Alfonso Larrahona Kästen – Versos na tarde – 20/01/2013
Ópera Nostra Alfonso Larrahona Kästen ¹ Minha fome se nutre de teu corpo, de tua íntima rosa, de teu lume invadindo meus gélidos plantios, me devorando as trêmulas palavras. Tua nudez me entrega tua essência mulher que levo dentro, dardejando esta memória azul do que regressa fiando novas horas para o abraço para o amável incêndio de tuas pernas onde tuas coxas roçam os amores que sonharam um dia nossos corpos. Desfralda todo o amor suas bandeiras, encontrando a estação onde amanhece o sangue com perfis dominicais, com aromas que voltam entre nós a despertar os pássaros que incitam cada dia o calor entre os amantes, com mapas interiores alertando a chegada da pétala desnuda que a pele já transforma num pulsar. Meu orvalho te dou e te umedeço, lúcida entre meus sóis e meus combates, minhas buscas, incensos e insistências para agregar um fogo arcano ao ninho. Embaralhamos gozos destinados a nascer em países onde o homem nasce do amor como acontece o trino e as águas já não sabem de outra coisa que conduzir os corpos abrasados. Possuímos janelas pelo sangue como nos rodam flores pelo corpo, transparentes enxames que nos pedem dançar até cairmos consumidos, em doçura de cantos assomados muito além do jardim da impudícícia. A verdade é o amor um horizonte de mágicos confins que nos acenam recuperando o anjo, procurando momentos sem espinhos onde treme a possessão feliz desses momentos em que os dois encontramos o sentido e navegamos livres como os barcos por sobre o inacabado rio do sonho. Somos inacabada língua, terno instante, frágil música avançando no prédio do prazer, lugar sagrado onde voltamos jovens e onde somos cerimônia desnuda no recreio desta Ópera Nostra que algum dia se integrará no incêndio de algum Deus. Tradução de Walmir Ayla ¹ Alfonso Larrahona Kästen * Valparaíso, Chile – 1932 d.C + Belo Horizonte, MG. – 9 de Outubro de 1985 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]