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Medicina:Remédios biológicos são tão bons quanto os seus ‘genéricos’

A eficácia e a qualidade dos biossimilares são equivalentes às dos medicamentos originais. O primeiro medicamento biossimilar aprovado na Europa, em 2006, era para tratar de problemas de crescimento de crianças. A guerra dos genéricos ocorrida no final de século passado será vista como uma brincadeira de crianças perto daquela que se prepara com os medicamentos de última geração, os chamados remédios biológicos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Muito mais complexos, difíceis de fabricar e caros, os medicamentos biológicos também possuem os seus genéricos, conhecidos como biossimilares. Agora, uma análise feita a partir de vinte estudos mostra que os originais são tão bons quanto as suas cópias. MAIS INFORMAÇÕES Flórida confirma 10 novos casos de Zika contraído por mosquito dentro dos EUA A epidemia que matou quase meio milhão de americanos brancos O ‘superantibiótico’ escondido no nariz Por que a OMS erra ao considerar os transexuais como doentes mentais? Para entender aquilo que se aproxima, é preciso olhar um pouco para o passado. A primeira coisa é diferenciar os remédios tradicionais dos biológicos. Os primeiros possuem uma base química, razão pela qual, utilizando o mesmo princípio ativo, a mesma fórmula e os mesmos meios de fabricação, um medicamento genérico pode ser tão eficaz (terapêutico), seguro (efeitos colaterais) e ter a mesma ação (farmacocinética) que o original. No caso dos biológicos, a coisa se complica. Como as vacinas ou a insulina, eles se baseiam em um ser vivo, seja uma bactéria, um fungo ou alguma célula modificada por meio da biotecnologia. Isso faz com que uma cópia perfeita seja impossível de se produzir. Por isso, os genéricos dos remédios biológicos são chamados de biossimilares e não bioidênticos. O outro item a ser considerado é o preço. Os custos de desenvolvimento de um remédio biológico são muito elevados e não diminuem proporcionalmente quando, uma vez obtida a sua fórmula mágica, se passa a produzi-los em massa. Isso faz com que esses medicamentos sejam muito caros. Eles tornaram possível uma revolução no tratamento do câncer, da artrite ou de doenças inflamatórias do intestino, mas provocaram uma grande elevação nos custos do sistema de saúde. Para os fabricantes, foi um grande negócio. Em comparação com os milhares de remédios químicos, os biológicos são apenas algumas dezenas, mas, em 2017, deverão representar 20% do 1,04 bilhão de euros (cerca de 4 bilhões de reais) utilizados no consumo de remédios no mundo, segundo um relatório do IMS Health. Os remédios biológicos já abrangem 20% do consumo mundial de medicamentos “Há muita coisa em jogo”, afirma Caleb Alexander, professor da Escola Bloomberg de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins (EUA), em conversa por e-mail. É enorme o fluxo de dinheiro que se dirige para as contas dos laboratórios farmacêuticos que desenvolveram os primeiros biológicos. A quebra da patente de muitos deles, porém, já está estimulando a produção de biossimilares, que aliviariam relativamente os custos para a saúde pública. Nos EUA, já foram aprovados dois biossimilares. Na Europa, que nesse caso está bem à frente, a Agência Europeia de Medicamentos já liberou 21 biossimilares. Com um grupo de colegas, Alexander fez uma compilação de todos os estudos comparativos entre remédios biossimilares e os originais usados no tratamento de artrite reumatoide, psoríase e doenças inflamatórias intestinais como a doença de Crohn ou a colite ulcerosa. Trata-se de medicamentos baseados em inibidores de uma proteína decisiva para o sistema imunológico conhecida como fator de necrose tumoral. Entre esses trabalhos, há ensaios clínicos em fase I (para determinar sua segurança) e em fase III, prévios à sua comercialização. Há também estudos que fazem um acompanhamento dos medicamentos aplicados a pacientes tratados inicialmente com originais e depois com biossimilares. “As patentes preservam o bem particular, enquanto o acesso aos medicamentos a um preço razoável preserva o bem público” Em texto publicado nos Annals of Internal Medicine, o grupo afirma que, em todos os ensaios clínicos analisados, tanto da fase I quanto da fase III, os biossimilares registraram uma margem de equivalência entre 80% e 125% em relação aos medicamentos originais de referência. Embora não se possa inferir diretamente desses percentuais que em alguns casos o biossimilar até mesmo supera o original, “essa margem de equivalência se refere ao mínimo que um produto rende em relação ao qual ele é comparado”, lembra Alexander. “O mesmo debate que aconteceu por ocasião da chegada dos genéricos, bem menos complicados, se repete novamente, agora com muito mais em jogo, com maiores possibilidades de erros, mas com um potencial também maior de redução de custos para o sistema de saúde”, comenta Alexander, que também integra a diretoria do Centro Johns Hopkins para a Segurança e Eficácia de Medicamentos. “Com base nas provas disponíveis, podemos concluir que os produtos estudados são comparáveis e, com toda segurança, serão mais baratos”, acrescenta. Embora a análise feita tenha focado apenas um tipo de remédio biossimilar, deixando de fora outros já existentes, como os que se baseiam em anticorpos monoclonais para a psoríase e vários tipos de câncer, os pesquisadores acreditam que seus resultados devem diminuir a exigências estabelecidas para que os biossimilares possam competir com seus originais à medida que as patentes se expirem. “A verdadeira guerra se dará no mercado dos biossimilares”, comenta Miguel del Fresno, professor da UNED que pesquisa há muitos anos as estratégias adotadas para conter a chegada dos genéricos e, agora, a dos biossimilares. E, nessa guerra, ele vê a existência de várias frentes de batalha, desde a definição clara do que é um biossimilar até a definição de quem pode receita-lo, passando pela escolha a partir da marca ou do princípio ativo, como ocorre no caso dos genéricos. Para Del Fresno, “a chave estará em que os responsáveis políticos pelo sistema de saúde saibam distinguir o bem público do bem privado”, e acrescenta: “as patentes preservam o bem privado, enquanto o acesso aos medicamentos a um custo razoável preserva o bem público”. ElPaís

