor fosse um governador do PT. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

Leia mais »