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Manipulação: A TV como fator de desinformação

Televisão e Manipulação Informativa Por Francisco Julio Xavier* Estamos vivendo a era do desespero. Gritam por socorro os noticiários, desesperados – essa é a palavra, estão a sombra do desastre – por sucumbirem depois de uma era em que os meios tradicionais de comunicação reinaram no cenário midiático. Pode parecer uma teoria negativista, mas não é; seria positivista – creiamos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Tem se tornado um constante drama para meios hegemônicos a queda em receita vindo da publicidade, causa maior, devido ao seu enfraquecimento em audiência e alcance de público, que agora não tem apenas o controle remoto, mas a vastidão das redes sociais e da internet como toda. Algo que podemos constatar é a luta diária travada pelos meios em reverter essa situação de distanciamento do público para a internet. Uns se preparam para esse novo cenário e tentam a convergência, mesmo que tímida. Outros abrem espaço amplo para as pautas oriundas da rede – em massa, das mídias sociais. Dada a carência de audiência, cada vez mais visível, a hora de reverter a nova onda está se deslanchando em desespero nítido e ridículo. A televisão tenta, a todo custo, destruir a nossa inteligência, já que não consegue combater a nossa migração para a rede mundial de computadores. Vem sendo postas em prática, diariamente, formas de barrar o nosso distanciamento do meio hegemônico de décadas, a televisão. Querem que coloquemos novamente em destaque na nossa sala, aquele aparelho receptor que escabrosamente consentíamos doses cavalares de manipulação diária em nossas residências. Barrando a concorrência Para maior desespero, não foi somente o público que migrou, mas também os anunciantes, para os quais existe a expectativa de investimento em publicidade nos meios eletrônicos, ainda nesta década, de US$ 500 bilhões por ano – como afirma relatório da WFA (World Federation of Advertisers), publicado no Financial Times. Em reportagem, O Globo deu destaque para as fraudes do Google, pelo qual, em anúncios feitos na grande rede mundial, empresas poderiam perder em média 10% para os fraudadores de visualizações. Com esse enfoque na reportagem, a artimanha tenta desestimular os empresários em anunciar em concorrentes indiretos da TV, o YouTube e similares. Mas de igual forma, indícios de falcatrua também são apontadas para empresas que avaliam a audiência na TV, deixando margem e passividade para fraudes. Além do mais, está cada vez improvável saber se o público-alvo está sendo impactado com a propaganda veiculada em televisão, tendo em vista que os telespectadores não estão sendo empolgados a continuar assistindo aos intervalos comerciais. Com a multiplicidade de telas (celulares, tablets e desktops), o telespectador tende a fugir, nos reclames da TV, para atividades que acha ser mais interessante e menos maçante – como ver postagens em redes sociais – do que ver anúncios e publicidade na velha mídia. Recentemente quiseram jogar a contragosto da população a lei que autoriza o limite de uso de internet no país. Para a Rede Globo de Televisão foi uma oportunidade de defesa – não da população e dos seus diretos, mas dos empresários, ou melhor, dos anunciantes. Em reportagem do dia 24 de abril, o Fantástico desenhou que estamos mesmo à mercê da manipulação e dos grandes interesses empresariais e políticos. O programa dominical vendeu na reportagem que, nós, consumidores de internet, estamos abusando no uso, ou seja, gerando desperdício. Faltou nas entrelinhas o informe que a reportagem era encomenda em acordo de livre comércio pelas empresas de telecomunicações do país. Insistimos que faltou informar esse detalhe na matéria veiculada. Não se dá crédito à crise política A população virou ré na questão, por assistir vídeos demais; ver postagens demais em redes sociais. Como sempre, defendeu o lado dos anunciantes. Pelo título já dava para saber: “Internet fixa ilimitada