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Do supercomputador à nanotecnologia contra câncer: quatro grandes projetos científicos que estão parados no Brasil

Um supercomputador que custou dezenas de milhões de reais mantido em “stand-by”, remédios mais eficientes contra o câncer que não podem ser testados e bases de pesquisa em áreas remotas da Amazônia fechadas. Corte em verbas afeta diferentes projetos do setor Essa é a situação de alguns dos maiores projetos científicos do Brasil após os sucessivos cortes do orçamento da área nos últimos dois anos. A área de Ciência, Tecnologia e Inovação, que em 2013 recebeu R$ 9,4 bilhões, neste ano tem cerca de R$ 3,5 bilhões. Hoje, divide um ministério com o setor de Comunicações.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Esses cortes causam preocupação na comunidade científica, entre outras coisas pelo fato “de que aparentemente as pessoas que ocupam posições de decisão no Brasil ignoram a relação entre ciência e desenvolvimento”, segundo Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC). “Há projetos importantíssimos que foram paralisados por falta de recursos e que podem melhorar muito a situação na crise global, agregando valor a nossos produtos”, diz Entre as reclamações mais frequentes está a falta de dinheiro para cobrir custos básicos de manutenção, como salário de funcionários e bolsistas, contas de energia e insumos para pesquisas. Parte do financiamento dos 126 Institutos de Ciência e Tecnologia (INCTs) do Brasil e das cerca de 29 entidades científicas veiculadas ao ministério vem de bolsas ou fundos de pesquisa para projetos específicos dentro deles – o que explica por que todos ainda produzem. Mas a diminuição da parte que vem do governo, que varia em cada instituto e é essencial para a manutenção de alguns deles, prejudica até mesmo a estrutura básica para a manutenção dos projetos. Na semana passada, representantes das principais instituições da área se reuniram com o ministro Gilberto Kassab para pedir que seu financiamento volte ao valor de 2013. À BBC Brasil, Kassab afirmou que já levou “as demandas da comunidade científica para a área econômica do governo federal, que não só reconheceu a importância estratégica dessas reivindicações como já descontingenciou R$ 1 bilhão para ciência, tecnologia e inovação”. “Trata-se do início da recomposição orçamentária, que, diante das circunstâncias atuais, é muito significativa e ocorrerá de forma gradual, dentro das possibilidades financeiras.” Kassab disse ainda que “o ministério continua trabalhando para aprovar empréstimo de US$ 1,4 bilhão com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), solicitado em abril, que deve, primeiramente, ser chancelado pela área econômica e pelo Senado”. Enquanto o dinheiro não sai, vários projetos estão parados ou impedidos de avançar em meio à crise e à mudança de governo. Conheça quatro deles: 1) Nanotecnologia contra o câncer Pesquisadores testam terapia fotodinâmica para tratar câncer de pele No INCT – Nanotecnologia, baseado em Brasília, uma rede de 50 pesquisadores tenta criar medicamentos mais eficientes contra o câncer, que causem menos efeitos colaterais. E tem conseguido bons resultados. “Temos experimentos com terapia fotodinâmica contra o câncer de pele – em que se coloca um medicamento na lesão e aplica-se uma luz sobre ele. Isso tem efeito colateral quase nulo no paciente”, diz Ricardo Bentes de Azevedo, presidente do instituto. “Já aplicamos inclusive em humanos, com resultados muito promissores. Conseguimos 100% de remissão do câncer.” As pesquisas também envolvem a criação de um nanomaterial que, uma vez dentro do corpo humano, só libera o princípio ativo de medicamento em regiões com o PH ácido – justamente onde se encontra o tumor. Isso faz com que a ação do medicamento seja mais direcionada e destrua menos células saudáveis, um problema comum na quimioterapia. “A quimioterapia normalmente deprime o sistema imunológico do paciente. Nós também estamos criando uma dupla terapia, que não só trata o tumor, mas também ativa o sistema imunológico contra aquele tumor. Isso é uma das coisas mais modernas no tratamento de câncer hoje”, explica Azevedo. O projeto, no entanto, tem sido impedido de avançar por causa da escassez de recursos. Em 2009, o INCT recebeu R$ 10 milhões para cobrir todos os seus custos por cinco anos – já se passaram sete. “Com o investimento do governo e outros recursos que conseguimos, demos um salto qualitativo enorme nos últimos anos. Mas agora estamos com dificuldade de comprar animais e material para a cultura de células – o que nos permitiria fazer testes”, descreve Azevedo. “Isso efetivamente estaciona os projetos. Ainda não interrompemos nenhum, mas eles não evoluem. Se não vierem recursos até o fim desse ano, teremos um retrocesso muito grande.” O presidente diz que a situação do instituto dá “desespero e desgosto”. “Nos últimos sete anos conseguíamos fazer tudo o que era preciso do ponto de vista da ciência. Agora voltamos a dez anos atrás, quando meu laboratório só fazia o que era possível.” 2) Supercomputador ‘na garagem’ Santos Dumont pode fazer um quatrilhão de operações matemáticas por segundo Há um ano, o supercomputador Santos Dumont chegou ao Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ). E há pelo menos seis meses, desde sua instalação, está parado por falta de dinheiro para pagar seu consumo de energia elétrica, de R$ 500 mil por mês. “Estamos mantendo o Santos Dumont em operação mínima para evitar pará-lo. Desligar totalmente um computador desse porte pode causar prejuízo. É como pegar um automóvel de luxo e mantê-lo parado na garagem”, diz Augusto Gadelha, diretor do LNCC. Comprado da França por R$ 60 milhões em uma iniciativa do governo federal, o supercomputador é o mais potente da América Latina, capaz de fazer um quatrilhão de operações matemáticas por segundo. Há, segundo Gadelha, mais de 70 projetos de pesquisa de diversas áreas esperando que esteja disponível para uso. Entre eles, uma proposta de analisar a estrutura do vírus Zika para facilitar a busca de uma vacina. Outro projeto quer criar novos medicamentos para o mal de Alzheimer. E há ainda os que permitem criar estruturas de engenharia cruciais para a indústria, como reservatórios de petróleo. Conta de energia de computador custa cerca de R$ 500 mil mensais a laboratório “Precisamos de R$ 14 milhões a R$ 15 milhões anuais para operar

