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José Saramago – Versos na tarde

Não me Peçam Razões… José Saramago ¹ Não me peçam razões, que não as tenho, Ou darei quantas queiram: bem sabemos Que razões são palavras, todas nascem Da mansa hipocrisia que aprendemos. Não me peçam razões por que se entenda A força de maré que me enche o peito, Este estar mal no mundo e nesta lei: Não fiz a lei e o mundo não aceito. Não me peçam razões, ou que as desculpe, Deste modo de amar e destruir: Quando a noite é de mais é que amanhece A cor de primavera que há-de vir. José Saramago, in “Os Poemas Possíveis” ¹ José de Sousa Saramago * Azinhaga, Portugal – 16 de Novembro de 1822 d.C * Ilhas Canárias, Portugal – 19 de junho de 2010 [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Sarney, Senado, PT e o atraso do atraso

A inacreditável eleição do senador José Sarney para mais um mandato, o quarto, na presidência do Senado dessa infelicitada e depauperada república Tupiniquim, é uma demonstração da desfaçatez com que o parlamento brasileiro trata a opinião pública. Ao destinarem 70 votos para a reeleição do cacique oligarca Timbira, – como se posicionarem PSDB e DEM? – , suas (deles) ex-celências enviam um claro recado à tribo: esqueçam qualquer possibilidade de um congresso nacional assentado nos mínimos requisitos de moralidade e seriedade no trato dos interesses nacionais. O PT é diretamente responsável pelo fato, ao praticar a espúria política de estapafúrdias alianças para formar a tal governabilidade, como se a verdadeira aliança não fosse a que deveria ser formada unicamente com a população. Ao dizer que José Sarney “não é uma pessoa comum” talvez o falastrão ex-metalúrgico tenha dado, sem o saber, uma nova conotação aos vocábulos pessoa e comum. O Editor Marca do atraso político (Editorial) O Estado de S. Paulo A tranquila recondução de José Sarney à presidência do Senado Federal, para mais um mandato de dois anos – o quarto -, pode parecer um saudável sintoma da estabilidade política de que o País necessita para evoluir na consolidação das instituições republicanas e do desenvolvimento econômico e social. Na verdade, é uma garantia de tranquilidade para o governo, que continuará dispondo, no comando da Câmara Alta, de um aliado exigente em termos de contrapartidas, mas subservientemente fiel e prestativo. A recondução de Sarney à presidência do Senado é uma marca do atraso político que o Brasil não consegue superar. É o tributo que a Nação é obrigada a pagar, em nome de uma concepção falsificada de governabilidade, ao mais legítimo representante das oligarquias retrógradas que dominam e infelicitam as regiões mais pobres do País. Democracia e oligarquia são incompatíveis entre si. Um oligarca como José Sarney, portanto, é incompatível com a democracia, da qual só lhe interessa o sistema eleitoral que manipula sem constrangimento para se perpetuar no poder. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]José Sarney está no poder, quase que ininterruptamente, há mais de meio século. Pelo menos desde o golpe militar de 1964, quando se elegeu governador do Maranhão, com o apoio do presidente Castelo Branco, e depois senador desse Estado por dois mandatos consecutivos. Presidiu a Arena, depois PDS, e em 1985, quando pressentiu a irreversibilidade do processo de redemocratização do País, em troca da candidatura a vice-presidente, coliderou a dissensão que resultou na eleição do oposicionista Tancredo Neves. Com a morte deste, a Presidência da República caiu-lhe no colo. Depois de um mandato que registrou seguidas crises econômicas, o estouro da inflação e uma controvertida moratória, Sarney criou condições para que o País se encantasse com um “caçador de marajás”, na eleição presidencial de 1989. Isso acabou lhe custando um breve período – os dois anos e sete meses de Fernando Collor na Presidência – distante do poder. Mas logo em seguida, já em fins de 1992, com Itamar Franco na Presidência, o senador Sarney estava novamente na situação.

