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Shakespeare – Versos na tarde

Soneto XVIII Shakespeare ¹ Se te comparo a um dia de verão És por certo mais belo e mais ameno O vento espalha as folhas pelo chão E o tempo do verão é bem pequeno Às vezes brilha o Sol em demasia Outras vezes obscurece com frieza; O que é belo declina num só dia, Na eterna mutação da natureza. Mas em ti o verão será eterno, E a beleza que tens não perderás; Nem chegarás exausta ao triste inverno: Nestas linhas com o tempo crescerás. E enquanto nesta terra houver um ser, Meus versos ardentes te farão viver. ¹ William Shakespeare * Stratford-Avon, Inglaterra – 23 de Abril de 1564 d.C + Londres, Inglaterra – 23 de Abril de 1616 d.C ->> biografia [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Merval, o Imortal

Bem, eis a Pataquada da Semana. Merval Pereira, jornalista, virou imortal. Vou em busca de explicações. Ele deve ter escrito algum livro importante que não notei. Ou alguns, penso numa perspectiva mais otimista. Ele é autor de “O lulismo no poder”, uma coletânea de seus artigos no Globo. Quer dizer, não bastasse o leitor ser castigado por Merval uma vez na forma de jornal, ele apanha de novo na forma de livro. Merval é, basicamente, contra tudo que Lula fez, do Bolsa Família às cotas universitárias. Se Lula inventar a cura do câncer, Merval vai atacar. Seu poder de persuasão pode ser facilmente medido nas urnas. Se eu fosse candidato, torceria para que Merval fosse contra mim. Ao lado de Ali Kamel, ele é um dos mais fiéis reprodutores do ideário da família Marinho. (Esperemos para ver se Kamel não vira futuramente um imortal.) Numa carta célebre a um editor, o barão da imprensa Joseph Pulitzer disse o seguinte: “Espero que você pense, pense, pense!!! (…) Que compreenda que todo editor depende do proprietário, é controlado pelo proprietário, deve veicular os desejos e as idéias do proprietário. (…) Sua função é pensar, o mais próximo possível, no que você pensa que eu penso.” Merval – e nem Kamel – teriam que ouvir isso. Lembro que, nas reuniões do Conselho Editorial da Globo das quais participei entre 2006 e 2008, os dois pareciam disputar entre si quem era campeão em pensar como a família Marinho pensa. Na cerimônia de posse de Merval, Machado de Assis, fundador da ABL, foi lembrado e de certa forma comparado ao novo imortal. Porque trabalhou como jornalista num certo período. Esperemos então que Merval produza suas Memórias Póstumas. Por: Paulo Nogueira

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Literatura: Mitos sobre Machado de Assis

