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Florbela Espanca – Versos na tarde

Mistério Flobela Espanca ¹ Gosto de ti, ó chuva, nos beirados, Dizendo coisas que ninguém entende! Da tua cantilena se desprende Um sonho de magia e de pecados. Dos teus pálidos dedos delicados Uma alada canção palpita e ascende, Frases que a nossa boca não aprende, Murmúrios por caminhos desolados. Pelo meu rosto branco, sempre frio, Fazes passar o lúgubre arrepio Das sensações estranhas, dolorosas… Talvez um dia entenda o teu mistério… Quando, inerte, na paz do cemitério, O meu corpo matar a fome às rosas! ¹ Florbela De Alma Conceição Espanca * Vila Viçosa, Portugal – 1894 d.C + Matosinhos, Portugal – 1930 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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PSDB e PT meteram a mão no seu bolso

Nobreza civilizada, só um disfarce para vil barbárie. José Nêumanne ¹ Neste País em que todos são iguais os políticos se dão o direito de enfiar a mão no bolso de todos. O Brasil não é um país só, mas muitos. E opostos! Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) fez as vezes do Congresso Nacional e legitimou a união afetiva entre pessoas do mesmo sexo. Muito além do respeito à opção sexual, o acórdão foi ao âmago do pleno exercício da democracia, ao estabelecer o primado do livre-arbítrio no sexo e na família. Com isso consagrou numa questão profana um conceito sagrado: a igualdade de todos perante a lei. Durante pelo menos um fim de semana a Nação foi autorizada a se considerar civilizada, com irrestrito respeito à liberdade individual. Mas já na semana posterior à jurisprudência histórica os leitores deste jornal caíram na real desses contrastes ao terem notícia de decisão diametralmente oposta. O Partido dos Trabalhadores (PT), que venceu a eleição presidencial pela terceira vez consecutiva, e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), a principal agremiação de uma oposição meio de fancaria, uniram-se para enfiar a mão no bolso do contribuinte e zerar suas dívidas de campanha arrombando o mealheiro da viúva. Numa manobra de matar de inveja e vergonha os coronéis de antanho, os autodenominados representantes da classe operária e os proprietários locais da sigla que instalou o Estado do bem-estar social na Europa aumentaram em R$ 100 milhões os repasses da União para o Fundo Partidário com o objetivo de calafetar rombos de R$ 16 milhões nos cofres da legenda governista vencedora e R$ 11,4 milhões dos tucanos derrotados. Ao não vetar a gatunagem solidária, aprovada por unanimidade na Comissão Mista de Orçamento da Câmara e que nem chegou a ser debatida em plenário, a presidente Dilma Rousseff acumpliciou-se aos parlamentares, associando-se à arbitrária causa própria de companheiros e adversários, que instituíram o “financiamento público”das campanhas de forma sorrateira, clandestina e abusada, como bem definiu o diretor acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Aldo Fornazieri. E na mesma página em que noticiou essa maroteira sórdida (a A4 de segunda. 9/5), o Estado registrou um símbolo do convívio entre a nobreza de princípios e a vileza de atividades, ao noticiar a solenidade em que o Ministério da Defesa condecorou o petista José Genoino no Dia da Vitória. