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Cassiano Ricardo – Versos na tarde

Pecado original Cassiano Ricardo ¹ O dia nos espia… novamente. Mas, ó incrível morena de olhar verde, fecha os teus olhos pra fingir que é noite. E teremos a noite, duas, três vezes, quantas vezes fecharmos nossos olhos na quentura de um beijo. Porque a noite é uma pequena invenção de nós dois… Há um momento de treva em cada beijo e uma risada matinal depois, do dia, debruçado na janela, que nos espia, e quer saber de tudo o que se passa agora entre nós dois. Fecha os olhos de novo, e eu te darei a noite que ainda mora atrás do dia… ¹ Cassiano Ricardo Leite * São José dos Campos, SP. – 26 de Julho de 1895 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 14 de Janeiro de 1974 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Centro de defesa cibernética entra em funcionamento na Alemanha

Dez especialistas em segurança de computadores têm como principal tarefa reconhecer e avaliar ataques cibernéticos contra empresas e cidadãos, bem como desenvolver estratégias de defesa. O cantar dos pássaros só é abafado pelo ruído dos carros que transitam ocasionalmente. Casarões centenários ladeiam as ruas. Como um corpo estranho, ergue-se nesta paisagem idílica um prédio funcional dos anos 1970 rodeado por altas cercas. O prédio pertence ao Departamento para Segurança na Tecnologia de Informação (BSI) da Alemanha. A partir desta sexta-feira (01/04), dez funcionários do recém-criado centro de defesa cibernética estarão sentados em frente a seus computadores em algum lugar do edifício. Ciberataques não faltam O centro é a principal peça da estratégia de segurança cibernética apresentada em fevereiro passado pelo governo alemão. Além de funcionários do BSI, também membros do Departamento Federal de Proteção à Constituição e do Departamento Federal de Defesa contra Catástrofes fazem parte do novo centro. Sua tarefa é o reconhecimento e a avaliação de ataques, como também o desenvolvimento de estratégias de defesa.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Ciberataques não faltam no país. Na 47ª Conferência de Segurança de Munique, no começo de fevereiro, a premiê alemã, Angela Merkel, afirmou que a ciberguerra seria tão perigosa quanto uma guerra convencional. Thomas de Maizière, então ministro alemão do Interior e responsável pela cibersegurança, descreveu a extensão da ameaça: “A cada dois segundos há um ataque à internet na Alemanha. Quatro ou cinco vezes ao dia acontecem ataques à rede do governo, os quais as nossas autoridades acreditam serem provenientes de serviços estrangeiros de inteligência”. Estratégia alemã de cibersegurança A ameaça que vem do ciberespaço já é tema de discussão na opinião pública e entre políticos, também em nível internacional. No ano passado, o Cibercomando dos Estados Unidos iniciou seus trabalhos. Em sua nova estratégia aprovada em novembro, a Otan classifica os ciberataques como uma das três maiores ameaças de época atual, ao lado do terrorismo e das armas de destruição em massa. E a sabotagem do programa de enriquecimento de urânio do Irã pelo worm Stuxnet mostrou ao mundo todo que sofisticados programas maliciosos podem penetrar na infraestrutura do adversário como mísseis digitais. Com sua estratégia de cibersegurança, o governo alemão começou a enfrentar essa ameaça. O filósofo alemão de tecnologia Sandro Gaycken vê um novo nível nos ataques dos hackers. Afinal de contas, hoje os próprios governos mantêm agora tropas inteiras de hackers. “Naturalmente, esses são muito mais bem equipados e muito mais poderosos do que um hacker comum.” Invadido computador de premiê australiana O quão correto o filósofo da tecnologia está com sua avaliação pôde ser demonstrado nesta terça-feira (29/3) na Austrália. Lá foi anunciado que o computador da primeira-ministra, Julia Gillard, havia sido invadido por hackers – da mesma forma que os computadores de dez ministros de seu governo. Pelo menos durante um mês, a correspondência eletrônica das lideranças governamentais australianas foi interceptada. E, na semana passada, a Comissão Europeia também anunciou ter sido vítima de um forte ciberataque. Em reação, foi bloqueado o acesso externo ao serviços de e-mails, como também à rede interna da Comissão. Todos os funcionários foram instruídos a alterarem suas senhas. O ataque aconteceu às vésperas de um encontro de cúpula, no qual questões importantes foram debatidas, como a futura estrutura da União Europeia, o fundo de resgate do euro e a guerra na Líbia Prejuízos econômicos Como parte da estratégia de cibersegurança do governo alemão, a força-tarefa “Segurança em TI na economia” iniciou seus trabalhos nesta terça-feira. A preocupação do ministro alemão da Economia, Rainer Brüderle, não é somente com os segredos internos de grandes firmas. Ele também se preocupa com as pequenas e médias empresas. Segundo o ministro, muitas delas não reconheceram ainda os perigos que podem vir da internet. Brüderle avalia que os prejuízos através da espionagem comercial por ciberataques podem chegar, devido à grande quantidade de casos não reportados, a uma quantia de dezenas de bilhões. Deutsche Welle Autor: Matthias von Hein (ca) Revisão: Alexandre Schossler

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Carta de um “matuto” para um ecologista

  Prezado Luis, quanto tempo. Eu sou o Zé, teu colega de ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra né? O Zé do sapato sujo? Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão por isso o sapato sujava. Se não lembrou ainda eu te ajudo. Lembra do Zé Cochilo… hehehe, era eu. Quando eu descia do caminhão de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormi já era mais de meia-noite. De madrugada o pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu só vivia com sono. Do Zé Cochilo você lembra né Luis? Pois é. Estou pensando em mudar para viver ai na cidade que nem vocês. Não que seja ruim o sítio, aqui é bom. Muito mato, passarinho, ar puro… Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos ai da cidade. To vendo todo mundo falar que nós da agricultura familiar estamos destruindo o meio ambiente. Veja só. O sítio de pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por dentro uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, porque a água vai se acabar. Se ele falou deve ser verdade, né Luis? Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né .) contratei Juca, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou. Ele morava aqui com nós num quarto dos fundos de casa. Comia com a gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sindicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana ai não param de fazer leite. Ô, bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário? Essas pessoas ainda foram ver o quarto de Juca, e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei como encumpridar uma cama, só comprando outra né Luis? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Juca. Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele. Bom Luis, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelo fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque botou um chocolate no bolso no supermercado. Levaram ele pra delegacia, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudi-lo. Depois que o Juca saiu eu e Marina (lembra dela, né? casei) tiramos o leite às 5 e meia, ai eu levo o leite de carroça até a beira da estrada onde o carro da cooperativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora. Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros. Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor. Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dia pra fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O promotor disse que desta vez, por esse crime, ele não ai mandar me prender, mas me obrigou a dar 6 cestas básicas pro orfanato da cidade. Ô Luis, ai quando vocês sujam o rio também pagam multa grande né? Agora pela água do meu poço eu até posso pagar, mas tô preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios ai da cidade. A pocilga já acabou, as vacas não podem chegar perto. Só que alguma coisa tá errada, quando vou na capital nem vejo mata ciliar, nem rio limpo. Só vejo água fedida e lixo boiando pra todo lado. Mas não é o povo da cidade que suja o rio, né Luis? Quem será? Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então, Nossa Senhora!. Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa. Fui no escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no Ibama da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vim fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo ai eu vi que o

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