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Soros e os parlamentares da União Européia

Vazamento inédito: quase um terço dos deputados europeus têm ligações com Soros Graças ao primeiro-ministro húngaro e ao seu partido, foi tornada pública uma lista de políticos que trabalham para os interesses do financista bilionário George Soros nas instituições europeias. O registro enumera os membros do Parlamento Europeu que promovem projetos do magnata através de emendas na legislação da UE. © AFP 2017/ ERIC PIERMONT A ideia de que o bilionário George Soros estaria interferindo ativamente na política mundial e que poderá controlar países inteiros geralmente foi considerada uma das típicas teorias da conspiração.No entanto, a questão veio à tona de novo quando o deputado Hollik Istvan anunciou perante o parlamento húngaro que o financista já controla pelo menos um terço dos deputados do Parlamento Europeu. Istvan se baseou em um enorme registro de documentos internos de George Soros, revelado pelo portal DCLeaks, que enumera os deputados europeus e determina quem é patrocinado por organizações filiadas na Open Society Foundation, entidade chefiada por Soros. No total, nessa lista aparecem 226 dos 751 deputados do Parlamento Europeu. © AP PHOTO/ KEVIN WOLF Entre as ideias que se recomenda promover estão a democracia, a igualdade social e a de gênero, a abertura das fronteiras à imigração, a aproximação da Ucrânia à UE e, claro, a luta contra quaisquer de seus laços com a Rússia.Esta “rede” europeia da Open Society Foundation inclui políticos de baixo calibre, mas também outros de grande peso, como o presidente do Parlamento Europeu entre 2012 e 2017, Martin Schulz, o premiê da Bélgica entre 1999 e 2008, Guy Verhofstadt, e o atual líder do grupo socialista europeu, o italiano Gianni Pittella. “A partir desses arquivos e documentos, podemos descobrir que a rede de George Soros tem uma influência significativa sobre os líderes da União Europeia residentes em Bruxelas”, disse o político aos deputados húngaros. De acordo com os documentos, nas vésperas das eleições europeias de 2014, o financista doou 6 milhões de dólares (cerca de 20 milhões de reais) a 90 organizações não governamentais para que influenciassem a tomada de decisões conforme a linha da fundação. © REUTERS/ LUKE MACGREGOR O caso mais recente foi protagonizado pela Comissão das Liberdades Civis, Justiça e Assuntos Internos (LIBE) do Parlamento Europeu, que adotou uma proposta favorável à imigração apesar da oposição do Grupo de Visegrad (Hungria, Polónia, República Tcheca e Eslováquia).A maioria dos membros da LIBE está na lista de Soros, observa o político. Os documentos apontam para a contribuição especial de Sylvie Guillem, dos socialdemocratas franceses, e de Jean Lambert, dos verdes britânicos, sendo ambos ardentes promotores da reforma imigratória na UE que prevê uma maior aceitação dos refugiados. “O assassino em massa mais procurado no Paquistão, acusado de 70 assassinatos pelas autoridades, foi capturado na fronteira do sul da Hungria. Apesar disso, ele conseguiu receber o status de refugiado na Grécia e chegar à fronteira com a Hungria”, contou Istvan com indignação. Hollik Istvan é membro do movimento político Fidesz, do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban. Já faz muito que o dirigente húngaro vem tentando combater os projetos de interferência de Soros em seu país. Desde março de 2017, não cessam os litígios para encerrar a Universidade Central Europeia, fundada graças ao dinheiro de Soros em Budapeste e que formou várias gerações de elites políticas da UE. 

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Slavic, o hacker mais procurado (e protegido) do mundo

