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António Rosa Ramos – Versos na tarde

A Partir da Ausência António Ramos Rosa ¹ Imaginar a forma doutro ser Na língua, proferir o seu desejo O toque inteiro Não existir Se o digo acendo os filamentos desta nocturna lâmpada A pedra toco do silêncio densa Os veios de um sangue escuro Um muro vivo preso a mil raízes Mas não o vinho límpido de um corpo A lucidez da terra E se respiro a boca não atinge a nudez una onde começo Era com o sol E era um corpo Onde agora a mão se perde E era o espaço Onde não é O que resta do corpo? Uma matéria negra e fria? Um hausto de desejo retém ainda o calor de uma sílaba? As palavras soçobram rente ao muro A terra sopra outros vocábulos nus Entre os ossos e as ervas, uma outra mão ténue refaz o rosto escuro doutro poema ¹ António Víctor Ramos Rosa * Faro, Portugal – 17 de outubro de 1924 d.C Ps. Mantida a grafia do português de Portugal. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Abílio Diniz, o BNDES e a fusão do pão com a baguette

O dinheiro que o BNDES, através do braço de investimento BNDESPAR, vai colocar nesse forno para assar esse pão, corresponde ao total que a China investiu para fazer a mega estrada – a ponte sobre a baía de Jiaozhou, com 42 quilômetros, a mais extensa do mundo sobre o mar. O Editor Promiscuidade Notável a capacidade do empresário Abílio Diniz de fazer pouco-caso da inteligência de quem não seja da turma dele. Ele começou com o discurso de que esse arranjo da megafusão entre o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour “é de interesse nacional”. Depois, sustentou que “é bom para todos”. E, agora, em comunicado oficial publicado nos principais jornais do País, reconhece que o negócio é bom para os seus interesses: “A questão principal, da qual não se deve desviar o foco, é a seguinte: a operação é ou não boa para o Pão de Açúcar?”. Ou seja, para o empresário Abilio Diniz, o interesse público está fora desse foco. O governo Dilma caiu na conversa. Pelo menos três dos seus ministros de Estado (Gleisi Hoffmann, da Casa Civil; Fernando Pimentel, do Desenvolvimento; e Guido Mantega, da Fazenda) saíram proclamando as vantagens do negócio para o País. Deixaram entrever que estavam em questão princípios de segurança nacional, uma vez que a iminência de controle do Grupo Pão de Açúcar pelo francês Grupo Casino deixaria uma importante fatia do mercado varejista nas mãos de capital estrangeiro. Nem levaram em conta que a operação não passaria de troca de sócios estrangeiros: do agora enjeitado Casino para o Carrefour. Ou seja, de uma hora para outra, o grupo francês Casino passou a ser ameaça e o, igualmente francês, Grupo Carrefour, a salvação da Nação. Na prática, como ficou na Coluna passada, é o governo Dilma se misturando com uma disputa pelo controle de capitais privados, que carrega a suspeita de desrespeitos contratuais e, se der certo, provavelmente será lesiva aos princípios da Defesa da Concorrência.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] O BNDES, por sua vez, arguindo razões estratégicas, prontificou-se a despejar quase R$ 4 bilhões nessa montagem. Cá entre nós, a partir do momento em que comércio varejista passa a ser entendido como atividade estratégica, qualquer atividade econômica é também estratégica e, assim, o conceito do que é estratégico ou não perde significado. De quebra, os dirigentes do BNDES fizeram saber que se tratava de uma operação lucrativa para o banco. Sem conseguir justificar o despejo de recursos, dois ministros de Estado, Gleisi Hoffmann e Fernando Pimentel, tentaram vender um embuste ao sustentar que os recursos do BNDES “são privados”. Entenda-se a partir desse argumento que não há razões para cobrar das operações ativas do BNDES a necessária satisfação ao interesse público. Esse episódio escracha um dos maiores problemas do País: a atual promiscuidade entre interesses públicos e privados. O empresário Abilio Diniz, talvez porque tenha feito polpuda contribuição para as despesas de campanha da então candidata à Presidência da República Dilma Rousseff, julgou-se no direito de envolver a Bandeira Nacional, a energia do governo e um punhado não desprezível de recursos públicos num negócio (que tem tudo para não passar de uma grande encrenca) em que o grande beneficiário é seu grupo comercial – como reconheceu no comunicado. Enquanto isso, o governo Dilma se mete nessa armação privada, tentando convencer o resto da sociedade de que estão em questão interesses de Estado. Celso Ming/Estadão

