Castro Alves – Versos na tarde – 01/03/2013
Adormecida Castro Alves ¹ Uma noite, eu me lembro… Ela dormia Numa rede encostada molemente… Quase aberto o roupão… solto o cabelo E o pé descalço do tapete rente. ‘Stava aberta a janela. Um cheiro agreste Exalavam as silvas da campina… E ao longe, num pedaço do horizonte, Via-se a noite plácida e divina. De um jasmineiro os galhos encurvados, Indiscretos entravam pela sala, E de leve oscilando ao tom das auras, Iam na face trêmulos — beijá-la. Era um quadro celeste!… A cada afago Mesmo em sonhos a moça estremecia… Quando ela serenava… a flor beijava-a… Quando ela ia beijar-lhe… a flor fugia… Dir-se-ia que naquele doce instante Brincavam duas cândidas crianças… A brisa, que agitava as folhas verdes, Fazia-lhe ondear as negras tranças! E o ramo ora chegava ora afastava-se… Mas quando a via despeitada a meio, P’ra não zangá-la… sacudia alegre Uma chuva de pétalas no seio… Eu, fitando esta cena, repetia Naquela noite lânguida e sentida: “Ó flor! — tu és a virgem das campinas! “Virgem! — tu és a flor da minha vida!…” ¹ Antônio Frederico de Castro Alves * Curralinho, BA. – 14 de março de 1847 d.C + Salvador, BA. – 6 de julho de 1871 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]