pode estar com os dias contados no Brasil”. Com isso, o maior grupo de comunicação do país passou a informação curta e grossa: estamos do lado dos lucros e contando os dias para que isso aconteça de fato, e deu o veredito: corte a internet, ganharemos ambos com isso. Com essa tática, a Globo ganharia de duas formas: anunciantes voltariam a atuar na TV – por cair o acesso em horas diárias dos consumidores na internet; e da volta dos internautas para a frente da TV – ganharia mais horas de público assistindo o grotesco da programação. O que constatamos nessa reportagem é que a mídia não está preocupada em garantir direitos, mas em retirá-los – quando isso ameaça seus interesses mesquinhos: o lucro desenfreado e abusivo. Sentimos reféns de uma jogatina em prol da receita particular. Não houve na reportagem um detalhamento de como o consumo de dados impactaria a receita das empresas de telecomunicações. Apenas repassaram a culpa para os usuários e a conta também. Em nenhum momento se preocuparam em informar que o acesso à internet é um direito básico nos dias de hoje, tendo em vista que a comunicação flui mais descentralizada e que foi garantida pelo Marco Civil da internet. O poder da rede causa desespero nos empresários e políticos. Chegaram a defender a restrição a filmes e séries através de plataformas, como é o caso da Netflix. O péssimo serviço prestado pelas operadoras (entre os 10 piores do mundo) não é relatado, nem levado em consideração, mas os lucros são lembrados sem demora para o raciocínio do grande público. Apenas basta a fala: somos nós, os usuários, os culpados. Não é só essa questão que é distorcida nesse jogo de cartas marcadas. Para demostrar que não estamos no caminho certo, que a economia está em profundo desastre, não se dá os devidos créditos a outra crise, a política, que tem feito arruaça no país. Uma nota brevíssima e a desculpa Mas, bem antes, quando o rumo era destruir um governo, fez-se em seus noticiários o Brasil idealizado como uma “nova Grécia”, prestes a dar o calote e a se afundar no rio de amarguras da economia. Muitas notícias bombas eram jogadas nos jornais, e de mesmo modo eram escondidos os reais

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Cientistas renomados explicam porque são fãs de ‘The Big Bang Theory’

Se a série The Big Bang Theory tivesse um fã-clube aqui no Brasil, um de seus fundadores seria o astrônomo Fernando Roig. O pesquisador do Observatório Nacional é daqueles que não perde um episódio sequer. O pesquisador Fernando Roig diz que série ‘desmistifica’ a Ciência Se por acaso acredita que não vai chegar em casa a tempo de assisti-lo na segunda à noite, deixa gravando. Quando a série é lançada em DVD, compra a temporada completa para rever tudo de uma vez – no melhor estilo binge watching, como é chamado o costume de assistir a vários episódios de uma só vez. Não satisfeito, Fernando ainda gosta de colecionar itens relacionados à produção da Warner. Como a camiseta com o bordão “Bazinga!” do personagem Sheldon Cooper e uma estatueta em resina dele. “O legal da série é que ela tira a áurea de seriedade que costuma pairar sobre os cientistas e ajuda a desmistificar a ideia de que a ciência é uma coisa chata”, acredita. Se a ciência não é chata, The Big Bang Theory (TBBT, para os íntimos) muito menos. Em poucas palavras, narra as aventuras acadêmico-científicas de dois físicos – um teórico, Sheldon Cooper (Jim Parsons), e outro experimental, Leonard Hofstadter (Johnny Galecki). Os dois trabalham no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e dividem um apartamento em Pasadena, na Califórnia. Integram a trupe a aspirante a atriz Penny (Kaley Cuoco), o engenheiro aeroespacial Howard Wolowitz (Simon Helberg) e o astrofísico Rajesh Koothrappali (Kunal Nayyar). No fã-clube imaginário fundado por Roig, o astrônomo Alexandre Cherman, da Fundação Planetário, seria forte candidato a presidente. Admirador confesso de Sheldon, Leonard & cia, diz que, graças a eles, virou “cool” ser cientista. E credita