Vinculado aos mais graves ciberataques contra os EUA, ele vive supostamente amparado por Moscou O hacker russo Evgeniy M. Bogachev, em imagem do FBI publicada pelo ‘The New York Times’. Cabelo raspado, olheiras profundas e o sorriso de quem não posa muito convencido para a foto. Evgeniy Mikhailovich Bogachev já saqueou dezenas de bancos, roubou milhares de contas correntes e lançou assaltos em escala planetária. O FBI oferece uma recompensa de três milhões de dólares (9,3 milhões de reais) por sua captura, e dois tribunais dos Estados Unidos o processam por fraude, lavagem de dinheiro, pirataria informática e conspiração. Mais conhecido como Slavic ou lucky12345, é o hacker mais procurado do mundo. Mas ninguém o detém. De nada adiantam as diversas fotos suas conhecidas. Nem saber onde mora e o que faz no tempo livre. Aos 33 anos, Bogachev e seu meio sorriso podem mais que a estrutura judicial e policial da nação mais poderosa do mundo. Slavic se esconde na Rússia, e em dezembro passado foi incluído no grupo sancionado pelo então presidente Barack Obama em conexão com o ciberataque orquestrado pelo Kremlin para prejudicar a campanha eleitoral de Hillary Clinton. Embora a Casa Branca só se referisse a ele como um bandido comum, a ordem, que também afetou quatro altos funcionários do serviço secreto russo, proibiu-o de viajar aos EUA e congelou todas as suas contas. Duas medidas sem efeito para quem fez história fora da lei. Os relatórios do FBI e autos judiciais aos quais o EL PAÍS teve acesso revelam Slavic como um dos hackers mais incisivos de todos os tempos. Ele criou o Cryptolocker, um vírus que bloqueia os computadores e obriga o pagamento de um resgate para a sua liberação. No final de 2013, mais de 234.000 computadores haviam sido infectados. Um golpe com o qual Bogachev arrecadou 27 milhões de dólares (83,7 milhões de reais) em apenas dois meses. Criador do Zeus Mas a sua criatura mais conhecida e reverenciada é o Zeus. Extremamente sofisticado, esse código malicioso nasceu em 2006, quando Bogachev tinha apenas 22 anos. Desde então, com enorme perícia, ele o modificou e melhorou até chegar à versão Gameover. Considerado um dos mais perigosos do planeta, o programa age em duas frentes. Por um lado, rouba os dados bancários e as senhas da máquina que infecta; por outro, sem que o dono saiba, coloca o aparelho a serviço de uma rede oculta (botnet). Produz, assim, um universo de escravos silenciosos que os piratas utilizam livremente para todo tipo de propósitos. “É a rede de programas maliciosos mais avançada que já enfrentamos”, declarou o agente especial encarregado da investigação. Sob o mando de Slavic, essa estrutura chegou a submeter um milhão de computadores (25% deles nos EUA) e se transformou no pior pesadelo já vivido pelo FBI. O troféu superou os 100 milhões de dólares (310 milhões de reais). “Todos os computadores que infectava faziam parte de uma botnet, na qual não apenas roubavam os dados que os usuários introduziam ou tinham gravados, como também usavam a potência desses milhares – ou até mesmo milhões – de computadores infectados e controlados para cometer outros crimes, como ataques de negação de serviço (DDoS) destinados a extorquir as empresas”, diz o especialista David Barroso, fundador da Countercraft. O Kremlin, que embora negue, há anos emprega ciberpiratas para seus fins geopolíticos Após um esforço conjunto internacional, a rede foi desmantelada em 2014. Mas seu criador, sobre o qual pesa a maior recompensa já oferecida a um cibercriminoso, não foi preso. Assim como muitos hackers russos, sua tranquilidade estava garantida longe de Washington. Um relatório de segurança ucraniano indica que Slavic age sob a supervisão de uma unidade especial da espionagem russa. Não é nada extraordinário. O Kremlin, que nunca aceitou tais acusações, há anos emprega ciberpiratas para seus fins geopolíticos. Também fez isso, sempre segundo os informes de inteligência norte-americanos, com o Wikileaks. No ataque cibernético que orquestrou contra Clinton na campanha eleitoral, usou a organização de Julian Assange para difundir material roubado. No caso de Slavic, a própria trajetória e evolução do vírus Zeus o vincula a essas práticas. No apogeu de sua atividade, Bogachev analisava a imensa rede de computadores cativos à sua disposição em busca de informações confidenciais: e-mails de altos funcionários da polícia turca, dados de inteligência da Geórgia, documentos classificados da Ucrânia. “Há tempo, considera-se que Bogachev tenha algum tipo de relação com pessoas próximas dos serviços de inteligência. Inclusive quando a Rússia invadiu a Crimeia, parte dabotnet foi utilizada para buscar informações de vítimas da Ucrânia”, explica Jaime Blasco, especialista em segurança cibernética e chefe científico da Alien Vault. Slavic era e é um pirata, mas não age apenas como tal. Seu objetivo vai além: um território pantanoso do qual pouco se conhece. O Kremlin mantém silêncio, e as autoridades dos EUA evitam dar detalhes sobre os ciberataques a Clinton. Como sempre, a escuridão ampara. Slavic pode continuar sorrindo. UMA VIDA DE LUXO NA COSTA Casado e com uma filha, Evgeniy Mikhailovich Bogachev, codinome Slavic curte a vida como um rei na pequena e portuária cidade de Anapa, no Cáucaso Ocidental. Ali, segundo relatórios policiais, ele coleciona carros de luxo, navega pelo Mar Negro e, quando pode, visita a Crimeia. Slavic tem adoração pelos felinos. Tanto que seu animal de estimação é um gato-de-bengala (fruto do cruzamento entre o gato doméstico e o gato-leopardo) e sua roupa preferida é um pijama com estampa de leopardo. Segundo a inteligência ucraniana, Slavic tem uma frota de automóveis espalhada por toda a Europa só para não ter de alugar nenhum veículo quando está de férias. O hacker costumava passar alguns dias num dos chalés que possuía na França e viajava com um dos três passaportes russos de que dispunha para transitar com liberdade. ElPaís

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Putin, o coreano das estepes aponta mísseis para a Europa

