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Archibald Mcleish – Poesia – 20/09/24

Boa noite. O vôo dos corvos Archibald Mcleish ¹ O vôo dos corvos Haverá pouca coisa a esquecer: O vôo dos corvos, Uma rua molhada, O modo do vento soprar, O nascer da lua, o pôr do Sol, Três palavras que o mundo sabe, Pouca coisa a esquecer. Será bem fácil de esquecer. A chuva pinga Na argila rasa E lava lábios, Olhos e cérebro. A chuva pinga na argila rasa. ¹ Archibald Mcleish * Glencoe, Illinois – Usa – 7 de maio de 1892 d.C + Boston, Massachusetts – Usa – 20 de abril de 1982

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Emily Dickinson – Poesia – 29/09/23

Boa noite Poema Emily Dickinson ¹ Sépala, pétala, espinho. Na vulgar manhã de Verão – Brilho de orvalho – uma abelha ou duas – Brisa saltando nas árvores – – E sou uma rosa! Ter medo? De quem terei? Não da Morte – quem é ela? O Porteiro de meu Pai Igualmente me atropela. Da Vida? Seria cômico Temer coisa que me inclui Em uma ou mais existências – Conforme Deus estatui. De ressuscitar? O Oriente Tem medo do Madrugar com sua fronte sutil? Mais me valera abdicar! A uma luz evanescente Vemos mais agudamente Que à da candeia que fica. Algo há na fuga silente Que aclara a vista da gente E aos raios afia. Experiência para mim É cada qual que eu encontro. Será que contém um fruto? A Imagem de uma Noz Aparece numa Árvore, Igualmente plausível; Mas Miolo é requisito Para esquilos e p’ra Mim. O Fado mata-o, mas ele não caiu – Dos dois – o Fado tombou. E nas mais terríveis varas empalado – A tudo neutralizou. Morde-O e sapa-lhe o mais firme Avanço Mas, quando o Pior passou, E Ele, impassível, o fitou nos olhos, Por Homem o aceitou. ¹ Emily Dickinson * Boston, Usa – 10 de Dezembro de 1830 + Boston, Usa – 15 de Maio de 1886

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Walt Whitman – Versos na tarde – 07/07/2014

Amam-me Walt Whitman ¹ Ama-me ama-me Como dizes Deixa-me voar Contigo Somos criaturas do vento E selvagem é o vento Dá-me mais do que compreensão Para satisfazer esse desejo insaciado Somos criaturas do vento E selvagem é o vento Tu tocas-me E eu ouço o som de um bandolim Tu beijas-me E com o teu beijo minha vida inicia-se Como uma folha presa à árvore Amor, por favor agarra-te a mim Nós somos criaturas do vento E selvagem é o vento Tu tocas-me E eu ouço o som de um bandolim Tu beijas-me E com o teu beijo minha vida inicia-se Ama-me ama-me Como dizes Deixa-me voar Contigo ¹ Walt Whitman * Long Island, Usa – 31 de Maio de 1819 d.C + Long Island, Usa – 26 de Março de 1892 d.C [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Walt Whitman – Versos na tarde – 17/03/2013

