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Líria Porto – Versos na tarde

Armistício Líria Porto ¹ Ela vem chuvinha fina tira a aspereza da terra e dá um lustro no verde parece quando brigamos um terno abraço pós-guerra desfaz intrigas carrancas existem quatro elementos a água o ar o fogo a terra o quinto é o amor que temos ¹ Professora, mineira, vive em Belo Horizonte. Inédita, tem poemas publicados no Cronópios e na Germina — Revista de Literatura e Arte. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Gisele Bünchen e Albertina Berkenbrock: Ministra fala de uma, mas esquece a outra

Por Deonisio da Silva ¹ Observatório da Imprensa  Infelizmente, nem a ministra que se ocupou da calcinha e do sutiã de Gisele Bündchen, de repente assuntos de Estado e não apenas de moda ou mais especificamente de lingerie, nem suas colegas de outros ministérios lançam mão da presença feminina no governo da presidente Dilma Rousseff para cuidar de outros temas, igualmente inerentes à condição feminina. Estão preocupadas com as celebridades, como identificou Ligia Martins de Almeida em artigo publicado neste Observatório (ver “O governo, a mídia e a calcinha”). Ou, mais ainda, com determinadas “celebridades”. Assim, a titular da Secretaria de Políticas para as Mulheres pisou na bola, para usar uma boa metáfora do futebol, e seu gesto pode ser pedra de tropeço no caminho para ganhar as classes médias, além, naturalmente, do gesto desnecessário. Há outras prioridades de proteção aos clientes dos produtos anunciados por Gisele Bündchen, que, aliás, é atriz e modelo que não precisa de tutela nem de proteção de governo algum. Quem precisa, são seus eventuais fregueses. Estado leigo Por exemplo: se alguém comprar aquelas peças com cartão de crédito e precisar depois financiar o saldo restante, vai pagar juros abusivos. E contra os juros, ministros ou ministras, nenhum deles acha imorais ou atentatórias a nada as taxas cobradas. Se comprar aquelas peças num shopping center, antes terá de pagar o estacionamento enquanto o carro lá estiver. E que diz o governo sobre o que é cobrado nesses estacionamentos? Nada, O povo paga para comprar. Para quem quer incentivar o consumo para sair da crise, um dado preocupante. Antes de comprar, paga-se para estacionar, gasta-se no pedágio para lá chegar, paga-se uma das gasolinas mais caras do mundo para movimentar o carro que leva o freguês à loja etc.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Se está em questão a condição feminina, eis outra pauta para as ministras. A menina Albertina Berkenbrock, aliás tão bonita como Gisele Bündchen, já beatificada pelo papa Bento 16, e prestes a ser canonizada, não tem recebido, nem do anterior, nem do atual governo, atenção alguma. Já Cesare Battisti, condenado com abundância de provas no Judiciário italiano, é tratado como inocente no Brasil. Combatendo a Máfia, os juízes italianos pagaram com a vida a aplicação das leis. Mas, ao enfrentarem o governo e o Estado brasileiros, encontraram dois inimigos aparentemente invencíveis, que movem céus e terras para proteger um criminoso, fazendo o Brasil como nação passar uma vergonha danada no exterior. Por que a ministra, tão preocupada com a calcinha e com o sutiã de Gisele Bündchen, já protegida pelo prestígio nacional e internacional que alcançou com muito talento e tantos trabalhos interessantes, não dá uma olhadinha na história de Albertina Berkenbrock? Afinal, conquanto o Estado seja e deva ser leigo, as autoridades não perdem tempo de tirar proveito de missas e de outras cerimônias tão comuns no maior país católico do mundo, do qual são atualmente ministras. Duas vezes Albertina Berkenbrock foi assassinada em 15 de junho de 1931, aos doze anos, defendendo a dignidade da mulher, embora fosse ainda adolescente, resistindo a estupro. Sua canonização terá importância ainda maior do que a beatificação, e repercussão imorredoura. No Brasil profundo, ainda hoje falto de escolas, Albertina teve formação cristã, recebida da família, aprendeu sobretudo a ser solidária com os filhos dos vizinhos, até mesmo os filhos daquele que a matou, foi pessoa de agradável convívio, aplicada aos estudos, e seu professor e catequista deu depoimentos comoventes sobre a doçura da menina, em casa, como na escola, na igreja, na rua. Mas Albertina Berkenbrock não está na mídia. E o fato de não estar, às vésperas da canonização, já é sintoma de que privilegiamos na mídia e também no Estado outras “celebridades”. Já que a ministra pôs os olhos numa gaúcha bonita para proibi-la, que tal a redenção? Que dê uma olhada na catarinense que já morreu duas vezes. Uma, pelas mãos do cruel assassino; outra, pela omissão de autoridades como as que temos. ¹ Deonísio da Silva é escritor, doutor em Letras pela Universidade de São Paulo, professor e um dos vice-reitores da Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro; autor de A Placenta e o Caixão, Avante, Soldados: Para Trás e Contos Reunidos (Editora LeYa)