RÚSSIA aponta mísseis para as principais cidades da Europa A afirmação foi feita pelo exército dos Estados Unidos Moscou está sendo acusada de implantar o SSC-8, um míssil de cruzeiro que pode atingir facilmente qualquer lugar da Grã-Bretanha e exterminar milhares de vidas em segundos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] O Tratado das Forças Nucleares de 1987, assinado entre os EUA e a Rússia, previa a eliminação dos mísseis balísticos e de cruzeiro, nucleares ou não, cujo alcance estivesse entre 500 e 5 500 km. O General Paul Selva, membro do Estado Maior, disse que esse tipo de míssil ameaça “a maioria” das instalações americanas na Europa: “Acreditamos que eles representam uma ameaça dentro da área de responsabilidade da OTAN” disse o general. Ele não revelou como o governo americano pretende lidar com essa ameaça, disse apenas que há um “conjunto de opções” a considerar. “Eu não tenho informações suficientes sobre a intenção deles. Temos que aguardar para ver se eles voltam a cumprir o acordo de 1987.” acrescentou. O general da Força Aérea dos EUA não confirmou se o míssil SSC-8 é capaz de transportar uma ogivas nucleares. No último mês, o presidente Donald Trump informou que iria discutir essa questão quando se encontrar pessoalmente com Vladimir Putin. Imprensa britânica diz que a Rússia possui mísseis apontados para as principais cidades da Europa O britânico The Sun alertou: “Vladimir Putin está chegando” De acordo com a publicação, navios de guerra da Rússia estão se movendo em direção ao Canal da Mancha. O jornal afirmou que a Marinha do Reino Unido está pronta para soar o alarme: “A frota de navios nucleares russos está se dirigindo para a Grã-Bretanha” Dois navios russos (o Serpukhov e o Zeleny Dol) estão ‘armados até os dentes’ com mísseis de cruzeiro Kalibr que têm um alcance de 3 mil km. A imprensa russa confirmou que navios de guerra estão sendo posicionados taticamente e apontados para as maiores cidades da Europa: “A Rússia está apenas se precavendo de futuros ataques e protegendo seus cidadãos” informou o The Sun.

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Aquecimento Global?

Europeus terão que se habituar a extremos climáticos, dizem cientistas Chuvas intensas caíram sobre Berlim nos últimos dias Calor seguido de chuvas intensas tem marcado o verão em Berlim e em outras regiões da Alemanha.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Segundo pesquisadores, efeitos do aquecimento global se farão sentir cada vez mais na Europa. Pela segunda vez em menos de um mês, os bombeiros de Berlim decretaram “estado de emergência” no fim de semana passado. Chuvas torrenciais inundaram várias ruas da capital alemã, e em algumas delas a altura da água alcançou mais de 1 metro. Os bombeiros não conseguiram dar conta de todos os chamados. Segundo um jornal, foram mais de 185 operações em apenas uma hora e meia. Na região do Lago de Constança, no sul da Alemanha, as tempestades derrubaram árvores e causaram deslizamentos de terra em áreas montanhosas, o que bloqueou o trânsito de trens. Para cientistas, os alemães terão que se acostumar com esse tipo de situação. Os gases do efeito estufa não apenas levam ao derretimento de gelo nos polos e ao aumento do nível do mar, mas têm efeitos cada vez maiores também na Europa Central. “Nós já havíamos previsto há muito tempo essas repentinas mudanças de tempo, de calor seco para chuvas torrenciais, e agora isso se torna mais claro a cada ano”, diz o pesquisador Mojib Latif, do Centro Helmholtz de Oceanografia (Geomar), em Kiel. Assistir ao vídeo01:01 Tempestade gera caos em Berlim “Na Alemanha, a temperatura anual média subiu 1,4 °C desde 1880, e é claro que isso tem consequências”, afirma. Por um lado, o aquecimento global intensifica o Anticiclone dos Açores, um grande centro de altas pressões atmosféricas localizado no Atlântico Norte. Por outro, a Europa não está imune aos efeitos das regiões de baixa pressão atmosférica, aponta Latif. “Cada grau a mais nas temperaturas médias eleva a possível intensidade da chuva em 7%”, diz o especialista. Segundo ele, por muito tempo mediu-se apenas a quantidade de chuva ao longo de muitos dias ou semanas. Só que o problema, agora, é a grande quantidade de água em pouco tempo. “Nesse ponto faltam dados de medição para previsões exatas.” O princípio, porém, é claro: ar mais quente pode armazenar mais água, e as pancadas de chuva ficam mais fortes. Tempestades derrubaram árvores em Berlim, como no bairro de Neukölln Chuva no centro, seca no sul Segundo o meteorologista Peter Hoffmann, do Instituto de Pesquisas Climáticas de Potsdam, o Ártico se aquece muito mais rápido do que outras regiões devido às mudanças climáticas. “Isso muda a relação entre áreas de alta e baixa pressão, e também o deslocamento delas pela Europa Central”, diz Hoffmann. “E agora temos uma área de baixa pressão sobre a Europa Central, que permanece por muitos dias e é responsável pelas chuvas fortes e repentinas.” Ele destaca ainda uma outra relação: chuvas fortes na Europa Central significam secas extremas no sul europeu. De fato, as autoridades de Roma soaram o alarme por causa da falta de água. A capital da Itália está sendo castigada por altas temperaturas e ar seco. As autoridades já pensaram até em cortar a água residencial por algumas horas depois de o Lago de Bracciano, uma das principais fontes de abastecimento de água potável, ter ficado 160 centímetros abaixo do nível normal. E, por causa da escassez, o Vaticano desligou os chafarizes da Praça de São Pedro e as fontes de água dos seus jardins. Os dois cientistas ressalvam: os habitantes da Europa Central terão que se acostumar aos extremos climáticos. “Não é assim tão fácil reverter a situação”, diz Hoffmann. E Latif acrescenta: “É verdade que o clima costuma ser um sistema caótico, mas teremos que nos habituar à rápida alternância entre calor extremo e fortes chuvas.”