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Tecnologia e saúde: Cientistas descobrem como desligar a ansiedade

E se existisse um interruptor da ansiedade, que você pudesse ligar e desligar a hora que quisesse? Pois é nisso que alguns cientistas da Universidade da North Carolina estão trabalhando. Ansiedade: o problema é que os pesquisadores ainda não compreendem totalmente como essa chave funciona. O foco da pesquisa são pequenas proteínas cerebrais que podem ser a resposta para tratar várias doenças mentais, sendo a ansiedade a principal delas. Essas tais proteínas, chamadas receptores de opioides Kappa (KORs, na sigla em inglês), têm um papel importante na liberação de um neurotransmissor ligado à dor e às alterações de humor, o glutamato.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] As KORs são justamente a porta desse neurotransmissor: é como se elas fossem um portão que regula a sua saída do cérebro para o corpo. O que os cientistas descobriram é a chave para abrir e fechar este portão. O problema é que os pesquisadores ainda não compreendem totalmente como essa chave funciona, e nem os possíveis efeitos desse abre e fecha no organismo. Eles só sabem que funciona. Eles usaram ratos de laboratório para estudar o mecanismo: os bichinhos tiveram as KORs ligadas e desligadas em situações com diferentes níveis de stress, como, por exemplo, ser colocado em um campo aberto – o que é bastante assustador se você tiver o tamanho de um rato. A partir daí, eles perceberam que o comportamento das cobaias mudava bastante de uma situação para a outra. Quando as proteínas estavam desligadas, os ratinhos mostravam sinais de estar menos ansiosos: eles permaneciam mais tempo no espaço aberto, e não ficavam tão agitados buscando abrigo. Quando os neurotransmissores saíam do cérebro de uma forma normal, acontecia o oposto: eles entravam em pânico e ficavam o tempo todo tentando achar abrigo. Os resultados indicam que as proteínas em questão podem realmente ser portas que fecham o caminho da ansiedade no cérebro. Ainda não se sabe se elas funcionam da mesma forma no cérebro dos ratos e no dos humanos, mas como as estruturas das duas espécies são similares e como nós também temos as KORs, os cientistas estão confiantes para começar testes em humanos em breve. O próximo passo para o estudo dessas portas é explorar as diferentes formas de ansiedade, suas causas e seus diferentes impactos no organismo humano. Essa fase é importante para que os cientistas possam identificar os usos mais corretos das proteínas em cada neurotransmissão, já que as quantidades de glutamato que saem do cérebro são diferentes em cada situação. As KORs são conhecidas há pelo menos 20 anos naciência e são, inclusive, a base para o funcionamento de alguns analgésicos e de medicamentos que tratam a adicção. Mas foi a primeira vez que os cientistas conseguiram estudar os efeitos dessas proteínas sobre as variações de humor – e, efetivamente, desligar essas pequenas portas. Mas então, por que a gente não desliga tudo de uma vez? Afinal, ninguém gosta de ficar suando frio. Acontece que a ansiedade tem um papel muito importante nas nossas vidas: ela nos avisa sobre situações de perigo, nos ajuda a ficar espertos e prepara nossa cabeça para importantes eventos futuros. É só imaginar o que poderia acontecer com um ratinho desses se ele não ficasse ansioso em espaços abertos: ele seria uma presa muito fácil. O problema real, que é o que os cientistas buscam solucionar, é quando os sintomas da ansiedade são constantes e interferem nas atividades do dia a dia e na nossa capacidade de viver uma vida normal. Essa situação configura o transtorno de ansiedade, termo guarda-chuva que abrange várias doenças, como a síndrome do pânico, a fobia social e as fobias específicas. Para dar uma ideia, só no Brasil, cerca de 47 milhões de pessoas sofrem com o transtorno em suas diferentes formas. Por isso, a descoberta, se levada adiante, pode ajudar muita gente a ter uma vida mais equilibrada. Helô D’Angelo/Superinteressante

