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Irmão de Dirceu diz que ele recebeu de empreiteiras doações, não propinas

Comunicado às empreiteiras. Gostaria de comunicar aos dadivosos senhores donos de empreiteiras – todas que, por mera coincidência, preferencialmente estejam envolvidas na Lava-Jato – que eu também passo por necessidades. Preciso trocar meu modesto Ford K 2008, por uma Land Roover Evoque, bem como preciso desestressar por uns seis meses em SPAs em Ibiza, na Espanha, e no Lago de Como, na Itália. Também preciso comprar um duplex de cobertura na Av. Beira Mar para instalar meu ateliê de pintura. Estou carecendo dessas doações. Se algum empreiteiro quiser me fazer doações estou aceitando de bom grado. De preferência em Euro! Ps. 1 – Também não sou “dinheirista”. Ps. 2 – Caso queiram fazer a doação, passarei o número da minha conta bancária por email. Ps. 3 – Doações, dentro de princípios legais, serão bem vindas. Obrigado! Ps. 4 – Cards Welcome José Mesquita Irmão de José Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva prestou depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (6). Disse que, depois que foi condenado e preso no caso do mensalão, Dirceu recebeu de empreiteiras envolvidas na Lava Jato “doações”, não propinas. Luiz Eduardo Oliveira e Silva (centro), irmão do ex-ministro José Dirceu, detido na operação Lava Jato, chega ao IML de Curitiba (PR) para realizar exame de corpo de delito. Luiz Eduardo é sócio de Dirceu na empresa JD Consultoria, investigada por suposto recebimento de propina em contratos da Petrobras Leia mais Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo Roberto Podval, advogado do ex-chefão da Casa Civil de Lula, explicou que seu cliente “passava por necessidades”. Não é um personagem “dinheirista”, mas precisa sobreviver. De acordo com os dados colecionados pela força-tarefa da Lava Jato, a consultoria de Dirceu amealhou entre 2009 e 2014 R$ 29,3 milhões. Desse total, pelo menos R$ 8,6 milhões vieram de empreiteiras fisgadas na Lava Jato. Empresas como a OAS e a UTC continuaram borrifando verbas na caixa registradora do escritório de Dirceu mesmo depois que ele foi condenado e preso, em novembro de 2013.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O inusitado chamou a atenção dos investigadores e do juiz da Lava jato, Sérgio Moro. Na ordem de prisão que expediu contra Dirceu, o magistrado anotou: “…Não é crível que José Dirceu, condenado por corrupção pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, fosse procurado para prestar serviços de consultoria e intermediação de negócios após 17/12/2012 e inclusive após a sua prisão.” Moro acrescentou: “Em realidade, parece pouco crível que [Dirceu] fosse procurado até mesmo antes, pelo menos a partir do início do julgamento da Ação Penal 470 pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal em meados de 2012. Para Moro, esse tipo de pagamento indica que o objetivo não era o de remunerar uma consultoria ou a intermediação de negócios reais. Buscavam-se “acertos de propinas pendentes por contratos das empreiteiras com a Petrobrás, como admitiu, expressamente, Milton Pascowitch em relação aos contratos da Engevix”, anotou o juiz, referindo-se a um dos delatores cujos depoimentos devolveram Dirceu à prisão. O doutor Podval, que acompanhou o depoimento do irmão de Dirceu, disse que a JD Consultoria teve os contratos rescindidos depois da prisão de Dirceu. Nessa versão, o irmão Luiz Eduardo não tinha dinheiro “nem para fechar” o escritório. O advogado repisou: “Ele não pediu propina, ele pediu ajuda. Ele estava em uma situação financeira ruim e pediu ajuda para pessoas com quem já tinha trabalhado. Por isso que houve recebimento quando o Zé [Dirceu] não trabalhava.” Para Podval, Dirceu e o irmão não fizeram nada ilegal. Ele diz que, excetuando-se os casos em que o dinheiro entrou na forma de “doação”, a JD prestou serviços efetivos de consultoria. Vale a pena ouvir o advogado: “Vocês podem fazer a crítica que quiser, mas o Zé não é dinheirista. Você vê um delator devolvendo R$ 249 milhões, e o Zé está com o irmão pedindo dinheiro para sobreviver. Aí ele é o chefe da quadrilha? Essa é a coisa mais estúpida que eu já ouvi. Se o chefe da quadrilha precisa pedir dinheiro e o subalterno está devolvendo R$ 249 milhões, esse mundo está maluco.” Dirceu deve ser inquirido pelos federais na semana que vem. A hipótese de tornar-se um delator, disse Podval, é nula. Ele “morre na cadeia antes de fazer uma delação premiada”. O doutor enalteceu seu cliente: “É só conhecer o Zé. Ele não é um homem que busca enriquecer, ele não é um homem que admite, por sua estrutura e história, fazer uma delação.” Graças à linha de defesa adotada pelo irmão de Dirceu, o Brasil ficou sabendo da existência de um ser fantástico, jamais visto: o empreiteiro generoso. Uma alma benemérita. Do tipo que doa dinheiro para presidiário. Por pura e casta benemerência. Blog Josias de Souza

