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Rabindranath Tagore – Versos na tarde

Paixão Secreta Rabindranath Tagore ¹ Acordei com os primeiros pássaros, já minha lâmpada morria. Fui até à janela aberta e sentei-me, com uma grinalda fresca nos cabelos desatados… Ele vinha pelo caminho na névoa cor de rosa da manhã. Trazia ao pescoço uma cadeia de pérolas e o sol batia-lhe na fronte. Parou à minha porta e disse-me ansioso: — Onde está ela? Tive vergonha de lhe dizer: — Sou eu, belo caminhante, sou eu. Anoitecia e ainda não tinham acendido as luzes. Eu atava o cabelo, desconsolada. Ele chegava no seu carro todo vermelho, aceso pelo sol poente. Trazia o fato cheio de poeira. Fervia a espuma na boca anelante dos seus cavalos… Desceu à minha porta e disse-me com voz cansada: — Onde está ela? Tive vergonha de lhe dizer: — Sou eu, fatigado caminhante, sou eu. Noite de Abril. A lâmpada arde neste meu quarto que a brisa do Sul enche suavemente. O papagaio palrador dorme na sua gaiola. O meu vestido é azul como o pescoço dum pavão, e o manto verde como a erva nova. Sentada no chão, perto da janela, olho a rua deserta … Passa a noite escura e não me canso de cantar: — Sou eu, caminhante sem esperança, sou eu. in “O Coração da Primavera” ¹ Rabindranath Tagore, * 1861 d.C + 1941 d.C Poeta, escritor e músico [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Economia e impostos – Por que a classe média virou alvo dos fiscalistas

A história é impassível testemunha do papel exercido pela classe média no equilíbrio – tanto na micro, como na macro economia – de habitar os dois extremos da dualidade pobreza/riqueza. No fim e ao cabo, é a classe média o “remédio” usado, sempre, para manter a sanidade da economia, sendo ocasionalmente agraciada com um mínimo de “benesses”, e majoritariamente servindo de saco de pancadas para absorver os choques e as pressões oriundas da tentativa de salvar o moribundo capitalismo, e manter o apetite pantagruélico do Estado burguês. A classe média termina como o miolo do sanduíche. É quem sempre finda por “pagar o pato”. No histórico diálogo reproduzido abaixo, tem-se a constatação de que nada mudou. De Adam Smith a Locke, passando por Mills, a farsa do Estado Liberal continua capaz de fazer de Molière um aprendiz de bufão. O Editor Cândido Portinari (Brodowski, SP. – 29 de dezembro de 1903 – Rio de Janeiro, RJ. – 6 de fevereiro de 1962) Retirantes – óleo sobre tela – 1944 – 190 x 180cm Diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV Jean Baptiste Colbert – ministro de estado de Luis XIV * Reims, França – 29 de Agosto de 1619 d.C + Paris, França – 06 de Setembro de 1683 d.C Jules Mazarino – foi cardeal e primeiro ministro da França * Pescina, França – 14 de julho de 1602 d.C + Pescina, França – 9 de março de 1661 d.C Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar (o contribuinte) já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço… Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado… o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se…todos os Estados o fazem! Colbert: Ah, sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis? Mazarino: Criam-se outros. Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres. Mazarino: Sim, é impossível. Colbert: E, então … os ricos? Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres. Colbert: Então, como havemos de fazer? Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente situada entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tiramos. É um reservatório inesgotável! Extraído de “Diálogos de Estado” [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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