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Brasil e corrupção – O vergonhoso lamaçal do Império a Temer

Como o modelo de colonização lançou as bases para a difusão da corrupção, que seguiu encontrando terreno fértil para se manter na esfera pública, alimentada pela falta de punição e pela manutenção de elites no poder. Quadro retrata a chegada de Pedro Álvares Cabral no Brasil A cordialidade da elite do município de Curuzu enganou Policarpo Quaresma. No início, o personagem central da obra de Lima Barreto chegou a pensar que a intimação assinada pelo simpático presidente da Câmara era apenas uma brincadeira. Mas o documento era uma vingança. Ao se recusar a entrar no jogo da corrupção local, Policarpo se tornou alvo de represálias.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] No romance de 1911, a corrupção na esfera pública não surge como fenômeno novo, mas aparece como mal característico da sociedade, o qual a República não demonstra interesse em suprir. As represálias sofridas por Policarpo escancaram o uso do patrimônio público para interesses privados. Roubo das joias da Coroa Em março de 1882, todas as joias da Imperatriz Teresa Cristina e da Princesa Isabel foram roubadas do Palácio de São Cristóvão. O roubo levou a oposição a acusar o governo imperial de omissão, pois as joias eram patrimônio público. O principal suspeito, Manuel de Paiva, funcionário e alcoviteiro de Dom Pedro 2º, escapou da punição com a proteção do imperador. O caso ajudou na queda da monarquia.  A República e o voto do cabresto Em 1881 foi introduzido no país o voto direto, porém, a maioria da população era privada desse direito. Na época, podiam votar apenas homens com determinada renda mínima e alfabetizados. Durante a Primeira República (1889 – 1930), institucionaliza-se no Brasil o voto do cabresto, ou seja, o controle do voto por coronéis que determinavam o candidato que seria eleito pela população.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Essa confusão tem sua origem séculos antes da publicação do romance. A ausência de distinção entre público e privado (patrimonialismo) e favorecimento de indivíduos com base nos laços familiares e de amizade (clientelismo) foram características do modelo de colonização aplicado no Brasil. Tolerada pela Corte e ignorada pela Justiça, a corrupção encontrou, desta maneira, em solo brasileiro, condições propícias para sobreviver e se difundir na cultura do novo país durante a sua formação. Sem uma ruptura real com as práticas patrimonialistas e clientelistas, depois das duas primeiras grandes mudanças no sistema político – a independência e a proclamação da República – a corrupção continuou ganhando terreno em instituições públicas e no cotidiano brasileiro. “Desde a colônia, temos um Estado que nasce por concessão, no qual a instituição pública é usada em benefício próprio. A corrupção persiste no Brasil devido a essa estrutura de colonização”, diz a historiadora Denise Moura. Mar de lama Até década de 1930, a corrupção era percebida com uma vício do sistema. A partir de 1945, a corrupção individual aparece como problema. Várias denúncias de corrupção surgiram no segundo governo de Getúlio Vargas. O presidente foi acusado de ter criado um mar de lama no Catete. Varrer a corrupção Em 1960, o candidato a presidência da República Jânio Quadros conquistou a maior votação já obtida no país para o cargo desde a proclamação da República. O combate à corrupção foi a maior arma do político na campanha eleitoral, simbolizado pela vassoura. Com a promessa de varrer a corrupção da administração pública, Jânio fez sucesso entre os eleitores. Plantando a semente Diante da dificuldade de encontrar súditos dispostos a deixar o conforto da Corte em troca de aventuras no território selvagem recém-descoberto, a concessão de cargos foi o mecanismo usado por Portugal para garantir seu domínio e explorar as riquezas da nova colônia. Para os que aceitavam vir ao Brasil, esses cargos trariam não somente prestígio social, mas, principalmente, vantagens financeiras. Durante o período colonial, o pagamento de propinas a governantes e funcionários reais era uma prática tolerada e até regulamentada por lei. A colonização com as concessões institucionalizou na sociedade a percepção do bem público como privado. Ao ganhar um cargo público do rei, os beneficiários tornavam-se donos destes postos e, com o aval da Corte, os utilizavam para o favorecimento próprio, além de amigos e familiares. Essas práticas foram se difundido por todo o país durante os mais de três séculos do período colonial e, com a manutenção da mesma elite no poder depois da independência do país, em 1822, elas continuaram a encontrar um terreno fértil para prosperar. “A diferença em relação ao Antigo Regime era que a Coroa não concedia mais mercês que implicavam em gastos de dinheiro público. Ela usava apenas a moeda simbólica dos títulos de nobreza para premiar as pessoas. Mas as práticas clientelistas, ou seja, o favorecimento dos amigos à margem da lei, eram vistas pelos chefes políticos como indispensáveis para manter e conquistar apoio político”, afirma o historiador José Murilo de Carvalho. Pouco mudou neste cenário 67 anos depois da independência, em outro grande momento da histórica política do Brasil: a proclamação da República, em 1889. De acordo com Carvalho, o patrimonialismo e o clientelismo, embora entrassem em conflito como os valores republicanos, continuaram presentes no novo sistema. “Os valores republicanos, sobretudo a valorização da coisa pública e sua distinção da coisa privada, até hoje não foram totalmente absorvidos no Brasil por ricos ou pobres. A proclamação da República implicou mudança na forma de governo, não nos valores”, ressalta o historiador. Fontes históricas sugerem, por exemplo, a continuidade da prática de pagamentos de propina, como no caso de concessões para construção de ferrovias durante a Primeira República.  Ditadura e empreiteiras Acabar com a corrupção foi um dos motivos usados pelos militares para justificar o golpe de 1964. Ao assumir o poder, porém, o novo regime consolidou o pagamento de propinas por empreiteiras na realização de obras públicas. Modelo que se perpetuou até os dias atuais e é um dos alvos da Operação Lava Jato. Mesma prática, percepção diferente Apesar da propagação de determinadas práticas, ocorreu ao longo da história uma mudança na maneira como essas ações eram vistas

