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EUA querem confisco de US$1 bi em investigação de empresas de telecomunicação, diz jornal

Autoridades dos Estados Unidos estão pedindo a contrapartes na Europa para confiscar cerca de 1 bilhão de dólares em ativos relativos a uma investigação que envolve três companhias de telecomunicação e intermediárias próximas à filha do presidente do Uzbequistão, publicou o Wall Street Journal nesta sexta-feira. As Vimpelcom, Mobile TeleSystems (MTS) e TeliaSonera AB estão sob investigação do Departamento de Justiça norte-americano e da Securities and Exchange Comission (SEC), órgão regulador dos mercados dos EUA, assim como por outras autoridades na Europa. Os promotores norte-americanos estão investigando pagamentos que eles acreditam terem sido feitos a empresas controladas por Gulnara Karimova, filha do presidente Islam Karimov, em um esforço para garantir frequências sem fio seguras e outros negócios no Uzbequistão, noticiou o jornal, citando documentos judiciais e pessoas com conhecimento direto do caso. (on.wsj.com/1NtnfcM)<hr/>[ad#Retangulo – Anuncios – Duplo] A Reuters não conseguiu encontrar Karimova para comentários. Nenhum indivíduo ou companhia foi acusada como parte das investigações A MTS, maior operadora de telefonia móvel da Rússia, se recusou a comentar o caso. A Vimpelcom, com sede em Amsterdã, com ativos na Rússia, Itália e vários outros mercados emergentes, recusou comentários imediatos. A companhia já havia dito estar cooperando com as autoridades. Um porta-voz da sueca TeliaSonera disse que a companhia está cooperando com as autoridades e não comentaria a reportagem. O Departamento de Justiça e a SEC dos Estados Unidos não estavam imediatamente disponíveis para comentários. Reuters

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Internet e Jornais: quem está ganhando a disputa?

O Brasil ganhou a copa do mundo e futebol num domingo e ficamos sabendo na quarta feira. Esse era o mundo pré internet. Sempre que um novo meio de comunicação surge, decreta-se o fim dos anteriores. Um grupo de investigadores da Universidade de Stanford, nos EUA, que defende que a era da Internet apenas contribuiu para acentuar uma tendência que já se vinha desenhando há décadas. Para a análise, compilaram dados relativos à imprensa escrita no país durante os últimos três séculos, disponibilizando a informação através de um mapa interativo que permite aos internautas observar a evolução do número de publicações nas várias zonas do país. A história, essa senhora implacável, nos ensina que não é bem assim. O Editor Reportagem de Márcia de Chiara, O Estado de São Paulo de quarta-feira, focalizou com nitidez os debates e opiniões que marcaram o Seminário de Circulação promovido pela Federação Nacional dos Jornais na capital paulista. Reuniram-se Valter Matos Júnior, vice-presidente da FENARJ, proprietário do Grupo Lance, Marcelo Moraes, do Infoglobo, Antonio Teixeira Mendes, da Folha de São Paulo, Eduardo Sirotsky, Zero Hora de Porto Alegre e da TV RBS, e Sílvio Genesini, de O Estado de São Paulo. Apesar de empolgados com o crescimento das vendas de jornais, da ordem de 5%, no primeiro semestre de 2011, e também com o aumento do número de computadores de 15 para 20% dos domicílios, como informou recentemente o Ibope, não chegaram a nenhuma conclusão.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Nem poderiam. Primeiro colocaram em discussão a hipótese de os jornais cobrarem pelo acesso dos internautas a seus conteúdos. Um desastre onde tal sistema foi colocado em prática. Os debatedores concluíram que, depois de navegarem de graça nas páginas do amanhã, os que procuram se antecipar à alvorada dos fatos não têm condições psicológicas de aderirem a um desembolso. Em segundo lugar, aí a minha opinião, a cobrança não é fácil e implica em vários problemas. Um deles a retração natural pelo uso do cartão de crédito. Mas não é somente isso. Foram relatadas experiências em alguns jornais do mundo, negativas, exceto publicações como a do Wall Street Journal, de Murdoch, quando pelas manhãs em Nova Iorque acompanham as oscilações da Bolsa de Valores e do mercado de cambio. Mas neste caso a audiência pessoal é numericamente reduzida e bastante profissional. O site mais acessado do Brasil, o UOL, Folha de São Paulo, 600 mil acessos por dia, entre nós domina este campo de informação. Restrito aos assinantes do jornal, não cobra pelos toques. Porém a questão não é apenas essa. É que a abertura dos sites acarreta um efeito decisivo: quanto maior for, mais volumosa será a comercialização publicitária. O New York Times tentou a cobrança, colocou-a em prática, mas não está dando certo. Tanto assim que a receita do jornal vem 40% da circulação (venda nas bancas e assinaturas), 39% da publicidade impressa, 14 da publicidade digital. E, pelo que se conclui, 7% dos acessos. Não compensa. Porque, quanto maior for o número de acessos, mais ampla será também a publicidade no espaço aberto pelas telas. Portanto forçar o mercado de um lado, para expandir receita, conduz à sua retração de outro. Encolhe. Todos esses pontos comprovam a inevitável convergência que acentuei no título. Vejam só: em 2010, a publicidade injetada nos meios de comunicação brasileiros atingiu cerca de 40 bilhões de reais. A televisão absorveu 25 bilhões, os jornais e revistas 9,4 bilhões, as emissoras de rádio 3 bilhões e a publicidade pela Internet 2,6 bilhões de reais. Mas a publicidade comercial, quer dizer os anúncios, não o pagamento pelo acesso. O volume geral das mensagens pagas em 2010 elevou-se na escala de 10% em relação ao de 2009. No mesmo espaço de tempo, a nossa população avançou apenas 1,2%, segundo o IBGE. O crescimento do espaço de publicidade evidenciou-se sem a cobrança pela visão dos conteúdos jornalísticos. Assim, penso, é legítimo concluir que os novos horizontes da comunicação, seja no Brasil, seja no mundo, é a convergência entre os meios. Quanto às mensagens comerciais também. Mas relativamente às mensagens livremente informativas e opinativas, não. Pois se fossem idênticas como a publicidade, estaríamos caminhando para um cenário único. E não é nada disso. Pedro do Coutto/Tribuna da Imprensa