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Prisão de Dirceu alimenta ofensiva contra PT e complica mês de Dilma

A prisão do ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu (PT) sob a acusação de liderar o esquema de corrupção na Petrobras não foi uma surpresa. Seu nome ronda a Operação Lava Jato desde o início das investigações e seu advogado de defesa, Roberto Podval, esperava que ele fosse preso desde abril. Mas a detenção do homem-forte do Governo Lula na volta do recesso parlamentar provoca um fato político que esquenta a ofensiva da oposição para fazer o PT sangrar durante um mês que já prometia ser nebuloso. Na superfície, o acontecimento não causa consequências práticas ao Planalto: Dirceu já não integra o Governo há uma década, e nem a presidenta Dilma Rousseff nem o ex-presidente Lula estão oficialmente na mira do juiz Sérgio Moro. Operação recuperou 570 milhões de reais, mas desafia histórico de anulação na Justiça Sérgio Moro: “Quanto maior o poder, maior a responsabilidade” Eduardo Cunha cobrou propina de 5 milhões de dólares, diz delator da Lava Jato Mas na política, muitas vezes, a prática é o de menos. O ex-ministro é um dos nomes mais emblemáticos do PT e seu envolvimento em mais um escândalo (já fora condenado e preso pelo mensalão) é a munição que a oposição – e, em especial, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) – esperavam para retomar as articulações pela abertura de um processo pelo impeachment presidencial e para inflar parte da sociedade civil que, descontente com o Governo, pretende ir às ruas novamente no dia 16, com o apoio do PSDB.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “A prisão de José Dirceu é a faísca. Quem de fato é o alvo agora? Para o Eduardo Cunha e para a ala aecista [ligada ao senador Aécio Neves] do PSDB, o alvo é a Dilma. Para a maior parte da oposição, o alvo é o Lula, que é um nome forte para 2018 e que só agora começa a desmanchar. [A prisão de Dirceu] É um fato político que marca o início de uma ofensiva mais forte sobre o Lula”, avalia o sociólogo e cientista político Rudá Ricci. O desdobramento disso, porém, também depende de mais um capítulo da Lava Jato: há a expectativa em Brasília de que Cunha seja denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nas próximas semanas e, se isso realmente acontecer, seria uma nova reviravolta no cenário, com o enfraquecimento do peemedebista. Outra infeliz coincidência para o partido governista é a prisão coincidir com a semana em que estreia seu programa institucional em rádio e TV, o que acaba por ofuscar os esforços do partido em recuperar sua imagem e mobilizar sua militância em torno da defesa do Governo Dilma. As acusações do juiz Sergio Moro, da Lava Jato, não só usam adjetivos fortes contra Dirceu como ligam o escândalo atual ao Governo Lula e ao mensalão, a maior crise do partido até então. Em nota, o PT foi sucinto e nem citou o nome de Dirceu. A sigla negou que “as acusações de que teria realizado operações financeiras ilegais ou participado de qualquer esquema de corrupção”. Sem mencionar o ex-ministro nem se aprofundar no tema, o texto diz apenas que “todas as doações feitas ao PT ocorreram estritamente dentro da legalidade, por intermédio de transferências bancárias, e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral”. A defesa pública de Dirceu, um dos maiores nomes da história do PT, também foi tímida. Pela manhã, apenas o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), apareceu para dizer que a prisão dele foi “abuso de poder” da Polícia Federal. Blindagem do Governo No Governo, a determinação clara foi fazer contenção de danos e blindar Dilma Rousseff, o que começou a ser posto em prática nas declarações dos ministros que participaram da reunião semanal de coordenação política com a presidenta na manhã desta segunda. “[A prisão de Dirceu] é uma questão de investigação. Todos nós confiamos na presidenta Dilma e em nenhum momento passa por nós nenhuma expectativa que se aproxime dela e de seu Governo”, disse o ministro das Cidades, Gilberto Kassab. Coube ao petista Jacques Wagner, da Defesa, tentar separar a crise política da economia, sob ameaça das agências de análise de riscos, que sinalizam que podem retirar a recomendação para investimento no Brasil. “Precisamos ter dois canais paralelos: as investigações seguem e o país também segue com suas empresas funcionando e com a economia funcionando. O ambiente é que a gente tem que tentar melhorar para estimular investidores e a própria economia a crescer”, disse Wagner. Há uma semana, o próprio Planalto estimou que a Lava Jato já provocou um impacto negativo de 1% do Produto Interno Bruto (PIB). A tarefa de evitar que o escândalo respingue na Presidência não é das mais simples. Uma das principais especulações é que Dirceu estaria ressentido por não ter sido defendido publicamente por Lula no auge do caso do mensalão. Segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, de junho, o ex-ministro atribuiu à omissão de Lula e Dilma o fato de o PT ter ganhado a pecha de corrupto e disse que estão todos, agora, “no mesmo saco”. Entre os políticos da base de Rousseff em Brasília, o temor é que algum dos outros presos ligados a Dirceu faça um acordo de colaboração com a Justiça e resolva contar como funcionava o suposto esquema dentro da JD Consultoria e Assessoria, a empresa criada por Dirceu que movimentou quase 40 milhões de reais entre 2006 e 2013. Entre seus clientes estavam empreiteiras investigadas pela Lava Jato. Além do ex-ministro, foram detidos o irmão dele, Luiz Eduardo Oliveira e Silva, sócio na JD, e um ex-assessor chamado Roberto Marques. O cientista político Rudá Ricci, porém, avalia que as chances de que Dirceu revele outros nomes supostamente conectados ao esquema são ínfimas.