Mitos machadianos Por Daniel Pizza   Machado de Assis dizia que a opinião pública se divide entre graves e frívolos, e cem anos depois de sua morte a divisão continua a dominar a visão de sua obra e importância. Os graves vêem nele ou o escritor oficial que a Academia Brasileira de Letras propaga ou o crítico social que ele nunca se bastou em ser. Os frívolos esquecem que seu humor era integrado ao seu ceticismo e que suas paixões eram mesmo Shakespeare, Beethoven e Schopenhauer, não aquilo que o Brasil transformaria em estigmas de identidade no século 20. Como resultado, há muitos mitos, meias-verdades e especulações sobre ele: Machado era um homem recluso e melancólico – É assim o “Machadinho” de sua primeira biógrafa, Lúcia Miguel Pereira, mas o fato é que em sua juventude Machado foi extremamente ativo e espirituoso, como relataram amigos como Arthur de Azevedo e Salvador de Mendonça. Machado passou por todas as classes sociais de seu tempo e testemunhou a transição acelerada do Rio para a modernidade. Participou de sociedades literárias e musicais e foi um bajulador de dom Pedro II. Estava mais para integrado do que apocalíptico. Só no final da vida é que se fechou cada vez mais na casa do Cosme Velho, doente e, depois da morte de sua amada Carolina em 1904, muito deprimido. Machado foi um crítico da sociedade burguesa – Críticos e sociólogos marxistas quiseram fazer de Machado um analista engajado da “elite” de seu tempo, em cujo ócio e vaidade teria mostrado como as idéias vindas da Europa serviam apenas de verniz para os privilégios. Machado, segundo Roberto Schwarz, seria um crítico do “formalismo” e do “universalismo” da civilização burguesa, de suas idéias liberais e iluministas. Na realidade, Machado, que era fã da Inglaterra (onde o capitalismo deslanchou), viu muito mais longe: viu que a sociedade brasileira era pré-capitalista e os privilegiados tinham mentalidade feudal, nada burguesa, em sua defesa dos interesses próprios e não de valores universais. Além disso, não poupou a emergente classe média, as Capitus e os Escobares: não tinha parti-pris de classe.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Machado não teve filhos porque não quis transmitir a miséria humana – Aqui o erro muito comum é o de confundir o que seus personagens falam e o que ele pensava. Machado em pelo menos duas ocasiões lamentou não ter filhos. Provavelmente não os podia ter por causa de suas doenças, como a epilepsia, para a qual tomava um remédio chamado tribomureto que tinha sérios efeitos colaterais. É o mesmo motivo por que nunca pôde viajar para o exterior, embora sonhasse conhecer lugares como a Itália. A frase final de Brás Cubas é um gesto de orgulho de um homem que queria salvar a humanidade e não salvou, logo seu filho não estaria a salvo. Quanto à hipótese de que Mario de Alencar, filho de José de Alencar, seria filho de Machado, não passa de especulação. Machado tinha como alvo central a ciência e o positivismo – O alvo central de Machado eram as religiões, sobretudo a católica, mas também outras como o espiritismo. Machado era tão voltairiano, tão anticlerical, que recusou o padre em seu leito de morte – uma informação que na biografia de Raimundo Magalhães Jr. parece um detalhe qualquer. Sua obra é toda marcada por sátira à credulidade cristã dos brasileiros, a começar pelos da classe alta. Quando criticou o positivismo, foi ciente de que se tratava de uma ideologia que pretendia uma conciliação plena entre religião e ciência, tal como os xaropes que prometiam curar as dores do corpo e as da alma. Machado viu que a ciência, como em O Alienista, estava se comportando da mesma maneira dogmática que a religião. No entanto, compreendeu a Teoria da Evolução de Darwin, criticando justamente sua apropriação para uma sociologia dos “mais fortes”. Sabemos muito sobre a vida modesta de Machado – Sobre sua infância e adolescência sabemos muito pouco. Biógrafos tomaram como fatos o que não passava de especulações, como a de que ele foi coroinha ou a de que ele aprendeu francês com a mulher de um padeiro na esquina. Não existe nada documentado sobre isso, nem em papéis nem em testemunhos. Nada. O que sabemos é que Machado teve uma criação rara em sua época, de pais alfabetizados e acesso aos clássicos da literatura, tanto que aos 15 anos já o vemos poeta. Machado nunca foi rico, mas viveu bem, especialmente a partir dos 30 anos, quando se casou com Carolina, e galgou firme nas duas carreiras que teve, a de funcionário público e a de homem de letras. Machado sabia que a República viria com a Abolição – Machado tinha muitas idéias liberais, inclusive a defesa do voto feminino, mas era um monarquista convicto, tal como seu amigo Joaquim Nabuco. E sonhava com o Terceiro Reinado: a princesa Isabel assinaria a Abolição e sucederia o pai, preservando o regime. Quando veio a República, no ano seguinte, ele ficou dois anos sem escrever crônicas, assim como Nabuco interrompeu seus diários. Embora abolicionista e desiludido com dom Pedro II, Machado não via com bons olhos a nova geração, materialista e carreirista. Suas crônicas sobre o sistema financeiro no fim do século mostram um nostálgico, sem instrumental suficiente para entender a economia moderna. Ele era conservador em muitos aspectos, liberal em outros; essas duas naturezas eram simultâneas. Não existem duas fases na obra de ficção do autor – É óbvio que existem; basta um cotejo rápido entre Iaiá Garcia (1878) e Brás Cubas (1881). Sim, como ele mesmo disse, há “brotos” nos primeiros quatro romances de seu “estilo maduro”. Mas há, portanto, um estilo maduro, e ele começa com Brás Cubas, livro de estilo tão pouco convencional, tão aberto ao humor e ao pessimismo no mesmo lance, que ninguém poderia imaginar lendo sua obra anterior. Se os temas que o obcecam – como o adultério – o acompanham desde cedo, sua genialidade só se expressa mesmo a partir da década de 1880,

