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Luís Fernando Veríssimo – Versos na tarde

Quem Sabe? Luís Fernando Veríssimo ¹ Diz a mecânica quântica que as partículas atômicas se comportam de um jeito quando são observadas e de outro quando estão sós (como, aliás, todos nós). E quem nos assegura que o Universo que está aí não é como aí está quando ninguém está olhando? E que quando os astrônomos se viram do telescópio para a prancheta o Universo não faz uma careta? O corpo e a mente têm biografias separadas, cada um sua memória própria, seu próprio jogo de charadas, Meu corpo tem lembranças – cheiros, tiques, andanças – que a mente não registrou e o corpo não tem as marcas de metade do que a mente passou (Pior que uma mente insana num corpo sem muito assunto é um corpo que já foi ao Nirvana sem que a mente tenha ido junto.) Cada um tem um passado do qual o outro não tem pista (como um bilhete amassado) e nem o Mahabharata explica uma mente anarquista num corpo socialdemocrata. Compartilham bioplasmas e o gosto por certas atrizes, mas não tem os mesmos fantasmas nem as mesmas cicatrizes. Das duas, uma, gente: ou toda mente é de outro corpo – ou todo corpo mente. Do livro “Poesia numa hora dessas?” 2002, Editora Objetiva 1 Luis Fernando Veríssimo * Porto Alegre, 26 de setembro de 1936 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Sarney: Vídeo de 1966

Brasil: da série só doi quando eu rio Curta metragem encomendado por Sarney ao cineasta maluquete Glauber Rocha. O vídeo nunca foi exibido, por motivos óbvios.  Basta assistir o vídeo para entender o por que. Está bombando no YouTube e provocando acessos de gargalhadas e deboches um filme de sete minutos em preto e branco com o prosaico título Maranhão 66. Aparentemente é um documentário sobre a posse de José Sarney no governo do Estado, feito por encomenda do eleito. Mas é assinado por Glauber Rocha. Com 35 anos, cabelos e bigode pretos, Sarney discursa para o povo na praça, num estilo de oratória que evoca Odorico Paraguaçu, mas sem humor, à sério, que o faz ainda mais caricato e engraçado. Sobre seu palavrório demagógico, Glauber insere imagens da realidade miserável do Maranhão, cadeias cheias de presos, doentes morrendo em hospitais imundos, mendigos maltrapilhos pelas ruas, crianças esquálidas e famintas, enquanto Sarney fala do potencial do babaçu. Só alguém muito ingênuo, ou mal-intencionado, poderia imaginar que Glauber Rocha fizesse um filme chapa branca. Em 1964, com 25 anos, ele tinha se consagrado internacionalmente com “Deus e o diabo na terra do sol” e vivia um momento de grande prestígio, alta criatividade e absoluto domínio da técnica e da narrativa cinematográfica. E odiava a ditadura que Sarney apoiava. O filme dentro do filme é imaginar o susto de Sarney quando o viu. Em vez de filmar uma celebração vitoriosa, Glauber usou e abusou da vaidade e do patrocínio de Sarney para fazer um devastador documentário sobre um arquetípico político brasileiro. Glauber dizia que o artista também tem de ser um profeta; mas a sua obrigação é de profetizar, não de que as suas profecias se realizem. O discurso de Sarney e as imagens de Maranhão 66 são os mesmos do Maranhão 2011, num filme trágico, cômico, e, 46 anos depois, profético. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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iPhone: usuários querem continuar com a Apple

Estudo quis saber fidelidade de usuário na escolha do próximo celular. 31% dos donos de Android indicaram que mudariam para um iPhone. Uma pesquisa revelou que 89% dos usuários de iPhone pretendem continuar com a Apple no próximo celular. Em segundo lugar no levantamento da “UBS” ficou a fabricante HTC, que alcançou 39% dos usuários. Para completar a lista estão aparelhos equipados com o sistema operacional Android, do Google: a Samsung ficou com 28% e a Motorola, com 25%. A Research in Motion, fabricante do BlackBerry, viu o seu índice de retenção cair de 62% para 33% nos últimos 18 meses. Conforme a pesquisa, o Android se saiu melhor quando os usuários foram perguntados apenas sobre o software, com 55% dizendo que permaneceriam com a plataforma do Google. No entanto, 31% dos donos de Android indicaram que mudariam para um iPhone no próximo celular. A pesquisa da UBS também revelou que, entre os consumidores que planejam trocar de fabricante, mais de 50% pretendem comprar um iPhone. G1 [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Ambiente: empresa “abate” 4.540 árvores com aval do IBAMA