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Internet e jornalismo

Como garantir que o que se lê é verdade? Não vejo como haver garantia de democracia em uma sociedade tutelada, conforme está nas entrelinhas do artigo do ‘liberal’ do articulista. A realidade é que, após séculos de ilusionismo midiático promovido por órgãos de comunicação sempre comprometidos como o poder, a população digital está cada vez mais desinteressada das notícias ‘patrocinadas’ pelo oficialismo dos grandes grupos de comunicação. Não creio que qualquer tipo de reforma, seja programática, seja estética, ou mesmo a migração para o universo da internet possa salvar a mídia tradicional nem tampouco devolver credibilidade a jornalistas abrigados sob o guarda-chuva dos impérios de comunicação. O Editor Mudanças no jornalismo aumentam responsabilidades dos leitores Um dos principais legados das grandes indústrias da comunicação é o mito de que o jornalista é um personagem indispensável à democracia. Entre outras coisas, este mito justifica o corolário de que sem as empresas jornalísticas também não existe democracia. E aí que está a justificação do poder assumido pelos donos de impérios da comunicação. A mudança de paradigmas na informação, provocada pela internet e pela informática, mostrou que os jornalistas não são hoje nem mais e nem menos relevantes para a democracia do que os cidadãos comuns. A notícia deixou de ser monopólio dos profissionais e das empresas jornalísticas. Ela chega hoje às pessoas por circuitos que não passam pelas indústrias da comunicação.[ad#Retangulo – Anuncios – Duplo] Mas isso não quer dizer que o jornalista se tornou descartável e desnecessário. A profissão está tendo que se adaptar ao novo contexto das ferramentas digitais na comunicação. O jornalista não é mais o certificador de credibilidades, mas o profissional que pode mostrar aos consumidores de informação como chegar à confiar em notícias. O profissional deixou de ser um oráculo e o interlocutor privilegiado de governantes e empresários para se tornar um tutor de leitores. A função antiga tinha mais glamour e prestígio nos corredores do poder político, mas a nova tem muito mais relevância social, sem falar que está mais próxima da realidade concreta do dia a dia das pessoas. Não é mais possível ter uma medida única para avaliar a confiabilidade de todas as notícias. O jogo de interesses complicou extraordinariamente a tarefa de separar o joio do trigo no noticiário. O jornalista pode e deve dar aos leitores de um jornal, por exemplo, os elementos para avaliar credibilidades no contexto concreto de cada evento, dado ou indivíduo. Também não se pode mais jogar nas costas do jornalista toda a responsabilidade pelo patrulhamento das autoridades e do governo. Hoje o conjunto dos cidadãos numa comunidade tem um poder de produzir e circular informações muito maior do que o dos repórteres e editores. A revolução tecnológica democratizou a informação e isso faz com que os leitores de jornais também tenham responsabilidades informativas. Uma das funções novas de repórteres e editores, mas que não é tão nova assim, é a da investigação jornalística. Na indústria da notícia, a produção de material voltado para atrair pupilas e vender anúncios atropelou a investigação ao privilegiar a produção em série de informações. Mas agora, na era da avalancha informativa, investigar tornou-se tão essencial quanto saber se algo é confiável ou não. Os jornalistas são profissionais da informação e para fazerem jus a esta qualificação precisam desenvolver ao máximo a habilidade de identificar causas, consequências, beneficiados e prejudicados em eventos onde existe uma grande convergência de interesses nebulosos. Ninguém pode substituir o jornalista nessa função, nem mesmo os promotores públicos e os investigadores policiais. Estes se orientam pelas leis enquanto o jornalista tem o interesse público como parâmetro. Na teoria não haveria conflito entre um e outro, mas na realidade a coisa é um pouco diferente. Os jornalistas foram colocados diante de uma série de dilemas no contexto criado pelas novas tecnologias. Mas isso aconteceu também com o público e é por isso que há muita gente pedindo a volta dos “bons tempos”, quando a maioria dos leitores achava que a verdade estava nas páginas de um jornal ou no telenoticiário. A realidade se encarregou de desfazer essa ilusão, mas as pessoas resistem a encarar os fatos. É mais cômodo queixar-se dos jornalistas do que enfrentar a necessidade de fazer avaliações e opções. Há todo um discurso que está sendo reformulado quando se trata do exercício do jornalismo. É um processo mais lento, porque a prática já mudou, mas os valores ainda continuam os mesmos dos tempos em que a única forma de obter informação era pela leitura de um jornal. É fundamental que os jornalistas contemporâneos entendam este processo para que possam encontrar novos nichos de atividade profissional e consigam buscar a sua sustentabilidade financeira numa profissão que foi a mais afetada, em suas rotinas e valores, pela internet. Carlos Castilho/Observatório da Imprensa

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Ernesto Sabato – Frase do dia

“Podemos estar enfrentando uma crise de ideologias, mas nunca de ideais, de lutar por justiça social. Povos oprimidos, pessoas perseguidas, todos os gêneros de ditadura são terríveis, de direita ou de esquerda.” Ernesto Sabato

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