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Gustavo Vasconcelos – Prosa na tarde

Café de sempre Gustavo Vasconcelos Levito um vulto nocturno em rua estreita e mal iluminada. Esquinas que pingam chuvas recentes escondem-me os passos apenas suficientemente rápidos. Fujo do dia que já acorda e sento-me na mesa 7 do café de sempre. Sai um café curto para a 7, presume o empregado de sempre. Engana-se. Mas na ausência de algo melhor que seja uma bica que me ajude a viver acordado esta manhã recém-nascida. Fita-me por um momento como se nunca me tivesse visto. Como se soubesse o que só nós sabemos. De facto, hoje não é uma manhã banal. Esta noite amei a mulher que amo. A que sempre amei em segredo. Finalmente fomos quase eternos. Amámo-nos intensamente junto ao fogo que roubava o oxigénio que nos faltava. Fui persuasivo o bastante para cederes aos meus desejos mais insondáveis. Momentos decerto irrepetíveis mesmo agora que te tenho só para mim. Sei que serás minha para sempre. Mesmo tu que já amaste todos os homens menos a mim. Posso não ter sido o primeiro mas estou certo que serei o último amor da tua vida. Folheio o matutino por entre tragos intermitentes no café escaldante. É então que lá fora as luzes azuis giram reflexos desiguais nas paredes ainda pouco iluminadas. Desvio o olhar para o jornal como se não quisesse saber. Mas só encontro na página aberta ao acaso uma fotografia conhecida debaixo de um procura-se demasiado obeso para passar despercebido. Eu. No meu pior. Melhor assim. Certamente seguiram-me os passos lentos e ensanguentados pelo húmido empedrado. Já o previa. Podiam ao menos deixar-me terminar o meu café de sempre. O tempo agora pouco importa. Para mim, pouco. Para ti, nada. De que outra forma poderia ter a certeza de ser o último a quem amaste? Nota do Editor – Mantida a grafia do português de Portugal. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Aplicativos ajudam usuário a achar celular e tablet após roubo ou perda

Polícia tem conseguido prender suspeitos com a ajuda de rastreamento. Conheça programas que localizam remotamente os aparelhos. Têm sido frequentes os casos de criminosos encontrados pela polícia com a ajuda de smartphones ou tablets equipados com sistemas de rastreamento. Na noite de segunda-feira (17), por exemplo, um celular ajudou a polícia a localizar e prender dois suspeitos de roubo em São Paulo (veja reportagem ao lado). Em Minas Gerais, um tablet foi recuperado com a ajuda de um aplicativo do tipo no último dia 12 de outubro. No Mato Grosso do Sul, uma jovem usou o programa para encontrar o celular que havia sido roubado em uma festa, no início deste mês. Apesar das críticas de que esses aplicativos podem diminuir a privacidade dos usuários, os programas de rastreamento podem ser úteis na hora de localizar um smartphone ou tablet que tenha sido perdido ou roubado. Apesar disso, é preciso lembrar que os aplicativos não são totalmente eficientes –se, por exemplo, acabar a bateria do aparelho e ele for desligado, não há como determinar sua localização. Veja alguns exemplos de programas de rastreamento: Para iOS (iPhone, iPod touch e iPad): Desenvolvido pela própria Apple, o Buscar Meu iPhone permite que o usuário localize seu tablet ou smartphone remotamente, acessando sua localização de um computador, por exemplo. O programa, gratuito, também permite exibir uma mensagem na tela do aparelho perdido, reproduzir um som ou até bloqueá-lo remotamente. Em casos extremos, é possível apagar os dados do dispositivo. Para usar o Buscar Meu iPhone, é preciso ter uma conta no iCloud (serviço de armazenamento de dados na nuvem da Apple) ou no MobileMe. Para que a localização seja feita, o programa precisa ser ativado nas configurações do aparelho e ter acesso a uma conexão com a internet. Usuários do iCloud também podem localizar seu MacBook com a ajuda do Buscar Meu iPhone. Os notebooks da Apple podem ser localizados por meio do serviço de armazenamento de dados ao entrar no site icloud.com. O novo sistema operacional da Apple, o iOS 5, também traz o Find My Friends, gratuito e desenvolvido pela Apple para que amigos possam saber a localização uns dos outros. Com o programa, os usuários podem saber a localização geográfica exata de seus amigos, em tempo real. Para compartilhar sua localização com alguém, é preciso adicionar o ID Apple da pessoa no programa e autorizar o compartilhamento. Assim, em caso de roubo, é possível pedir a ajuda de amigos que têm acesso a sua localização. Para Android: Usuários de aparelhos com o sistema Android dispostos a gastar até R$ 8,70 podem adquirir o SeekDroid, que permite habilitar o GPS do aparelho remotamente para localizá-lo. De sua casa, é possível ver a localização do dispositivo em um mapa e acionar um alarme. Também remotamente, o usuário pode ver as últimas ligações feitas com o smartphone e apagar todo o conteúdo do aparelho perdido. Um dos destaques do SeekDroid é que é possível escondê-lo na lista de aplicativos, para que sua desativação seja dificultada. Uma opção gratuita é o Android Lost, que localiza o aparelho e apaga seus dados remotamente. Com o programa também é possível ler as mensagens de texto que foram enviadas e recebidas pela pessoa que está com o aparelho no momento. O Wheres My Droid tem funções parecidas e também é grátis. Para Blackberry: Os donos de aparelhos Blackberry têm a sua disposição o Blackberry Protect disponibilizado pela própria Research in Motion (RIM). Com o programa, gratuito, é possível bloquear o celular remotamente e disponibilizar uma mensagem para quem encontrá-lo. Também dá para localizar o aparelho e apagar as informações importantes que ele está armazenando de maneira remota. De acordo com a RIM, o Protect também faz um backup das informações armazenadas nos aparelhos da fabricante. Para Symbian e Windows Mobile: Usuários de aparelho Symbian podem instalar o WaveSecure, da McAfee, que rastreia o aparelho, apaga os dados remotamente e bloqueia o aparelho automaticamente quando outro cartão SIM é inserido. Para o Symbian S60, o software sai por US$ 19,90 por ano. O WaveSecure também pode ser usado em aparelhos Android, Blackberry, Windows Mobile, iOS e Java. Donos de Symbian também têm a opção gratuita do F-Secure Anti-Theft for Mobile, que localiza o aparelho e apaga seus dados remotamente. Aparelhos com o Windows Phone, a nova versão do Windows Mobile, ainda não estão disponíveis no Brasil. Para notebooks: Para notebooks com os sistemas Windows, Linux, Mac e Android, é possível usar o Prey para localizar o aparelho perdido ou roubado. A localização fica disponível num serviço na internet, em que o usuário deve estar cadastrado previamente. Se o equipamento tiver webcam, o programa faz fotografias durante o processo de rastreamento, para registrar o rosto do usuário que está acessando o equipamento indevidamente. Um programa semelhante ao Prey é o BackBlaze, que, além de localizar o computador, mantém um backup on-line das informações armazenadas pelo usuário. O software sai por US$ 50 por ano, com espaço ilimitado para backup. G1