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A turma dos 100 – Depois de Aécio, delator diz que Collor também levou R$ 300 mil Delator diz à lava jato que levou r$ 300 mil para Collor em 2014

O doleiro Carlos Alexandre de Souza Rocha, carregador de dinheiro de Alberto Youssef, afirmou à força-tarefa da Operação Lava Jato que em 2014 levou R$ 300 mil para o ex-presidente da República e atual senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), em pacotes de notas de R$ 100,00. Ceará revelou à força-tarefa da lava jato que entrega foi feita em 2014. Foto: Geraldo Magela/senado O doleiro Carlos Alexandre de Souza Rocha, carregador de dinheiro de Alberto Youssef, afirmou à força-tarefa da Operação Lava Jato que em 2014 levou R$ 300 mil para o ex-presidente da República e atual senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), em pacotes de notas de R$ 100,00. Novo delator da Lava Jato, Ceará — como é conhecido — citou outras entregas de valores para Collor e para seu ex-ministro e atual dono do Grupo GPI Investimentos, Pedro Paulo Leoni, o PP.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “No final de janeiro de 2014, Alberto Youssef solicitou que o declarante (Rocha) transportasse R$ 300 mil para Maceió”, contou o delator, em depoimento à Procuradoria-Geral da República. O montante deveria ser entregue a outro carregador de dinheiro de Youssef, Rafael Ângulo Lopez — que também fez acordo de delação com a Lava Jato. “No café da manhã se encontrou com Rafael Ângulo Lopez, que estava acompanhado de outra pessoa que não conhecia e do qual não se recorda o nome.” O delator diz que Lopez contou que o total da entrega era de R$ 900 mil, mas não mencionou o beneficiário. Collor é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal desde março, quando foram abertos as primeiras investigações pela Procuradoria-Geral envolvendo políticos como alvos da Lava Jato. A delação de Rocha é de junho e só foi tornada pública nesta semana. É o segundo carregador de malas de Youssef a fazer delação e confirmar que Collor recebia dinheiro do esquema de corrupção, alvo da Lava Jato. O próprio Rafael Ângulo Lopez disse em seu depoimento que entregou dinheiro em espécie para o senador, episódio citado por Rocha. O delator também disse ter ouvido do ex-chefe que PP “era muito amigo” de Collor e que chegou a levar três vezes dinheiro em uma empresa de água do ex-ministro em Itapema (SC). Collor foi procurado, por meio de sua assessoria, mas não foi localizado. O senador tem negado as acusações. Pedro Paulo também não foi localizado. Claudio Humberto

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Cadê o liberal que estava aqui?

