Elon Musk é um oportunista
O Twitter é proibido na China, mas Elon Musk atacada a justiça do Brasil por combater fakes no Twitter, mas visita a China sem dá um pio sobre a proibição. Nunca foi por censura, sempre foi por dinheiro e poder.
O Twitter é proibido na China, mas Elon Musk atacada a justiça do Brasil por combater fakes no Twitter, mas visita a China sem dá um pio sobre a proibição. Nunca foi por censura, sempre foi por dinheiro e poder.
Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio), afirmou que as redes sociais não estão mais restritas ao campo tecnológico e passaram a ser estratégicas nas relações internacionais. Souza citou o embate entre o dono do Twitter, Elon Musk, e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, como exemplo de que o embate digital é cada vez mais político. “Direita brasileira parece cada vez mais conectada com o manual da direita norte-americana.” “Tanto a discussão sobre o banimento do TikTok nos EUA como a controvérsia de Musk com Moraes mostram como as redes sociais ingressaram de vez na agenda geopolítica.”
Musk ganhou ou perdeu? Musk ganhou. Ganhou e muito. A reação de Alexandre de Moraes foi exagerada, Lula falou em Musk quando deveria ter ignorado o caso. A extrema direita levantou o Twitter Files que estava postado na internet havia dias sem nenhuma repercussão. Pior: Musk conseguiu, em 3 dias, derrubar o projeto que regularia as redes sociais no Brasil. Um sonho de Google e Facebook – que gastaria milhões em lobby – realizado como mágica por Musk. E ainda: a esquerda neste momento corre o sério risco de perder uma das mais importantes bandeira: a defesa do direito de defesa e do devido processo legal. “Ô” povo burro!
Posicionamento de Elon Musk sobre demissão em massa na Tesla é lição do que líderes não devem fazer. Por meio de um memorando, a automotiva anunciou o desligamento de mais de 10% dos funcionários à nível global A partir de um memorando interno, divulgado no último domingo (14), Elon Musk anunciou que a Tesla irá demitir “mais de 10% dos funcionários globalmente”. Antes dos desligamentos em massa, a empresa automotiva reunia cerca de 140 mil trabalhadores a nível mundial. As demissões, segundo o aviso, são devido à queda nas vendas e expectativa de “reduzir os custos para aumentar a produtividade” da marca. Uma cópia do comunicado foi publicada, posteriormente, no site Eletreck. De acordo com Jason Aten, colunista da Inc., especialista em gestão e tecnologia, o posicionamento e falas de Elon Musk não devem ser reverberadas por outras lideranças, sejam elas em qualquer campo dos negócios. Segundo Aten, a multinacional falhou em acreditar que fosse possível haver um crescimento infinito, sem antes pensar na gestão de pessoas e equilíbrio financeiro. “Qualquer líder inteligente deveria saber que nada dura para sempre. Agora, como as perspectivas da empresa mudaram drasticamente, essa estratégia não parece tão boa. Basta perguntar aos 14 mil funcionários que estão pagando pelo erro estratégico da Tesla”, aponta o colunista Nesse sentido, Aten reflete sobre como uma empresa bilionária pôde falhar no campo de contratações para além do necessário, resultando em um desligamento em massa. “Não é culpa dos funcionários que você [Elon Musk] tenha escolhido a estratégia errada ou contratado muitas pessoas. Essa responsabilidade [deve recair] sobre o CEO. Ou pelo menos deveria. Se você [dono de uma empresa] vai demitir mais de 5% de seus funcionários, quem deveria simplesmente pedir demissão é [o dono da empresa]. Se você é um CEO e faz uma grande aposta e se revela tão errado que as pessoas param de receber seu salário, você deveria estar no topo da lista [de demissão]”, complementa. Em outra parte do memorando, há um aviso especificamente direcionado aos funcionários que vão se manter na empresa. “Para os restantes, gostaria de agradecer antecipadamente pelo difícil trabalho que temos pela frente”, escreve o recado da Tesla. Para o colunista, essa mensagem não é mais ideal para os funcionários que se mantiveram. “Esta [mensagem] não parece ser a proposta mais motivadora. [Soa como] ‘Ei, o trabalho que você está fazendo ficou mais difícil porque gostaríamos que você trabalhasse mais com menos recursos’. [Então] não é realmente o que motiva a maioria das equipes”, diz Aten. Outro ponto acrescentado pelo colunista, é devido à falta de mais explicações aos funcionários sobre como a Tesla chegou neste ponto. “Este memorando ignora a realidade […] Não faz nada para explicar por que o futuro [da empresa] pode ser diferente. Ignora o fato de que a razão pela qual as entregas da Tesla caíram 8,5% no primeiro trimestre não é porque contratou demasiadas pessoas. É porque a Tesla tem problemas reais que só agora começam a aparecer”, analisa.