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Brasil: A republiqueta que funciona em caixa de sapato

O que era antes privativo dos mensaleiros e cuequeiros do PT, agora se propaga por partidos, também sempre decantados como éticos. Esse descalabro é mais um dos exemplos envolvendo partidos políticos, no caso PCdoB e Ongs. A “tunga” dos cumpanheros tem a única finalidade de se apropriar do dinheiro público. Sim, é inacreditável que um Ministro de estado seja acusado de receber propinas na garagem do prédio de seu escritório oficial. O que é de estranhar, especificamente em relação às denúncias complementares, e não ao fato em si, é qual a razão de o policial João Dias ter feito as denúncias mais detalhadamente em reunião com parlamentares da oposição, e não diretamente à Polícia Federal. Aliá, o PM alegou questões de saúde para o seu (dele) não comparecimento ao depoimento marcado à Polícia Federal. Ocorre que no mesmo horário ele estava reunido em uma das salas do Congresso Nacional com líderes de oposição. O certo seria ter entregue as provas para a Polícia Federal. Que eu saiba do que está normatizado na Constituição Federal, mais especificamente no art. 58, § 3º – “As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos internos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores” – portando somente na vigência de um CPI, o que não é o caso nessa que foi uma reunião privada, o senador Álvaro Dias não tem poderes próprios do judiciário nem do Ministério Público. E continua a pergunta que não quer calar, e nunca é respondida: e os empresários que corrompem os corrompidos? Quem são? Nomes! Queremos nomes! Faltou também ser revelado pelo insigne denunciante, e para que a denúncia se revestisse do máximo de credibilidade, qual foi a sua (dele) parte no butim. Assim como o escândalo do mensalão do DEM de Brasília a oposição não olha para o próprio umbigo. Quer dizer, sarjeta. O Editor Orlando Silva: Acusador afirma que entregou ‘gravação’ para revista Reunido a portas fechadas com lideranças da oposição, o PM João Dias forneceu detalhes sobre o esquema de cobrança propinas da pasta dos Esportes. Informou que o balcão funcionava no prédio do próprio ministério, forneceu nomes de empresas e de pessoas, esmiuçou reuniões e disse ter gravado uma delas. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Mais: João Dias declarou a senadores e deputados oposicionistas que já entregou a gravação à revista ‘Veja’. Disse que será veiculada no próximo fim de semana. Segundo João Dias, soam no áudio as vozes de assessores do Ministério dos Esportes que se reuniram com ele a pedido do ministro Orlando Silva. A conversa é de abril de 2008, época em que Orlando já ocupava a poltrona de ministro. Serviu para alinhavar um acordo nada republicano. Combinou-se que João Dias não denunciaria a engrenagem de cobrança de propinas. Algo que ameaçava fazer. Em troca do silêncio, a equipe de Orlando Silva isentaria duas ONGs do PM de irregularidades em convênios firmados com o ministério. Coisa de R$ 3,2 milhões. O acordo fora esboçado, segundo João Dias, numa reunião que ele mantivera antes com o próprio Orlando Silva. Esse diálogo prévio não foi gravado. Porém, disse o PM aos parlamentares, o áudio do segundo encontro, captado sem que os presentes soubessem, faz menção à combinação feita com o ministro. O blog conversou com três dos parlamentares que ouviram o relato de João Dias: Álvaro Dias (PSDB-PR), Chico Alencar (PSOL-RJ) e Ronaldo Caiado (DEM-GO). Os três declararam-se impressionados com a riqueza de detalhes do relato. Em essência, o detrator de Orlando Silva contou o seguinte: 1. Rescisão retroativa: Combinou-se que João Dias, em litígio com os operadores do esquema de propinas, teria encerrados os convênios de suas ONGs. Embora o acerto seja de abril de 2008, o termo do encerramento dos negócios foi datado de dezembro de 2007. Por quê? Para evitar que irregularidades apontadas posteriormente caíssem na malha de órgãos de controle como TCU e da CGU. 2. Central de fraudes: João Dias disse que entrou em atrito com Orlando Silva e Cia. ao recusar-se a pagar propina de 20% sobre os convênios que celebrou. Pagou, segundo disse, entre 1% e 2%. A central de desvios funcionava, segundo o acusador, nas dependências do ministério. Envolvia convênios do programa ‘Segundo Tempo.’ 