Boa noite A que há de vir Vinícius de Moraes ¹ Aquela que dormirá comigo todas as luas É a desejada de minha alma. Ela me dará o amor do seu coração E me dará o amor da sua carne. Ela abandonará pai, mãe, filho, esposo E virá a mim com os peitos e virá a mim com os lábios Ela é a querida da minha alma Que me fará longos carinhos nos olhos Que me beijará longos beijos nos ouvidos Que rirá no meu pranto e rirá no meu riso. Ela só verá minhas alegrias e minhas tristezas Temerá minha cólera e se aninhará no meu sossego Ela abandonará filho e esposo Abandonará o mundo e o prazer do mundo Abandonará Deus e a Igreja de Deus E virá a mim me olhando de olhos claros Se oferecendo à minha posse Rasgando o véu da nudez sem falso pudor Cheia de uma pureza luminosa. Ela é a amada sempre nova do meu coração Ela ficará me olhando calada Que ela só crerá em mim Far-me-á a razão suprema das coisas. Ela é a amada da minha alma triste É a que dará o peito casto Onde os meus lábios pousados viverão a vida do seu coração Ela é a minha poesia e a minha mocidade É a mulher que se guardou para o amado de sua alma Que ela sentia vir porque ia ser dela e ela dele. Ela é o amor vivendo de si mesmo. É a que dormirá comigo todas as luas E a quem eu protegerei contra os males do mundo. Ela é a anunciada da minha poesia Que eu sinto vindo a mim com os lábios e com os peitos E que será minha, só minha, como a força é do forte e a poesia é do poeta. ¹ Marcus Vinicius de Mello Moraes * Rio de Janeiro, RJ. – 19 de Outubro de 1913 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 09 de Julho de 1980 d.C
Boa noite Ternura Vinicius de Moraes ¹ Eu te peço perdão por te amar de repente Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos Das horas que passei à sombra dos teus gestos Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos Das noites que vivi acalentado Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente E posso te dizer que o grande afeto que te deixo Não trai o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas Nem as misteriosas palavras dos véus da alma… É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias E só te pede que te repouses quieta, muito quieta E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar estático da aurora. ¹ Marcus Vinicius de Mello Moraes * Rio de Janeiro, RJ. – 19 de Outubro de 1913 + Rio de Janeiro, RJ. – 09 de Julho de 1980
“Que todos os caminhos, me encaminham pra você.” Vinícius de Moraes
Com as lágrimas do tempo Vinicius de Moraes ¹ E a cal do meu dia Eu fiz o cimento Da minha poesia E na perspectiva Da vida futura Ergui em carne viva Sua arquitetura. Não sei bem se é casa Se é torre ou se é templo. (Um templo sem Deus.) Mas é grande e clara Pertence ao seu tempo …. Entrai, irmãos meus! ¹ Marcus Vinicius de Mello Moraes * Rio de Janeiro, RJ. – 19 de Outubro de 1913 + Rio de Janeiro, RJ. – 9 de julho de 1980
Encomenda Vinícius de Moraes¹ Desejo uma fotografia como esta – o senhor vê ? como esta: em que para sempre me ria com um vestido de eterna festa. Como tenho a testa sombria, derrame luz na minha testa. Deixe esta ruga, que me empresta um certo ar de sabedoria. Não meta fundos de floresta Nem de arbitrária fantasia … Não … Neste espaço que ainda resta, ponha uma cadeira vazia. ¹Marcus Vinícius de Mello Moraes * Rio de Janeiro,RJ, – 19 Outubro 1913 d.C + Rio de Janeiro RJ, 09 Julho 1980 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]
Antônio Zambujo – Apelo, de Baden Powel e Vinícius de Moraes [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]
“Ninguém vive mais do que uma vez Deixa diz que sim prá não dizer talvez” Deixa – Baden Powel/Vinícius de Moraes Fale quem quiser falar, meu bem Deixa, deixe o coração falar também Porque ele tem razão demais quando se queixa Então a gente deixa, deixa, deixa, deixa Ninguém vive mais do que uma vez Deixa Diz que sim prá não dizer talvez Deixa paixão também existe Deixa Não me deixe ficar triste. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]
Encomenda Vinicius de Moraes¹ Desejo uma fotografia como esta – o senhor vê? como esta: em que para sempre me ria com um vestido de eterna festa. Como tenho a testa sombria, derrame luz na minha testa. Deixe esta ruga, que me empresta um certo ar de sabedoria. Não meta fundos de floresta Nem de arbitrária fantasia… Não… Neste espaço que ainda resta, ponha uma cadeira vazia. ¹Marcus Vinicius de Mello Moraes * Rio de Janeiro, RJ, – 19 Outubro 1913 d.C. + Rio de Janeiro, RJ, 09 Julho 1980 d.C.
Soneto do Amor Total Vinicius de Moraes ¹ Amo-te tanto, meu amor … não cante O humano coração com mais verdade … Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade. Amo-te afim, de um calmo amor prestante E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente. E de te amar assim, muito e amiúde É que um dia em teu corpo de repente Hei de morrer de amar mais do que pude. ¹ Marcus Vinicius de Moraes * Rio de Janeiro,RJ. – 19 de outubro de 1913 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 9 de julho de 1980 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]