Boa noite Solitude Louise Glück¹ Está muito escuro, hoje; através da chuva, a montanha deixa de ser visível. O único som é o da chuva, arrastando a vida para debaixo da terra. E com a chuva vem o frio. Esta noite não haverá Lua, não haverá estrelas. O vento levantou-se durante a noite; fustigou o trigo toda a manhã parou ao meio-dia. Mas a tempestade continuou, encharcando os campos secos, inundando-os a seguir A terra desapareceu. Não há nada para ver, só a chuva a reluzir no escuro das vidraças. Este é o lugar de repouso, onde nada mexe – Agora voltamos ao que éramos – animais a viver na escuridão, desprovidos de linguagem ou de visão – Nada prova que estou viva. Há apenas a chuva, a chuva é infindável. ¹Louise Glück “Uma Vida de Aldeia”. [tradução Frederico Pedreira]. Edição bilíngue. Lisboa: Relógio D’Água, 2021
R.I.P. Louise Glück, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura Glück ficou conhecida ao publicar, em 1992 “The Wild Iris”, que lhe rendeu um prêmio Pulitzer