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Sergio Macedo – Versos na tarde – 26/01/2017

Chuvas, olhares vazios Sergio Macedo¹ O olhar dela era tão mórbido, Tão duro, tão vazio, Tal qual a visão dos açudes secos, De chão rachado, de olhar perdido, Seus olhares seriam de últimos, Do imenso nada à frente, Sem lágrimas a molhar a face, Sem chuvas a viver o chão, Sem barranca fria onde se encostar Seu olhar distante, sem vontade, Declinava das chuvas em sua vida, Como o chão seco dos açudes Sabia, seria desertos, Perderam-se a beleza e mistérios das ilhas, CorrEm agora, bolas de capim bem seco, Levados ao léu, Segundo os pensares dos ventos. A chuva negará molhar seu rosto, As lágrimas não percorreram os talvegues em busca do repouso sereno das lagoas. O homem, com a frieza e com o machado, Seca olhares de esperança, Mata a floresta, cria a dança Da perversa perda Na alma e na Terra. 1 Sergio Macedo *Fortaleza – CE. – 31 de agosto de 1948 Médico Cardiologista. Escritor e poeta, membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores

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Sérgio Macedo – Versos na tarde – 25/01/2016

ALMA/ tempo em atraso Sérgio Macedo ¹ Ela não me disse nada, silêncio de sepulcros, alma aprisionada ao universo. E eu só queria que ela voltasse um pouco, se sentasse em um cadeira de balanços, nesse vento gostoso da manhã, conversasse comigo, mas ela não suportou e foi embora, deixando-me órfão de emoções. Sua cadeira de balanço, que nunca uso, vazia, tem nome de tédio. O vento de todo o dia, Vazia, balança a cadeira, Como se alentasse meu ser Em sua ausência. Em seu lugar, também Seria refém do universo, Tirana prisão, Largaria de mão quem não percebe A luta ou não a quer Deixaria de lado o centurião fugidio Mataria todos os deuses do depois, Do depois sem solução, Do depois, inevitavelmente dos soluços. ¹Sergio Macedo * Fortaleza, Ce. Sérgio Macedo é médico Cardiologista É membro da SOBRAMES- Sociedade Brasileira de Médicos Escritores [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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