Prezado pobre de direita, patriota e defensor de bilionário; se você ganha salário mínimo, você precisa trabalhar 100 milhões de anos para ter a fortuna do Elon Musk. Mas se você ganha bem, tipo R$ 15 mil por mês, é muito mais fácil: você só precisa trabalhar 7,3 milhões de anos para alcançá-lo. Vai na fé!
Musk pede barreiras comerciais contra empresas chinesas de carros elétricos, como a BYD. Dono da Tesla reconheceu a superioridade dos concorrentes asiáticos. Ninguém é mais a favor do protecionismo do que o liberal atropelado pela concorrência externa. Ser herdeiro e capitalista de risco zero é viver no melhor dos mundos.
Musk e Tesla, duas genialidades Estão nas livrarias duas publicações com as biografias de duas pessoas notáveis. Dois gênios, cada um ao seu tempo. Um é Elon Musk, contado por Walter Isaacson. O outro é Nikola Tesla, de Marko Perko e Stephen Stahl. Musk viu seu primeiro computador em 1982, aos 11 anos, e é a pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna avaliada em 65 bilhões de dólares. Em 2002, ele se meteu com a ideia de carros elétricos. A Tesla, empresa que os fabrica, já bateu a marca do milhão de carros vendidos. Quando decidiu dar esse nome ao carro, Musk sabia quem ele havia sido, mas até hoje há quem pense que Tesla, como Sony, é um nome de fantasia. Musk: a ideia na cabeça e a empresa na mão Isaacson conta a vida de um garoto criado na África do Sul. Com a cabeça no mundo da Lua, desde o dia em que conseguiu comprar, com seu dinheiro, um dos primeiros computadores pessoais, navegou neles. Fez seu primeiro videogame aos 13 anos. Estudando Economia e Física nos Estados Unidos, em 2003, aos 22 anos escreveu um trabalho intitulado “A Importância de ser Solar”. Logo depois, Musk caiu no Vale do Silício, na Califórnia, onde visionários tinham computadores e internet. Daí em diante, sua história de sucesso seria apenas mais uma. Isaacson mostra um gênio empresarial, como já mostrou a genialidade artística de Leonardo da Vinci, a esperteza de Henry Kissinger e a criatividade obsessiva de Steve Jobs. Sua primeira descoberta deu-se quando criou a empresa de software, a Zip2, ligando ofertas comerciais a mapas. “Eu aprendi que você não pode ser um bom diretor de tecnologia, a menos que seja o diretor-executivo.” (Desde garoto ele queria mandar em tudo.) Em 1999, ele tinha 5 mil dólares na conta quando vendeu a Zip2 por 20 milhões. Três anos depois, vendeu a segunda — a PayPal — por 1,2 bilhão de dólares e recebeu US$ 250 milhões. Com a cabeça na Lua e Marte, Musk criou a SpaceX para ir ao espaço. Com os pés no chão, foi atrás do carro elétrico. Muita gente estava atrás dessa ideia e, em 2008, ele seria a última pessoa a colocá-la de pé. O carro custaria mais de 100 mil dólares, Musk dispensou quatro CEOs da empresa, seu primeiro casamento atolou, e três foguetes da SpaceX falharam nas tentativas de colocar satélites em órbita. Isaacson mostrou a capacidade de Musk de dar a volta por cima, movido por um temperamento difícil e obsessivo, que faz dele um tipo inesquecível e intratável. Exemplo: em 2020 ele foi acusado de ter ajudado no golpe contra o presidente boliviano Evo Morales e respondeu: “Nós vamos dar golpe em quem quisermos. Lidem com isso.” (A Bolívia tem minas de lítio, matéria-prima para as baterias de carros elétricos.) Infelizmente, Isaacson não trata desse episódio. Dois anos depois, Musk veio ao Brasil para um encontro com Jair Bolsonaro. Musk saiu do inferno astral de 2008. O quarto foguete pôs um satélite em órbita e ele ganhou um contrato da Nasa. Conseguiu um reforço de caixa com o governo, um investimento da Daimler alemã e comprou uma fábrica da Toyota nos Estados Unidos a preço de banana. Em 2013, quando tinha um novo modelo nas ruas, a Tesla comprava 10% das baterias do mundo. Do jeito que iam as coisas, em poucos anos compraria 100%. Solução? Resolveu construir uma mega fábrica de baterias nos Estados Unidos, associando-se à Panasonic. Parecia ficção científica. O garoto que se encantou com “Projeto Marte”, a ficção científica de Wernher von Braun, o visionário que fez as bombas-foguete V-2 de Hitler, e 25 anos depois