boa parte do sucesso de TBBT ao seu rigor científico. “Para uma série de comédia, é bem mais precisa do que muito filme sério de ficção, como Interestelar, de Christopher Nolan, e Gravidade, de Alfonso Cuarón. Mas, claro, licenças poéticas são necessárias e até bem-vindas. Se não, deixa de ser entretenimento e vira aula”, pondera. Rigor científico Para o astrônomo Alexandre Cherman, graças ao seriado, ser cientista hoje é ‘cool’ Se TBBT é uma série “cientificamente precisa”, o mérito é do físico americano David Saltzberg, da Universidade da Califórnia (UCLA). É ele que, entre outras tarefas, revisa as falas dos personagens, propõe discussões científicas e formula as equações na lousa de Sheldon Cooper. Apesar de toda a consultoria, TBBT não está livre de eventuais “incorreções”. O físico Cláudio Furukawa, da Universidade de São Paulo (USP), aponta uma delas. No episódio The Vengeance Formulation, o nono da terceira temporada, Barry Kripke (John Ross Bowie) solta gás hélio na sala de Sheldon, que fica com a voz fina durante entrevista a uma rádio. “Para Sheldon ficar com a voz aguda daquele jeito, seria necessário que houvesse gás hélio na sala inteira. Bem, se isso acontecesse de verdade, não haveria oxigênio para respirar e Sheldon teria ficado asfixiado”, explica. Nada que, convenhamos, abale o prestígio da série junto à comunidade científica brasileira. Muito pelo contrário. O fascínio é tanto que, depois de descobrir uma espécie rara de abelha em 2012, o biólogo André Nemésio, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), decidiu batizá-la de Euglossa bazinga – em alusão ao bordão repetido por Sheldon. O queridinho dos nerds Interpretar Sheldon Cooper já rendeu diversos prêmios a Jim Parsons Dos protagonistas da série, Sheldon Cooper é, sem dúvida alguma, o mais popular. “Eu me identifico muito com o Sheldon”, admite Cherman, do Planetário. “Não tenho todas aquelas manias, nem tampouco sou um sociopata. Mas sua crença na Física como o caminho para as grandes respostas do mundo me agrada bastante”, esclarece. Outro que admite soltar umas boas risadas de vez em quando com as idiossincrasias de Sheldon Cooper é Luiz Pinguelli Rosa. O físico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ressalva que não chega a se identificar com o personagem, mas diz que conhece alguns cientistas que têm um perfil parecido com o dele. “Sheldon Cooper é o típico gênio incompreendido. É muito orgulhoso de si e vive tratando os colegas com certo desprezo, por se dedicarem a assuntos menos quentes da Física”, analisa. Na hora de eleger seu personagem favorito, a astrônoma Duília de Mello, do Goddard Space Flight Center (GSFC), um dos mais importantes centros de estudo da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), não pensa duas vezes: a neurocientista Amy Farrah Fowler (Mayim Bialik) e a microbiologista Bernardette Rostenkowski-Wolowitz (Melissa Rauch). Um detalhe curioso é que Mayim não é neurocientista só na ficção. Fora dela, é PhD pela UCLA. “As duas são excelentes fontes de inspiração para as meninas que querem fazer ciência quando crescer”, justifica. Por falar em inspiração, Duília elogia a iniciativa dos produtores de convidar cientistas famosos, como Stephen Hawking, Brian Greene e Neil deGrasse Tyson, entre outras mentes brilhantes, para fazer participações especiais. “Além de despertar no público adolescente o gosto pelo conhecimento científico, ajuda a reduzir o preconceito contra os CDFs – alunos considerados pelos colegas como excessivamente dedicados aos estudos -, vítimas constantes de bullying nas escolas”, complementa Furukawa, da USP. Caricatura de cientista Série está em sua nona temporada nos Estados Unidos O físico e astrônomo Marcelo Gleiser, do Dartmouth College (EUA), é outro assíduo espectador da série. “No espectro entre invenção completa e precisão científica, eu diria que The Big Bang Theory está mais próxima da precisão científica, com alguns exageros e eventuais distorções”, analisa. Gleiser só teme que Sheldon, Hofstadter, Howard e Raj reforcem o estereótipo do cientista como um nerd socialmente inepto, incapaz de ter relacionamentos saudáveis com o sexo oposto. “A caricatura é engraçada. Espero apenas que o público não acredite que todos os cientistas são assim. De nerds, Brian Greene e Neil deGrasse Tyson, que conheço bem, não têm nada. E eu também não!”, enfatiza. Fernando Roig até concorda que a série recorra a estereótipos muito acentuados, mas pondera que, sem eles, The Big Bang Theory não faria tanto sucesso. “A maioria das pessoas enxerga o