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Tecnologia: Start-up francesa usa bactérias para iluminar fachadas e ruas sem gastar eletricidade

Uma startup francesa desenvolveu um sistema de iluminação que usa bactérias modificadas geneticamente para se tornarem “luminosas”. Ideia é utilizar método que não consome eletricidade para iluminar lojas, prédios, pontos de ônibus e placas de sinalização – Image copyright Glowee O objetivo da startup Glowee é utilizar esse método – que não consome eletricidade – para iluminar vitrines de lojas, fachadas de prédios, monumentos e outros espaços públicos, além de mobiliário urbano, como pontos de ônibus e placas de sinalização. “A ideia surgiu após assistirmos a um documentário sobre os peixes das profundezas marinhas que produzem sua própria luz”, disse à BBC Brasil Sandra Rey, cofundadora da Glowee. Na época, ela era estudante de design.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A empresa utiliza a bioluminescência (emissão de luz por seres vivos, resultante de uma reação química provocada por um gene) para produzir iluminação. As bactérias (não patogênicas nem tóxicas) que recebem o gene de luminescência de lulas são cultivadas em uma solução com nutrientes e açúcar para se multiplicar. Os microrganismos vivos e geneticamente modificados são depois colocados em uma espécie de “lâmpada”: invólucros de resina orgânica que podem ter várias formas e também são adesivos, o que permite fixá-los à superfície que será iluminada.  A iluminação deve começar a ser utilizada em vitrines de lojas na França a partir do início de 2017 – Image copyright Glowee A luz obtida com esse método é mais fria e mais suave. “Não vamos substituir a iluminação pública de ruas porque nossa luz é fraca”, diz Rey. Ela ressalta que o sistema da Glowee contribui, com sua luz de baixa intensidade, para diminuir a “poluição luminosa nas cidades”, além da vantagem ecológica de não utilizar energia elétrica, reduzindo as emissões de CO2. Vitrines No entanto, a vida útil do sistema de iluminação, por enquanto, é de apenas três horas, segundo Rey. É por isso que até o momento a luz produzida pelas “bactérias luminosas” tem sido utilizada apenas em instalações e eventos efêmeros, como festas, por exemplo. “Devemos atingir a duração de um mês de iluminação neste ano”, diz ela, que prevê obter prazos mais longos no futuro. Segundo a Glowee, a iluminação começará a ser utilizada em vitrines de lojas na França a partir do início de 2017. A partir de 2018, serão iluminadas as fachadas de prédios e mobiliário urbano Image copyright Glowee Como a luz produzida não é elétrica, não desrespeitará a lei, em vigor na França desde 2013, que proíbe a iluminação de butiques e escritórios à noite. O governo francês aplicou a medida para reduzir o consumo de energia e de emissões de gás carbônico. Há exceções, no entanto, em épocas de festas como o Natal e em áreas com forte atividade turística e cultural. A próxima etapa da Glowee, a partir de 2018, serão as fachadas de prédios e mobiliário urbano. Os clientes, prefeituras ou empresas, pagarão assinaturas para que a iluminação seja renovada cada vez que as bactérias deixarem, após um período, de emitir luz. Rey afirma que também prevê exportar o sistema de iluminação. “Há países na Europa onde a eletricidade é mais cara do que na França. Também queremos equipar áreas remotas em países emergentes, onde há menos recursos”, diz a fundadora da Glowee. A startup recebeu investimentos privados e subvenções públicas para desenvolver seus projetos e também ganhou um prêmio do polo francês de biotecnologia Genopole, um dos maiores da Europa. Image copyright Glowee Daniela Fernandes/BBC

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Bilionário russo quer transferir seu cérebro para computador e ‘imortalizá-lo’