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Lava-Jato: Ex-companheiros de luta contra ditadura se dividem sobre prisão de Dirceu

Colegas de José Dirceu na luta contra a ditadura militar lamentaram a prisão do petista nesta segunda-feira, em mais uma fase da Operação Lava Jato, mas se dividiram quando o assunto é a confiança na inocência do ex-ministro. José Dirceu (o segundo em pé, da esquerda para a direita), junto com prisioneiros políticos libertados em troca do embaixador norte-americano em 1969. Vladimir Palmeira está no meio, sentado; sequestro de embaixador teve participação de Venceslau. Dirceu foi detido preventivamente sob suspeita de usar sua firma de consultoria como meio de obter propinas de empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras. Em 1969, Dirceu estava entre os 15 presos políticos libertados pelo regime militar em troca da liberação do então embaixador americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, que havia sido sequestrado por militantes de esquerda. Um dos participantes do sequestro, o economista Paulo de Tarso Venceslau disse acreditar que o ex-ministro tenha seguido o caminho da corrupção por ambição por poder e enriquecimento.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “Para mim, é um momento de profunda tristeza. Fui seu companheiro, temos uma história juntos. Depois rompemos. Ele pegou os caminhos e deu no que deu”, disse Venceslau. “O poder corrompe. Aquilo tinha uma conotação ideológica, chegar ao poder por meio dos operários, dos movimentos sociais… Com a proximidade do poder em si, as pessoas mudam. Dirceu não resistiu (…) sempre foi ambicioso”, disse. Já Vladimir Palmeira, ex-líder estudantil que foi libertado junto com Dirceu após o sequestro do embaixador americano, afirmou acreditar que o ex-companheiro de resistência agiu legalmente como consultor, e que sua prisão é um “espetáculo”. “Recebo a notícia (da prisão) com tristeza porque ele é meu amigo. Em segundo lugar, acho estranho, pois ele já está preso. Prenderam um preso. Sou a favor das investigações da Lava Jato, acho que (o juiz federal Sérgio) Moro está fazendo um trabalho importante, mas me parece que há um certo exagero nas prisões”, criticou Palmeira. “A prisão preventiva é para (o acusado) não atrapalhar as investigações, mas Dirceu já está preso. Uma coisa é levá-lo para depor em Curitiba, ele é acusado, pode responder. Mas não vejo sentido em decretar nova prisão”, acrescentou. O ex-ministro da Casa Civil do governo Lula foi preso após ser condenado em 2012 no julgamento do mensalão. Atualmente cumpre pena em regime domiciliar. Assim como Dirceu, Palmeira foi líder estudantil durante a ditadura e participou da fundação do PT nos anos 1980. Deixou o partido em 2011 quando a legenda aceitou a refiliação do ex-tesoureiro Delúbio Soares, também considerado culpado no processo do mensalão. Apesar de reconhecer a existência do esquema de corrupção, Palmeira disse considerar que não há provas do envolvimento do Dirceu no mensalão – e reafirmou