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Jorge Luis Borges – Versos na tarde – 02/01/2013

Poema Jorge Luis Borges ¹ O ocaso é sempre comovente por mais pobre ou berrante que seja, porém mais comovente ainda é o fulgor desesperado e final que enferruja a planície quando o último sol mergulhou. É doloroso manter essa luz tensa e diversa, essa alucinação que impõe ao espaço o medo unânime da sombra e cessa de repente quando notamos sua falsidade, como cessam os sonhos quando sabemos que sonhamos. ¹ Jorge Luis Borges * Buenos Aires, Argentina – 24 de Agosto de 1899 d.C + Genebra, Suíça – 14 de Junho de 1986 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Internet 10 X Jornais 0

Perspectiva para o jornalismo Outro olhar sobre a mídia impressa na Alemanha Jornais alemães de grande circulação eram, antigamente, uma garantia de jornalismo de alta qualidade. Mas, com a pressão da internet, as tiragens estão caindo – e também os padrões editoriais, noticia Richard A. Fuchs [Deutsche Welle, 28/12/12]. A indústria jornalística do país, que luta para sobreviver, tenta prevenir seu fim em letras garrafais: “O impresso é eficaz” é o título de uma campanha lançada pela Associação de Editoras de Revistas da Alemanha (VDZ, na sigla em alemão), em um esforço para segurar anunciantes que estão cada vez mais migrando para a mídia online. A tiragem impressa está atualmente em um declínio vertiginoso. Alguns jornais já desapareceram. O Frankfurter Rundschau decretou falência e o Financial Times Deutschland encerrou sua operação. Até o respeitável Süddeutsche Zeitung está planejando cortes massivos. Jornais regionais pequenos são os mais atingidos; eles esperam que fusões e cortes de emprego os ajudem a sobreviver. A razão para a crise da mídia impressa é simples: os leitores jovens preferem surfar na rede de graça a folhear um jornal que têm que comprar. Informação diária na web O conteúdo digital e o impresso coexistiram lado a lado por pelo menos uma década, intensificando a variedade de mídia na Alemanha – mas, agora, começou um processo de seleção, afirmou Sven Gabor Janszky, presidente da empresa de pesquisa de tendências 2b Ahead. “A informação de massa ficará resumida quase que inteiramente à mídia eletrônica”, disse, prevendo que editoras que lucram no setor da mídia de massa encontrarão dificuldades para manter as receitas. “No futuro, vamos querer informação onde quer que estejamos”. Segundo ele, sistemas de assistência eletrônica que transmitem automaticamente informações específicas para smartphones continuarão a ser cada vez mais importantes. Janszky acredita que filtros eletrônicos no setor de informação de massa assumirão o papel dos jornalistas de hoje. A informação pode, assim, ser moldada de maneira mais específica às preferências do usuário. Produto de nicho Para Janszky, o fim do jornal diário não significa necessariamente ao fim de toda informação impressa. Em vez de ser uma fonte imediata de notícias, a mídia impressa, no futuro, se tornará mais um artigo de luxo que coloca a informação em um contexto de opinião e análise. Não existirá mais uma edição impressa diária, mas uma revista para a elite da informação – semanal, mensal ou trimestral. As análises impressas seriam, portanto, um complemento à informação interativa, atualizada diariamente, na internet. Um exemplo disso é o jornal semanal Die Zeit, que está registrando novos recordes de tiragem a cada semana. O resto do setor está enfrentando uma onda de fechamentos, o que afetará a qualidade das reportagens. “Veremos que jornalismo de qualidade será reduzido a um produto de nicho que é muito caro, para uma audiência específica”, disse, acrescentando que leitores terão que se despedir de produtos de massa que ainda são baseados em jornalismo de qualidade. Questão política A crise dos jornais também tornou-se um tema político, alimentado por tendências no Reino Unido e nos Estados Unidos. Recentemente, a revista Newsweek encerrou sua edição impressa após 80 anos, devido à baixa tiragem, e existirá somente online em 2013. A chanceler alemã Angela Merkel expressou sua preocupação com essa tendência em uma mensagem em vídeo semanal distribuída na web, na qual afirmou esperar que as revistas e jornais conhecidos tenham um bom futuro. O professor de jornalismo Klaus Meier, especialista em cross media da Universidade Católica de Eichstätt-Ingolstadt, acredita que a lamentação pela mídia impressa é inapropriada. “Não acredito que teremos mais jornais fechando completamente em um futuro próximo na Alemanha”, disse, acrescentando que mesmo os diários mudaram. “Se compararmos os jornais de hoje e os de 20 anos atrás, vemos imediatamente que eles estão graficamente muito mais avançados.” O uso de gráficos, quatro cores e layouts claros tornaram a leitura muito mais agradável, assim como o texto orientado para o leitor e mais notícias locais. Para Meier, isso resultará em uma coexistência de longo prazo entre a mídia online e o setor impresso fortemente reduzido, mas ainda poderoso, com as fronteiras ainda mais tênues. “Jornais terão apenas uma edição impressa uma ou duas vezes na semana, mas publicarão atualizações interativas e atualizadas na internet”, afirmou. Como essa mudança afetará o jornalismo de alta qualidade será decidido pelo modelo de negócios adotado no futuro. Paywalls para o conteúdo digital serão usados mais frequentemente. “Por outro lado, veremos cada vez mais que o jornalismo não é 100% vendável, mas devemos pensar, em vez de modelos de fundação [não lucrativa], em investimento do governo”, apostou. Observatório da Imprensa Tradução e edição: Larriza Thurler