“Nos próximos 30 anos, farei com que todos nós possamos viver para sempre”. A ambiciosa frase é do bilionário russo Dmitry Itskov, que promete dedicar seu tempo e fortuna para o projeto de transferir mentes humanas para um computador. Bilionário sonha com imortalidade “Estou 100% confiante de que isso vai acontecer, ou não teria iniciado tudo isso”, explica Itskov, de 35 anos, que diz ter deixado o mundo dos negócios para se dedicar ao que ainda soa como um filme de ficção científica. A morte é inevitável, pelo menos até agora, porque as células que formam nosso corpo perdem a capacidade de regeneração à medida que envelhecemos, o que nos deixa mais vulneráveis a doenças cardiovasculares e outras condições relacionadas ao processo de envelhecimento.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Computador Itskov está investindo parte de sua fortuna em um plano que concebeu para tentar “driblar” a passagem do tempo. Ele quer usar a ciência para desvendar os segredos do cérebro humano e fazer o upload para um computador, o que livraria a mente de indivíduos das restrições biológicas do corpo. “O objetivo final é transferir a personalidade da pessoa para um corpo completamente novo”, explica o russo, fã de ficção de científica. Cientista diz que é cedo para ridicularizar Itskov Mas como ele planeja tornar o plano realidade? O neurocientista Randal Koene, que já trabalhou no Centro de Estudos da Memória e do Cérebro da Universidade de Boston (EUA), é o diretor científico do projeto de Itskov e ridiculariza sugestões de que o russo teria perdido a noção de realidade. “Toda a evidência que temos até agora parece dizer que (a transferência) é possível. É extremamente difícil, mas é possível. Sendo assim, você pode até dizer que alguém como Itskov é um visionário, mas não louco. Porque isso implicaria pensar que se trata de algo impossível”, diz Koene. A possibilidade teórica a que Koene se refere está baseada em como nossos cérebros funcionam – algo que a ciência ainda não respondeu. Nossos cérebros são feitos de 86 bilhões de neurônios, células que enviam informações umas às outras por meio de descargas elétricas. Mas como o cérebro gera a mente ainda é um dos maiores mistérios da ciência, de acordo com o neurobiólogo Rafael Yuste, da Universidade Colúmbia (EUA). “O desafio é exatamente como sairmos de uma conjunção de células conectadas no interior do cérebro para o mundo mental – pensamentos, memórias e sentimentos”, explica. Para tentar desvendar esse mecanismo, muitos cientistas tratam o cérebro como um computador. Nessa analogia, o computador recebe dados (informações sensoriais) e os transforma em resultados (comportamentos) por meio de cálculos. Este é o argumento que norteia a possibilidade teórica de transferência da mente. Se o processo cerebral pudesse ser mapeado, poderia ser possível copiar o cérebro em um computador, juntamente com a mente criada por ele. Isso é o que pensa Ken Hayworth, neurocientista que durante o dia mapeia cérebros de ratos no Centro de Pesquisas Janelia, nos EUA, e à noite lida com o problema de como fazer o upload de suas mentes. Hayworth acredita que o mapeamento do conectoma – a complexa rede de conexões entre neurônios – é a chave para a solução do problema, pois é da opinião de que elas contêm as informações que fazem de nós o que somos. Bilionário não se preocupa com questões éticas “Da mesma maneira que meu computador é apenas uns e zeros e um disco rígido (a linguagem binária), e eu não me importo com que acontecer desde que esses uns e zeros passem para o próximo computador, deveria ser a mesma coisa comigo”, diz Hayworth. “Não me importo se meu conectoma está implantado em meu corpo ou em um computador controlando um robô”. O pesquisador, porém, é realista. “Infelizmente, estamos muito distantes de um mapeamento do conectoma humano. Para se ter uma ideia, para mapearmos o cérebro de uma mosca, podem ser necessários até dois anos. Com a tecnologia de que dispomos hoje, mapear inteiramente um cérebro humano é impossível”. E há ainda outro desafio teórico. Mesmo que pudéssemos criar um diagrama da “fiação” do cérebro humano, a transferência da mente para um computador iria requerer a leitura constante da atividade dos neurônios. Nessa área, Itskov pode obter uma ajuda inesperada, segundo Rafael Yuste, que ajudou a desenvolver o maior projeto do mundo em neurociência – o Brain Initiative, um programa de US$ 6 bilhões criado para estudar doenças cerebrais como o Alzheimer. Como parte do projeto, Yuste quer monitorar a interação contínua de neurônios. “Queremos medir todas as emissões de neurônios de uma vez e ao mesmo tempo”. Este ângulo não se baseia no mapeamento do conectoma. Em um estudo que ainda não foi publicado, Yuste diz que pela primeira vez conseguiu visualizar as “faíscas elétricas” em um dos mais simples sistemas nervosos que conhecemos – o de um pequeno invertebrado chamado hidra. “Foi bem empolgante. Mas ainda não podemos dizer o que esses padrões significam. É como escutar uma conversa em uma língua estrangeira que não entendemos”. Desafio de mapeamento cerebral já é grande em pequenos animais Nos próximos 15 anos, Yuste espera conseguir fazer o mesmo, além de interpretar a atividade dos neurônios em um cérebro de rato. Mas o objetivo máximo é ler a atividade do cérebro humano. “Se o cérebro fosse um computador, você precisaria primeiro decifrar a mente ou fazer uma espécie de download antes de pensar em transferi-la. Então, penso que a Brain Initiative é um passo necessário para que isso aconteça”. Ainda assim, Itskov tem um longo caminho pela frente – e é visto por muitos com ceticismo. Na Universidade Duke, o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis argumenta que a complexidade do cérebro humano não pode ser replicada. “Você não tem como codificar intuição, beleza, amor ou ódio. Não há como algum dia vermos um cérebro humano reduzido a um meio digital”, afirma Nicolelis. Yuste concorda que não há certeza sobre o funcionamento do cérebro e sua transferência para uma máquina. Ao mesmo tempo, porém,

