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Maria Carlos Loureiro – Versos na tarde

O amor em linguagem de computador (versão 2) Maria Carlos Loureiro ¹ Percorro com os dedos o teclado e acaricio nele a tua pele que imagino morena e macia. Envolvo com o olhar o monitor aceso e procuro aí os teus olhos que suponho escuros e ardentes. Passeio com o rato no tapete e sinto os teus lábios no meu corpo, vagarosamente deslizando e deixando nele o sabor que imagino em ti. ¹ Maria Claro Loureiro * Lisboa, Portugal – d.C Integra o Conselho de Cultura do Ministério da Cultura de Portugal [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Desleixo e impunidade

Por: Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa. blog do Noblat Lendo o editorial de O Globo de ontem parei no primeiro parágrafo e fiquei um bocado de tempo imóvel, sem conseguir prosseguir na leitura: “Se um Boeing lotado de passageiros tivesse caído, sem deixar sobreviventes, em algum ponto do Brasil entre sábado e a Terça-Feira Gorda, o país estaria a esta hora chorando uma tragédia. O acidente aéreo não aconteceu, mas nesse mesmo período as estradas brasileiras foram palco de uma tragédia de igual dimensão”. A verdade, quando vem assim seca, sem enfeites, tem o mau costume de nos assaltar. 213 mortos e 2441 feridos certamente não impediriam o carnaval de fluir pelos sambódromos, ruas e praças do país, mas quero crer que salpicassem de amargor a folia.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Os jornais dividiriam, ainda que a contragosto, suas capas com fotos da alegria e da dor. Assim é a vida, dirão os mais céticos. A notícia não foi escamoteada; os números citados copiei de reportagens e análises lidas nos grandes portais e jornais: Para especialistas, chuva e aumento da frota não explicam número de mortes nas estradas ou Estradas têm o carnaval mais violento da história: quase 50% mais mortes. Mas o que não houve foi a tal da comoção nacional. Que teria havido se essas mortes tivessem ocorrido de um só golpe. Quem já perdeu uma pessoa amada numa estrada mal conservada ou mal policiada, não pode compreender o justo esparrame que se faz sobre um desastre aéreo, comparado ao silêncio das autoridades a respeito das mortes nas estradas. E, no entanto, nosso chão é muito mais cruzado que nossos céus… Excesso de velocidade, embriaguês, cansaço, desrespeito, abusos de toda sorte, tudo isso é culpa do motorista. Estradas mal sinalizadas, sem acostamento, com a “pista” toda esburacada, sem fiscalização rigorosa, isso não é culpa do motorista. Na BR-460, MG, um carro caiu numa cratera formada há quatro (4) meses! Não havia sinalização nessa BR que não cruza nenhum rincão muito ermo: vai dar em Lambari, cidade turística daquele estado. Não entraram nessa conta macabra as rodovias estaduais ou vicinais– as estatísticas são da Polícia Rodoviária Federal. Andam ansiosos pela criação da Comissão da Verdade, não é? Pois peço que incluam a seguinte verdade: do Recife a Brasília, por Salgueiro e Petrolina, cortando o interior das imensas Bahia e Minas, em direção a Belo Horizonte, Brasília, depois Rio e de volta ao Recife passando por Salvador, Aracaju e Maceió, percorremos, meu marido e eu, em 1971, uma das mais perfeitas estradas em que já viajei. Governar era abrir estradas. Conservá-las, será o quê?

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Fotografias – Flagrantes – Insensatez