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Tecnologia: Brasil e Espanha conectatos por cabo submarino

Cabo submarino comunicará o Brasil e a Espanha sem passar pelos ouvidos dos EUA. Instalação do cabo submarino. O consórcio hispano-brasileiro Ellalink instalará mais de 10.000 quilômetros de fibra ótica. A Península Ibérica está 60 quilômetros mais perto de Fortaleza do que de Miami. [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Esse dado, desconhecido para a maioria das pessoas e salientado por Alfonso Gajate, presidente da companhia espanhola Eulalink, ilustra como é absurdo que oito dos nove cabos submarinos que unem a América do Sul à Europa passem pelos Estados Unidos (com 99% do tráfego), e só um, já obsoleto e saturado, utilize a rota mais curta. Para reverter esta situação, incompatível com o volume de relações entre a América do Sul e a Europa, o presidente do Governo (primeiro-ministro) espanhol, Mariano Rajoy, e o ministro brasileiro de Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, apresentaram nesta segunda-feira em São Paulo o projeto Ellalink, um cabo submarino com quatro pares de fibra óptica que em 2018 ligará o Brasil à Europa, passando por Sines (Portugal) e Madri. Será um cabo “neutro” – ou seja, disponível para qualquer operador – e de grande capacidade, nada menos que 72 Tbps (terabits por segundo), sete vezes mais que a informação que a América Latina transmite atualmente para o resto do mundo. Além disso, estará submetido às leis de proteção da privacidade do Brasil e da Europa, muito mais rigorosas que as dos EUA, acrescentou Gajate. Ou seja, a informação que circular por esse cabo não ficará exposta ao escrutínio do Grande Irmão norte-americano, como ocorre com os cabos que atualmente passam pela América do Norte. “Ganharemos em capacidade, em velocidade e em confidencialidade”, disse Rajoy, destacando o “enorme valor estratégico” do projeto. Com uma extensão de mais de 10.000 quilômetros, o cabo será fornecido pela empresa Alcatel Submarines Networks (ASN), que ganhou a licitação do contrato, subvencionado pela União Europeia em 25 milhões de euros (85,5 milhões de reais) e administrado pelo consórcio hispano-brasileiro Ellalink, criado em 2015 pela Eulalink e a Telebras. Inicialmente ligará São Paulo a Madri, passando por Cabo Verde, Canárias, Madeira e Lisboa, mas o objetivo é que a rede não se limite ao Brasil, estendendo-se por toda a América do Sul, e que futuramente se conecte ao grande telescópio LSST, que rastreará o universo a partir do Chile. ElPais

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União Européia: ‘Italexit’, o novo desafio europeu