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“As farmacêuticas bloqueiam medicamentos que curam, porque não são rentáveis”

“As farmacêuticas bloqueiam medicamentos que curam, porque não são rentáveis” Richard J. Roberts: “É habitual que as farmacêuticas estejam interessadas em investigação não para curar, mas sim para tornar crónicas as doenças com medicamentos cronificadores”. Foto de Wally Hartshorn O Prêmio Nobel da Medicina Richard J. Roberts denuncia a forma como funcionam as grandes farmacêuticas dentro do sistema capitalista, preferindo os benefícios econômicos à saúde, e detendo o progresso científico na cura de doenças, porque a cura não é tão rentável quanto a cronicidade. Há poucos dias, foi revelado que as grandes empresas farmacêuticas dos EUA gastam centenas de milhões de dólares por ano em pagamentos a médicos que promovam os seus medicamentos. Para complementar, reproduzimos esta entrevista com o Prêmio Nobel Richard J. Roberts, que diz que os medicamentos que curam não são rentáveis e, portanto, não são desenvolvidos por empresas farmacêuticas que, em troca, desenvolvem medicamentos cronificadores que sejam consumidos de forma serializada.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Isto, diz Roberts, faz também com que alguns medicamentos que poderiam curar uma doença não sejam investigados. E pergunta-se até que ponto é válido e ético que a indústria da saúde se reja pelos mesmos valores e princípios que o mercado capitalista, que chega a assemelhar-se ao da máfia. A investigação pode ser planeada? Se eu fosse Ministro da Saúde ou o responsável pelas Ciência e Tecnologia, iria procurar pessoas entusiastas com projetos interessantes; dar-lhes-ia dinheiro para que não tivessem de fazer outra coisa que não fosse investigar e deixá-los-ia trabalhar dez anos para que nos pudessem surpreender. Parece uma boa política. Acredita-se que, para ir muito longe, temos de apoiar a pesquisa básica, mas se quisermos resultados mais imediatos e lucrativos, devemos apostar na aplicada … E não é assim? Muitas vezes as descobertas mais rentáveis foram feitas a partir de perguntas muito básicas. Assim nasceu a gigantesca e bilionária indústria de biotecnologia dos EUA, para a qual eu trabalho. Como nasceu? A biotecnologia surgiu quando pessoas apaixonadas começaram a perguntar-se se poderiam clonar genes e começaram a estudá-los e a tentar purificá-los. Uma aventura. Sim, mas ninguém esperava ficar rico com essas questões. Foi difícil conseguir financiamento para investigar as respostas, até que Nixon lançou a guerra contra o cancro em 1971. Foi cientificamente produtivo? Permitiu, com uma enorme quantidade de fundos públicos, muita investigação, como a minha, que não trabalha directamente contra o cancro, mas que foi útil para compreender os mecanismos que permitem a vida. O que descobriu? Eu e o Phillip Allen Sharp fomos recompensados pela descoberta de introns no DNA eucariótico e o mecanismo degen splicing (manipulação genética). Para que serviu? Essa descoberta ajudou a entender como funciona o DNA e, no entanto, tem apenas uma relação indirecta com o cancro. Que modelo de investigação lhe parece mais eficaz, o norte-americano ou o europeu? É óbvio que o dos EUA, em que o capital privado é ativo, é muito mais eficiente. Tomemos por exemplo o progresso espetacular da indústria informática, em que o dinheiro privado financia a investigação básica e aplicada. Mas quanto à indústria de saúde… Eu tenho as minhas reservas. Entendo. A investigação sobre a saúde humana não pode depender apenas da sua rentabilidade. O que é bom para os dividendos das empresas nem sempre é bom para as pessoas. Explique. A indústria farmacêutica quer servir os mercados de capitais … Como qualquer outra indústria. É que não é qualquer outra indústria: nós estamos a falar sobre a nossa saúde e as nossas vidas e as dos nossos filhos e as de milhões de seres humanos. Mas se eles são rentáveis investigarão melhor. Se só pensar em lucros, deixa de se preocupar com servir os seres humanos. Por exemplo… Eu verifiquei a forma como, em alguns casos, os investigadores dependentes de fundos privados descobriram medicamentos muito eficazes que teriam acabado completamente com uma doença … E por que pararam de investigar? Porque as empresas farmacêuticas muitas vezes não estão tão interessadas em curar as pessoas como em sacar-lhes dinheiro e, por isso, a investigação, de repente, é desviada para a descoberta de medicamentos que não curam totalmente, mas que tornam crônica a doença e fazem sentir uma melhoria que desaparece quando se deixa de tomar a medicação. É uma acusação grave. Mas é habitual que as farmacêuticas estejam interessadas em linhas de investigação não para curar, mas sim para tornar crônicas as doenças com medicamentos cronificadores muito mais rentáveis que os que curam de uma vez por todas. E não tem de fazer mais que seguir a análise financeira da indústria farmacêutica para comprovar o que eu digo. Há dividendos que matam. É por isso que lhe dizia que a saúde não pode ser um mercado nem pode ser vista apenas como um meio para ganhar dinheiro. E, por isso, acho que o modelo europeu misto de capitais públicos e privados dificulta esse tipo de abusos. Um exemplo de tais abusos? Deixou de se investigar antibióticos por serem demasiado eficazes e curarem completamente. Como não se têm desenvolvido novos antibióticos, os micro organismos infecciosos tornaram-se resistentes e hoje a tuberculose, que foi derrotada na minha infância, está a surgir novamente e, no ano passado, matou um milhão de pessoas. Não fala sobre o Terceiro Mundo? Esse é outro capítulo triste: quase não se investigam as doenças do Terceiro Mundo, porque os medicamentos que as combateriam não seriam rentáveis. Mas eu estou a falar sobre o nosso Primeiro Mundo: o medicamento que cura tudo não é rentável e, portanto, não é investigado. Os políticos não intervêm? Não tenho ilusões: no nosso sistema, os políticos são meros funcionários dos grandes capitais, que investem o que for preciso para que os seus boys sejam eleitos e, se não forem, compram os eleitos. Há de tudo. Ao capital só interessa multiplicar-se. Quase todos os políticos, e eu sei do que falo, dependem descaradamente dessas multinacionais farmacêuticas que financiam as campanhas deles. O resto são palavras… Publicado originalmente no La Vanguardia. Tradução de Ana Bárbara Pedrosa