3. Taxa de ‘assessoramento’: O acusador deu nome aos operadores dos contratos. Os contatos com as ONGs era feito por Ralcilene Santiago, funcionária do ministério e militante do PcdoB, partido do ministro. Cuidava da checagem da documentação e da estruturação dos convênios o advogado Júlio Cesar Vinha. A intermediação custava às ONGs até 20% do valor dos contratos. Feita a título de “assessoramento”, a cobrança era, segundo João Dias, “propina”. 4. Provedores de notas frias: João Dias contou que participavam do esquema empresas cuja função era a de prover notas frias para encobrir os desvios. Ele citou três logomarcas: HP, Infinita e Linha Direta. 5. R$ 1 milhão por baixo da mesa: De acordo com o relato do PM, o programa ‘Segundo Tempo’, concebido para levar atividades esportivas a crianças e adolescentes, destina verbas a ONGs de fancaria. Cumprem os convênios pela metade ou descumprem integralmente. Essas entidades devolvem parte do dinheiro recebido na forma de propinas. João Dias citou quatro ONGs que teriam repassado ao esquema R$ 1 milhão. Detalhista, ele dá os nomes das entidades e as cifras dos respectivos convênios: Liga de Futebol Society do DF (R$ 2 milhões), Instituto Novo Horizonte (R$ 3 milhões), Fundação Toni Matos (R$ 1 milhão), Associação Nossa Senhora Imaculada (R$ 600 mil). 6. Caixa dois do PCdoB: No dizer de João Dias, ex-candidato a deputado distrital pelo PCdoB-DF, a usina de desvios montada na pasta dos Esportes funciona “em todo país”. A verba malversada destinava-se, segundo ele

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O PT e o crime contra as ONGs

Os partidos políticos, especialmente o PT, são responsáveis por jogar lama numa ideia encantadora: a de que se pode fazer um serviço público, ajudando a comunidade, sem necessariamente ter de estar no governo ou ser filiado a algum partido. Gilberto Dimenstein ¹  Sou dos que acham de que todo e qualquer cidadão deveria ser ensinado a prestar algum tipo de serviço em sua comunidade. Um dos meus orgulhos na vida é ter sido voluntário neste tipo de entidade. Inspirei-me em maravilhosos casos de instituições que fizeram e fazem a diferença nas mais variadas áreas, da infância ao meio ambiente, passando pelas artes, adiantando-se aos governos. É onde se prestam projetos inovadores, que depois são replicados. Aponte um avanço social brasileiro e verá uma entidade não-governamental participando da mobilização na proteção de mulheres, negros, índios, crianças com deficiência, idosos, homossexuais. Essa combinação de fazer uma ação pública sem participar de governos ou partidos atraiu, no Brasil, jovens desencantados da política, mas querendo fazer a diferença. É uma dimensão das políticas públicas avançadas em que o governo não é o único protagonista. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Mas os partidos políticos brasileiros descobriram um filão de malandragem, usando a imagem das ONGs para acobertar falcatruas. O custo disso pode ir muito além dos milhões desviados. Pode gerar o aumento do desencanto dos jovens e das pessoas que querem melhorar sua comunidade. A melhor coisa que se faz é investigar cada vez mais as ONGs, especialmente as que tiverem acertos com os governos, para gerar transparência. ¹ Gilberto Dimenstein, 54, integra o Conselho Editorial da Folha e vive nos Estados Unidos, onde foi convidado para desenvolver em Harvard projeto de comunicação para a cidadania.

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