Canção de mim mesmo Walt Whitman ¹ Eu celebro a mim mesmo, E o que eu assumo você vai assumir, Pois cada átomo que pertence a mim pertence a [ você. Vadio e convido minha alma, Me deito e vadio à vontade …. observando uma [ lâmina de grama do verão. Casas e quartos se enchem de perfumes …. as [ estantes estão entulhadas de perfumes, Respiro o aroma eu mesmo, e gosto e o [ reconheço, Sua destilação poderia me intoxicar também, [ mas não deixo. A atmosfera não é nenhum perfume …. não tem [ gosto de destilação …. é inodoro, É pra minha boca apenas e pra sempre …. estou [ apaixonado por ela, Vou até a margem junto à mata sem disfarces e [ pelado, Louco pra que ela faça contato comigo. A fumaça de minha própria respiração, Ecos, ondulações, zunzuns e sussurros …. raiz [ de amaranto, fio de seda, forquilha e videira, Minha respiração minha inspiração …. a batida [ do meu coração …. passagem de sangue e [ ar por meus pulmões, O aroma das folhas verdes e das folhas secas, [ da praia e das rochas marinhas de cores [ escuras, e do feno na tulha, O som das palavras bafejadas por minha voz …. [ palavras disparadas nos redemoinhos do [ vento, Uns beijos de leve …. alguns agarros …. o [ afago dos braços, Jogo de luz e sombra nas árvores enquanto [ oscilam seus galhos sutis, Delícia de estar só ou no agito das ruas, ou pelos [ campos e encostas de colina, Sensação de bem-estar …. apito do meio-dia [ …. a canção de mim mesmo se erguendo [ da cama e cruzando com o sol. Uma criança disse, O que é a relva? trazendo um [ tufo em suas mãos; O que dizer a ela ?…. sei tanto quanto ela o que [ é a relva. Vai ver é a bandeira do meu estado de espírito, [ tecida de uma substância de esperança verde. Vai ver é o lenço do Senhor, Um presente perfumado e o lembrete derrubado [ por querer, Com o nome do dono bordado num canto, pra que possamos ver e examinar, e dizer É seu ? O blablablá das ruas …. rodas de carros e o [ baque das botas e papos dos pedestres, O ônibus pesado, o cobrador de polegar [ interrogativo, o tinir das ferraduras dos [ cavalos no chão de granito. O carnaval de trenós, o retinir de piadas [ berradas e guerras de bolas de neve ; Os gritos de urra aos preferidos do povo …. [ o tumulto da multidão furiosa, O ruflar das cortinas da liteira — dentro um [ doente a caminho do hospital, O confronto de inimigos, súbito insulto, [ socos e quedas, A multidão excitada — o policial e sua estrela [ apressado forçando passagem até o centro [ da multidão; As pedras impassíveis levando e devolvendo [ tantos ecos, As almas se movendo …. será que são invisíveis [ enquanto o mínimo átomo é visível ? Que gemidos de glutões ou famintos que [ esmorecem e desmaiam de insolação [ ou de surtos, Que gritos de grávidas pegas de surpresa, [ correndo pra casa pra parir, Que fala sepulta e viva vibra sempre aqui…. [ quantos uivos reprimidos pelo decoro, Prisões de criminosos, truques, propostas [ indecentes, consentimentos, rejeições de [ lábios convexos, Estou atento a tudo e as suas ressonâncias …. [ estou sempre chegando. Sou o poeta do corpo, E sou o poeta da alma. Os prazeres do céu estão comigo, os pesares do [ inferno estão comigo, Aqueles, enxerto e faço crescer em mim mesmo [ …. estes, traduzo numa nova língua. Sou o poeta da mulher tanto quanto do homem, E digo que é tão bom ser mulher quanto ser [ homem, E digo que não há nada maior que a mãe dos [ homens. Vadio uma jornada perpétua, Meus sinais são uma capa de chuva e sapatos [ confortáveis e um cajado arrancado [ do mato ; Nenhum amigo fica confortável em minha [ cadeira, Não tenho cátedra, igreja, nem filosofia; Não conduzo ninguém à mesa de jantar ou à [ biblioteca ou à bolsa de valores, Mas conduzo a uma colina cada homem e mulher [ entre vocês, Minha mão esquerda enlaça sua cintura, Minha mão direita aponta paisagens de [ continentes, e a estrada pública. Nem eu nem ninguém vai percorrer essa estrada [ pra você, Você tem que percorrê-la sozinho. Não é tão longe assim …. está ao seu alcance, Talvez você tenha andado nela a vida toda e não [ sabia, Talvez a estrada esteja em toda parte sobre a [ água e sobre a terra. Pegue sua bagagem, eu pego a minha, vamos em [ frente; Toparemos com cidades maravilhosas e nações [ livres no caminho. Se você se cansar, entrega os fardos, descansa a [ mão macia em meu quadril, E quando for a hora você fará o mesmo por mim; Pois depois de partir não vamos mais parar. “Canção de Mim Mesmo” – in Folhas de Relva – Edição bilíngüe, tradução e posfácio de Rodrigo Garcia Lopes Ed. Iluminuras, São Paulo, 2005 ¹ Walt Whitman * Long Island, Usa – 31 de Maio de 1819 d.C + Long Island, Usa – 26 de Março de 1892 d.C Arte: Carlos Costa – Em carne viva,2012 – Nanquim e aguada sobre papel – 15x10cm [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Sylvia Plath – Versos na trade