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Como salvar os jornais

Com o avanço da internet e principalmente dos blogs, os paquidérmicos jornalões, lerdos na divulgação dos fatos, começam a mostrar que estão ficando superados. A agilidade necessária para acompanhar um mundo cada vez mais tecnológico, não encontra guarida no lento processo de produção de notícias impressas. A notícia surge em tempo real, na internet e principalmente nos celulares. Afinal, o celular é o único aparelho que passa 24 horas com o usuário. Ninguém fica o tempo todo diante da TV nem do computador, mas porta o celular dia e noite. Milhares de amadores estão atentos para produzir conteúdo através das câmeras cada vez mais sofisticadas dos celulares. Daí a busca incessante para atingir o leitor através da telinha dos aparelhos que, eventualmente, servem para telefonar. Alguns estudiosos se aprofundam na análise do problema. O editor Como salvar os jornais (e o jornalismo) Walter Isaacson¹ – Estadão Durante os últimos meses, a crise no jornalismo atingiu proporções de derretimento. Agora é possível contemplar num futuro próximo uma época em que algumas grandes cidades não terão mais seu próprio jornal e as revistas e redes de notícias empregarão apenas um punhado de repórteres. Há, no entanto, um fato chocante e algo curioso a respeito desta crise. Os jornais têm hoje mais leitores do que nunca. O seu conteúdo, assim como o das revistas de notícias e de outros produtores do jornalismo tradicional, é mais popular do que jamais foi – até mesmo (na verdade, especialmente) entre o público jovem. O problema é que um número cada vez menor de leitores está pagando pelo que lê. As organizações jornalísticas estão distribuindo gratuita e alegremente as suas notícias. De acordo com um estudo realizado pelo Centro de Pesquisas Pew, no ano passado houve uma virada marcante: nos Estados Unidos, as notícias gratuitas disponíveis na internet foram mais procuradas do que os jornais e revistas pagos que publicavam o mesmo conteúdo. Quem pode se espantar com isso? Até mesmo eu, um antigo viciado em publicações impressas, deixei de assinar o New York Times, porque se o jornal não acha justo cobrar pelo acesso ao seu conteúdo, eu me sentiria um tolo pagando por ele. Esse modelo comercial não faz sentido. Talvez esse sistema tenha dado a impressão de fazer sentido quando a publicidade eletrônica estava prosperando e qualquer editor parcialmente consciente podia fingir fazer parte do clã que “compreendia” as mudanças da época ao entoar o mantra de que “o futuro” estava na publicidade na internet. Mas quando a publicidade eletrônica entrou em declínio no último trimestre de 2008, o futuro do jornalismo parecia ser gratuito assim como um penhasco íngreme é o futuro de um bando de lemingues.

