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Intelectuais – De Gerson à Paulo Betti

Esse bate boca a respeito das declarações do ator Paulo Betti, distorce o óbvio. Assim com o excepcional jogador de futebol, Gerson, o “canhotinha de ouro” – campeão mundial pela seleção brasileira de 1970 – que ao fazer um comercial de cigarros na Tv dizia a frase “o bom é levar vantagem em tudo, certo?”, frase essa que para infelicidade do jogador acabou criando a tal “lei de Gerson”. Até aí, Ines é morta. Agora é a vez do ator Paulo Betti que andou “enfiando a mão na jaca” em uma reunião com o nosso líder, o apedeuta ululante. Independente de outras análises, esse convescote é nominado pela mídia de “reunião com intelectuais”. Concordo com o jornalista Hélio Fernandes:“Não eram intelectuais e sim artistas de televisão. Transitória e inexpressiva forma de comunicação.”

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Eleições 2006 – Heloísa Helena, a dúbia. V2.0

Em outubro, o país vai mais uma vez escolher seu presidente.Os pré-candidatos já fazem o possível para ter o máximo de exposição. Obviamente, há coisas que eles nunca contariam.A senadora Heloísa Helena teria muito a explicar, fosse ela democrata. Como não é, ela prefere calar-se.E fica tudo por isso mesmo. Leia a reportagem abaixo.Gabriel Castro – Jornalista Há algumas semanas, o PSOL apresentou-se oficialmente à comunidade da UnB.Fiz a cobertura do evento http://cacom.blogspot.com/2006/01/psol-na-unb.html junto com os estudantes Marco Prates e Vitor Freire. Consegui falar com a senadora Heloísa Helena. Ela não quis conversar na hora, mas passou-me o número de seu celular. Liguei para a senadora e acertei uma entrevista com ela: eu enviaria as perguntas por e-mail. A equipe do Blog do CACOM discutiu a respeito e, então, enviamos as perguntas: uma sobre o PT, duas sobre a universidade pública e uma sobre a posição ideológica do PSOL.A quinta pergunta, a última, era a seguinte: “A senhora e seus companheiros de partido têm sido criticados por serem colegas de Achille Lollo, que foi condenado por assassinato na Itália. Até onde é possível separar a vida pessoal da militância política de cada um, na opinião da senhora?” Achille Lollo é italiano. Em 1973, seu país vivia os Anos de Chumbo e ele militava no Partido Operário. Num episódio que chocou a Itália, Lollo e dois companheiros de partido jogaram 5 litros de gasolina por baixo das entradas do pequeno apartamento onde Mario Mattei, sua mulher e seus seis filhos moravam na rua Bibbiena, no bairro operário de Primavalle em Roma. E atearam fogo. Mattei trabalhava como gari e era secretario da seção do MSI (Movimento Social Italiano, de direita) no bairro. O casal conseguiu escapar, junto com quatro filhos. Mas Virgilio, de oito anos, não conseguiu sair de seu quarto. Seu irmão Stefano, 14 anos mais velho, tentou salvá-lo. Ambos morreram queimados. O atentado ficou conhecido como Rogo di Primavalle (incêndio de Primavalle). Em 1987, Achille Lollo e dois companheiros de partido foram julgados e condenados a 18 anos de prisão. Porém, Lollo fugiu da Itália para, anos depois, reaparecer no Brasil. Em 1993, o governo brasileiro se negou a extraditá-lo e ele vive até hoje no país. Em 2004, Achille participou, junto de Heloísa Helena, da fundação do PSOL, partido do qual é um dos principais ideólogos. Não há notícia de que algum dirigente da legenda se incomode com sua militância. A senadora critica o presidente Lula por ser aliado de José Dirceu. Nada mais justo do que perguntar a ela sobre sua cooperação com Achille Lollo. Mas seus assessores não pensam da mesma forma: depois de muitas tentativas, consegui ser respondido. Não da forma que esperávamos: “Este jornal é realmente da UNB? E você é o editor? O publico alvo desde jornal são estudantes, funcionários e professores?Agora o seu público conhece o Achilles, e que ele tem haver com a Senadora?O seu Público sabe quem é Olavo de Carvalho?Assim fica difícil agente fazer alguma coisa”. Os erros de escrita originários da Assessoria da senadora foram mantidos. Olavo de Carvalho é articulista de alguns jornais de grande circulação. Ele critica pesadamente a senadora e seu partido, inclusive por causa da aliança com Achille Lollo. Mas eu não citei Olavo de Carvalho na entrevista e ninguém precisa concordar com ele para exigir respostas da senadora: uma breve pesquisa na Internet basta para se encontrar informações sobre o caso Mario Mattei. Então, respondi à Assessoria:”Certamente a maioria do meu público não conhece o senhor Achille e isto é até um fator que reforça a importância desta pergunta; a senadora é presidente do partido e candidata à Presidência da República; Achille Lollo é não só colega de partido, como foi co-fundador e parceiro militante da senadora. Sem dúvida a relação existe.”(…) “Não sei se, por sermos estudantes e por escrevermos para um jornal vinculado ao Centro Acadêmico (embora nem eu nem a maioria dos repórteres sejamos membros do CA), os senhores esperavam que fôssemos apenas elogiar a senadora e deixá-la discursar, algo que de fato ela faz bem. Mas definitivamente, não é o tipo de proposta que nós buscamos.”(…) “Não vou retirar esta pergunta e continuo esperando que a senadora cumpra o combinado e mande as respostas. Mas se a incomoda a pergunta 5, não precisa responder. Tenho certeza de que ela sabe que este tipo de incômodo é apenas um indício de que vivemos numa democracia, e que mal seria se isso nunca acontecesse.”Esta mensagem não foi respondida. A equipe do Blog decidiu, então, esperar mais uma semana pelas respostas da entrevista. Eu enviei uma mensagem ao e-mail da senadora para informá-la do prazo. Escrevi: “(…) aviso que (…) vamos colocar no ar a matéria, com ou sem as respostas. Não é uma ameaça, é só um aviso.” Desta vez, a própria senadora respondeu. E pôs em dúvida sua capacidade de interpretação: ela entendeu pelo contrário o que eu disse. E, claro, não perdeu a oportunidade de usar seu discurso de perseguida: “(…) Ameaça?? Acha V.Sa. que eu tenho medo de alguma coisa??? Passei a vida como sobrevivente tendo que engolir meus próprios medos, entendeu???” Ainda respondi, explicando o mal-entendido. Mas completou-se o prazo que estipulamos e a senadora (e sua Assessoria) nada mais disseram. As respostas da entrevista não chegaram. Conforme o nosso compromisso, estamos publicando este esclarecimento. < br />Por que será que a senadora, propagadora tão insistente da ética e da transparência, não se sentiu à vontade para responder à pergunta sobre Achille Lollo? Fosse esta uma acusação falsa e sem sentido, com certeza ela não se preocuparia em responder. Mas preferiu se esquivar. Achille matou duas pessoas e foi condenado a 18 anos de prisão. Isso são fatos, não são produtos da opinião do Blog. Que tipo de pessoa não se incomodaria ao ser acusado de aliar-se a um assassino de crianças? A senadora Heloísa Helena, ao omitir-se, dá-nos o direito de fazer todo o tipo de suposição (inclusive as mais graves. Principalmente, aliás). Em 2003,

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