a confiança na inocência do ex-ministro em relação às suspeitas da Lava Jato. “Conversei semana passada com ele e me pareceu tranquilo. Dirceu sempre foi tranquilo nos momentos de adversidade”, observou. Em entrevista coletiva nesta segunda, Roberto Podval, advogado de Dirceu, afirmou que a prisão do ex-ministro “não tem justificativa jurídica”. Podval disse ainda que a ação foi desnecessária e anunciou que irá recorrer da decisão. “Acreditar em consultoria é crença em Papai Noel” Já Venceslau, que também já foi amigo próximo de Dirceu, hoje tem uma visão bem diferente do ex-companheiro. Após a volta de Dirceu ao Brasil, feita de forma clandestina em 1974, ele chegou a abrigá-lo em sua casa. Durante o convívio com o companheiro no início dos anos 1980, Venceslau conta que Dirceu costumava relatar o desejo de montar um negócio de consultoria como advogado que lhe rendesse algo como US$ 10 mil por mês, para alcançar autonomia financeira. Um relatório da Receita Federal produzido por determinação do juiz Sérgio Moro, que julga as denúncias da Lava Jato em primeira instância, revelou que a empresa de Dirceu, a JD Consultoria, recebeu R$ 29,3 milhões entre 2006 e 2013. Ex-ministro foi detido sob suspeita de receber propina de empresas envolvidas em esquema de corrupção na Petrobras. Ao menos quatro empreiteiras sob investigação no esquema de corrupção da Petrobras fizeram pagamentos à empresa do petista – a OAS (R$ 2,99 milhões), a UTC (R$ 2,32 milhão), a Engevix (R$ 1,11 milhão) e a Camargo Corrêa (R$ 900 mil). “Quem acredita em Papai Noel acredita que ele fez uma consultoria”, ironizou Venceslau. A defesa do ex-ministro afirma que os serviços de consultoria foram prestados corretamente e que os pagamentos são legais. “Embrião da corrupção” O rompimento entre Venceslau e Dirceu ocorreu nos anos 1990, quando o PT foi alvo de denúncias de corrupção em prefeituras no Estado de São Paulo. Venceslau, que expôs irregularidades que teria detectado quando era secretário de Finanças de São José dos Campos, em 1993, acabou expulso do partido. Já Palmeira, embora mantenha-se fiel a Dirceu, também afirma que o PT tornou-se corrupto. Após deixar o PT, ele se filiou ao PSB, em 2013. “Como partido de esquerda o partido (PT) faliu, e terá dificuldade em se manter como um partido qualquer de centro porque está muito envolvido em corrupção. Agora, é um problema geral do sistema político brasileiro. O PT virou um partido igual aos outros”. PT nega suspeitas Em nota divulgada nesta segunda, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que o partido “refuta as acusações de que teria realizado operações financeiras ilegais ou participado de qualquer esquema de corrupção”. O comunicado diz ainda que “todas as doações feitas ao PT ocorreram estritamente dentro da legalidade, por intermédio de transferências bancárias, e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral”. Mariana Schreiber/BBC

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Fux, Marcos Valério, Zé Dirceu e credibilidades

