Arquivo

Publicidade – Arte e Propaganda.

Alex Periscinoto* – Publicitário A partir do momento em que a propaganda deixou de ser uma atividade mais ou menos marginal para se integrar à economia como um poderoso instrumento de informação, sua relação com a arte tornou-se imediata. Basta lembrar, como exemplo, a escola francesa de cartazistas do final do século 19, quando artistas importantes do desenho e da pintura (Gaudí, Montant, Desfontaines, Nevil e outros) foram recrutados para a criação de posters destinados a promover os primeiros salões de automóveis e as primeiras feiras comerciais e industriais. Grande parte da obra desses mestres encontra-se hoje nos acervos dos mais importantes museus do mundo. E não se pode esquecer também o nome de Toulouse-Lautrec, que foi o responsável pela legitimação do poster como peça publicitária capaz de conter uma expressão estética. No Brasil, a convivência da propaganda com a arte (ou vice-versa) seguiu uma evolução que teve muito a ver com o próprio desenvolvimento dos meios de comunicação que, por sua vez, acompanhou o processo de transformação do País de não “essencialmente agrícola” para um regime de acelerada industrialização, inclusive com a chegada das primeiras empresas multinacionais ao Brasil, há cerca de 60 anos. Antes da fase de expansão da mídia eletrônica, alguns diretores de arte (caso de Eric Nice, Jean Villin, Fritz Lessin e outros) contribuíram de forma marcante para elevar o nível da propaganda impressa e até mesmo das embalagens, herdeiros que eram de uma sofisticada formação gráfica na Europa e nos Estados Unidos. A eles viriam somar-se artistas como Darcy Penteado, Percy Deans e até mesmo o genial caboclo Aldemir Martins, com inúmeros trabalhos aproveitados para campanhas, calendários, decoração de tecidos ou de utensílios domésticos. Aldemir, diga-se de passagem, sempre foi um exemplo de que não há nenhuma razão para certos preconceitos de que as artes plásticas devem ser um “produto nobre”, acima da produção publicitária. Com o advento da televisão, que a princípio incorporou muitos “cacoetes” do rádio, os brasileiros passaram a ser influenciados também pela força da imagem, o mesmo acontecendo na produção publicitária, onde a grande maioria dos diretores de arte é formada por profissionais voltados para a criação destinada à TV. É por isso que a propaganda brasileira tem brilhado tanto nos festivais internacionais de filmes publicitários, enquanto as peças que produzimos para a mídia impressa ou para outdoor não fazem o mesmo sucesso lá fora.Há, ainda, outro fator a ser considerado. A dinâmica e a velocidade do trabalho publicitário obrigaram as agências a abrir mão gradativamente do “arte-finalista” ou do ilustrador, desestimulando a formação de novos artistas nessa especialização. A fotografia tomou o lugar desses profissionais e, de algum tempo para cá, o mercado passou a contar com fotógrafos de alto nível – vários com experiência internacional – que cada vez mais buscam a especialização (no campo da moda, por exemplo, a qualidade da fotografia comercial brasileira nada fica a dever à de outros países). Daqui para frente, a relação entre propaganda e arte e com a cultura de um modo geral tende a tornar-se mais estreita e integrada. Um número cada vez maior de empresas brasileiras e multinacionais já descobriu que o apoio e o incentivo aos eventos e manifestações culturais são uma forma inteligente e criativa de estabelecer uma identidade com o País ou com as comunidades onde atuam e isso vem gerando um grande interesse pelo desenvolvimento de projetos culturais, nos quais as agências têm efetiva participação ao elaborar, por exemplo, a diagramação de livros de arte, de calendários institucionais com obras de arte de artistas brasileiros e assim por diante. Se a propaganda criativa envolve, necessariamente, um componente de entertainment, não há por que divorciá-la da pintura, da música ou da literatura. Todas essas manifestações têm algo em comum com a publicidade. E esse algo se chama emoção.” *Alex Periscinoto (Mococa, 1930) é um publicitário brasileiro, e um dos fundadores da Almap.Depois de passar em um concurso para a criação de um design de um ferro elétrico para a Sears, na década de 50, foi para a Standard Ogilvy & Mather. Foi para o Mappin, e como funcionário da empresa viajou para os Estados Unidos, onde conheceu o conceito de dupla de criação, unindo o ilustrador ao redator, dando o cargo de diretor de arte, até então inexistente no Brasil, onde o processo de criação cabia ao redator, apenas.Na década de 60, associou-se a Alcântara Machado na fundação da Almap, que viria a se tornar uma das maiores agências do país. Veio a globalização e, em 1988, a Almap se associaria a rede de agências BBDO, uma das maiores agências do mundo.

