E ainda há os que se espantam com incrível habilidade (?) camaleônica dos políticos que trafegam – com trocadilhos, por favor – nos corredores das, como diz o poeta, tenebrosas transações. O prefeito de S. Paulo, que até a pouco era papagaio de pirata dos tucanos, “de repente não mais que de repente”, como disse o outro poeta, avermelha-se de petista desde criancinha. Abaixo a salada promíscua ideológica que sua (dele) ex-celência está temperando. O Editor ”O melhor será ajudar a Dilma”, diz Kassab Na Bahia, prefeito ganha adesões para criar PSD, inclusive do vice-governador Ao formalizar ontem, em Salvador, a adesão do vice-governador da Bahia, Otto Alencar, ao novo partido que vai criar, o Partido Social Democrático (PSD), o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, foi ambíguo sobre o lado político que a sigla assumirá, se será aliada do governo ou oposição. Apesar de ter defendido a independência da sigla, Kassab afirmou que “o melhor para o Brasil será ajudar a presidente Dilma Rousseff e o governador Jaques Wagner, na Bahia”, ambos petistas. O prefeito anuncia oficialmente hoje, em São Paulo, a criação do partido.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Na Bahia, o DEM – antigo PFL ao qual pertenceu Antonio Carlos Magalhães, e partido que Kassab abandona a partir de hoje – é oposição ao PT. Ontem, Kassab coletou assinaturas para a abertura da legenda, em evento concorrido, que reuniu deputados e ex-deputados, vereadores, prefeitos e ex-prefeitos, além de lideranças da base aliada, sobretudo petistas, dos governos federal e estadual, no Estado. Futuro comandante da legenda no Estado, Alencar – que chegou a governar a Bahia sob a liderança do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (morto em 2007), foi mais direto: “Aqui na Bahia não terá essa história de independência. Eu sou vice-governador e nós estaremos na base. Acredito que em Brasília também será assim”. Kassab e Otto destacaram o caráter democrático e flexível da nova legenda afirmando que uma cláusula do estatuto dará ao filiado amplo direito de se desfiliar quando desejar. “No momento em que qualquer um se sentir desconfortável dentro do partido, terá liberdade para seguir o rumo que bem desejar. Não prenderemos ninguém”, garantiu o líder baiano. “Aqui não funcionará a lei do passe, do futebol, agiremos como a lei do divórcio, que permite a separação consensual”, comparou. O prefeito negou que a fundação da nova sigla esteja atrelada a pretensões eleitorais suas. “Sou candidato a ser um bom prefeito de São Paulo”, disse. Mas garantiu que no próximo ano o partido estará preparado para disputar as eleições municipais com candidaturas próprias em todos os municípios. Ele tranquilizou os que temem deixar seus atuais partidos e ficarem impedidos de participar do pleito de 2012. “Não há riscos, estamos nos organizando para conseguir as assinaturas necessárias e consolidar juridicamente o partido”, garantiu. Contra o relógio. Estão agendados outros nove atos de coleta de assinaturas nos Estados de São Paulo, Amazonas, Acre, Alagoas, Goiás, Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Kassab acredita que até julho o PSD estará formalizado. Na Bahia a legenda já arregimentou quadros históricos do DEM, originários do extinto PFL, como o deputado federal e primo do deputado federal ACM Neto, Paulo Magalhães, e o deputado estadual Gildásio Penedo, um dos nomes que mais fortemente faziam oposição ao governo de Jaques Wagner até 2010. Dos seis deputados federais do DEM baiano, dois já decidiram marchar com o PSD e um terceiro ainda está indeciso. Dos cinco estaduais, dois estão migrando para a nova legenda. No PMDB, metade da bancada, formada por seis parlamentares, aderiu ao PSD. “Não queremos esvaziar nenhuma partido. Todos que aqui estão, vieram por livre e espontânea vontade”, ressaltou Otto. Ao final do evento, Kassab e outras lideranças almoçaram com o governador Wagner, no Palácio de Ondina, residência oficial do governo baiano. Eliana Lima/O Estado de S.Paulo