Abomino indignação seletiva. 1 A – Marcos Valério, réu condenado no processo do mensalão, em entrevista acusa o ex-presidente Lula de saber da existência do mensalão. 1 B – Procurador do MP instrui processo contra Lula. 2 A – Zé Dirceu, réu condenado no processo do mensalão, concede entrevista à Folha de São Paulo na qual diz com todas as letras que o ministro Fux, ao lhe visitar na casa civil fazendo lobby para ser indicado para o STF, prometeu, ao Dirceu em questão, que o absolveria no processo do mensalão. 2 B – Procurador Roberto Gurgel diz que Zé Dirceu não tem idoneidade para que sua entrevista provoque instrução de processo contra o ministro. 3. CQD. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Ética? Ora direis ouvir estrelas…

1. No original, a Têmis, mitológica deusa da Justiça, nunca usou venda nos olhos. Claro, ela precisava enxergar as injustiças. Na alta Idade Média os escultores colocaram uma venda na Têmis. A intenção desses escultores era transmitir, com a venda, a idéia da imparcialidade. Ou seja, a meta era mostrar de que a deusa da Justiça não privilegiava os poderosos, mas apenas fazia Justiça. A imparcialidade do juiz sempre foi uma exigência da sociedade civil. E nos Estados democráticos de Direito passou a ser uma garantia para o cidadão. Afinal, todos são iguais perante a lei. E o cartunista Honoré Daumier ficou mundialmente famoso, no século XIX, com as suas charges a mostrar a falta de imparcialidade da Justiça da França e o comuns conflitos de interesses. A nossa Justiça passa por momentos delicados. E no Supremo Tribunal Federal, órgão de cúpula do Judiciário, faz falta a ponderação e o comando do aposentado ministro Ayres Brito. E se o Supremo não puxar o freio de arrumação, vai trombar com o descrédito e, — como a Greta Garbo do teatro de revista, acabar no Irajá. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]2. Nos últimos dias, a sociedade civil tomou conhecimento de fatos preocupantes. Por exemplo: (a) o lobby feito por pretendentes ao cargo vago de ministro no Supremo. (b) o caso Fux-Dirceu, (c) a espantosa prodigalidade do jurista Sérgio Bermudes, — que advoga junto ao Supremo e estava pronto a bancar mega-festa de aniversário do ministro Fux. (d) Fora isso, é impróprio o “estilo” adotado pelo presidente Barbosa. Aquele estilo que, no popular, os portugueses chamam de “juiz-coiceiro”. (e) E também não se deve esquecer, da jovem filha do ministro Luiz Fux, ou melhor, a pimpolha de Fux a querer começar a carreira de magistrada em tapete vermelho, como desembargadora. Só para lembrar, a remuneração mensal de um desembargador é só 5% menor que a de ministro do Supremo: as mordomias se equivalem. 3. Um saudoso ministro do Supremo,— que na ditadura militar foi mandado para casa por defender o Estado de Direito —, deixou um legado fundamental. Ele ensinava que uma vaga no Supremo não se postula. Não se faz lobby para conquistá-la. E, — feita a escolha pelo presidente da República —, não se deve recusar a honraria de servir com imparcialidade. No popular: para chegar ao cargo não se vende a alma ao diabo, ainda que ele vista Prada. 4.No caso Dirceu-Fux tem algo que precisa ser lembrado. Não há dúvida de que Fux estava impedido pois devia um favor a Dirceu. Segundo o Ricardo Noblat, o Fux esteve seis vezes com José Dirceu. Mas, o réu José Dirceu, — no tempo processual oportuno — não argüiu o impedimento de Fux. E por que será que Dirceu calou processualmente ? Será que calou porque esperava a absolvição como troca de favor ? O certo é que Dirceu faz alegação tardia. Pior, Dirceu invoca a própria torpeza. Ou seja, como não foi absolvido recorre ao ventilador. Estamos, portanto, diante do chamado “vício de Narciso”. Ou seja, Dirceu se espelha na própria imagem refletida, que é a da torpeza e a da vilania. 5. Quanto à festa de Fux, — coube à sábia “mamma iídiche” salvar o filho-ministro de escândalo maior.  Com a sensibilidade que Fux não teve, a sua “mamma iídiche”, liminarmente, cassou o regabofe. Agora, espera-se que ela aconselhe a netinha a prestar concurso público para juíza substituta e isso se a jovem tiver vocação para encarar o trabalho heróico dos fóruns, que é diverso do realizado nos palácios de Justiça. Walter Fanganiello Maierovitch

