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Charles Bukowski – Poesia – 28/11/24

O pássaro azul Charles Bukowski¹ há um pássaro azul no meu coração que quer sair mas eu sou duro com ele, eu digo, fique aí, eu não vou deixar ninguém te ver. há um pássaro azul no meu coração que quer sair mas eu encho ele de whiskey e fumaça de cigarro e as putas e os garçons e os balconistas dos mercados nunca percebem que ele está lá dentro. há um pássaro azul no meu coração que quer sair mas eu sou muito duro com ele, eu digo, fica quieto, você quer armar pra mim? quer ferrar com meu trabalho? quer acabar com a venda dos meus livros na Europa? há um pássaro azul no meu coração que quer sair mas eu sou muito esperto, eu só o deixo solto às vezes de noite quando todo mundo está dormindo. eu digo, eu sei que você está aí, então não fique triste. então eu o recolho novamente, mas ele canta um pouco lá dentro, eu não o deixo morrer totalmente e nós dormimos juntos desse jeito com nosso pacto secreto e isso é o bastante para fazer um homem chorar, mas eu não choro, e você? ¹ Henry Charles Bukowski * Andernach, Alemanha – 16 de agosto de 1920 d.C + Los Angeles, USA – 9 de março de 1994 d.C

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Tasso da Silveira – Poesia – 25/10/24

Boa noite. Canção Tasso da Silveira ¹ No fim de contas, um pássaro cantando na noite densa é coisa que a gente encontra muitas vezes, mesmo longe do vago mundo da lenda. Alma é dor, mas também êxtase. E quando menos se espera da areia surge uma fonte, nasce uma rosa na sombra, canta um pássaro na treva. A amada chegando tímida é a rosa por que esperamos, o amigo, uma fonte fresca, e a lua no céu acesa vale um pássaro cantando. Solta um pássaro notívago profunda e grave cantiga no entanto pura e singela: isto ocorre quando o Poeta canta na noite da vida. ¹ Tasso Azeredo da Silveira *  Curitiba, PR. – 1895 d.C + Curitiba, PR. – 1968 d.C

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Apollinaire – Poesia – 11/05/24

Boa noite Melancolia Apollinaire ¹ Os anjos no céu Um está vestido de oficial Um está vestido de cozinheiro E os outros cantam Belo oficial cor do céu A doce primavera longo tempo após o Natal Te dará a medalha de um belo sol De um belo sol O cozinheiro depena os gansos Ah! caia neve Caia e por que não tenho Minha bem-amada entre os braços? ¹ Wilhelm Albert Vladimir Apollinaris de Kostrowitzky * Roma, Itália – 26 de Agosto 1880 d.C + Paris, França – 9 de Novembro 1918 d.C

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Gerardo Melo Mourão – Versos na tarde – 09/07/2015

E a duração do lírio fora um hálito Gerardo Melo Mourão ¹ E a duração do lírio fora um hálito, o lírio, Geraldino, de cristal, que te floresce sobre a sepultura; o lírio, Telmo, que em teus olhos pálpebras apascentam de pétalas no claustro. E no entanto durara: ao tempo quando a madressilva não temia os pés desabrochados entre margaridas e a mão sabia a dança que hoje não. Era não distinguir do dia a noite, entre uma lua e um quarto errar em casa, morar nas mangas e nas rosas hóspede e ao pássaro alugar-se de repente. E alugavam-se ao vento os calendários, as datas e os ponteiros do relógio sucediam-se pétalas de espátulas alugados aos ventos os ponteiros giravam girassóis de cataventos. E a duração do lírio fora um hálito. ¹ Gerardo Melo Mourão * Ipueiras, CE – 8 de Janeiro de 1917 d.C + Rio de Janeiro, RJ – 9 de Março de 2007 d.C >> biografia de Gerardo Melo Mourão [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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William Blake – Versos na tarde – 06/06/2015

Das Canções da Inocência Introdução William Blake ¹ Tocando uma flauta no vale selvagem Tocando canções doces e alegres Vi uma criança surgir nas nuvens, E ela me disse a sorrir, “Toque aquela do cordeiro”; Então toquei com alegria; “Toque, por favor, a canção de novo” – Então eu toquei, e ela chorou ao ouvir. “Largue a flauta, tua flauta feliz E cante canções que tragam alegria; Então toquei a mesma canção Enquanto ela chorou deliciada ao ouvir. “Flautista, sente-se e escreva Num livro para que leiam” – Então ela desapareceu”. E eu catei um junco oco, E fiz uma caneta rústica, E Mergulhei-a nas águas claras Para escrever as felizes canções Que toda criança adora ouvir. ¹ William Blake * Londres, Inglaterra – 28 de Novembro de 1757 d.C + Londres, Inglaterra – 12 de Agosto de 1827 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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José Albano – Versos na tarde – 04/06/2015

Esparsa José Albano ¹ Há no meu peito uma porta A bater continuamente; Dentro a esperança jaz morta E o coração jaz doente Em toda parte onde eu ando, ouço este ruído infindo: São as tristezas entrando E as alegrias saindo ¹ José Albano * Fortaleza, CE. – 12 de Abril de 1882 d.C + Montauban, França – 11 de julho de 1923 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Francisco Otaviano – Versos na tarde – 20/05/2015

Recordações Francisco Otaviano ¹ Oh! se te amei! Toda a manhã da vida Gastei-a em sonhos que de ti falavam! Nas estrelas do céu via teu rosto, Ouvia-te nas brisas que passavam: Oh! se te amei! Do fundo de minh’alma Imenso, eterno amor te consagrei… Era um viver em cisma de futuro! Mulher! oh! se te amei! Quando um sorriso os lábios te roçava, Meu Deus! que entusiasmo que sentia! Láurea coroa de virente rama Inglório bardo, a fronte me cingia; À estrela alva, às nuvens do Ocidente, Em meiga voz teu nome confiei. Estrela e nuvens bem no seio o guardam; Mulher! oh! se te amei! Oh! se te amei! As lágrimas vertidas, Alta noite por ti; atroz tortura Do desespero d’alma, e além, no tempo, Uma vida sumir-se na loucura… Nem aragem, nem sol, nem céu, nem flores, Nem a sombra das glórias que sonhei… Tudo desfez-se em sonhos e quimeras… Mulher! oh! se te amei! ¹ Francisco Otaviano de Almeida Rosa * Rio de Janeiro, RJ. – 26 de Junho de 1825 – d.C + Rio de Janeiro, RJ. 28 de Maio de 1889 – d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Virna Texeira – Versos na tarde – 14/05/2015

Muros Virna Texeira ¹ Depois do portão as lágrimas deságuam ¹ Virna Gonçalves Teixeira * Fortaleza,CE. Poeta, tradutora e médica neurologista. Publicou Visita (2000) e Distância (2005), ambos pela Ed. 7 Letras [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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