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Cientista brasileiro vende empresa de biotecnologia por R$ 1,5 bilhão

Brasileiro fez doutorado na Universidade de Cornell nos Estados Unidos. Ele fundou empresa que faz kit rápido de diagnóstico bacteriano. Uma empresa de biotecnologia fundada nos Estados Unidos com a ajuda de um pesquisador brasileiro foi vendida neste mês para a Roche por US$ 425 milhões (pouco mais de R$ 1,5 bilhão no câmbio atual). A GeneWEAVE Biosciences foi cofundada por Leonardo Maestri Teixeira junto com outro amigo durante o período em que estava na Universidade de Cornell para desenvolver o doutorado. Teixeira foi bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC). Leonardo Teixeira, GeneWeave BioSciences. (Foto: Divulgação/Universidade de Cornell) De acordo com a Capes, a ideia da empresa surgiu em uma disciplina sobre empreendedorismo e acabou executada paralelamente às atividades do bolsista. “Tínhamos que trabalhar um plano de negócios conceitual em cima de uma ideia. Discutimos sobre diversas ideias, até resolvermos buscar um problema de países em desenvolvimento como o Brasil”, explicou.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] saiba mais Brasileiros são premiados por projeto contra cólera no Haiti O diagnóstico da tuberculose foi o primeiro foco, depois alterado para infecção hospitalar. “Buscamos uma solução para a erradicação da tuberculose, focando no diagnóstico. Daí surgiu o conceito da tecnologia, que posteriormente patenteamos e aprovamos um projeto para o desenvolvimento da prova de conceito da ideia que tivemos”, relatou o brasileiro para a Capes. Diante dos primeiros bons resultados, Teixeira partiu para obter recursos em competições para empreendedores. Com os prêmios em dinheiro conquistado nessas “disputas de plano de negócio”, a equipe foi ampliada e o foco, alterado. GeneWeave desenvolveu processo rápido que aponta melhor tratamento antibiótico. (Foto: Reprodução/GeneWeave) GeneWeave desenvolveu processo rápido que aponta melhor tratamento antibiótico. (Foto: Reprodução/GeneWeave) “Para conseguirmos capital semente, mudamos o foco do nosso kit de diagnóstico de tuberculose para infecção hospitalar, já que este era um problema dos EUA, e consequentemente facilitaria a captação de recursos”, disse. Investimento e retorno Entre 2010 e 2014, a empresa captou US$ 25,2 milhões de dólares junto a investidores. Por isso, Teixera lembra que na venda da empresa, como ocorre com a maioria das start-ups, os investidores ficarão com boa parte do valor da venda. “(…) Sofri uma grande diluição durante os investimentos, o que é normal em uma empresa que recebe recursos de capital de risco. E que estes investidores ficam com a maior parte do retorno da venda. Isto é normal, já que o risco de capital é todo deles. Enfatizo isto para os que não são familiarizados com estes negócios acharem que fiquei bilionário”, disse. Segundo o pesquisador, a venda da GeneWEAVE sempre foi uma das hipóteses consideradas pelo grupo. “Desde 2014 já temos alguns equipamentos em teste em alguns hospitais, e começamos a apresentar os resultados em algumas feiras setoriais, já no intuito de divulgar o produto e a empresa para uma possível venda, que ocorreu no início de agosto”, contou Leonardo. “A aquisição teve um aporte inicial de apenas 40% do valor, ficando o restante dependendo dos resultados e metas negociadas. Ou seja, apenas começou. Nosso objetivo é realmente ver o produto em todos os hospitais, salvando milhares de vidas por ano, já que esta foi a proposta inicial”, explica. Em nota, a Roche justificou a aquisição para seus investidores afirmando que a GeneWEAVE tem uma solução inovadora para diagnóstico molecular que identifica rapidamente organismos resistentes e avalia sensibilidade aos antibióticos diretamente a partir das amostras clínicas, sem processos complicados e demorados. O produto desenvolvido pela empresa fundada pelo brasileiro foi considerado um “novo paradigma” pela Roche. Trabalho paralelo Apesar de a ideia do projeto ter surgido durante uma disciplina, todo o desenvolvimento ocorreu sem tratar do mesmo tema específico do doutorado, realizado entre os anos de 2004 e 2008. “O trabalho da tecnologia da GeneWEAVE foi feito em paralelo por exigência do meu orientador, já que o desejo de trabalhar em algum projeto para iniciar uma empresa surgiu em uma disciplina de empreendedorismo”, explicou. Teixeira resssalta que o trabalho da disciplina não tinha relação específica com o trabalho de conclusão da tese. “O projeto da empresa, assim como o modelo de negócios inicial foi elaborado nesta disciplina, ainda sem trabalho de bancada. Por incrível que pareça, nós dois ficamos com uma péssima nota nesta disciplina, na verdade a pior do meu histórico!”, lembra bem-humorado. A trajetória acadêmica da Teixeira foi marcada pelo foco na pesquisa, com apoio da Capes. “Durante a minha graduação em Ciência e Tecnologia de Laticínios na UFV tive bolsa de iniciação científica e, posteriormente com bolsa da Capes, fiz meu mestrado em Microbiologia Agrícola nesta mesma instituição.” De volta ao Brasil, Teixeira acredita que o conhecimento obtido no exterior está sendo revertido para o país. “Hoje sou diretor-presidente de um instituto (Instituto de Tecnologia e Pesquisa – em Sergipe), que é uma referência nas áreas de atuação, com mais de 60 pesquisadores doutores, muitos deles com bolsa de produtividade em pesquisa.” Em imagem de arquivo de 2008, Leonardo Teixeira (camisa branca), Jason Springs e Diego Rey, da GeneWeave BioSciences recebem prêmio de empreendedorismo na Universidade de Cornell. (Foto: Divulgação) G1