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Zé Dirceu e o embaixadorzinho da Venezuela

Leio no jornal: “Embaixador da Venezuela participa de ato promovido por Dirceu contra decisão da Justiça Brasileira.” Faz parte do protocolo diplomático um membro de corpo diplomático não fazer comentários aos assuntos internos da nação onde está servindo, nem participar de movimentos políticos partidários. Agora, a presença desse embaixador, bem como o convescote para o nada do Zé, despontam para o anonimato. O mundo “tremeu” por que o embaixador da potência “Venezuela” deu apoio ao Zé. Obama nem dormiu e Herr Merkel tomou calmantes. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Zé Dirceu e o passado “esquecido”

Um juiz aposentado, no passado companheiro de treinamento de guerrilha em Cuba, joga mais uma pá de cal na biografia de José Dirceu. Essa não é a primeira estória a comprometer o passado de “luta pela democracia e contra a ditadura” de uma das mais reluzentes vestais do esquerdismo pátrio. O passado do outro Zé, o Genoíno, precisa vir a lume para esclarecer as acusações de ‘entreguista’ que lhe foram imputadas. José Mesquita – Editor Passado contestado Adriana Nicacio/Tribuna da Imprensa José Dirceu, segundo o juiz aposentado Sílvio Mota, seu ex-companheiro no treinamento de guerrilha em Cuba, levou uma vida mansa, protegido e privilegiado por amigos de Fidel. No fim de semana que antecedeu o início do julgamento do mensalão, o ex-ministro José Dirceu se recusou a participar de uma solenidade destinada a festejar um período obscuro de seu passado. O ato público, convocado por organizações de esquerda, pretendia relembrar o Movimento de Libertação Popular (Molipo), um grupo formado por 28 exilados brasileiros que treinavam guerrilha em Cuba nos anos 70. Dirceu, que era um deles, achou mais prudente evitar a aparição pública.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Além do ex-ministro, só há mais dois sobreviventes do Molipo: o juiz aposentado Sílvio Mota e o mestre-de-obras, também aposentado, Otávio Ângelo. Todos os demais foram mortos pela repressão quando retornaram ao Brasil. Mota quer distância de Dirceu Sílvio Mota, contemporâneo das andanças cubanas de Dirceu, acha que o ex-companheiro fez bem em evitar as homenagens:  “Ele nunca combateu de verdade”, diz Mota. PrivilegiadoSílvio Mota sente-se à vontade para desconstruir a imagem combativa do petista em sua passagem pela ilha de Fidel Castro. Ele guarda na memória a figura de um militante indisciplinado e cheio de privilégios. Segundo Mota, enquanto os integrantes do Molipo participavam dos exercícios militares pesados, Dirceu levava uma boa vida, protegido por autoridades cubanas. “Ele preferia passar seu tempo nas salas de cinema”, conta. José Dirceu refugiou-se em Cuba em 1969, depois de ter sido preso no Congresso da UNE, em Ibiúna, no interior de São Paulo, e trocado pelo embaixador americano Charles Elbrick. Em pouco tempo, tornou-se íntimo do então presidente do Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica, Alfredo Guevara, amigo de Fidel Castro. De acordo com o relato de Mota, Dirceu passou, então, a se aproveitar dos poderes de seu protetor para fugir do treinamento guerrilheiro. “Dirceu era indisciplinado. Não combateu no Molipo, como também não havia combatido na ALN (Aliança Libertadora Nacional) no Brasil”, diz Mota. Segundo o juiz aposentado, Dirceu logo conseguiu abandonar em definitivo o treinamento. Alegava dores nas costas. Assim, pôde livrar-se das horas seguidas de marchas na selva, sem alimentos na mochila e cantis vazios. Em condições insalubres, os militantes do Molipo passavam semanas sem banho, participavam de cursos de tiros e aprendiam a montar explosivos. Todos, menos o ex-ministro, réu do mensalão. “O projeto de Dirceu sempre foi pessoal. E quis o destino que terminasse aparecendo essa sua verdadeira face oportunista”, diz Mota. O juiz voltou ao Brasil em 1979, quatro anos depois de Dirceu. Depois da temporada em Cuba, os dois se viram poucas vezes. Mota chegou a se filiar ao PT, mas não seguiu carreira política. De Dirceu, prefere manter distância.