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Aviões-robôs dos EUA são infectados por vírus

Aviões-robôs dos EUA são infectados por vírus, diz site. Ameaça não impediu que máquinas continuassem em missões militares. ‘Tentamos limpar, mas o vírus continua voltando’, diz fonte. Aviões-robôs militares dos Estados Unidos, que são usados em missões no Afeganistão e em outras zonas de guerra, foram infectados por um vírus, segundo o site da revista “Wired”. A ameaça foi inicialmente detectada há duas semanas e não impediu que as máquinas continuassem em suas missões. O malware infectou o cockpits dos aviões conhecidos como Predator e Reaper, gravando as teclas que os pilotos usam para comandar os robôs à distância, diz a “Wired”. Ainda não ficou confirmado se houve algum incidente ou alguma informação secreta foi perdida. “Nós estamos trabalhando para limpar o computador, mas o vírus continua voltando. Achamos que é benigno, mas ainda não sabemos”, disse uma fonte ouvida pela “Wired”. Os especialistas não sabem se a ameaça entrou no sistema por acidente ou como ele se espalhou. De acordo com o site, o uso dos sistemas de aviões-robô já é conhecido pelas falhas de segurança, já que muitos deles não conseguem encriptar o vídeo que é transmitido para as tropas norte-americanas. G1