ajudou os Estados Unidos a descer na Lua, continua sonhando e ganhando dinheiro. Satélites, painéis solares, carros que não precisam de motorista, inteligência artificial e, quem sabe, um dia se chega a Marte. Tesla, ideias na cabeça, nada na mão Elon Musk não inventou nada, o sérvio Nikola Tesla inventou de tudo. Musk é a pessoa mais rica do mundo. Tesla foi despejado dos luxuosos Waldorf Astoria e do hotel Saint Regis por falta de pagamento e morreu num quarto do New Yorker em janeiro de 1943. Em setembro, a Corte Suprema dos Estados decidiu que ele (e não o italiano Guglielmo Marconi) era o inventor do rádio. Na biografia de Musk, Isaacson menciona-o apenas uma vez, de passagem. Devem-se à Tesla não só o rádio, mas também a difusão da transmissão da eletricidade por meio da corrente alternada (essa que sai da tomada) e o motor elétrico. Ele concebeu os telefones portáteis, as lâmpadas fluorescentes, a ressonância magnética, o raio laser e o radar. Trabalhou, sem sucesso, na transmissão de energia elétrica sem fios por longas distâncias. Tinha a ideia de construir uma torre que irradiaria energia. Teve a ajuda do banqueiro J. P. Morgan, mas essa ele não conseguiu. (Jair Bolsonaro queria ir a uma empresa da Flórida que continua batalhando na ideia.) Em 1881, o ano em que teve seu primeiro colapso nervoso, Tesla estava andando em Budapeste quando concebeu um motor que giraria por impulsos magnéticos vindos de uma rede de eletricidade. (Leo Szilard concebeu a bomba atômica em 1923, numa esquina de Londres, esperando um sinal de trânsito.) Em 1883, Tesla foi trabalhar com Thomas Edison e tomou o primeiro de uma sucessão de calotes. Se a biografia de Musk expõe as obsessões do bilionário, a de Tesla, com os subtítulo “A vida e a loucura do gênio que iluminou o mundo”, mergulha na sua personalidade depressiva, maníaca. Tem até duas cronologias, uma de suas criações e outra de suas crises. Na vida de Nikola Tesla, quando uma coisa podia dar errado no mundo dos bens materiais, errado dava. Ele vendeu as patentes dos motores para a Westinghouse, ganhou dinheiro e perdeu-o. Montou um laboratório e ele pegou fogo. O mundo do jovem Musk teve foguetes e computadores, o de Tesla teve a eletricidade. Thomas Edison acendeu sua primeira lâmpada em
A inteligência artificial está atingindo um desenvolvimento tão intenso que inquieta até seus pesquisadores pelo uso indevido que se pode fazer dela. Mais de 1.000 cientistas e especialistas em inteligência artificial e outras tecnologias assinaram uma carta aberta contra o desenvolvimento de robôs militares autônomos, que prescindam da intervenção humana para seu funcionamento. O físico Stephen Hawking, o cofundador da Apple Steve Wozniak, e o do PayPal, Elon Musk, estão entre os signatários do texto, que foi apresentado na terça-feira em Buenos Aires, na Conferência Internacional de Inteligência Artificial, um congresso onde estão sendo apresentados mais de 500 trabalhos dessa especialidade e ao qual comparecem vários signatários do manifesto. O documento não se refere aos drones nem aos mísseis comandados por humanos, mas a armas autônomas que dentro de poucos anos a tecnologia de inteligência artificial poderá desenvolver e isso significaria uma “terceira revolução nas guerras, depois da pólvora e das armas nucleares”. Especialistas reconhecem que existem argumentos a favor dos robôs militares, como o fato de que reduziriam as perdas humanas em conflitos bélicos. Ao contrário das armas nucleares, as autônomas não apresentam custos elevados e nem requerem matérias-primas difíceis de obter para sua construção, de acordo com os signatários. Por isso eles advertem que é “apenas uma questão de tempo” para que essa tecnologia apareça no “mercado negro e nas mãos de terroristas, ditadores e senhores da guerra”. MAIS INFORMAÇÕES O futuro está chegando do céu… em drones Drones põem em xeque a segurança das usinas nucleares francesas “Ninguém está no comando do planeta” “Elas são ideais para assassinatos, desestabilização de nações, subjugação de populações e crimes seletivos de determinadas etnias”, alertam os cientistas, que propõem que a