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, civil na chefia de uma pasta que reúne sob suas ordens os comandantes das três Forças Armadas, deu uma demonstração pública do respeito de seus subordinados fardados à hierarquia do Estado Democrático de Direito, na homenagem a um ex-combatente. José Genoino nada tem que ver com a campanha da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália: nasceu em Quixeramobim (CE) em 1946, um ano depois de a 2.ª Guerra Mundial haver terminado. E “vitória” não é termo que possa ser usado para definir seu destino de militante: os guerrilheiros do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) que quiseram instituir a “ditadura do proletariado” sublevando camponeses do Araguaia, ele entre eles, foram dizimados pelo Exército. De qualquer maneira, digamos que sua presença entre os condecorados pudesse representar o triunfo da tolerância sobre o temor, até por ter ocorrido neste ano em que as comemorações de aniversário do golpe militar de 1964 saíram dos quartéis e se abrigaram nos clubes militares. Há, contudo, lama na medalha que o chefe lhe pendurou no peito. Não consta do noticiário a respeito da solenidade nada que justifique funcionalmente a honraria. Nada que Genoino pudesse ter feito a favor da defesa nacional nestes dias em que está pendurado num cabide de emprego justifica a decisão de Nelson Jobim de escolhê-lo como signo de paz e democracia e prova de que o Brasil não quer retaliar o passado. Sua inclusão entre os 284 homenageados é um coice de mula na Justiça, que o pôs na condição de réu num clamoroso escândalo de corrupção chamado de “mensalão”. Nada, a não ser servilismo, naturalmente. Estranho no ninho do governo petista, o bacharel que adora envergar uniformes militares de camuflagem está sempre disponível para se alistar no “cordão dos puxa-sacos”, que, segundo o refrão da canção usada por Sílvio Santos em seus programas de auditório, “cada vez aumenta mais”. E não falta a Sua Excelência experiência no ramo. Para servir ao chefe Ulysses Guimarães, emendou o texto da Constituição sem consultar os pares – conforme ele próprio viria a confessar depois. Agora foi a vez de inverter a hierarquia, e o chefe bajulou o subordinado sem sequer ter esperado que este fosse absolvido pela última instância do Judiciário. Ao condecorar um réu, Sua Excelência mostrou que se foi o tempo dos dois Brasis – o real e o oficial – de Machado de Assis. Há agora muitos Brasis e neles o vilão do Judiciário, rejeitado pelo eleitorado para voltar ao Legislativo, é tratado como herói de guerra pelo Executivo que o emprega. O PT, em que Genoino milita e que Jobim bajula, tem também seu universo à parte. Recentemente “reabilitou” – como fazia Josef Stalin com os camaradas que ousavam dissentir, mas depois se arrependiam contritos, ajoelhados aos pés do chefão – o ex-tesoureiro Delúbio Soares, burocrata insignificante, mas réu importante no mesmo famigerado processo. A respeito da volta do tesoureiro, acusado que nunca foi julgado nem condenado, o secretário-geral da Presidência e porta-voz oficioso do ex-chefe Lula, Gilberto Carvalho, produziu mais uma pérola do cinismo que os petistas aprimoraram neste seu período de donos do poder republicano. “Se ele voltar a errar, o partido, da mesma forma que o recebeu de volta, vai ter que puni-lo de novo”, previu o burocrata, com aquele jeitão pio de ser. Os Brasis truculentos, que tratam ética e lógica como trastes inúteis, esmagam o outro, que insiste em ficar ereto e garantir a igualdade de todos perante a lei, tornando-o assim o que querem que seja: um nobre disfarce. ¹ Jornalista, escritor e editorialista do Jornal da Tarde

