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.S. Eliot – Poesia – 16/04/224

Boa noite Quarta-Feira de Cinzas II T.S. Eliot¹ II Senhora, três leopardos brancos sob um zimbro Ao frescor do dia repousavam, saciados De meus braços meu coração meu fígado e do que havia Na esfera oca do meu crânio. E disse Deus: Viverão tais ossos? Tais ossos Viverão? E o que pulsara outrora Nos ossos (secos agora) disse num cicio: ~raças à bondade desta Dama E à sua beleza, e porque ela A meditar venera a Virgem, É que em fulgor resplandecemos. E eu que estou aqui dissimulado Meus feitos ofereço ao esquecimento, e consagro meu amor Aos herdeiros do deserto e aos frutos ressequidos. Isto é o que preserva Minhas vísceras a fonte de meus olhos e as partes indigestas Que os leopardos rejeitaram. A Dama retirou-se De branco vestida, orando, de branco vestida. Que a brancura dos ossos resgate o esquecimento. A vida os excluiu. Como esquecido fui E preferi que o fosse, também quero esquecer Assim contrito, absorto em devoção. E disse Deus: Profetiza ao vento e ao vento apenas, pois somente O vento escutará. E os ossos cantaram em uníssono Com o estribilho dos grilos, sussurrando: Senhora dos silêncios Serena e aflita Lacerada e indivisa Rosa da memória Rosa do oblívio Exânime e instigante Atormentada tranqüila A única Rosa em que Consiste agora o jardim Onde todo amor termina Extinto o tormento Do amor insatisfeito Da aflição maior ainda Do amor já satisfeito Fim da infinita jornada sem termo Conclusão de tudo O que não finda Fala sem palavra E palavra sem fala Louvemos a Mãe Pelo Jardim Onde todo amor termina. Cantavam os ossos sob um zimbro, dispersos e alvadios, Alegramo-nos de estar aqui dispersos, Pois uns aos outros bem nenhum fazíamos, Sob uma árvore ao frescor do ar, com a bênção das areias, Esquecendo uns aos outros e a nós próprios, reunidos Na quietude do deserto. Eis a terra Que dividireis conforme a sorte. E partilha ou comunhão Não importam. Eis a terra. Nossa herança ¹Thomas Stearns Eliot * Nuneaton, Reino Unido – 22 de novembro de 1819 + Chelsea, Londres, Reino Unido – 22 de dezembro de 1880

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T.S.Eliot – Poesia – 01/01/24

Boa noite A canção de amor de J. Alfred Prufrock – Parte VI TS. Eliot Não! Não sou o Príncipe Hamlet, nem pretendi sê-lo. Sou um lorde assistente, o que tudo fará Por ver surgir algum progresso, iniciar uma ou duas cenas, Aconselhar o príncipe; enfim, um instrumento de fácil manuseio, Respeitoso, contente de ser útil, Político, prudente e meticuloso; Cheio de máximas e aforismos, mas algo obtuso; As vezes, de fato, quase ridículo Quase o Idiota, às vezes. Envelheci . . . envelheci . . . Andarei com os fundilhos das calças amarrotados. Repartirei ao meio meus cabelos? Ousarei comer um pêssego? Vestirei brancas calças de flanela, e pelas praias andarei. Ouvi cantar as sereias, umas para as outras. Não creio que um dia elas cantem para mim. Vi-as cavalgando rumo ao largo, A pentear as brancas crinas das ondas que refluem Quando o vento um claro-escuro abre nas águas. Tardamos nas câmaras do mar Junto às ondinas com sua grinalda de algas rubras e castanhas Até sermos acordados por vozes humanas. E nos afogarmos. Tradução Ivan Junqueira 1 Thomas Stearns Eliot * Nuneaton, Reino Unido – 22 de novembro de 1819 + Chelsea, Londres, Reino Unido – 22 de dezembro de 1880

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T.S. Eliot – Poesia – Versos na tarde – 26/05/2017

A Terra Desolada², 1922 T.S Eliot¹ O Enterro dos Mortos I Abril é o mais cruel dos meses, germina Lilases da terra morta, mistura Memória e desejo, aviva Agônicas raízes com a chuva da primavera. O inverno nos agasalhava, envolvendo A terra em neve deslembrada, nutrindo Com secos tubérculos o que ainda restava de vida. O verão nos surpreendeu, caindo do Starnbergersee Com um aguaceiro. Paramos junto aos pórticos E ao sol caminhamos pelas aléias do Hofgarten, Tomamos café, e por uma hora conversamos. Bin gar keine Russin, stamm’ aus Litauen, echt deutsch. Quando éramos crianças, na casa do arquiduque, Meu primo, ele convidou-me a passear de trenó. E eu tive medo. Disse-me ele, Maria, Maria, agarra-te firme. E encosta abaixo deslizamos. Nas montanhas, lá, onde livre te sentes. Leio muito à noite, e viajo para o sul durante o inverno. Que raízes são essas que se arraigam, que ramos se esgalham Nessa imundície pedregosa? Filho do homem Não podes dizer, ou sequer estimas, porque apenas conheces Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol, E as árvores mortas já não mais te abrigam, nem te consola o canto dos grilos, E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca. Apenas Uma sombra medra sob esta rocha escarlate. (Chega-te à sombra desta rocha escarlate), E vou mostrar-te algo distinto De tua sombra a caminhar atrás de ti quando amanhece Ou de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando; Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó. Tradução: Ivan Junqueira ¹Thomas Stearns Eliot * Nuneaton, Reino Unido – 22 de novembro de 1819 + Chelsea, Londres, Reino Unido – 22 de dezembro de 1880 [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] ²A Terra Inútil ou A Terra sem vida, ou a Terra Desolada –  The West Land –  é um poema modernista publicado por T. S. Eliot em 1922. Já foi apelidado de “um dos mais importantes poemas do século XX”.

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Onde está?

“Onde está a sabedoria que nós perdemos no conhecimento? Onde está o conhecimento que nós perdemos na informação?” T.S.Eliot Fotografia:Tumblr[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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