inteligência artificial seja usada para proteger seres humanos, especialmente civis, nos campos de batalha. “Começar uma carreira militar nas armas de inteligência artificial é uma má ideia”, advertem. Os cientistas comparam essa tecnologia com as bombas químicas ou biológicas. “Não se trata de limitar a inteligência artificial, mas de introduzir limites éticos nos robôs, torná-los capazes de viver em sociedade e, sim, rejeitar claramente as armas autônomas sem controle humano”, explica Francesca Rossi, presidenta da conferência internacional e uma das signatárias do texto. “Com a carta queremos tranquilizar as pessoas que a partir de fora deste mundo olham a inteligência artificial com uma preocupação às vezes exagerada. Nós também estamos interessados em limites éticos. Queremos reunir não apenas especialistas no assunto, mas filósofos e psicólogos para conseguir impor limites éticos aos robôs semelhantes aos dos seres humanos”, enfatiza. O perigo de reprogramar O argentino Guillermo Simari, da Universidade Nacional del Sur, organizador do congresso, compartilha da filosofia da carta. “As máquinas podem tomar decisões com as quais o ser humano não está de acordo. Os homens têm filtros éticos. É possível programar um filtro ético para a máquina, mas é muito fácil removê-lo”. Simari acredita que o grande problema é a facilidade com que se pode reprogramar uma máquina. “Para fazer uma bomba atômica é preciso urânio enriquecido, que é muito difícil de conseguir. Para reprogramar uma máquina militar basta alguém com um computador digitando programas”. No congresso também estão presentes aqueles que são contra a filosofia da carta. “Estão aqui os que acreditam que devemos continuar desenvolvendo a inteligência artificial e que ela pode ser controlada”, diz Ricardo Rodríguez, professor da Universidade de Buenos Aires e organizador do encontro. O debate entre os cientistas está vivo e agora passará para toda a sociedade. Carlos E. Cuê/A.Rebossio
Precisamos de sabedoria para enfrentar o futuro. Para saber se os avanços tecnológicos caminham na direção certa ou não; se favorecem os seres humanos ou o oposto. Nick Bostrom, no Instituto do Futuro da Humanidade. Foto:T. Pilston Getty Images Para se ter uma ideia do que fazer caso se apresentem cenários que ameaçam a sobrevivência da espécie, tais como os resultantes da ameaça nuclear, modificação de micróbios letais ou a criação de mentes digitais mais inteligentes do que o homem. Questões como essas são estudadas por um punhado de cérebros localizados na Universidade de Oxford, no chamado Instituto para o Futuro da Humanidade. MAIS INFORMAÇÕES Inteligência artificial melhora o diagnóstico de doenças mentais Cientistas contra robôs armados A nova era da computação e seus primeiros movimentos no Brasil Liderando um grupo heterodoxo de filósofos, tecnólogos, físicos, economistas e matemáticos está um filósofo formado em física, neurociência computacional e matemática; um sujeito que, desde sua adolescência, buscava interlocutores para compartilhar suas inquietudes a respeito do filósofo alemão Arthur Schopenhauer; um sueco de 42 anos que passeia pelas instalações do instituto com uma bebida à base de vegetais, proteínas e gorduras que chama de elixir; e que escuta audiolivros com o dobro da velocidade para não perder um segundo do seu precioso tempo. Estamos falando de Nick Bostrom, autor deSuperinteligência: Caminhos, Perigos, Estratégias (ainda não publicado no Brasil), um livro que causou impacto, uma reflexão sobre como lidar com um futuro no qual a Inteligência Artificial pode superar a humana, um ensaio que foi endossado explicitamente por cérebros do Vale do Silício como Bill Gates e Elon Musk; filósofos como Derek Parfit e Peter Singer; e físicos como Max Tegmark, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Um trabalho que, além disso, entrou para a lista de best-sellers elaborada pelo The New York Times Book Review. A ONU o convida para dar palestras, assim como institutos de pesquisa como a The Royal Society; uma de suas palestras para a organização TED já conta com mais de 1,7 milhão de visualizações. E Stephen Hawking