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Marco Maciel e a engenharia de trânsito

Brasil: da série “O tamanho do Buraco”! Não há escapatória, Tupiniquins. De onde menos se espera é que não vem nada mesmo, que não seja com odor se sarjeta. Agora é a vez do longilíneo, “ex-tudo”, Marco Maciel, derrotado à reeleição ao senado, e que trafega no poder desde Cabral, mas está sempre em alguma boquinha, comendo as migalhas do poder. Aliás, talvez seja mesmo por essa capacidade de trafegar pelas amplas avenidas do nepotismo, é que o prefeito Kassab — Gilberto Kassab usa a prefeitura para homenagear políticos de outros estados, e a paulicéia desvairada paga a conta — tenha nomeado o derrotado Marco Maciel para conselheiro da Companhia de Engenharia de Tráfego e da SPTuris. Mais que o mimetismo ideológico o que mais me impressiona é a capacidade “técnica” dos políticos brasileiros. Dormem, por exemplo, fazendeiros, e acordam especialistas em energia nuclear, para daí a pouco se revelarem especialistas em varicocele dos nativos da Bora-Bora. O Editor O mimetismo ideológico dos políticos brasileiros. PS. Informa o colunista Ilimar Franco do O Globo: O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), e o líder na Câmara, ACM Neto (BA), estão chocados com o ex-senador Marco Maciel (PE), que aceitou integrar dois conselhos de órgãos ligados à prefeitura de São Paulo. Ocorre que Maciel é presidente do Conselho Político do DEM, e Kassab, o principal articulador do PSD. José Agripino e ACM Neto fizeram um pacto de silêncio e só vão se manifestar após ouvir as explicações de Maciel. Marco Maciel pisou na bola Do ex-senador Marco Maciel (DEM-PE) sempre se disse que era o vice ideal para qualquer presidente da República. Conquistou a fama durante os oito anos em que foi vice de Fernando Henrique Cardoso. Ajudou-o em tudo o que pode sem cobiçar-lhe o cargo. De Maciel, antes e depois de ser vice, sempre também se disse que era dono de uma folha corrida imaculada. Político de formação conservadora, ocupante de cargos de relevo durante o regime militar de 64, dele se afastou somente no fim. Mas seu nome jamais figurou em episódios que pusessem em xeque sua honra pessoal. Nem mesmo de leve ou de forma indireta.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Nada há de ilegal no fato de Maciel ter sido agora nomeado pelo prefeito Gilberto Kassab para o cargo de conselheiro da Companhia de Engenharia de Tráfego e da SPTuris, empresas que cuidam do trânsito em São Paulo. Participará de suas reuniões mensais. Embolsará R$ 12 mil. É razoável, contudo, que se ponha em dúvida o valor da contribuição que Maciel poderá dar para a melhoria do trânsito na maior cidade do país. Ele não é especialista em trânsito. Os anais do Congresso não registram discursos nem projetos de Maciel com idéias originais sobre o trânsito em São Paulo ou fora dali. A essa altura da vida, e sem nenhuma necessidade, o ex-senador corre o risco de ser apontado como alguém premiado com uma sinecura. E premiado por quem? Pelo principal líder de um partido em formação, interessado no passe futuro de Maciel. Alguns políticos ligados a Maciel em Pernambuco trocaram o DEM pelo PSD de Kassab. Por ora, Maciel ainda se mantém como presidente do Conselho Político do DEM. E se um dia ele também migrar para o PSD? O que não dirão seus adversários? blog do Noblat

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Tecnologia e Direito: legislação para transmissão de dados