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Reis Velloso: ex-ministro diz como o Brasil pode virar líder mundial

Ex-ministro propõe agenda para Brasil virar líder mundial. Energia, tecnologia da informação e biotecnologia oferecem mais oportunidades, afirma Reis Velloso. O Brasil tem potencial para sair da crise como líder mundial em competitividade nas áreas de energia, tecnologia da informação e biotecnologia, diz o economista João Paulo dos Reis Velloso, ministro do Planejamento entre 1969 e 1979, nos governos Médici e Geisel. A forma como o país deve se mobilizar para não desperdiçar a chance será o tema do 21º Fórum Nacional, organizado pelo Inae (Instituto Nacional de Altos Estudos), dirigido por Reis Velloso, que será realizado de hoje a quinta-feira na sede do BNDES, no Rio. “Criamos uma agenda com ações imediatas, para reduzir os efeitos da crise, e estratégicas, para o país mudar o modelo de desenvolvimento”, afirma. A agenda foi criada pelo Inae com 50 executivos de grandes empresas — como Roger Agnelli, presidente da Vale, e José Sergio Gabrielli, da Petrobras. Para evitar que as ações caiam no vazio, Reis Velloso prevê a criação de uma aliança entre governo e empresários, para delinear propostas, e de um grupo executivo, com a iniciativa privada, para traçar metas e cobrar ações do governo. Entre as ações imediatas, são defendidas a ampliação do crédito para sustentar o consumo — e gerar renda — e o corte dos gastos correntes do governo. Para que o país emerja como potência, a agenda aponta para a construção de uma indústria integrada em volta do pré-sal, com fábricas de máquinas e serviços de infraestrutura. Isso criaria ambiente para o desenvolvimento de tecnologias. Aliado ao desenvolvimento do pré-sal, a aceleração da construção de hidrelétricas e o contínuo desenvolvimento de bioenergia — em que o álcool é o maior expoente — tornariam o país uma potência energética. Modificar os embarques Outro foco é a mudança das exportações. Hoje, mais da metade delas é composta por bens de baixo valor agregado. “Precisamos identificar os bens de valor agregado que produzimos melhor”, diz. O Inae vê no país a chance de se firmar como polo de tecnologia da informação e de comunicação, atrás dos EUA e da Índia. O país teria uma indústria, mão de obra e qualificação. A ideia é disputar mercado com a Índia. Reis Velloso avalia que o país deve dar mais foco à inovação e ao conhecimento e que aproveite a característica “criativa e inovadora” do empresário brasileiro. É o que o Inae chama de “economia criativa”. “Investimentos respondem por 50% do crescimento dos países. O resto vem desses fatores”, diz Velloso. A cúpula também pede a criação de incentivos para o setor privado investir em transportes e saneamento. O documento que reúne as ações foi apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em fevereiro. “O estudo foi encaminhado para o Luciano Coutinho [presidente do BNDES], que ficou de estudar e propor ações para que o plano caminhe”, diz Reis Velloso. Folha de São Paulo

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