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Exemplo típico da manipulação da informação

Não é de hoje que a mídia conservadora age como nos últimos dias e meses. Lembrei de um fato que fui protagonista, em 1987. Um programa na rádio Roquette Pinto, emissora do governo do Estado, todo sábado ao meio dia debatia política internacional. Nome: Tome Ciência Internacional. Num desses programas fiz uma entrevista em Montevidéu com o ex-capitão Jeronimio Cardoso, que sobrevoava a fazenda de Jango no Uruguai, durante a época inicial do exílio do Presidente deposto. Pois bem, o programa foi ao ar diretamente de Montevidéu, via telefônica. Fazíamos jornalismo. Findo o governo Brizola, o jornal O Globo acusou o ex governador de ter feito ligações pessoais de Montevidéu creditadas na radio Roquete Pinto.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O Globo sabia que era mentira, mas insistiu na cascata com o visível objetivo de incriminar Brizola. Falamos de 1987, deu até inquérito administrativo e ficou comprovado que Brizola não tinha nada a ver com a mentira assacada pelo jornal de Roberto Marinho. Escrevi para o jornal O Globo esclarecendo tudo, mas o democrático jornal ignorou. Ou seja, não lhe interessa a verdade, mas sim fatos para incriminar quem não reza pela cartilha reacionária da elite brasileira que abomina o povo. Achei por bem lembrar este fato no momento que que visivelmente se tenta linchar um ex-presidente. Agora, pensem bem, antes de 1979, quando houve a anistia em setembro, os golpistas tentaram de todas as formas incriminar Brizola, mas não conseguiram. Nem por isso desistiram e uma semana antes de Brizola morrer, o Ali Kamel, diretor executivo de jornalismo da Rede Globo, o mesmo que publicou um livro dizendo que no Brasil não há racismo, escrevia em O Globo que o culpado pela violência no Rio era Brizola. Agora, os jornalões e telejornalões repetem o mesmo estilo histórico de sempre, que vai do mar de lama ao triplex do Guarujá, passando por um pedalinho em um sítio em Atibaia. Insistem nas cascatas ao estilo Goebels, o cara da propaganda nazista (uma mentira repetida inúmeras vezes acaba virando uma verdade). Quando tudo se esclarecer e as cascatas caírem por terra, como no caso a Rádio Roquette Pinto em 1987, o esquema Globo vai ignorar. É o jornalismo “imparcial”, que tem seguidores fiéis, do gênero senso comum, repetindo as  mentiras de O Globo e outros jornalões e telejornalões nas filas de bancos e de supermercados. São os tais que se comportam como papagaios de pirata. Não raciocinam, não refletem e só reproduzem as baboseiras  de O Globo e da Rede do mesmo nome. Mas a bem da verdade, não é só O Globo que delira no esquema da perseguição. Outro dia, no portal UOL  Notícias foi divulgada uma mentira absurda que dizia que a Ministra da Saúde da Venezuela, Luziana Melo, afirmara que os venezuelanos escovam os dentes em demasia, três vezes ao dia, o que provocava a falta de pasta de dentes no país. Pouco depois a mentira caiu por terra. E pior, foi revelado claramente a quantas anda o jornalismo naquele portal associado ao Grupo Folha. Foi eclarecido que a “informação”(entre aspas, claro) não só era mentirosa como foi colhida em um site humorístico venezuelano. Só que na ânasia de queimar o governo venzuelano, UOL Notícias divulgou a piada do site intitulado “Um mundo triangular”, como se fosse uma verdade absoluta. A mediocridade jornalística não parou aí. Desmentida oficialmente a notícia, o