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Florbela Espanca – Versos na tarde – 18/02/2015

Os meus versos Florbela Espanca ¹ Rasga esses versos que eu te fiz, amor! Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento, Que a cinza os cubra, que os arraste o vento, Que a tempestade os leve aonde for! Rasga-os na mente, se os souberes de cor, Que volte ao nada o nada de um momento! Julguei-me grande pelo sentimento, E pelo orgulho ainda sou maior!… Tanto verso já disse o que eu sonhei! Tantos penaram já o que eu penei! Asas que passam, todo o mundo as sente… Rasgas os meus versos… Pobre endoidecida! Como se um grande amor cá nesta vida Não fosse o mesmo amor de toda a gente!… ¹ Florbela De Alma Conceição Espanca * Vila Viçosa, Portugal – 1894 d.C + Matosinhos, Portugal – 1930 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Artur Eduardo Benevides – Versos na tarde

Soneto de indagação Artur Eduardo Benevides ¹ Será tarde, Senhora, será tarde? A vida, igual ao dia, encontra ocaso. Termina, pouco a pouco, o nosso prazo E o frio olhar da morte já nos carde. Que tua luz me salve ou me resguarde. Tuas chamas me queimam. Já me abraso. Estamos bem além de um simples caso. A alma, outrora errante, em ânsias arde. Tenho estranho fulgor de adolescência, Mas, ao notar que tudo pede urgência, Sinto que amar me traz um certo alarde. E ao ver o tempo inexorável, lento, Escravo de teu grande encantamento Aflito te pergunto — será tarde? ¹ Artur Eduardo Benevides * Pacatuba, CE. – 1923 d.C Poeta, ensaísta e contista brasileiro, com mais de quarenta livros publicados. Foi eleito, em 1985, o Príncipe dos Poetas Cearenses, título já detido pelo Padre Antônio Tomás, por Cruz Filho e por Jáder de Carvalho. Bacharel em Direito e em Letras, foi professor titular da Universidade Federal do Ceará e presidente da Academia Cearense de Letras. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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