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Judeus, Palestinos e Hitler

A equilibrada e racional reflexão de um historiador e jornalista brasileiro sobre o conflito no Oriente Médio. Marcos Guterman, no artigo reproduzido abaixo, não poupa os radicais de ambos os lados. A Hitler o que é de Hitler por Marcos Guterman¹ – Blog O Estado de São Paulo Guerras, por definição, sinalizam rupturas. Enquanto a diplomacia oferece portas de saída, o conflito armado só se justifica pela decisão de destruir o inimigo e aquilo que ele representa. E a destruição não pode ser apenas militar ou material; ela tem de se dar também, e sobretudo, no campo moral. O conflito que simboliza melhor esse conceito é a Segunda Guerra Mundial, que passou à história como a luta contra o mal absoluto, resumido no nazismo. Hitler e sua ideologia insana tornaram-se paradigmas daquilo que deve ser combatido sem trégua e sem quartel, em nome da humanidade. Por isso, mesmo passadas seis décadas do fim do conflito, o nazismo continua sendo a referência mais implacável que alguém pode usar quando pretende desqualificar completamente seu inimigo no campo de batalha da opinião pública e da justificativa moral. O caso da presente guerra entre Israel e Hamas mostra justamente os exageros dessa retórica. Em artigo publicado no Wall Street Journal, o líder da oposição israelense Benjamin Netanyahu comparou os ataques do Hamas no sul de Israel à blitz aérea promovida pela Alemanha de Hitler contra Londres. Já do lado palestino, Mustafa Barghouti escreveu um texto no jornal egípcio Al-Ahram, a respeito da ofensiva israelense, cujo título é “A Guernica dos palestinos”, em referência ao dramático bombardeio nazista contra essa cidade espanhola em 1937. Trata-se de um óbvio exagero, de ambos os lados, e é um exagero calculado. Ao igualar os palestinos aos nazistas, Netanyahu simplifica grosseiramente o quadro com o objetivo de invocar, no imaginário israelense, o pesadelo da “solução final”. Não é possível, em qualquer sentido, dar pesos semelhantes às forças nazistas e ao limitado poder de fogo do Hamas, ainda que este, a exemplo de Hitler, tenha como objetivo eliminar os judeus. Netanyahu, além disso, se esquece de informar que os palestinos vivem em situação de desespero – que gera grandes ressentimentos – em parte como resultado das ações brutais e dos erros de Israel ao longo de mais de 40 anos de ocupação, com laivos de apartheid. Barghouti, por sua vez, recorre à velha fórmula anti-semita de comparar os israelenses aos nazistas. É uma fórmula de duplo objetivo, ambos perversos. Primeiro, iguala a vítima ao seu maior algoz, um algoz que reduziu a população judaica na Europa de 9,5 milhões para 3,5 milhões de seres humanos em menos de dez anos. Ele poderia ter comparado os israelenses aos americanos, por exemplo, mas isso não teria o efeito desejado, qual seja, o de ligar os judeus ao mal absoluto. O segundo objetivo da fórmula é diminuir a importância e a singularidade do Holocausto, para então adaptar a impactante imagem do extermínio em massa perpetrado pelos nazistas a qualquer outra circunstância conveniente – por exemplo, a morte de palestinos por israelenses. A retórica que Netanyahu e Barghouti aplicaram, em lugar de explicar o conflito, obscurece ainda mais o já complicado quadro das tensões no Oriente Médio. Argumentos desse tipo podem até fazer um grande sucesso entre gente oportunista e panfletária – um bom exemplo foi a grosseira nota em que o PT acusou os israelenses de “prática típica do Exército nazista” -, mas eles definitivamente não ajudam a entender a crise nem muito menos a construir pontes para sua superação. Para o bem do debate, deixemos a Hitler o que é de Hitler. ¹Marcos Guterman é historiador e jornalista de O Estado de S.Paulo

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