Leia mais »

Saiu na midia – Élio Gaspari – O Globo

Na noite em que chegou a 45 o número de policiais e agentes penitenciários assassinados em São Paulo em menos de dois meses, o candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, disse que enfrentará a crise da segurança criando um Conselho. Mais um. Logo Alckmin, legatário do mingau em que se transformou a segurança dos agentes da ordem pública no estado que governou por cinco anos. Para se ter uma idéia do que significam 45 mortos em sessenta dias, em toda a década de 1920, quando o crime organizado parecia controlar Nova York, morreram 57 policiais. Número inédito, nunca igualado. (O “choque de gestão” de Alckmin arrisca derrubar essa marca antes de outubro.) A fala pausada, numérica e oca do grão-tucano é apenas um dos aspectos da ruína. O outro é o triunfalismo de Luís XV, na versão Inácio: “Antes de mim, o dilúvio. Depois de mim, outro dilúvio.” Alckmin não quer explicar por que sua política de gatilho rápido resultou em insegurança. Lula quer ficar a léguas de distância do tema. É preferível entender que o governador Claudio Lembo tem razão: ou o andar de cima se mexe, ou o que vai mal haverá de piorar. Ou há segurança para todo mundo, ou não a há para ninguém. No mercado financeiro existe uma expressão banal para designar multidões que correm numa direção, sem saber direito por quê. É o “efeito manada”. Pensando bem, a manada pode ser sábia. Quem fugiu do dólar de R$ 1,20 da ekipekonômica tucana de bobo não tinha nada. O que o andar de cima nacional faz em matéria de segurança se parece mais com as formigas de Kartabo, na floresta da Guiana. De repente, uma delas perde o caminho e vai adiante. As outras, disciplinadas, vão atrás.Quando um naturalista observou esse fenômeno, elas percorriam um círculo com 365 metros de extensão. Levavam duas horas e meia para completá-lo, recomeçando-o ao longo de todo um dia. A maioria morria. A manada vai atropeladamente para não se sabe onde.As formigas da Guiana vão calmamente para onde estavam. Outro dia o “Jornal Nacional” mostrou a família de um agente penitenciário abandonando uma casa pobre, de poucos móveis, porque a bandidagem lhe deu um prazo, ao fim do qual iria matá-la.Causou a mesma perplexidade que a desclassificação da Arábia Saudita. Não ocorre ao andar de cima mobilizar-se para mostrar aos bandidos que nunca mais uma família de um agente da ordem será desestruturada por falta de apoio. De quem? Das guildas patronais que gastam os tubos em pesquisas eleitorais, dos bancos que fazem obras sociais nos espaços nobres da publicidade, dos magnatas que andam com o papagaio do Estado mínimo no ombro. Enfim, de quem achar que não lhe fica bem ajeitar o meião quando Zidane centra para Henry. O que falta em matéria de segurança é raça.Alguém que diga: A família do agente penitenciário que foi obrigada a deixar sua casa recebeu um apartamento e nele viverá o tempo que for necessário.Mais: as famílias de servidores públicos mortos pelos bandidos terão suas dívidas imobiliárias quitadas e seus filhos receberão bolsas de estudo até o último ano do curso superior. É complicado de fazer?Sem dúvida, por isso a formiga número 2 foi atrás da número 1.

Leia mais »

Copa do Mundo.

Durante o tempo regulamenter, é tudo japonês. Ops, parrerês. Ops, todos os times sofrem da sídrome de “peladeirensis brasiliensis”. Filipão, o que não joga mas faz os patrícios jogarem, é um grande comandante. Se Portugal vencer Zidane, não terá sido somente por seus jogadores, será por ter comando. Dos grandes exércitos não há registro do nome de nenhum dos soldados mas, a história, não esquece de seus comandantes. Alexandre, Júlio César e Napoleão.

Leia mais »