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Lições de Bush a Lula

A retumbante coleção de fracassos de Obama seria um prato cheio para George Bush. Seria fácil para Bush sair por aí dando entrevistas e desafiando o atual presidente a fazer melhor do que ele. Por: Renato Lima  No final do seu mandato, Lula repetia incansavelmente que ao se tornar um ex-presidente iria desencarnar e deixar de dar pitacos. Mais do que isso, iria mostrar como ser ex-presidente aos demais – recado dado a Fernando Henrique Cardoso, o eterno alvo das injúrias que ele dirigia aos governos anteriores, o que curiosamente não incluía Collor ou Sarney. Dilma não chegou a um ano de governo e Lula já aparece despachando com ministros dela, dando pitaco sobre relações com a base aliada, viajando pelo país em clima de campanha e repetindo que ela só não será candidata a reeleição se não quiser, como que já deixando claro a torcida pelo não. Quando dá muito na cara ele se refugia um pouco, mas logo depois volta aos holofotes. Isso só ajuda a passar uma imagem de fraqueza de Dilma – que precisa se “aconselhar” com Lula, como acontece frequentemente. Lula nem por um segundo deixou o palco político, nem no plano maior, o governo federal, nem em praças menores, como a disputa pela prefeitura de São Paulo, em que já indicou o seu candidato. A sua presença sufocante retira de Dilma a liderança que ela deveria exercer e do país a certeza de que a presidência é ocupada pela eleita, e não pelo padrinho. Lula deveria seguir o exemplo de George W. Bush. Sim, ele mesmo, o texano, um dos mais polêmicos e rejeitados presidentes dos Estados Unidos. Mas, como ex-presidente, sua atuação tem sido intocável. De estadista mesmo. Bush deixou o poder em 2009 com baixa popularidade e não fez o seu sucessor. Obama ascendeu ao poder como um fenômeno de mídia e popularidade, debitando na conta de Bush tudo que de ruim havia nos EUA. Inexperiente mas muito carismático, Obama foi eleito prometendo o céu, dizendo que “sim, nós podemos”. Guerra no Iraque e Afeganistão? Sim, nós podemos sair de lá. Crise econômica e desemprego? Sim, nós podemos voltar a crescer. Crise fiscal? Sim, nós podemos equilibrar o orçamento. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Passados três anos de governo, Obama não fez nada disso. O prêmio Nobel da Paz continua com a presença militar em todos os países que havia antes e conseguiu até entrar na Guerra da Líbia, gastando outros bilhões em bombas da Otan, algumas que acertaram civis e até uma escola de crianças com síndrome de Down. A economia é um dos maiores calos do presidente americano. O desemprego está mais alto do que quando Bush deixou o poder e o receio atual é de entrar novamente em recessão. E quanto ao rombo do orçamento, esse é melhor nem falar. Em grossos números, a dívida americana subiu US$ 4,9 trilhões nos oito anos do governo Bush e US$ 4 trilhões nos três anos do governo Obama. Com os juros quase nulos dos papéis do tesouro americano, esse acréscimo foi resultado de novos gastos e não o custo de rolagem da dívida. A recente crise política para aumentar o limite de endividamento dos Estados Unidos é apenas um reflexo da gastança do governo Obama, que nem assim conseguiu reativar a economia (e parece querer insistir no erro). A retumbante coleção de fracassos de Obama seria um prato cheio para George Bush. Seria fácil para Bush sair por aí dando entrevistas e desafiando o atual presidente a fazer melhor do que ele. Ou dar pitacos na condução da política econômica. Mais fácil e prazeroso ainda seria mostrar as contradições e erros e até comentar os pedidos de desculpas que Obama se viu forçado a fazer ao público americano. O mais notável foi quando o atual presidente dos Estados Unidos pediu aos congressistas para aumentarem o limite de endividamento do país, coisa que ele como senador por Illinois votou contra durante o governo Bush. Não é a toa que, em outubro de 2010, pesquisa feita pela CNN mostrou empate técnico para a pergunta de quem foi melhor presidente, Obama ou Bush. Obama pode ter todos os problemas no governo, menos um: a sombra de um ex-presidente que lhe persegue. Fora do poder, George Bush escreveu um livro, inaugurou uma biblioteca e se uniu a Bill Clinton num esforço humanitário no Haiti. Ao lançar o seu livro de memórias best seller (Decision Points, 2010), ele deu dezenas de entrevistas. Naturalmente, foi perguntado o que achava do governo Obama e instado a criticar a atual administração. Como se viu, não faltaria assunto. Mas Bush preferiu dizer que ele sabe como é difícil governar os Estados Unidos e que não contribuiria com o país nem com o presidente Obama se ficasse criticando-o. Bush nem mesmo ficou no partido Republicano querendo apitar sobre os rumos da oposição ou pedir a aliados que o ficassem defendendo de eventuais críticas. Ele, de fato, desencarnou. É possível não gostar de George Bush e do governo que ele comandou e ainda assim reconhecer que o seu papel de ex-presidente está corretíssimo. Ele engradece a democracia americana. Da mesma forma, muitos podem gostar da figura de Lula e do seu governo e reconhecer que, como ex-presidente, Lula faz um grande desserviço à sua sucessora e ao país. Ele apequena, ainda mais, a jovem democracia brasileira, nos aproximando do modelo russo de Medvedev e Putin. ¹ Renato Lima é jornalista, mestre em Estudos da América Latina (University of Illinois at Urbana-Champaign) e doutorando em ciência política (MIT). blog Mídia sem máscara   

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