Liberais em falta por:Sandro Vaia ¹ blog do Noblat Houve um tempo, mais precisamente durante o vintênio militar, que ser de direita no Brasil não era apenas de bom tom, como era praticamente obrigatório, sob pena de ser mal visto, na mais benigna das hipóteses, ou de ser preso e torturado, na mais policialesca e brutal das hipóteses. O partido do governo, a Arena, que juntava direitistas natos e convictos, oligarcas do atraso, coronéis dos grotões e oportunistas de toda espécie (partidos que apóiam o governo no Brasil costumam atrair mais arrivistas do que os postes de luz atraem mariposas) chegou a ser proclamado “o maior partido do Ocidente” pelo seu então presidente,o inesquecível Francelino Pereira. As inacreditáveis alquimias políticas do Brasil foram transformando a face da Arena. Depois do final da ditadura tentou se tornar mais palatável com o nome de PDS-Partido Democrático Social. Uma costela dele,cansada do desgaste de ter que administrar os detritos políticos da ditadura, separou-se do corpo e mudou para PFL – Partido da Frente Liberal – que nasceu para apoiar o candidato da oposição Tancredo Neves no Colégio Eleitoral.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Mais tarde, entrou no condomínio de poder com o PSDB no governo Fernando Henrique, até vir a se transformar em Democratas, apelido DEM, uma espécie de partido liberal ma non troppo, que perdeu seu passado e em compensação também não achou seu futuro e está à beira de um ataque de nervos em busca de sua própria identidade. Num dia desta semana ,o DEM ,depois de uma desastrada performance sob a presidência do jovem Rodrigo Maia, amanheceu sob nova direção. Seu novo-velho presidente, José Agripino, fez questão de dizer, como é de praxe nos momentos atuais, que o DEM “não é um partido de direita”. Mas o que é, então, o DEM nessa geléia partidária brasileira ? Desde o final da ditadura e depois do tumultuado período de Collor,o Breve, a narrativa política brasileira tornou hegemônico o discurso esquerdista,e mais precisamente os ideais de uma certa e vaga social democracia, defendida em variados matizes por PT,PSDB e vários outros partidos-satélites.na contramão dos ventos históricos que varreram o mundo depois da derrocada do Muro de Berlim. Ok, ser de direita é de mau gosto, deselegante até, quase uma ofensa nos círculos contemporâneos do bem pensar. Disgusting. Mas então quem é que vai representar as pessoas que continuam achando que a melhor forma de liberdade e de avanço social é representada por uma economia de mercado, aberta, livre e competitiva? Quem é que vai se opor ao avanço do Estado não só sobre o bolso do contribuinte, mas também na demarcação dos territórios onde o indivíduo exerce seu livre arbítrio? No mercado de idéias políticas do país há alguns milhões de desamparados à espera de alguém que tenha a coragem de assumir a representação de um pensamento político liberal e democrático. O DEM não parece muito disposto a vestir a camisa liberal e assumir a defesa desses sem-partido. Na verdade, como em suas origens arenistas, parece ter mais apetite por projetos de poder do que por um projeto de País. ¹ Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez.. E.mail: svaia@uol.com.br

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Collor chama Ideli Salvatti de galinha

Você aí, cidadão brasileiro, que está preocupado em dar uma boa educação pro seu filhos e ensinar boas maneiras, saiba que seus problemas acabaram. Para tal, não precisa contratar caros professores, pagar mensalidades estratosféricas em escolas particulares ou fazê-los decorar o Almanaque do Capivarol. Basta sintonizar a TV Senado. Agora mesmo, durante debates acalorados pela presidência da Comi$$ão de Infra Estrutura, suas (deles) ex-celências proporcionaram uma aula de, como diria Machado de Assis, lanheza, bons modos e tratamento cerimonioso. Vejam só como inefável senador Fernando Collor (argh!, argh! e argh!) um dos candidato$ a presidente da referida comi$$ão, dirigindo-se ao plenário, “elogiou” a senadora petralha Ideli Salvatti: … “o PTB reconhece que a senadora Ideli Salvatti é uma pessoa que ‘Cisca Pra dentro’. Uáu! Zé Bêdêu, o derradeiro abestado crédulo da Praça do Ferreira, em Fortaleza, opinou, com a delicadeza de um elefante em loja de louças: “quem cisca pra dentro é galinha”!