A Marcha da Insensatez – Benghazi, Líbia – Março, 2011 Foto: Tara Todras-Whitehall/AP Tenho ao longo desses 6 anos do blog recebido perguntas sobre o porquê dos títulos de algumas seções. A marcha da insensatez é um deles. Explico: coloco nesses ‘posts’ fotos que demonstrem a insensatez do ser humano nas mais diferentes situações, povos e países. A minha referência para alertar sobre a estupidez das ações humanas, é o livro “A Marcha da Insensatez – De Troia ao Vietnã” — José Olympio Editora —, da historiadora norte americana, já falecida, Barbara Tuchman. Aliás, um livro essencial em qualquer biblioteca, Se ainda viva fosse a excepcional historiadora, talvez o subtítulo do livro fosse “De Troia à Palestina”. “Pesquisando com rigor vasto espectro de documentos históricos, a autora traça e registra nesse livro, um dos mais estranhos paradoxos da condição humana: a sistemática procura pelos governos, de políticas contrárias aos seus próprios interesses.” Considerada a mais bem sucedida historiadora dos Estados Unidos, Barbara Tuchman, ganhadora do Prêmio Pulitzer, é autora de clássicos como: The Guns of August, The Proud Tower, Stilwell and the American Experience in China, A Distant Mirror e Pratcting History. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Brasil, um novo império?

Brasil: da série “me engana que eu gosto”! Brasil? Império? Agora conta aquela do papagaio fanho. O Editor O NOVO IMPÉRIO DO BRASIL Por Carlos Chagas Desde que o mundo é mundo, determinadas civilizações se impõem sobre as demais, apesar de a História, a Arqueologia e a Memória da Humanidade não chegarem a vislumbrar mais do que 10% do que realmente se passou no planeta. Mesmo assim, vamos ficar naquilo que nos chegou, fração mínima do que terá acontecido. Os gregos vieram até nós pela abertura do espírito, acima de sua organização dita democrática, mas não fosse sua ambição comercial, estariam até hoje enterrados nas brumas do desconhecido. Roma tornou-se um império por força de sua organização burocrática, claro que apoiada pelas legiões e pela ânsia de conquistar colônias capazes de enriquece-la através da conquista de recursos e da exploração de mercados externos. A expansão árabe formou império ainda maior, tanto pela divulgação da ciência, da literatura e da cultura quanto pelo radicalismo religioso. Uma contradição que ainda hoje perturba os historiadores e os que costumam prever o futuro. A substituição de árabes por turcos, naqueles idos, mudou pouca coisa. O império persa fechou-se em copas e acabou sepultado por Alexandre, ainda que de forma internitente tenha ressurgido outras vezes, como contraponto ao Oriente e ao Ocidente. Os mongóis dominaram boa parte do mundo conhecido, certamente por necessidade de sobrevivência. A fome e o vazio das estepes fizeram com que conquistassem a China e chegassem às bordas da Europa, nas investidas de Gengis Khan e, mais tarde, de Tamerlão. Careciam de opções. Com o tempo o império chinês superou mongóis e depois os manchus, mantendo o culto ao isolamento e o desprezo pelo que se passava além de suas fronteiras, com certa razão científica no passado. Quebraram a cara. Veio, para o mundo ocidental, o período das trevas, superado na Renascença, responsável pela criação de um império filosófico, científico e artístico sem dono. O hiato acabou preenchido por Luís XIV e por Napoleão, que puderam enquadrar a Europa através da força e, mais uma vez, do comércio. O primeiro império russo durou pouco, porém, mais do que o segundo, inaugurado por Stalin e sepultado por Gorbachev. A dominação inglesa conquistada pelo mar durou três séculos, até a hora em que, depois de destroçarem o efêmero Terceiro Reich alemão, perceberam estar naufragando ao inflar a bola do novo império mundial, os Estados Unidos, hoje dominando integralmente a civilização, dentro das paralelas ditadas pelo comércio e pelo sentimento de superioridade. Registra-se uma tentativa de, tanto tempo depois, a China abandonar a estratégia das portas fechadas, lançando-se na competição pelo mundo exterior. Sem esquecer a reação dos árabes, que se conseguirem unificar-se através do fundamentalismo religioso, poderão surpreender. Por que se alinham estes parágrafos supérfluos, incompletos e insossos? Porque muitos ingênuos e outro tanto de malandros começam a falar da hora do novo Império do Brasil, inaugurado pelo Lula e a se configurar ao longo do Século XXI. Seria bom atentarem para o fato de que os impérios nascem e morrem, tanto faz o período de sua duração. Pior para os que ficarem até o velório…

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