portal publicou o erro meio escondido, talvez com vergonha do jornalismo xinfrim. Os leitores que tomaram conhecimento da “informação” não tiveram conhecimento na mesma proporção do erro confirmado. Em suma, assim caminha, ou vomita,  a mídia conservadora, que ainda por cima diz a todo momento que faz jornalismo imparcial. E para finalizar: sugere-se aos que estão tentando apresentar na academia teses de mestrado, doutorado ou pós-doutorado que pesquisem com profundidade o que vem sendo feito pelo chamado jornalismo da mídia conservadora. Eis um tema que os brasileiros minimamente conscientes aplaudirão quem fizer isso. Mario Augusto Jakobskind/Tribuna da Imprensa

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GVT vai deixar de existir

A partir do dia 15 de abril a GVT não irá mais oferecer seus serviços para clientes de todo o Brasil. A empresa enviou um comunicado aos clientes afirmando que os serviços serão unificados com a Vivo. A mudança estava sendo trabalhada desde o mês de maio do ano passado e tornou-se possível com a aquisição da Vivo pela Telefônica que deu-lhe mais recursos para efetuar a transação. Em dezembro de 2014, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já havia aprovado a compra da GVT pela Telefônica e agora o acordo finalmente foi selado.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A companhia aproveitou para informar também que o atendimento telefônico e os aplicativos e serviços prestados sofreram mudanças após a unificação. O telefone de suporte terá um novo número (10315) assim como o código de longa distância que passará a ser o “15” e não mais o “25”. O site também será acoplado ao da companhia de telefone, televisão e internet a partir do dia 2 de abril. Já os pacotes contratados por clientes antes da parceria ser firmada permanecerão inalterados já que a Vivo afirmou que irá honrar os contratos firmados pela empresa comprada. Apenas alguns nomes serão modificados, como o “GVT Freedom”, o “GVT Protege” e o “Minha GVT” para “Vivo Freedom”, “Vivo Protege” e “Meu Vivo Fixo” respectivamente. Os clientes da GVT também terão a oportunidade de usufruir de novos serviços oferecidos pela empresa de telefonia, como o Vivo Valoriza, programa de fidelidade que dá descontos em cinemas, contratação de serviços e compra de aparelhos. Fonte:Olhar Digital  

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Senadores do PT encontram a cúpula da Globo!

A coisa mais intrigante do encontro do dono da globo com senadores do PT. Realidade paralela? Uma coisa me intrigou nas palavras de João Roberto Marinho aos senadores do PT num encontro confidencial noticiado pelo DCM. É quando ele manifesta surpresa quando ouve que a cobertura das Organizações Globo é brutalmente desequilibrada contra o governo. João, como é conhecido na Globo, é um sujeito afável, um bom ouvidor, como pude testemunhar nos anos em que trabalhei na casa. Sabe reconhecer seus limites, o que é uma virtude. “Comecei no jornalismo, mas logo me dei conta de que não tinha talento”, me disse ele uma vez. “Fui para a área administrativa.” É uma coisa rara este tipo de admissão. Roberto Civita, perto de quem trabalhei anos, jamais reconheceu sua limitação como editor, com efeitos catastróficos para a Veja e para a Abril.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] João comanda a área editorial da Globo, e é quem faz a ponte com políticos e empresários. Ele passa a opinião da casa em reuniões semanais no prédio da Globo no Jardim Botânico, no Rio. Dela participam os chefes das diversas mídias da casa. Numa ata, distribuída posteriormente aos participantes, ficam registradas as diretrizes sobre os assuntos discutidos, em geral os mais complexos da cena política. Merval e Kamel, cada qual dum lado da mesa em que os editores se reúnem, falam muito, mas quem decide e define tudo, com sua voz baixa e mansa, é João. Tudo isso posto, e considerado que é um homem inteligente, como João pode alegar surpresa diante da visão de uma Globo sem isenção nenhuma