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Mensalão e embargos no STF

As quatro absolvições dadas a Zé Dirceu ensejarão recurso de Embargo Infringente, o que forçará o reexame do processo, sorteio de novo relator e votação no plenário. Não esquecer que tem um novo ministro, já aprovada a indicação pelo Senado, e mais um que deverá ocupar a cadeira de Ayres Brito. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Mensalão e STF – Dia 24

Frases do 24º dia do julgamento Ação do mensalão é considerada a de maior relevância da história do STF. Leia o que disseram os ministros do tribunal e os advogados de defesa. saiba mais Frases do 1º dia do julgamento Frases do 2º dia do julgamento Frases do 3º dia do julgamento Frases do 4º dia do julgamento Frases do 5º dia do julgamento Frases do 6º dia do julgamento Frases do 7º dia do julgamento Frases do 8º dia do julgamento Frases do 9º dia do julgamento Frases do 10º dia do julgamento Frases do 11º dia do julgamento Frases do 12º dia do julgamento Frases do 13º dia do julgamento Frases do 14º dia do julgamento Frases do 15º dia do julgamento Frases do 16º dia do julgamento Frases do 17º dia do julgamento Frases do 18º dia de julgamento Frases do 19º dia do julgamento Frases do 20º dia do julgamento Frases do 21º dia do julgamento Frases do 22º dia do julgamento Frases do 23º dia do julgamento O Supremo Tribunal Federal (STF) realiza nesta segunda-feira (17) o 24º dia de julgamento da ação penal 470, que reúne os 38 réus do caso do mensalão, considerado o de maior relevância dos 183 anos de história do tribunal. Começa a ser julgado o chamado “núcleo político” do esquema, integrado pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] A sessão desta segunda terá a leitura do voto do relator do processo, Joaquim Barbosa. A previsão é que o voto do relator leve no mínimo duas sessões inteiras de julgamento. Joaquim Barbosa, ministro do STF e relator do processo do mensalão: “Eu nunca tinha ouvido isso, entrega de dinheiro a domicílio.” “O dinheiro era entregue em casa, uma inovação.” “A materialidade do crime de lavagem de dinheiro está comprovada.” “Pedro Henry, Pedro Corrêa, José Janene e João Cláudio Genú formaram quadrilha para corrupção passiva e lavagem de dinheiro.” “O dinheiro de origem criminosa foi formalmente pulverizado pela Bônus Banval em nome de várias pessoas.” “Estou quase terminando, presidente, a parte de hoje.” “A quadrilha se revela nos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção indefinidamente no tempo em associação estabilizada em vários meses.” “Enilvaldo Quadrado recebia os recursos em mãos e, a partir daí, prosseguia a distribuição aos beneficiários.” “Está cabalmente comprovada a trama arquitetada pelos réus para a lavagem de dinheiro.” “É evidente que o réu Enivaldo Quadrado lavou dinheiro.” “Inicialmente, Delúbio Soares e Marcos Valério negaram todas as acusações… Afirmaram que eram apenas amigos.” “A forma de pagamento [do esquema] foi comprovada: entrega de dinheiro em espécie por Marcos Valério e sua estrutura.” “Eu me responsabilizei aqui por R$ 1,6 milhão.” (Citando o depoimento de Simone) “Percebemos que as acusações estão muito distantes de mera vingança política de [Roberto] Jefferson.” “Não havendo qualquer dúvida sobre o esquema de compra de votos a esta altura do julgamento. Há várias provas de reuniões mantidas entre os interessados. […] Não vislumbro qualquer deficiência probatória quanto a esse crime.” “A reforma tributária foi permeada por pagamentos desde uma semana antes até uma semana depois. Alguns deles realizados no dia da votação. A demonstrar a existência da vinculação das vantagens financeiras e o apoio nas votações.” “Está comprovada assim a prática, pelos réus do PP, do crime de lavagem de dinheiro com o auxílio de João Claudio Genú.” “Não havia qualquer razão para esse auxílio financeiro do PT ao PP.” “Os parlamentares do PP deram seu apoio ao governo influenciados por esses pagamentos”. “Não houve aliança política, os dois partidos [PT e PP] eram opositores.” G1 

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