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Quem foi Elza Camêu

Helza Camêu (1903-1995), nascida no Rio de Janeiro, teve uma destacada carreira como compositora, pianista, professora e musicóloga. Iniciando seus estudos de piano aos sete anos, Camêu se destacou precocemente, estudando com importantes nomes da música brasileira como Alberto Nepomuceno e, posteriormente, enriquecendo sua formação com professores no Instituto Nacional de Música, como João Nunes (piano) e Francisco Braga (contraponto e fuga). Recebeu medalha de ouro em 1919 por seu excepcional desempenho nos exames finais, e já em 1922, ingressou no magistério, dando aulas no Colégio Sacré Coeur. Concluiu em 1936 o curso de composição no Conservatório Brasileiro de Música e foi um dos primeiros alunos a estudar canto orfeônico sob a orientação de Villa-Lobos, logo após a instituição do curso. Sua trajetória como educadora se estendeu por décadas, incluindo a promoção de cursos de divulgação musical e palestras sobre diversos aspectos da música, em especial indígena, ilustradas com gravações de campo. Como compositora, Helza Camêu foi pioneira, recebendo reconhecimento desde o início de sua carreira, com prêmios em concursos de composição, destacando-se o Quarteto de cordas Op.12 e seu Quadro sinfônico. A partir de 1950, colaborou com a divisão de antropologia do Museu Nacional, onde realizou um importante trabalho de catalogação e análise etnomusical da música indígena brasileira, culminando na publicação do tratado “Introdução ao estudo da música indígena brasileira” em 1977. Sua contribuição ao estudo e à promoção da música no Brasil foi reconhecida pela Academia Brasileira de Música, que a elegeu para a cadeira No.19. Camêu foi uma das pioneiras do piano brasileiro, compondo 5 Sonatinas para piano, e um Concerto para piano e orquestra em 1936, que infelizmente está desaparecido, mas que a coloca na posição de 2ª mulher brasileira a compor uma obra para piano e orquestra, precedida apenas pela Fantasia para piano e orquestra de Dinorá de Carvalho, de 1934. No canal do IPB, você pode ouvir as Sonatinas No.1 e No.3 em primeira gravação mundial por @andrepedicopiano e @giselepirespianista Foto da Rádio MEC.

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Manuel Bandeira – Poesia -15/10/23

Boa noite A doce tarde morre Manuel Bandeira¹ A doce tarde morre E tão mansa Ela esmorece, Tão lentamente no céu de prece, Que assim parece, toda repouso, Como um suspiro de extinto gozo De uma profunda, longa esperança Que, enfim cumprida, morre, descansa… E enquanto a mansa tarde agoniza, Por entre a névoa fria do mar Toda minh’alma foge na brisa: Tenho vontade de me matar! Oh, ter vontade de se matar… Bem sei é cousa que não se diz, Que mais a vida me pode dar? Sou tão feliz!— Vem, noite mansa… ¹Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho * Recife, PE. – 19 Abril 1886 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 13 Outubro 1968 d.C

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Fernando Pessoa – Versos na tarde – 23/01/2016

Desertos Fernando Pessoa¹ Grandes são os desertos, e tudo é deserto. Não são algumas toneladas de pedras ou tijolos ao alto Que disfarçam o solo, o tal solo que é tudo. Grandes são os desertos e as almas desertas e grandes – Desertas porque não passa por elas, senão elas mesmas, Grandes porque de ali se vê tudo, e tudo morreu. Grandes são os desertos, minha alma! Grandes são os desertos! (…) ¹Fernando Antonio Nogueira Pessoa * Lisboa, Portugal – 13 de Junho de 1888 d.C + Lisboa, Portugal – 30 de Novembro de 1935 d.C >> Biografia de Fernando Pessoa [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Ada Negri – Versos na tarde – 22/01/2016