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A decisão do ministro, o julgamento do “mensalão” e a ponderação de valores

Conforme noticiado pelos veículos de mídia eletrônica o ministro Joaquim Barbosa indeferiu o pedido formulado pelo procurador-geral da República de prisão dos réus da ação penal 470, chamada de processo do “mensalão”. O PGR nada mais fez que exercer seu direito de petição como parte do processo que é. Pode pedir o que bem lhe aprouver, podendo seu pedido ser ou não deferido pelo juízo. No caso o descabimento do pedido era mais que evidente, contrariava a jurisprudência pacífica da corte e os mais comezinhos princípios de Direito e de nossa Constituição. Tratava-se de postular não por um pedido de prisão cautelar dos réus mas já pela execução da condenação dos mesmos. Já tivemos a oportunidade de tratar em artigo anterior o descabimento da pretensão face ao fato da decisão não ter sequer transitado em julgado, face a ela ainda cabem recursos, inclusive embargos infringentes que podem reduzir as penas de alguns réus alterando o regime de execução de fechado para semi-aberto. A decisão condenatória, aliás, sequer foi publicada, sequer chega a “existir” no sentido jurídico da expressão. Assim a decisão do ministro Joaquim Barbosa foi inegavelmente correta, merecedora de elogios. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Por maior que seja o desejo de punição da comunidade ou de parte dela, por maior que seja o sentimento de “vítima” que estas pessoas sintam face a qualquer acusado de crimes de corrupção, há que se entender que numa sociedade civilizada o juiz não deve agir nem com o espírito de punição nem com o sentimento de vítima. O juiz deve agir com distância, mesmo que com rigor na aplicação da lei. Na relação de ponderação entre os valores da moralidade pública e o da presunção de inocência e segurança jurídica setores relevantes de nossa sociedade, de uma forma totalmente compreensível mas ingenuamente perigosa, tem feito preponderar em sua forma de pensar e argumentar a moralidade pública de forma a esquecer, apagar a presunção de inocência e a legalidade. Tudo vale a pena, qualquer forma de atitude autoritária é bem vinda, se for a título de combater a imoralidade no trato da coisa pública. Há um imenso equívoco neste tipo de ponderação de valores. Muita crueldade, muito autoritarismo, muito gente foi injustiçada e mesmo morreu por conta deste tipo de ponderação equivocada de valores. De Robespierre na Revolução francesa ao Golpe de 64, os exemplos são inúmeros na historia humana. Os historiadores são melhores fontes do que eu para tratar destes exemplos, que sei existentes. Talvez eu esteja profundamente equivocado, não terei receio de admitir de público se chegar a esta conclusão, mas tenho a firme convicção que por conta da influência não positiva dos meios de comunicação sobre o comportamento de nossa Suprema Corte no chamado processo do “mensalão” este caso acabou contendo mais equívocos que acertos, mais injustiças que correções. Não tenho dados ainda para poder afirmar que houve um juízo de exceção, me parece prematuro este tipo de afirmação ser feita com rigor científico. Há que se esperar a publicação da decisão e futuras decisões para se formar em definitivo este juízo. Erro judicial não se confunde com exceção, há entre eles profunda diferença jurídica e política. E certamente o julgamento não foi de todo equivocado, mas contém, ao menos me parece, desacertos, que em essência se fundem nesta incorreta ponderação de valores por parte de setores de nossa sociedade. Para se combater a imoralidade pública, o que é mais que nobre, necessário e urgente, acaba se achando justificável qualquer meio e com isso se sacrificam, ou se tolera o sacrifício de outros valores relevantíssimos para a vida democrática e civilizada e que não necessariamente precisariam ser excluídos de uma sociedade mais saudável em termos de ética nos negócios públicos. Legalidade, segurança jurídica e presunção de inocência não são valores de uma classe social como acreditam alguns, ou direitos de bandidos como ainda creem outros. São conquistas humanas, após séculos de lutas e sacrifícios, frutos da saberia de muitos e do sangue de outros tantos. É pura insensatez deles abrir mão. Pedro Serrano/Carta Capital

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