já alertou o mundo: é preciso ter cuidado com a Inteligência Artificial. O Instituto para o Futuro da Humanidade — FHI, na sigla em inglês — é um espaço com salas de reuniões batizadas com nomes de heróis anônimos que, com um gesto, salvaram o mundo — como Stanislav Petrov, o tenente-coronel russo que evitou um acidente nuclear durante a Guerra Fria —; onde fluem ideias, trocas de pontos de vista, onde florescem hipóteses e análises. Principalmente, às tardes e noites: o chefe é, como ele mesmo confessa, um corujão; fica no escritório até as 2h da madrugada. “No momento em que saibamos como fazer máquinas inteligentes, vamos fazê-las”, disse Bostrom, em uma sala do instituto que dirige, “e, até lá, devemos saber como controlá-las. Se você tem um agente artificial com objetivos diferentes dos seus, quando se torna suficientemente inteligente é capaz de antecipar suas ações e fazer planos com base nos seus, o que poderia incluir esconder suas próprias habilidades de forma estratégica”. Especialistas em Inteligência Artificial citados em seu livro dizem que há uma probabilidade de 90% de que, entre 2075 e 2090, existam máquinas inteligentes como os humanos. Na transição para essa nova era, será preciso tomar decisões. Talvez inocular valores morais às máquinas. Evitar que se voltem contra nós. É para a análise desse tipo de suposições e cenários que este especialista lê intensivamente sobre machine learning (aprendizagem automática, um segmento da inteligência artificial que explora técnicas para que os computadores possam aprender por si mesmos) e sobre economia da inovação. Para Bostrom, o tempo nunca é suficiente. Ler, ler, ler, consolidar os conhecimentos, aprofundar, escrever. “O tempo é precioso. É um recurso valioso que constantemente desliza por entre os dedos.” As pessoas parecem que se esquecem da guerra nuclear. Uma mudança para pior na geopolítica poderia se tornar um perigo Estudar, formular hipóteses, desenvolvê-las, antecipar cenários. É o que se faz neste instituto onde se promove o brainstorming (uma tempestade de ideias) e a videoconferência, um labirinto de salas dominadas por lousas vileda com diagramas e em cuja entrada está pendurado um cartaz que reproduz a capa de Admirável Mundo Novo, a visionária distopia do livro de Aldous Huxley, publicado em 1932. Um total de 16 profissionais trabalha aqui. Publicam revistas acadêmicas, produzem relatórios de risco para empresas de tecnologia, para Governos (por exemplo, para o finlandês) ou para a ONU, que está se preparando para construir seu primeiro programa de Inteligência Artificial — um dos representantes do programa visitava os escritórios do FHI na semana passada. Niel Bowerman, diretor-adjunto, físico do clima e ex-assessor da equipe política de Energia e Meio Ambiente de Barack Obama, diz que no instituto sempre estudam quão grande é um problema, quantas pessoas trabalham nele e quão fácil é avançar nessa área para determinar os campos de estudo. Bostrom é quem comanda o instituto, quem decide onde ir, o visionário. Desenvolve seu trabalho graças ao incentivo filantrópico de James Martin, milionário interessado nas questões de riscos existenciais do futuro, que há 10 anos impulsionou o FHI para estudar e refletir sobre coisas que a indústria e Governos, guiados por seus próprios interesses, não têm por que pensar. O filósofo sueco, que foi incluído em 2009 na lista dos 100 maiores pensadores globais da revista Foreign Policy, está interessado em estudar, em particular, sobre as ameaças distantes, as quais não gosta de colocar datas. “Quanto maior for o prazo”, diz, “maiores são as possibilidades de um cenário de extinção ou de era pós-humana”. Mas existem perigos no curto prazo. Os que mais preocupam Bostrom são aqueles que podem afetar negativamente as pessoas como pragas, vírus da gripe aviária, as pandemias. Há uma corrida entre nosso progresso tecnológico e nossa sabedoria, que vai muito mais devagar Em relação à Inteligência Artificial e sua relação com a militar, diz que os riscos mais evidentes são representados por drones e pelas armas letais autônomas. E lembra que a guerra nuclear, embora