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Wislawa Szymborska – Poesia – 19/09/23

Boa noite. Alguns gostam de poesia Wisława Szymborska ¹ Alguns — quer dizer nem todos. Nem a maioria de todos, mas a minoria. Excluindo escolas, onde se deve e os próprios poetas, serão talvez dois em mil. Gostam — mas também se gosta de canja de massa, gosta-se da lisonja e da cor azul, gosta-se de um velho cachecol, gosta-se de levar a sua avante, gosta-se de fazer festas a um cão. De poesia — mas o que é a poesia? Algumas respostas vagas já foram dadas, mas eu não sei e não sei, e a isto me agarro como a um corrimão providencial. ¹ Wisława Szymborska * Kórnik, Polônia – 2 de Julho de 1923  + Cracóvia, Polônia – 1 de fevereiro de 2012 Escritora polonesa. Destacou-se como poetisa com uma obra que tem como tema as vicissitudes da Polônia moderna. Emprega uma linguagem simples e coloquial, herança do realismo social que dominou a Europa oriental, mas sua modernidade se revela no tom irônico e na complexidade formal de muitas de suas poesias. Recebeu o Nobel de Literatura de 1996.

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Wislawa Szymborska – Versos na tarde – 11/09/2015

Consolo Wislawa Szymborska ¹ Darwin. Dizem que para descansar lia romances. Mas tinha as suas exigências: não podiam terminar de forma triste. Se acontecia dar com algum assim, furioso atirava-o ao fogo. Verdade ou não, acredito nisto com gosto. Percorrendo com o pensamento tantas regiões e tempos encontrou-se com tantas espécies mortas, com tantos triunfos dos fortes sobre os mais débeis, com tantas tentativas de sobrevivência, mais tarde ou mais cedo inúteis, que ao menos da ficção e da sua microescala tinha o direito de esperar um final feliz. Pelo que, necessariamente: um raio de luz entre as nuvens, amantes de novo juntos, linhagens que se reconciliam, dúvidas resolvidas, fidelidades premiadas, fortunas recuperadas, tesouros encontrados, vizinhos arrependidos dos seus rancores, a honra recuperada, a cobiça ridicularizada, solteironas casadas com reverendos pastores, intriguistas desterrados para o outro hemisfério, falsificadores de documentos lançados pelas escadas abaixo, sedutores de donzelas a caminho do altar, órfãos acolhidos, viúvas reconfortadas, soberbas humilhadas, feridas fechadas, filhos pródigos chamados à mesa, o cálice da amargura derramado no mar, lenços húmidos de lágrimas de perdão, cantos e música por todos os lados; e Fido, o cão, perdido logo no primeiro capítulo, que corra de novo para casa e ladre alegremente! ¹ Wisława Szymborska * Kórnik, Polônia – 2 de julho de 1923 d.C + Cracóvia, Polônia – 1 de fevereiro de 2012 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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