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Collor ou Azeredo? Entre o sujo e o mal lavado

O Senado Federal encontra-se envolvido em uma disputa pela Presidência da importantíssima Comissão de Relações Exteriores. A referida comissão trada de questões internacionais que envolvem o Estado brasileiro e as demais nações.Unido a PT e DEM, PSDB briga com Collor no Senado O Senado reserva à platéia, nesta semana, um duelo de arrepiar a espinha. O PSDB de Eduardo Azeredo (MG) vai à guerra contra o PTB de Fernando Collor. Será o confronto do sujo contra o mal lavado. Está em jogo o controle da comissão de Relações Exteriores, um dos mais cobiçados recantos do Senado. Considerando-se o tamanho das bancadas, o PSDB (13 senadores) leva vantagem sobre o PTB (sete integrantes). Na briga pelas comissões, toca aos tucanos a terceira pedida. A primeira é do PMDB. Vai escolher a comissão de Economia, apalavrada com Garibaldi Alves (PMDB-RN). A segunda é do DEM. Pedirá a comissão de Constituição e Justiça, que será confiada a Demóstenes Torres (DEM-GO). Dono do terceiro lance, o PSDB optou pela comissão de Relações Exteriores. O problema é que o posto fora prometido a Collor por um redivivo Renan Calheiros (PMDB-AL). Em troca, o PTB despejou seus sete votos na cumbuca de José Sarney (PMDB-AP), ajudando-o a prevalecer sobre Tião Viana (PT-AC) na briga pelo comando do Senado. Farejando o cheiro de queimado, o líder tucano Arthur Virgílio (AM) fechou uma aliança com ‘demos’ e petistas. Juntos, PSDB, DEM e PT têm número para mandar ao beleléu a pretensão de Collor. Mas o tucanato resolveu esgrimir, além de votos, um argumento moral. Diz-se que Collor, escorraçado do Planalto pelo impeachment, não teria estatura moral para comandar uma comissão que se relaciona com autoridades estrangeiras. Beleza. Nesse campo, contudo, o bico dos tucanos revela-se maior do que a memória. Azeredo também traz enganchada à biografia uma passagem constrangedora. As arcas de Marcos Valério foram inauguradas na campanha mineira de Azeredo, em 1998. Depois que a notícia foi às manchetes, o PSDB não se constrangeu em manter na sua presidência, por quase um ano, o patrono do mensalão de Minas. O tucanato fez mais. Defendeu Azeredo com um palanfrório torto. Alegou que, em Minas, podia ter havido caixa dois, não desvio de dinheiro público. Em denúncia ao STF, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, furou esse escudo. O texto do procurador aponta o escoamento de dinheiro de pelo menos quatro arcas estaduais: Cemig, Copasa, Bemge e Comig. Coisa de R$ 5 milhões. Collor, o país inteiro sabe, não é flor que mereça ser cheirada. Mas, se decidir manter-se na briga, descerá ao front numa espécie de zero a zero moral com Azeredo. O que torna a briga mais bonita são os seus arredores. O PT, fechado com Azeredo, é estrela da “quadrilha” dos 40 do mensalão, também denunciada ao STF. Renan, aliado de Collor, renunciou à presidência do Senado para salvar o mandato -em meio a um escândalo que misturou a suspeita de pagamentos à ex-amante com verbas de um lobista e negócios com gado inexistente. Collor é açulado também pelo líder do PTB, Gim Argello (DF). Um senador que responde a 38 processos por crimes eleitorais e que se encontra sob investigação em inquéritos que apuram corrupção, lavagem de dinheiro e sonegação de impostos. Num instante em que o país se prepara para as delícias do Carnaval, vale lembrar a frase de Delúbio Soares. No auge do mensalão, o ex-gerente das arcas do PT previra que o escândalo terminaria em “piada de salão”. De fato, o tempo vem se encarregando de lavar no Congresso as biografias tisnadas por escândalos. Ali, todas as encrencas terminam em piada. Tome-se dois exemplos: Antonio Palocci (PT-SP), réu num processo de quebra do sigilo bancário de um caseiro, presidiu a Comissão Especial da Reforma Tributária. João Paulo Cunha, um dos 40 réus do mensalão petista, foi brindado com a relatoria de uma das medidas provisórias anticrise baixadas por Lula, a 443. Num ambiente assim, não espanta que personagens como Collor e Azeredo se animem a medir forças por uma das principais vitrines do Senado. da Folha de São Paulo

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