Às vésperas do aniversário do tratado europeu, cresce o discurso eurocético na Itália, pelas mãos do Movimento 5 Estrelas e da Liga Norte O comediante Beppe Grillo, líder do Movimento 5 Estrelas, na terça-feira. ANGELO CARCONI AP Roma celebra neste sábado o aniversário dos tratados que deram origem à União Europeia, 60 anos atrás.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Porém, a sensação que domina a cidade que os viu nascer é que a Itáliapode ser o próximo laboratório antieuropeista. A falta de respostas à imigração maciça, o crescimento do populismo, o empobrecimento da classe média e a saudade daquele instrumento mágico que permitia desvalorizar a lira e potencializar as exportações dos produtos made in Italy despertaram certa nostalgia. Isso, somado a declarações como a do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, sobre os países do sul e o suposto esbanjamento de ajudas públicas, fizeram os adeptos da causa aumentarem. Falar do Italexit ainda é exagerado, e a grande indústria italiana leva as mãos na cabeça ao ouvir sobre isso. Mas há um dado irrefutável: o Movimento 5 Estrelas (M5S), que promete convocar um referendo para decidir a continuidade da Itália na moeda única caso esse partido ganhe as eleições, e a Liga Norte de Matteo Salvini, abertamente contrária a continuar no clube dos 28 países da UE, somam ao redor de 45% de votos, segundo todas as pesquisas. A formação de Beppe Grillo, que já abre sete pontos de vantagem sobre o Partido Democrático, de Matteo Renzi, não quer nem ouvir falar de alianças pós-eleitorais nesse sentido, mas, se ganhar a eleição – algo que neste momento ninguém descarta –, precisará do apoio de uma bancada parlamentar forte para convocar um referendo e reformar a lei que impede a Itália de modificar tratados internacionais. E, de um lado e de outro, só encontrará Salvini. O partido de Grillo, líder nas pesquisas, convocará um referendo sobre a saída do euro se vier a governar Por enquanto, às vésperas da celebração deste sábado, o M5S mobilizou seu ideário europeu. Luigi di Maio, 30 anos, candidato mais bem situado para disputar o cargo de primeiro-ministro nas próximas eleições, apresentou nesta quinta um dossiê de oito páginas sobre a reforma da UE, chamado Nossa Europa, e insistiu em sua vontade de que “os cidadãos decidam em referendo se querem que a Itália continue no euro”. As pesquisas, como noticiou a Reuters nesta quinta-feira, falam de um aumento do sentimento antieuropeu na Itália, mas não o suficiente para pensar numa hipotética vitória do não. “O euro não é democrático, porque não se pode sair dele. Queremos que haja normas que permitam aos países saírem democraticamente. E que não haja cláusulas que obriguem os países a entrarem na união monetária só por entrarem na união política”, argumentou Di Maio, cuja agremiação integra em Bruxelas o mesmo grupo dos eurocéticos britânicos do partido Ukip. O banco de investimentos Mediobanca minimiza o assunto, mas adverte que a janela de oportunidade para o ‘Italexit’ já passou Motivos? A austera política fiscal imposta pela UE. Também a perda de competitividade das pequenas e médias empresas – no final de 2016, fechavam 400 por dia –, e assuntos mais insólitos, como as sanções à Rússia, que o M5S e a Liga Norte consideram um tiro no pé da economia italiana. As objeções à UE se estendem à política migratória – “a Itália e outros países de primeiro ingresso não podem ser o campo de refugiados da Europa”, diz o dossiê do M5S – e à falta de solidariedade em questões sociais. Embora a saída da moeda única e a economia vintage sugerida permitam recuperar uma política fiscal própria, seria complicado encontrar, fora do regaço europeu, financiamento para a dívida pública, hoje em 120% do PIB. “As taxas de juros que pagaríamos para nos financiar numa divisa menos forte seriam muito mais elevadas e forçariam a política fiscal”, observa Giorgio di Giorgio, professor de Política Monetária na universidade LUISS. A saída do euro aumentaria a inflação e provocaria uma forte perda de poder aquisitivo, mais evidente em produtos importados ou em viagens, “isso que os italianos tanto gostam”, recorda o economista. Vozes como a do banco de investimentos Mediobanca, que em janeiro lançou uma análise sobre os custos da saída, reduzem o dramatismo dessa medida, mas apontam que a janela de oportunidade já passou, por causa da instável estrutura da dívida italiana. Todos os partidos concordam que só haverá eleições na Itália em 2018. Um período em que a França e a Alemanha ditarão uma tendência que determinará se realmente o Italexit pode ser a nova palavra da moda. BLINDADA, ROMA CELEBRA O ANIVERSÁRIO EUROPEU Os atentados de Londres e a convocação de grandes manifestações contra as políticas da União Europeia despertaram todos os temores em Roma. Tanto nesta sexta-feira como no sábado, dia da comemoração do 60º aniversário dos Tratados de Roma, o centro da capital italiana estará completamente blindado por mais de 5.000 agentes. A polícia está especialmente atenta ao protesto do Eurostop, para o qual virão 50 ônibus com manifestantes de toda a Itália. O papa Francisco receberá na tarde desta sexta os líderes dos países membros da UE e os máximos representantes das instituições europeias. Conforme já ocorreu em outras vezes, espera-se que o Pontífice faça algum comentário sobre a falta de uma política comum em assuntos graves como a crise humanitária dos refugiados. ElPais

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Votação a favor do ‘Brexit’ anima os xenófobos europeus