Aquele Que Passa Ada Negri¹ O desconhecido que passa e te acha ainda digna de uma fugidia palavra de desejo, Talvez porque na sombra da noite tão doce de Maio Ainda resplendem teus olhos, ainda tem vinte anos a ligeira figura deslizante, Não sabe que foste amada, por aquele que amaste amada, em plena e soberba delícia de amor, E em ti não há membro nem ponta de carne ou átomo de alma que não tenha uma marca de amor. Que tu viveste apenas para amar aquele que te amava, E nem que quisesses podias arrancar de ti essa veste que o amor teceu. Ele, ignaro, em ti já não bela, em ti já não jovem, saúda a graça do deus: Respira, passando, em ti já não bela, em ti já não jovem, o aroma precioso do deus: Só porque o levas contigo, doce relíquia à sombra de um sacrário. ¹Ada Negri * Lodi, Milão, Itália – 3 de Fevereiro de 1870 a.C + Milão, Itália – 11 de Janeiro de 1945 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Mário Lago – Versos na tarde – 11/10/2013

Devolve Mário Lago¹ “Devolve toda a tranqüilidade Toda a felicidade Que eu te dei e que perdi Devolve todos os sonhos loucos Que eu construí aos poucos E te ofereci Devolve, eu peço, por favor, Aquele imenso amor Que nos teus braços esqueci Devolve, que eu te devolvo ainda Esta saudade infinda Que eu tenho de ti.” ¹Mário Lago * Rio de janeiro, RJ. – 26 de Novembro de 1911 d.C + Rio de janeiro, RJ. – 30 de Maio de 2002 d.C >> Biografia de Mário Lago [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Billy Blanco – Versos na tarde