A concessionária CCR que administra a Rodovia Presidente Dutra desde 2006, autorizada pelo IBAMA, pasmem!, começou a desmatar uma área às margens da rodovia derrubando, podem crer, 4.540 árvores. Vídeo postado no YouTube mostra uma figueira de 60 anos sendo abatida pelas implacávéis moto serras. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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O problema da Justiça não é dinheiro, é apatia, afirma juiz

O problema da Justiça não é dinheiro, não é falta de juiz nem de servidor, não é reforma processual. O problema, segundo Ali Mazloum, juiz há 20 anos, está na apatia da toga. “O juiz, na primeira chance que tem de adiar, de empurrar a audiência, ele faz. Não muda a rotina dos processos porque não quer. Está acostumado a postular alterações legislativas, pedir mais orçamento, mais pessoal e instalação de mais varas. Grande equívoco.” Mazloum: “É costume jogar a culpa nos outros” Ali Mazloum é titular da 7.ª Vara Criminal Federal em São Paulo. Sua rotina são ações sobre crimes tributários, fraudes no INSS, tráfico internacional, descaminho, moeda falsa, roubo contra prédios federais. Sua pregação vai na contramão dos argumentos da classe à qual pertence de que o Judiciário precisa de mais verbas, retoques profundos dos códigos, novas comarcas. “Grandes reformas legislativas? Nada disso é preciso. Mais recursos, mais funcionários? Tudo desnecessário. Quando o Judiciário diz que precisa de mais dinheiro e mais leis, ele está jogando a culpa no Executivo. É uma estratégia equivocada.” Em sua repartição, Mazloum implementou o processo cidadão. Muitos colegas repudiaram. Faz três anos. Ele tinha nas mãos mil ações penais. Hoje são 270. “Basta vontade para mudar a máquina do Judiciário. Bastam pequenas alterações, não precisa de grandes milagres e reformas.” A principal conquista do processo que idealizou é que nenhuma demanda supera o prazo fixado. “A ação tem que acabar em dez meses, nenhum dia a mais.”[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] O rito moroso deu lugar a uma via mais curta. “Quando o réu é citado, no início da ação, ele já fica ciente do dia em que será julgado. Adotamos uma pauta inteligente, concentração de atos processuais sem causar danos ao contraditório e à ampla defesa. É trabalho em equipe, todos os funcionários da vara empenhados. A audiência é improrrogável.” Mazloum sustenta que “o processo é feito para inocentes, não para culpados”. “É um instrumento de interlocução entre o acusado e o Estado, não é instrumento de punição, espada na cabeça do réu. Acusado e Estado, acusação e defesa, devem estar em pé de igualdade. Obrigações, direitos e deveres para ambos os lados.” “O gasto que o contribuinte tem com o sistema de Justiça é excessivo e por um serviço ineficaz, porque depois de muitos anos de espera não pode ser um bom serviço. Estou falando de quebra de paradigmas, de ruptura com uma cultura arcaica que permeia o processo.” Na ponta do lápis, anota o juiz, a 7.ª Vara Federal Criminal, em 2007, tinha um acervo de mil ações penais, com duração média de quatro anos. O custo de cada processo era de R$ 2.150 – uma despesa mensal de R$ 44,79 por processo, “sendo 70% em salários e 30% em insumos”. Com o processo cidadão, houve redução de 40% do custo. O preço unitário do processo passou para R$ 1.892. Custo mensal, ao longo dos quatro anos, de R$ 39,41. Fausto Macedo/O Estado de S.Paulo

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