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Ética

Xenófanes, pré-socrático, sustentava ser a Ética um monte de regras inventadas por estadistas interessados em dominar os semelhantes. Demócrito, dizia que apenas com o conhecimento se chegaria ao exercício da Ética. Protágoras, supunha a Ética incrustada na mente dos homens. Georgias de Leontino, replicava afirmando que ela se baseava apenas nos sentidos. Sócrates, concordou em que só o conhecimento conduzia ao comportamento ético, mas embaralhou as cartas ao acrescentar que o conhecimento também levava a anti-Ética, porque a força se transformara num direito, e a justiça, num interesse. Platão, defendeu a criação artificial de homens éticos. Para tanto, certas crianças, fisicamente perfeitas, seriam separadas das mães e do convívio dos cidadãos comuns quando completassem sete anos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Aristóteles, era, para Platão, o bezerro que ele havia criado e agora lhe dava coices, pois escreveu ser a Ética o caminho individual para a felicidade: o homem é ético para sentir-se bem com ele mesmo, pouco se importando com os resultados de seu comportamento na sociedade, se para aprimorá-la ou piorá-la. Jesus, Paulo de Tarso, Santo Agostinho, Santo Thomaz de Aquino, e depois os escolásticos misturaram a Ética com a religião. A Ética, para eles, visava ao reino dos céus, a “Cidade de Deus”, não se constituindo num fim em si mesma, mas em princípios criados pelo Padre Eterno para conduzir os homens ao paraíso. Maquiavel, desprezou a Ética individual estabelecendo importar apenas o funcionamento do regime político, para o qual a Ética deveria estar voltada. Disse que a violência e a fraude poderiam ser éticas, desde que contribuíssem para o sucesso de um governo capaz de atender as necessidades dos governados. Sentimentos pessoais, inclinações e realizações íntimas não vinham ao caso. Erasmo de Rotterdam, melou o jogo ao comparar os monges a asnos, quando eles se preocupavam apenas com a forma e com os rituais, esquecendo-se do conteúdo, o indivíduo. A força motriz da Ética era, para ele, a busca da paz. Thomaz Hobbes, aquele que sustentou ser o homem o lobo do homem, dizia ser ético por egoísmo: para que o colega do lado também fosse ético com ele. Spinoza, confirmou que apenas seremos éticos dispondo do conhecimento, capaz de levar-nos a liberdade e a felicidade. Voltaire, defendeu fundamentar-se a Ética nas boas intenções de ingênuos e pobres, como revanche contra os homens ricos e maus. Rousseau, afirmava que se somos livres seremos obrigados e compelidos a ser éticos. Kant, defendia que a Ética transcende o indivíduo, existindo como valor universal. Hegel, a Ética visa a unificar a conduta e o caráter. Marx, atrela a Ética as lutas de classe. Nega sua universalidade e fala que a Ética do operário jamais será a do patrão. Nietzsche, criou a Ética da violência, ou seja, ético é o que luta, vence e sobrevive. O que perde e fracassa não é. Max Weber, estabelece a Ética do lucro: ético é ganhar dinheiro. Jacques Maritain, volta a Aristóteles. Para ele, a Ética se localiza no âmago do indivíduo, não na experiência nem nas exigências do mundo. Somos éticos para nos realizarmos internamente, e essa realização leva ao bem-comum. Marcuse ensina a necessidade de ser ético através da satisfação das necessidades do indivíduo e da sociedade. Noam Chomsky, nos dias de hoje, condena a Ética do capitalismo, que destrói a Ética do cidadão.

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Agostinho de Hipona – Reflexões na tarde – 15/11/2013

Bem e Corrupção Agostinho de Hipona¹ Vi claramente que todas as coisas que se corrompem são boas: não se poderiam corromper se fossem sumamente boas, nem se poderiam corromper se não fossem boas. Com efeito, se fossem absolutamente boas, seriam incorruptíveis, e se não tivessem nenhum bem, nada haveria nelas que se corrompesse. De facto, a corrupção é nociva, e se não diminuísse o bem, não seria nociva. Portanto, ou a corrupção nada prejudica – o que não é aceitável – ou todas as coisas que se corrompem são privadas de algum bem. Isto não admite dúvida. Se, porém, fossem privadas de todo o bem, deixariam inteiramente de existir. Se existissem e já não pudessem ser alteradas, seriam melhores porque permaneciam incorruptíveis. Que maior monstruosidade do que afirmar que as coisas se tornariam melhores com perder todo o bem? Por isso, se são privadas de todo o bem, deixarão totalmente de existir. Logo, enquanto existem são boas. Assim sendo, todas as coisas que existem são boas e aquele mal que eu procurava não é uma substância, pois se fosse substância seria um bem. Na verdade, ou seria substância incorruptível, e então era certamente um grande bem, ou seria substância corruptível, e nesse caso, se não fosse boa, não se poderia corromper. Santo Agostinho, in ‘Confissões’ ¹Santo Agostinho de Hipona * Argélia – 354  d.C + ? – 430 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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