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Ferreira Gullar – Versos na tarde

Poema obsceno Ferreira Gullar ¹ Façam a festa cantem e dancem que eu faço o poema duro o poema-murro sujo como a miséria brasileira Não se detenham: façam a festa Bethânia Martinho Clementina Estação Primeira de Mangueira Salgueiro gente de Vila Isabel e Madureira todos façam a nossa festa enquanto eu soco este pilão este surdo poema que não toca no rádio que o povo não cantará (mas que nasce dele) Não se prestará a análises estruturalistas Não entrará nas antologias oficiais Obsceno como o salário de um trabalhador aposentado o poema terá o destino dos que habitam o lado escuro do país – e espreitam. ¹ José Ribamar Ferreira * São Luiz, MA. – 10 de Setembro de 1930 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Arte – Pinturas – Aquarelas – Will Freeborn

Wil Freeborn é escocês, e é ilustrador e designer. Possui a sensibilidade de admirar-se com as coisas simples. Talvez seja a mais bela das sensibilidades. Inspirou-se, a princípio, olhando através das janelas e corredores dos trens. Escolheu a técnica watercolor em moleskine por gostar da forma como a imagem se compõe no material. Will ao invés de apenas retratar o que vê, tenta interpretar o que vê. Sua arte torna-se naturalmente mais subjetiva, como se além de registrar o fato tentasse entendê-lo ou contar uma estória. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Brasil: Pai pedreiro, filho vendedor, neto doutor

O bom momento da economia brasileira, que apresentou, nos últimos anos, um crescimento robusto e sustentado, começa a aparecer através dos números. Essa população emergente, com seu desejo de continuar a consumir e seu foco no progresso pessoal, é um sintoma de que o Brasil está melhorando O Editor Diploma e emprego formal são principais símbolos da transformação da chamada ”nova classe média” segundo Marcelo Neri, da FGV. Os pais são empregados domésticos, pedreiros, cozinheiros. Os filhos, vendedores de lojas, operadores de telemarketing, recepcionistas. O raio X das principais atividades profissionais exercidas nas famílias da classe C dá uma ideia de como a educação tem impactado a vida e a renda da nova classe média brasileira. De modo geral, essas casas são comandadas por uma geração que exerce trabalhos braçais, com pouca qualificação; os jovens já estão seguindo outro rumo. Um levantamento da consultoria Data Popular indica que 68% deles estudaram mais que seus pais. Nas classes A e B, não passa de 10%. O baiano Edmundo Nunes, de 57 anos, mudou-se para São Paulo no fim da década de 70 para trabalhar. Quando chegou à cidade, ele conta, só sabia o “abecedário”. Fez o ensino fundamental e não quis mais saber de estudar. A trajetória do filho, Erasmo Ramos, de 28 anos, é outra. Ele chegou a iniciar uma faculdade de Educação Física, mas parou no terceiro ano quando a filhinha, Maria Eduarda, nasceu.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Enquanto não consegue voltar à universidade, Erasmo trabalha como vendedor numa loja de móveis. Com o salário dele e da mulher, também vendedora, já conseguiu comprar e reformar um apartamento num conjunto habitacional. Tem carro, computador, dois celulares e duas TVs, uma delas no quarto da filha de dois anos. “Meu pai me projetou para um trabalho operário. Queria que eu desse um passo a mais que ele, mas eu corri muito à frente”, diz o vendedor. “Com dez anos de carteira assinada já tenho um patrimônio maior do que o que ele conseguiu acumular a vida inteira.” Para Maria Eduarda, Erasmo projeta uma “maratona”. “Ela vai ser doutora.” Não só baseado em números, mas também em histórias como essa, Marcelo Neri, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, costuma dizer que o símbolo da nova classe média brasileira não é o consumo, e sim o diploma e a carteira de trabalho. “Subir na vida para essas pessoas é ter educação e estar empregado.” A classe C que o País conhece hoje começou a se desenhar nos anos 90, quando o Brasil praticamente completou o acesso de crianças de 7 a 14 anos ao ensino básico. Depois, com a expansão do Financiamento Estudantil e a criação do Programa Universidade para Todos (ProUni), o ensino superior abriu suas portas para uma parte da população que estava excluída desse nível de escolaridade. Hoje, 44% dos jovens que fazem curso superior pertencem à classe C. O gasto das famílias da nova classe média com mensalidades e material escolar, em universidades e escolas particulares, movimenta cerca de R$ 15,7 bilhões por ano. Em 2002, não passava de R$ 1,8 bilhão – um crescimento de oito vezes no período. “Esse segmento populacional passou a investir em formação e qualificação profissional para se adequar às demandas de contínua atualização no mercado de trabalho”, diz Paulo Carbucci, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “O interessante é que vira um ciclo virtuoso.” A relação entre educação e renda é facilmente constatada nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): numa família em que todos os membros têm no máximo o ensino médio, a renda mensal está em R$ 1.659,99. Quando alguém conquista o diploma de graduação o valor vai para R$ 4.296,05. “Como estão mais qualificados, é menor o número de jovens que se interessa por trabalhos braçais”, diz Cláudio Salvadori Dedecca, professor do Instituto de Economia da Unicamp. “Por isso, já sofremos com a falta de mão de obra em certos ofícios.” Naiana Oscar/O Estado de S.Paulo

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Lula o marketeiro autodidata

Um porta-voz de si mesmo João Bosco Rabello O presidente Lula entrará para a história como o que mais falou para o País. Compareceu diariamente aos telejornais, para manifestar-se sobre tudo e sobre nada. Não há exagero em dizer que governou literalmente do alto dos palanques. Foi o porta-voz da República e de si mesmo. Essa circunstância, mais que qualquer outra, dá consistência ao bordão que usou exaustivamente, do “nunca antes neste país”. Lula fez nada menos que 2.519 pronunciamentos nos seus oito anos de mandato, o que equivale a um discurso diário. Não entram nessa conta as declarações avulsas e de improviso nos chamados “quebra-queixo” (as entrevistas não programadas, dadas em pé) nem o programa Café com o Presidente.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Longe da casualidade, a performance é estratégica: permitiu que impusesse, pela insistência, suas versões, a despeito, não poucas vezes, dos fatos. De quebra, deixou a impressão de ter feito muito mais do que fez. E de ter acertado bem mais do que acertou. E era exatamente essa a ideia. Nesses termos, foi bem-sucedido. O duelo das versões com os fatos começou pela difusão da ideia de “herança maldita”, mencionada já no dia seguinte à posse. Estabelecida, usurpou de seu antecessor a autoria do programa que lhe permitiu êxitos na economia: fim da inflação, Lei de Responsabilidade Fiscal, câmbio flutuante autonomia operacional do Banco Central. Lula manteve o modelo econômico que herdou (e combateu), inclusive nomeando como autoridade monetária máxima um quadro do PSDB, Henrique Meirelles, cuja performance técnica lhe permitiu ousar nos programas sociais, obtendo tal popularidade que o blindou dos constantes desvios éticos de seu governo.

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Miguel de Torga – Frase do dia

“Recomeça… se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.” Miguel Torga  ( Frase do dia )

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