A Banca Do Distinto Billy Blanco ¹ Não fala com pobre, não dá mão a preto Não carrega embrulho Pra que tanta pose, doutor Pra que esse orgulho A bruxa que é cega esbarra na gente E a vida estanca O enfarte lhe pega, doutor E acaba essa banca A vaidade é assim, põe o bobo no alto E retira a escada Mas fica por perto esperando sentada Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do coco afinal Todo mundo é igual quando a vida termina Com terra em cima e na horizontal Não fala com pobre, não dá mão a preto Não carrega embrulho Pra que tanta pose, doutor Pra que esse orgulho A bruxa que é cega esbarra na gente E a vida estanca O enfarte lhe pega, doutor E acaba essa banca A vaidade é assim, põe o bobo no alto E retira a escada Mas fica por perto esperando sentada Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do coco afinal Todo mundo é igual quando a vida termina Com terra em cima e na horizontal ¹ William Blanco Abrunhosa Trindade * Belém, PA. –  8 de maio de 1924 d.C + Rio de Janeiro, RJ.- 8 de julho de 2011 d.C Arquiteto, músico, compositor e escritor brasileiro. Atraído pela música desde criança, quando começou a compor tinha cuidado ao escrever seus sambas, com letras elaboradas, assuntos e composições das canções. Nos anos 1940, quando cursava o segundo ano de Engenharia, foi para São Paulo, para fazer o curso de Arquitetura, ingressou no Mackenzie College em 1946. Foi para o Rio de Janeiro, e estudou na Faculdade de Arquitetura e Belas Artes, em 1948. Graduou-se em 1950 em Arquitetura.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Tem um estilo próprio, descrevendo os acontecimentos a sua volta, com humor ou no gênero de exaltação, falando de amor e das desilusões; onde seu samba sincopado, que fugia da cadência vigente do estilo, passou a chamar a atenção dos cantores da época. Sua primeira composição foi “Pra Variar”, em 1951. Nos anos 1950 e 1960 seus sucessos foram gravados por Dick Farney, Lúcio Alves, João Gilberto, Dolores Duran, Sílvio Caldas, Nora Ney, Jamelão, Elizeth Cardoso, Dóris Monteiro, Os Cariocas, Pery Ribeiro, Miltinho, Elis Regina e Hebe Camargo. Seu primeiro sucesso foi “Estatutos da Gafieira”, na voz de Inesita Barroso, em gravação da RCA Victor de 1954. Entre seus parceiros estiveram Baden Powell, em “Samba Triste”, Tom Jobim, em “Sinfonia do Rio de Janeiro” (suíte popular em ritmo de samba, de 1960) e João Gilberto, em “Descendo o Morro” e “A Montanha/O Morro”, onde os dois doutores do asfalto homenageiam o samba de gente simples e de favela. Foram 56 parcerias com o violonista Sebastião Tapajós e com outros compositores, num total de quinhentas músicas, sendo que trezentas já gravadas. Entre seus sucessos destacam-se “Sinfonia Paulistana”, “Tereza da Praia”, “O Morro”, “Estatuto da Gafieira”, “Mocinho Bonito”, “Samba Triste”, “Viva meu Samba”, “Samba de Morro”, “Pra Variar”, “Sinfonia do Rio de Janeiro” e “Canto Livre”. “Sinfonia do Rio de Janeiro” é composta por dez canções, escritas em parceria com Tom Jobim, em 1960. As canções que formam a suíte são “Hino ao Sol”, “Coisas do Dia”, “Matei-me no Trabalho”, “Zona Sul”, “Arpoador”, “Noites do Rio”, “A Montanha”, “O Morro”, “Descendo o Morro” e “Samba do Amanhã”. “Sinfonia Paulistana” foi concluída em 1974, depois de dez anos de trabalho. composta por quinze canções, cantadas por Elza Soares, Pery Ribeiro, Cláudia, Claudette Soares, Nadinho da Ilha, Miltinho e pelo coro do Teatro Municipal de São Paulo. A produção foi de Aloysio de Oliveira, com orquestra regida pelo maestro Chico de Moraes. As músicas se chamam “Louvação de Anchieta”, “Bartira”, “Monções”, “Tema de São Paulo”, “Capital do Tempo”, “O Dinheiro”, “Coisas da Noite”, “O Céu de São Paulo”, “Amanhecendo”, “O Tempo e a Hora”, “Viva o Camelô”, “Pro Esporte”, “São Paulo Jovem”, “Rua Augusta” e “Grande São Paulo”. Em “Monções, destaca-se o carimbó épico, e em “O Tempo e a Hora”, a fusão entre bossa e pop. O jornal O Estado de S. Paulo definiu o refrão de “Tema de São Paulo” como o “que mais define o paulistano. Desde o ano em que foi concluída a suíte, essa música, a mais famosa da suíte, faz parte da trilha sonora do Jornal da Manhã, noticiário matutino da Rádio Jovem Pan. Depois de passar uma temporada no Forte de Copacabana durante a ditadura brasileira, Billy Blanco compôs “Canto Livre”. Estava em plena atividade dedicando-se a música gospel, até sofrer um derrame e ser internado no Rio de Janeiro no segundo semestre de 2010.Apesar do quadro estável, em dezembro ainda não conseguia se comunicar oralmente.

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Fernando Pessoa – Versos na tarde

Vem sentar-te comigo, Lídia Fernando Pessoa/Ricardo Reis ¹ Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos.) Depois pensemos, crianças adultas, que a vida Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, Mais longe que os deuses. Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassossegos grandes. Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz, Nem invejas que dão movimento demais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar. Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos, Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o. Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as No colo, e que o seu perfume suavize o momento — Este momento em que sossegadamente não cremos em nada, Pagãos inocentes da decadência. Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova, Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos Nem fomos mais do que crianças. E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio, Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim — à beira-rio, Pagã triste e com flores no regaço ¹ Fernando Antonio Nogueira Pessoa * Lisboa, Portugal – 13 de Junho de 1888 d.C + Lisboa, Portugal – 30 de Novembro de 1935 d.C ->> biografia ->> aqui mais Fernando Pessoa no blog [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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