Governo quer regulamentar posse e transmissão de dados pessoais. Ministério da Justiça vai reunir sugestões sobre projeto. ‘Objetivo é regulamentar e não restringir’. O governo federal organizou um debate para um anteprojeto de lei que busca regulamentar como as empresas armazenam e transferem dados de usuários. A discussão se torna atual na medida em que dados pessoais estão envolvidos em escândalos como o do vazamento da empresa de marketing Epsilon e da Playstation Network, da Sony. Mas legislar sobre a questão não é tão simples. Dados são úteis para empresas, que buscam conhecer o perfil do consumidor. (Foto: Altieres Rohr/Especial para o G1) O debate ocorreu no site Cultura Digital desde o dia 30 de novembro de 2010 e agora, com as opiniões de internautas sobre os conceitos e artigos, será reexaminado para criar um novo projeto que, então, deverá ser encaminhado ao Congresso. “Nosso objetivo é regulamentar, não restringir”, afirma Juliana Pereira, diretora do departamento de proteção e defesa do consumidor, do Ministério da Justiça, que é responsável pelo projeto. Segundo ela, o projeto foi fundamentado em dois pilares: que o titular da informação (o cidadão) deve saber que sua informação será coletada e transmitida e que deve dar o consentimento, e que tal consentimento só é possível de for conhecida a finalidade do registro. Dessa forma, o projeto busca esclarecer a forma que empresas devem informar o cidadão a respeito do registro, e dá ao cidadão ferramentas legais para que ele saiba o que está sendo armazenado e possa controlar como essa informação será usada. Seria uma extensão dos conceitos já existentes na Constituição Federal, que afirma o direito à privacidade, e no Código de Defesa do Consumidor, que controla a relação da informação da empresa com o consumidor.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] “É muito comum no Brasil hoje as pessoas procurarem uma loja de varejo, por exemplo, e alguém falar assim ‘você pode preencher esse formulário, por favor? É para mandarmos ofertas para o senhor’, mas esses são dados pessoais e nesse formulário precisa estar escrito, exatamente, qual a finalidade dele”, explica Pereira. “Assim, é possível responsabilizar cada banco de dados sobre o uso da informação”. Informação na “sociedade de consumo” Para Juliana Pereira, regulamentar o armazenamento dos dados pessoais é importante porque a informação se tornou uma importante ferramenta de trabalho das empresas, que precisam criar perfis para descobrir como criar e vender seus produtos. “Não há ilegalidade nisso, é da natureza da sociedade de consumo, mas entendemos que é preciso regulamentar o uso dessa informação”. “O cidadão não é apenas um indivíduo, ele é também um perfil”, explica. Antes de preencher seus dados, cidadão deve conhecer a finalidade da informação. Outra preocupação do Ministério da Justiça é evitar que a informação armazenada não seja base para situações de discriminação, quando algo que se sabe sobre a pessoa altere a disponibilidade ou o fornecimento de algum produto ou serviço. ‘Casos específicos’ e o valor da informação. Pereira não tinha uma resposta para quais seriam as obrigações da Sony caso o roubo de dados tivesse acontecido no Brasil. “É um roubo, é um caso específico, o projeto não entra nesse nível de detalhamento”, disse. Esses casos específicos, segundo ela, iriam ser definidos por uma autoridade regulamentadora, que é previsto no projeto. Somente essa autoridade iria determinar a segurança e procedimentos do armazenamento do banco de dados. Padrões de armazenamento e cuidado com a informação só serão definidos por uma ‘autoridade garantidora’. O advogado especializado em tecnologia, Omar Kaminski, observa que já existe uma legislação penal para proteger os bancos de dados do governo federal, que é específica inclusive na forma como os servidores públicos interagem com o serviço: não podem divulgar dados sem justa causa ou alterar dados de forma incorreta ou que comprometa o serviço. “A má utilização dos dados pessoais pode resultar em spam e até em crimes de falsa identidade e estelionato, para citar os mais comuns. Ter uma legislação preventiva e disciplinadora é desejável, porém podemos esbarrar na dificuldade de fiscalização do cumprimento, por exemplo”, afirma o advogado. “O ideal é prevenir da melhor forma para que situações como a da Sony não se repitam”, opina. O advogado acredita que para muitas situações a legislação existente já é suficiente, e que é preciso discutir as questões de punição – cível ou penal. Para se chegar lá, é preciso descobrir qual a indenização – ou prisão – justa e eficaz. Essa discussão, no entanto, esbarra em algumas perguntas cujas respostas são difíceis de encontrar. “Ainda não amadurecemos o suficiente em termos legais para quantificar o valor da informação”, alerta Kaminski. *Altieres Rohr é especialista em segurança de computadores e, nesta coluna, vai responder dúvidas, explicar conceitos e dar dicas e esclarecimentos sobre antivírus, firewalls, crimes virtuais, proteção de dados e outros. Ele criou e edita o Linha Defensiva, site e fórum de segurança que oferece um serviço gratuito de remoção de pragas digitais, entre outras atividades. Na coluna “Segurança digital”, o especialista também vai tirar dúvidas deixadas pelos leitores na seção de comentários. Acompanhe também o Twitter da coluna, na página http://twitter.com/g1seguranca.

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