A francesa Le Pen, o holandês Wilders e o italiano Salvini reagem com euforia. Marine Le Pen, nesta sexta-feira. AFP Se existem ganhadores claros da vitória do não britânico à União Europeia são os partidos da extrema direita europeia. A eclosão do ceticismo europeu britânico ocorre em um momento de profundo desencanto e renovados sentimentos nacionalistas no Velho Continente que as forças xenófobas souberam explorar com eficiência.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] MAIS INFORMAÇÕES Primeiro-ministro David Cameron renunciará em outubro ‘Nacionalista europeu, independentista inglês’, por JOHN CARLIN ‘Melhor dentro do que fora, please’ O júbilo dos radicais se traduziu desde o começo da manhã de sexta-feira em exigências concretas. “A Liberdade venceu”, publicou no Twitter Marine Le Pen, presidenta da Frente Nacional francesa. “Como peço há anos, agora é preciso convocar um plebiscito na França e nos outros países da UE”. O holandês Geert Wilders pediu a mesma coisa, o político de cabeleira oxigenada que lidera as pesquisas de seu país com um projeto político abertamente anti-imigração. “Queremos ser donos de nosso próprio país, de nosso dinheiro, nossas fronteiras e nossa política imigratória”, disse em um comunicado. “Nós holandeses precisamos ter a oportunidade de expressar nossa opinião sobre nossa permanência na UE o quanto antes”, acrescentou agitando o fantasma do chamado Nexit, uma hipotética saída da Holanda do bloco comunitário que hoje se mostra mais possível do que nunca. Os dois países são membros fundadores da União. Na Itália, Matteo Salvini, da Liga Norte, felicitou “os cidadãos livres” que não sucumbiram “à chantagem, às mentiras e às ameaças”. Wilders é junto com Le Pen a grande referência dos partidos xenófobos bem-sucedidos na Europa continental e que mostram uma crescente coordenação e assertividade, conscientes de que o vento sopra a seu favor. O Brexit é o grande suporte a seu ideal, cuja espinha dorsal é composta pela xenofobia, o recuo identitário, o binômio povo-elite e o protecionismo econômico. Ou seja, a recusa de tudo o que venha de fora de suas fronteiras, com as políticas europeias na cabeceira. A crise econômica, os refugiados, o islã… vale tudo para transformar Bruxelas no perfeito bode expiatório. O Brexit é o ponto de inflexão que esperam há anos e agora acreditam que será o início do fim do projeto europeu. São respaldados por milhões de eleitores aborrecidos com a UE. Os holandeses expressaram claramente sua ira no começo do ano, no plebiscito contra o acordo de associação da UE com a Ucrânia vencido por larga margem pelos contrários à União. Em 2005, os holandeses já refutaram o projeto de Constituição Europeia, depois rebaixado no formato do Tratado de Lisboa. “Se eu me tornar primeiro-ministro, ocorrerá um plebiscito para deixar a UE”. As eleições estão previstas para o começo de 2017 e Wilders arranca como franco favorito nas pesquisas. O boicote dos outros partidos prejudica, entretanto, suas possibilidades de Governo. Seis dias antes do plebiscito, os críticos à UE realizaram uma reunião em Viena, batizada de “a primavera dos patriotas”. Era um respaldo aos partidários do Brexit, mas também para demonstrar seu crescente poderio pan-europeu como membros de um grupo na Eurocâmara, de onde destroem por dentro o projeto comunitário. Lá, Le Pen – que será o principal nome da Frente Nacional nas eleições presidenciais em 2017 – defendeu uma Europa por conta própria, que cumpra os desejos e exigência de cada país membro. O líder da também bem-sucedida ultradireita austríaca, Heinz Christian Strache, enfatizou a democracia direta e a conveniência de se consultar a população sobre seu futuro, tal como os britânicos acabaram de fazer. Disse que a Suíça é seu modelo. Seu partido, o FPÖ, acaba de perder as eleições presidenciais por muito pouco e agora disputa o resultado nos tribunais. O cansaço dos austríacos com o bipartidarismo e a busca de uma identidade que acreditam que corre o risco de se diluir com a chegada de 90.000 asilados ao país, impulsionaram os radicais no país centro-europeu. O timing do Brexit, como dizem os britânicos para se referir ao momento dos fatos, não poderia ser melhor para os populistas de direita. Sabem que o caldo de cultura é propício para seus interesses e acreditam que os partidos tradicionais e Bruxelas serão incapazes de reagir a tempo e de acordo com as regras. Sentem que seu momento chegou. Ana Cabajosa/ElPaís

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George Soros alerta para colapso da UE em caso de “Brexit”