Ariel Sylvia Plath ¹ Estancamento no escuro E então o fluir azul e insubstancial De montanha e distância. Leoa do Senhor como nos unimos Eixo de calcanhares e joelhos!… O sulco Afunda e passa, irmão Do arco tenso Do pescoço que não consigo dobrar. Sementes De olhos negros lançam escuros Anzóis… Negro, doce sangue na boca, Sombra, Um outro vôo Me arrasta pelo ar… Coxas, pêlos; Escamas e calcanhares. Branca Godiva, descasco Mãos mortas, asperezas mortas. E então Ondulo como trigo, um brilho de mares. O grito da criança Escorre pela parede. E eu Sou a flexa, O orvalho que voa, Suicida, unido com o impulso Dentro do olho Vermelho, caldeirão da manhã. tradução de Ana Cândida Perez e Ana Cristina César ¹ Sylvia Plath * Massachusetts, USA – 27 de Outubro de 1932 + Primrose Hill, Londres, Inglaterra – 11 de Fevereiro de 1963 d.C Poeta, romancista e contista norte-americana. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Ezra Pound – Versos na tarde

Num espelho Ezra Pound ¹ Oh face estranha aí no espelho! Companheiro libertino, sagrado anfitrião, Oh meu bufão varrido pela dor, Que responder? Oh vós miríade Que labutais, brincais, passais, Zombais, desafiais, vos contrapondo! Eu? Eu? Eu? E vós? Tradução de Mário Faustino ¹ Ezra Weston Loomis Pound * Hailey, Idaho, Usa – 30 de Outubro de 1885 d.C + Usa – 01 de Novembro de 1972 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Dorothy Parker – Versos na tarde

Consolo Dorothy Parker ¹ Havia uma rosa que morreu em botão Eu vi sua beleza partida então Numa encosta ouvi-os dizer: O que importa esta morte com tantas rosas por aí de tantas sortes Não lhes dei resposta. Havia um pássaro que morreu disseram: montes deles voarão pelo céu qual a razão de se ficar triste agora? Havia uma moça cujo amor foi embora Não esperei então a hora que diriam: há muitos homens lá fora. ¹ Dorothy Rothschild – Dorothy Parker, Dot Parker ou Dottie Parkercmo, pseudônimo de Dorothy Rothschild * New Jersey, EUA. – 22 de agosto de 1893 d.C ¹ New York, EUA. – 7 de julho de 1967 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Robert Frost – Versos na tarde

Um pássaro menor Robert Frost ¹ Quis, de fato, que o pássaro voasse E próximo ao meu lar não mais cantasse. Cheguei à porta para afugentá-lo, Por sentir-me incapaz de suportá-lo. Penso que a inteira culpa fosse minha, E não do pássaro ou da voz que tinha. O erro estava, decerto, na aflição De querer silenciar uma canção. Tradução de Renato Suttana ¹ Robert Lee Frost * San Francisco, Usa – 26 de março 1874 d.C + San Francisco, Usa – 29 de janeiro de 1963 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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