na cobertura política? Palmério Dória, jornalista que produz máximas sagazes sobre a política e a mídia, arriscou uma resposta nas redes sociais. João mostrou, segundo ele, que não vê, não lê e não ouve nada em sua empresa. É uma boa tirada, mas não reflete a realidade. A primeira coisa que ele lê, pela manhã, é o Globo. E depois segue na Globo, da CBN aos jornais televisivos. Certamente incorporou o G1 à sua rotina de leituras. Isso quer dizer que ele está a par do conteúdo da Globo. Como jamais me pareceu um cínico ou mentiroso, a hipótese que me ocorre é a de um descolamento da realidade. Vi isso acontecer na Abril. Em certas conversas sobre a Veja, Roberto Civita se defendia de minhas críticas falando de uma revista isenta que só existia na sua imaginação. Em corporações como a Globo e a Abril, os donos correm o risco de se cercar de pessoas que dizem apenas o que eles querem ouvir. Não consigo imaginar ninguém, nas reuniões de terças feiras, que fosse capaz de dizer: “João, acho que temos que equilibrar a nossa cobertura. Tamos batendo demais.” Como, fora das empresas, os donos convivem com bajuladores, eles tendem a ouvir apenas louvações que os levam a ter uma ideia edulcorada do jornalismo praticado por seus editores. Acredito que João de fato se surpreendeu com o diagnóstico negativo, pesadamente negativo, que ouviu dos senadores do PT. Ele disse que iria transmitir as impressões imediatamente a seus comandados. Pelo que soube, os resultados logo apareceram. Numa única edição do JN, me contam, foi dado espaço a Lula e Dilma. Os editores da Globo não são bobos. Aquela é uma empresa papista. O papa falou, acabou a discussão. Ou então você é simplesmente descartado. Perenes, ali, apenas os Marinhos. Por isso, você deve esperar, daqui por diante, uma Globo que pelo menos fingirá alguma isenção. Dado o descalabro dos últimos meses, será um avanço. Por PAULO NOGUEIRA – Via DCM

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Globo volta ao “podemos tirar se achar melhor”

Cícero, o célebre orador romano, não conheceu a Globo, mas suas invenctivas contra Catilina, um golpista da época, parecem ter sido escritas especialmente para denunciar as diatribes da Vênus, sua campanha diária contra um debate político baseado em fatos, e não em mentiras, factoides e omissões. A obsessão goebelliana da Globo é criar a seguinte narrativa: FHC foi um grande estadista, e Lula, um crápula que merece ser degolado em praça pública. Dizia Cícero: “Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra? Quam diu etiam furor iste tuus eludet? Quem ad finem sese effrenata iactabit audacia?” Tradução: “Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós? A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?” O blog DCM descobriu que a Época, que agora disputa com a Veja o título de rainha do esgoto, tentou apagar da internet uma matéria em que denunciava mais uma daquelas coisas incríveis que somente os tucanos podem fazer: em seus últimos dias de governo, FHC usou o Planalto, um espaço público, para reunir grandes empresários, e pedir dinheiro para seu Instituto. Conseguiu R$ 7 milhões. Hoje isso deve corresponder ao dobro disso. Mais tarde, o ex-presidente conseguiria mais R$ 6 milhões de verba pública para organizar um “acervo” no site do Instituto FHC, louvando a si mesmo. Tucano pode tudo. Lula não. Lula deveria ter ido esmolar embaixo de um viaduto. Por: Miguel do Rosário/Tijolaço Do Diário do Centro do Mundo. Revista Época tira do ar matéria que contava como FHC ‘passou o chapéu’ para criar seu instituto Postado em 14 de junho de 2015 às 12:28 pm A revista Época tirou do seu site um artigo em que contava como, no final de sua presidência, FHC ‘passou o chapéu’ para recolher recursos para montar seu instituto. O serviço de queima de arquivo, no entanto, não foi bem feito. O Google guardou uma foto do texto. Quem procura a matéria no Google encontra essa cópia fotográfica. O Google explica que o dono do conteúdo pode pedir para remover o texto caso queira, mas