Logo quem! Soros especula nos mercados financeiros mundiais através de uma firma clandestina extracontinental. A “Quantum Fund NV”, é um fundo de investimentos privados que administra para uma série de especuladores anônimos, um capital estimado entre 4 e 7 bilhões de dólares. O Quantum Fund está registrado em um paraíso fiscal do Caribe, nas Antilhas Holandesas, em Aruba. Para evitar o controle das autoridades fiscais dos USA, sobre suas movimentações financeiras, Soros contrata exclusivamente cidadãos europeus para seu Conselho Administrativo. José Mesquita George Soros: “Se o Reino Unido sair, isso poderia desencadear em um êxodo geral e a dissolução da União Europeia passará a ser praticamente inevitável” Dono de uma fortuna de US$ 24 bilhões, o megainvestidor George Soros disse nesta quinta-feira que há boa chance de a União Europeia (UE) entrar em colapso caso o Reino Unido opte por deixar o bloco (ação conhecida como “Brexit”), além de uma crise imigratória e desafios com a Grécia.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “Se o Reino Unido sair, isso poderia desencadear em um êxodo geral e a dissolução da União Europeia passará a ser praticamente inevitável”, disse ele. Ainda assim, Soros disse que a força recente na libra britânica é um sinal de que uma votação pela saída da UE é menos provável. “Os mercados nem sempre têm razão, mas neste caso eu concordo com eles”, disse o investidor em uma entrevista ao The Wall Street Journal. O bilionário de 85 anos, dono de um fundo que administra cerca de US$ 30 bilhões, também mostrou preocupação e ceticismo em relação à economia chinesa. “A China continua a sofrer com a fuga de capitais e tem esgotado suas reservas em moeda estrangeira, enquanto outros países asiáticos têm acumulado moeda estrangeira”, disse Soros. “A China está enfrentando um conflito interno dentro de sua liderança política e durante o próximo ano isso irá dificultar a sua capacidade de lidar com questões financeiras”, destacou. Soros teme que novos problemas surgirão na China, em parte porque o país não parece disposto a abraçar um sistema político transparente que ele afirma ser necessário para aprovar reformas econômicas duradouras. Pequim iniciou reformas no ano passado, mas voltou atrás em alguns esforços em meio a mercados turbulentos. Alguns investidores estão começando a antecipar o aumento da inflação em meio a ganhos salariais recentes nos EUA, mas Soros disse que está mais preocupado que a fraqueza continue na China e exerça uma pressão deflacionária – uma espiral prejudicial de queda dos salários e preços – sobre os EUA e economias globais. Fonte: Dow Jones Newswires/Estadão/Exame

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Um muçulmano na Prefeitura de Londres

O muçulmano Sadiq Khan é eleito o novo prefeito de Londres  O prefeito eleito de Londres, Sadiq Khan. H. MCKAY (EFE) | REUTERS Com mais de 99% dos votos apurados, ele se torna o primeiro muçulmano a governar uma capital ocidental. O trabalhista Sadiq Khan será o novo prefeito de Londres. Com 99% dos votos apurados, o candidato trabalhista abria na tarde desta sexta-feira nove pontos de vantagem sobre seu rival conservador, Zac Goldsmith, tornando-se assim o primeiro prefeito muçulmano a governar uma capital ocidental. MAIS INFORMAÇÕES Um candidato paquistanês à prefeitura de Londres Os presentes ostentação do aniversário da princesa Charlotte A tragédia de Hillsborough foi homicídio, não acidente A vitória em Londres, governada há oito anos pelo conservador Boris Johnson, era crucial para o Partido Trabalhista, que saiu desta superquinta com um balanço agridoce.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O partido de oposição, em seu primeiro teste nas urnas desde que o socialista Jeremy Corbyn assumiu sua liderança, em setembro, continua dominante nos municípios ingleses – perde seis pontos percentuais de apoio desde o último pleito municipal, mas subiu quatro em relação à eleição geral de 2015. Na Escócia, por outro lado, os trabalhistas sofreram um revés e perderam o domínio para os conservadores – o que já era esperado, mas nem por isso é menos notável. Ganhar em Londres, portanto, contribuiria para acalmar os numerosos deputados que veem a guinada à esquerda sob Corbyn como um suicídio eleitoral. A disputa pela prefeitura de Londres – terceiro maior mandato pessoal da Europa, atrás dos presidentes de França e Portugal – foi acirrada. Os ataques pessoais entre os dois principais candidatos (de um total de 12) ofuscaram o necessário debate sobre os colossais desafios que a capital enfrenta. Goldsmith acusou Khan de radical, por compartilhar palanque com extremistas islâmicos, e Khan reagiu tachando seu adversário de islamofóbico. Nos últimos dias, a campanha ficou ainda mais turvada por causa de um escândalo de antissemitismo surgido no seio do Partido Trabalhista, que resultou na suspensão de uma deputada e do veterano Ken Livingston, prefeito de Londres entre 2000 e 2008, e numa investigação interna ordenada por Corbyn. Mas seus críticos o acusaram de reagir tarde demais, e o próprio Khan admitiu que o caso poderia ter prejudicado a sua campanha. Os perfis dos dois candidatos não poderiam ser mais diferentes. Sadiq Khan, de 46 anos, é filho de um motorista de ônibus paquistanês. Zac Goldsmith, de 41, é o bilionário herdeiro de uma dinastia de banqueiros. Khan cresceu num imóvel subsidiado pelo Estado; Goldsmith, numa mansão. Khan estudou em colégio público; Goldsmith, no elitista Eton. Khan é muçulmano praticante, defende o casamento homossexual e trabalhou como advogado pró-direitos humanos antes de se eleger parlamentar pelo distrito de Tooting, na zona sul da cidade, em 2004. Goldsmith é um judeu não praticante, que dirigiu uma revista de assuntos ambientais e foi eleito em 2010 por Richmond, na zona oeste. O referendo de 23 de junho sobre a permanência do país na União Europeia também pairou sobre a campanha eleitoral. Khan é um europeísta convicto, ao passo que Goldsmith – filho de um fervoroso eurocético que fundou nos anos noventa o Partido do Referendo – faz campanha pelo Brexit. Por isso, muita gente tentará ver nesta eleição uma antessala da consulta a ser realizada daqui a um mês e meio. El Pais