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PT filia até ex-integrantes do DEM e do PSDB

Brasil: da série “me engana que eu gosto!” Vão se empoleirando no mesmo galho a ralé ideológica que infesta essa infeliz Taba dos Tupiniquins. O PT parece sonhar com o ideário, comum ao fascismo e ao comunismo, do partido único. Mesmo que o preço a pagar seja a dignidade e a falta de compromisso com programas maquiavelicamente dissimulados ao longo do tempo. O PT a troco sabe-se lá de quê abandonou as restrições históricas para a inclusão de novos membros e anunciou um pacote de filiações que inclui até mesmo políticos oriundos de siglas programaticamente rivais. Não acho meus óculos. Não consigo ver direito como essa foto ficará na história. O Editor  Partido abandona restrições históricas e anuncia pacote de filiações no interior de São Paulo. O Partido dos Trabalhadores (PT) abandonou as restrições históricas para a inclusão de novos membros e anunciou um pacote de filiações que inclui até mesmo políticos remanescentes de siglas rivais, como PSDB e DEM. Nesta reta final do prazo estipulado pela justiça eleitoral para a filiação em partidos políticos dos interessados em se candidatar nas eleições municipais de 2012 – a data limite é 7 de outubro – pelo menos 57 lideranças de vários partidos, ou mesmo sem legenda, estão a caminho do PT no Estado de São Paulo. De acordo com uma lista obtida com exclusividade pela Agência Estado, entre os novos filiados estarão o prefeito de Santa Lúcia, cidade na região de Araraquara, o tucano Antonio Carlos Abuabud Júnior “Claro que aceitamos tucanos; o cara fez campanha para o Lula e o Mercadante e já tinha se convencido do nosso projeto”, disse Edinho Silva presidente estadual do PT, sobre Abuabud Júnior. “O namoro faz tempo que existe, minha ficha já foi levada ao PT, mas por problemas particulares, com o falecimento do meu pai, ainda não fechei essa questão”, afirmou o prefeito, que foi convocado pela executiva do PSDB para prestar esclarecimentos sobre o assunto. “Acho que até o mês que vem resolvo isso, mas não estou tão preocupado, porque não sou candidato à reeleição”, completou Abuabud Júnior.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Ao ser indagado sobre o fato de ter recebido ao menos seis integrantes ou ex-filiados do arquirrival DEM, Edinho rebateu: “o objetivo é ter lideranças que estão saindo de outros partidos para fortalecer o PT no Estado; são pessoas que fizeram a opção, apoiaram Dilma, ou defendem nossos projetos nas cidades”, disse. Entre os ex-Democratas ou em processo de desfiliação do partido, estão o prefeito de Álvares Machado, Juliano Ribeiro Garcia e o vice-prefeito de Guarantã, Élio Piccello. Aliados. Até mesmo aliados do PMDB foram alvos da investida petista. Entre eles o ex-candidato a prefeito de Praia Grande em 2008 e ex-presidente do PMDB local Alexandre Cunha, o qual tentará novamente comandar a cidade do litoral paulista, mas pelo PT, no próximo ano. O PMDB paulista agiu rápido à saída de Cunha, dissolveu o diretório do partido na cidade e trouxe o ex-tucano e ex-deputado estadual Cássio Navarro para comandá-lo interinamente. “O Cunha foi correto conosco, nos comunicou que estava saindo do PMDB rumo ao PT e trouxemos o Cássio para ou ser candidato a prefeito ou a vice do PSDB em 2012”, disse o deputado estadual Baleia Rossi, presidente do PMDB paulista. Gustavo Porto/Agência Estado

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