até aqui a Época não se mexeu. Abaixo segue a reportagem, copiada e colada: FHC passa o chapéu Presidente reúne empresários e levanta R$ 7 milhões para ONG que bancará palestras e viagens ao Exterior em sua aposentadoria Gerson Camarotti Foi uma noite de gala. Na segunda-feira, o presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu 12 dos maiores empresários do país para um jantar no Palácio da Alvorada, regado a vinho francês Château Pavie, de Saint Émilion (US$ 150 a garrafa, nos restaurantes de Brasília). Durante as quase três horas em que saborearam o cardápio preparado pela chef Roberta Sudbrack – ravióli de aspargos, seguido de foie gras, perdiz acompanhada de penne e alcachofra e rabanada de frutas vermelhas -, FHC aproveitou para passar o chapéu. Após uma rápida discussão sobre valores, os 12 comensais do presidente se comprometeram a fazer uma doação conjunta de R$ 7 milhões à ONG que Fernando Henrique Cardoso passará a presidir assim que deixar o Planalto em janeiro e levará seu nome: Instituto Fernando Henrique Cardoso (IFHC). O dinheiro fará parte de um fundo que financiará palestras, cursos, viagens ao Exterior do futuro ex-presidente e servirá também para trazer ao Brasil convidados estrangeiros ilustres. O instituto seguirá o modelo da ONG criada pelo ex-presidente americano Bill Clinton. Os empresários foram selecionados pelo velho e leal amigo, Jovelino Mineiro, sócio dos filhos do presidente na fazenda de Buritis, em Minas Gerais, e boa parte deles termina a era FHC melhor do que começou. Entre outros, estavam lá Jorge Gerdau (Grupo Gerdau), David Feffer (Suzano), Emílio Odebrecht (Odebrecht), Luiz Nascimento (Camargo Corrêa), Pedro Piva (Klabin), Lázaro Brandão e Márcio Cypriano (Bradesco), Benjamin Steinbruch (CSN), Kati de Almeida Braga (Icatu), Ricardo do Espírito Santo (grupo Espírito Santo). Em troca da doação, cada um dos convidados terá o título de co-fundador do IFHC. Antes do jantar, as doações foram tratadas de forma tão sigilosa que vários dos empresários presentes só ficaram conhecendo todos os integrantes do seleto grupo de co-fundadores do IFHC naquela noite. Juntos, eles já haviam colaborado antes com R$ 1,2 milhão para a aquisição do imóvel onde será instalada a sede da ONG, um andar inteiro do Edifício Esplanada, no Centro de São Paulo. Com área de 1.600 metros quadrados, o local abriga há cinco décadas a sede do Automóvel Clube de São Paulo. O jantar, iniciado às 20 horas, foi dividido em dois momentos. Um mais descontraído, em que Fernando Henrique relatou aos convidados detalhes da transição com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Na segunda parte, o assunto foi mais privado. Fernando Henrique fez questão de explicar como funcionará seu instituto. Segundo o presidente, o IFHC terá um conselho deliberativo e o fundo servirá para a administração das finanças. Além das atividades como palestras e eventos, o presidente explicou que o instituto vai abrigar todo o arquivo e a memória dos oito anos de sua passagem pela Presidência. A iniciativa de propor a doação partiu do fazendeiro Jovelino Mineiro. Ele sugeriu a criação de um fundo de R$ 5 milhões. Só para a reforma do local, explicou Jovelino, será necessário pelo menos R$ 1,5 milhão. A concordância com o valor foi quase unânime. A exceção foi Kati de Almeida Braga, conhecida como a mais tucana dos banqueiros quando era dona do Icatu. Ela queria aumentar o valor da ajuda a FHC. Amiga do marqueiteiro Nizan Guanaes, Kati participou da coleta de fundos para a campanha da reeleição de FHC em 1998 – ela própria contribuiu com R$ 518 mil. “Esse valor é baixo. O fundo poderia ser de R$ 10 milhões”, propôs Kati, para espanto de alguns dos presentes. Depois de uma discreta reação, os convidados bateram o martelo na criação de fundo de R$ 7 milhões, o que levará cada empresário a desembolsar R$ 500 mil. Para aliviar as despesas, Jovelino ainda sugeriu que cada um dos 12 presentes convidasse mais dois

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