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França tenta barrar acordo comercial entre União Europeia e o Mercosul

A França está tentando barrar as negociações para um acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, o bloco que reúne Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai (além da Venezuela, que não participa das negociações) e que representa mais de 80% do PIB da América do Sul, segundo apontam vários membros da UE e confirma a Comissão Europeia. Colheita de soja no Estado do Paraná, no Brasil. ANP  A troca de ofertas, que representa o início da negociação formal, está marcada para a segunda semana de maio, mas a França já pediu que o encontro seja adiado até que se conclua um estudo sobre o impacto que as concessões neste ou em outros acordos comerciais teriam sobre o setor agrícola da União.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A França, que conseguiu o apoio de mais 12 países da União Europeia (Polônia, Áustria, Grécia, Irlanda, Hungria, Romênia, Lituânia, Estônia, Letônia, Chipre, Eslovênia e Luxemburgo), opõe-se aos demais membros, liderados por Espanha, Alemanha, Itália, Portugal, Reino Unido e Suécia. Em carta dirigida à Comissão no dia 7 de abril, o bloco liderado por Paris advertiu que a proposta ao Mercosul afeta “produtos sensíveis” e que seria considerada uma “provocação” pelos agricultores europeus. O presidente francês, François Hollande, expressou seu apoio a essa negociação em uma recente visita a Uruguai e Argentina, no fim de fevereiro. Mas o conflito com os agricultores – que inclui novos ataques contra caminhões carregados de vinho espanhol – poderia obrigar o Executivo francês a manter uma posição mais defensiva, apesar das promessas do presidente. MAIS INFORMAÇÕES Mercosul marca reunião urgente para discutir crise no Brasil Brasil-Argentina: hora de recuperar o tempo perdido A Comissão espera que a situação não se complique mais. Vários países protestaram através dos ministros de Agricultura, mas ao mesmo tempo “o Conselho deu um mandato negociador com um amplíssimo apoio”, aponta um porta-voz. “Não serão eliminadas as tarifas em todos os produtos, mas se trata de um acordo de base ampla, não só agrícola, e o objetivo é encontrar um enfoque ambicioso e equilibrado, que permita seguir adiante e, ao mesmo tempo, leve em conta as diferentes sensibilidades que se tornaram evidentes ao longo deste processo”, diz a mesma fonte. O objetivo de Paris não é só retardar a troca de ofertas, mas também excluir os contingentes tarifários no setor agrícola, em que os países sul-americanos são mais competitivos. Fontes diplomáticas espanholas temem que a negociação fracasse se a tese francesa prevalecer: o acordo perderia atrativo para os países sul-americanos, que baseiam suas exportações à UE em produtos básicos ou semifaturados. O que se sabe até agora é que algumas das exigências de Paris podem ser acatadas: o consumo de carne bovina chega a 7,8 milhões de toneladas, mas a proposta da Comissão poderia incluir um máximo de 78.000 toneladas: apenas 1%. A decisão final cabe à Comissão, que deve ouvir a opinião dos Estados membros e não consegue fechar um acordo que já demora vários anos. Em 27 de novembro, os ministros do Comércio dos 28 países da UE deram luz verde para o início das negociações, apesar da oposição da França, que alegou que a oferta do Mercosul só cobria 87% das linhas tarifárias e não 89% como se exigia. “Ficou claro que uma ampla maioria de Estados quer essa troca de ofertas e confiemos que a Comissão tomará a decisão correta”, declarou o secretário de Estado de Comércio espanhol, Jaime García-Legaz. As negociações entre UE e Mercosul emperraram em 2012 e só se falou em retomá-las em junho do ano passado, na Cúpula UE-CELAC (Comunidade de Estados da América Latina e do Caribe) em Bruxelas. A chegada ao poder do novo presidente argentino, Mauricio Macri, firme partidário do acordo, deu um impulso decisivo às negociações. Depois de perder a batalha na reunião de responsáveis pelo Comércio, a França manobrou através dos ministros da Agricultura, segundo as fontes consultadas, com o objetivo não só de adiar a troca de ofertas, como também de excluir os contingentes tarifários no setor agrícola, o que significa um retrocesso em relação à proposta apresentada pela UE em 2004. Por enquanto, conseguiu que seja realizado o estudo sobre o impacto na agricultura europeia não só das negociações com o Mercosul, mas também do recente acordo com o Canadá ou do que se negocia com os Estados Unidos (TTIP), previsto para setembro. A Espanha receia que, se a negociação for barrada agora, vai se perder uma oportunidade de ouro e a América do Sul pode ficar desvinculada das grandes áreas de livre comércio que se estão configurando em torno dos acordos que a UE e os Estados Unidos negociam entre si e com os países do Pacífico. Claudi Perez e Miguel Gonsalez/El País

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