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Itamar Franco: um presidente que não tolerava corrupção

Itamar Franco: nacionalista e corajoso, o país chora sua perda. Saudades do presidente Itamar Franco, o único que afastava qualquer ministro suspeito de irregularidade, até que provasse ser inocente. Itamar Franco, presidente da República de 1992 a 1994, morreu aos 81 anos neste sábado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado desde o dia 21 de maio, quando foi diagnosticado com leucemia. Segundo o hospital, Itamar morreu às 10h15 após acidente vascular cerebral. O corpo será transferido para Juiz de Fora (MG), para ser velado e depois para Belo Horizonte, cidade na qual, por desejo do presidente, o corpo será cremado, após receber homenagens no Palácio da Liberdade. Eleito senador pelo PPS de Minas Gerais no ano passado, Itamar estava licenciado do cargo desde que foi internado, em maio deste ano. Realmente não se faz mais político como Itamar Franco. Nacionalista e corajoso, foi o criador do Plano Real, que salvou a economia do país e é responsável por seu crescimento atual, fez um governo brilhante. Ficou apenas dois anos no governo.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Imaginem se tivesse ficado oito, como FHC e Lula. Depois, como governador de Minas, lembrem-se de sua atitude de convocar a PM de Minas para impedir que Furnas fosse privatizada, quem faria igual? Em matéria de probidade administrativa, nunca se viu nada parecido na política brasileira. Ele jamais admitiu que qualquer membro do governo, especialmente do primeiro escalão, fosse colocado sob suspeita de irregularidade. Afastava o ministro imediatamente, até que o caso foi totalmente investigado. Itamar Franco não teve dúvidas de demitir um de seus amigos mais próximos, Henrique Hargreaves, mineiro de Juiz de Fora, que era Chefe da Casa Civil. Hargreaves foi acusado na CPI dos Anões, e Itamar o afastou em 5 de outubro de 1992. Só o readmitiu mais de um ano depois, em 1º de novembro de 1993, quando ficou comprovado que Hargreaves havia sido acusado injustamente. O mais importante e interessante nisso tudo é que a amizade entre Itamar e Hargeaves resistiu a tudo. Quando ele foi novamente nomeado para a Chefia da Casa Civil, o presidente mandou estender um tapete vermelho na entrada do Palácio do Planalto, para recebê-lo de volta. E ainda agora trabalhavam juntos. Hargreaves, que depois foi secretário de Estado quando Itamar governou Minas Gerais, atualmente era seu assessor no Senado. A acusação contra Hargreaves era uma bobagem, não pode nem ser comparada à situação de Antonio Palocci, por exemplo, que verdadeiramente enriqueceu no desempenho de funções públicas, seja como “consultor” (sinônimo de lobista e traficante de influência) ou “corretor imobiliário”. Palocci, que já tinha um passado nebuloso na prefeitura de Ribeirão Preto, onde ficaram famosas suas relações com a empresa de lixo Leão & Leão, confirmou o currículo ao atuar como ministro da Fazenda, quando se dedicava a frequentar a mansão que seus amigos de Ribeirão Preto alugaram para fazer lobby, traficar influência em Brasília e praticar sexo com profissionais. Demitido por Lula, Palocci ficou no ostracismo até a campanha de Dilma, à qual foi discretamente integrado, mas dela emergindo como todo-poderoso chefe da Casa Civil, cargo não muito recomendável nos últimos tempos, desde que foi entregue a José Dirceu e depois a Erenice Guerra, outros excepcionais especialistas em consultorias e tráfico de influência. E só foi demitido porque não havia mais como sustentá-lo. Que diferença para Itamar Franco, minha gente. Carlos Newton/Tribuna da Imprensa ->>aqui biografia de Itamar Franco

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Voltaire – Frase do dia

“As paixões são como ventanias que sopram as velas dos navios, fazendo-os navegar; outras vezes podem fazê-los naufragar, mas se não fossem elas, não haveriam viagens, nem aventuras, nem novas descobertas.” Voltaire

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