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Sanders é realmente socialista? E quais suas chances de chegar à Casa Branca?

O adjetivo “socialista” é usado com frequência para definir o senador Bernie Sanders, que tem desafiado o favoritismo da ex-secretária de Estado Hillary Clinton na disputa pela candidatura do Partido Democrata à próxima eleição presidencial americana. Bernie Sanders propõe um ‘capitalismo mais gentil’, mas rótulo de ‘socialista’ pode afastar eleitores – Image copyright Reuters A palavra reforça a imagem de outsider cultivada pela campanha do pré-candidato, que propõe ampliar o controle sobre os bancos e tornar gratuito o acesso à saúde e às universidades públicas. Até agora, a postura tem lhe feito disputar voto a voto com Hillary a liderança nas prévias que definirão o candidato democrata à sucessão de Barack Obama. Na votação de sábado, em Nevada, ele obteve 47% dos votos contra 52% de Hillary, diferença bem menor que a apontada por pesquisas feitas no Estado há vários meses. Os resultados de Sanders sugerem que o termo “socialista” vem perdendo parte da carga negativa que já teve nos Estados Unidos, embora muitos americanos ainda resistam à ideia de eleger um presidente que se defina assim e outros questionem a aplicabilidade do adjetivo ao senador. Socialismo democrático Desempenho de Sanders vem surpreendendo e superando as indicações de pesquisas – Image copyright Getty Embora já tenha se apresentado como “socialista”, Sanders diz que o termo mais correto para defini-lo é “socialista democrático” e que seus ideais não têm nada a ver com o “comunismo autoritário”. Nos Estados Unidos, o socialismo democrático é normalmente associado a organizações de esquerda que surgiram no país a partir do fim do século 19 e que pregavam uma combinação entre práticas democráticas, como consultas populares e a realização de eleições, e bandeiras tradicionais socialistas, como o controle social dos meios de produção. Os grupos jamais tiveram grande expressão política, mas seus ideais influenciaram sindicatos e movimentos de trabalhadores, especialmente até a primeira metade do século 20, perdendo popularidade conforme o confronto ideológico entre os Estados Unidos e a União Soviética se intensificava na Guerra Fria. Em entrevista em 2006 ao site Democracy Now, Sanders afirmou que ser socialista democrático significa defender que o acesso à saúde seja um direito, que os jovens possam estudar em universidades sem se endividar, que grandes empresas não sejam autorizadas a destruir o ambiente e que o governo não seja dominado por grandes interesses econômicos. O senador é um grande crítico do sistema financeiro comandado por Wall Street e o culpa pela grave crise econômica que atingiu os Estados Unidos há alguns anos. ‘Capitalismo mais gentil’ Sanders diz se inspirar em países da Escandinávia e a forma como criaram sistemas de saúde e educação gratuitos, com extensas redes de proteção social. Para muitos, a postura o aproxima da social-democracia europeia. Segundo o jornalista Harry Jaffe, autor de uma biografia não autorizada do senador, Sanders esteve próximo dos ideais socialistas quando era estudante, nos anos 1960. Mas ele afirma que o político vem gradualmente se afastando daquelas posições e já não pode mais ser identificado como um socialista nem como um socialista democrático. Uma das principais diferenças entre Sanders e as duas correntes, diz ele, é a oposição do senador ao controle social dos meios de produção. Em 2014, Sanders defendeu auxiliar trabalhadores que queiram comprar suas empresas para administrá-las como cooperativas, mas a proposta não figura entre as principais propostas de sua campanha para a economia. O pré-candidato já pregou “manter o forte espírito empreendedor que temos neste país para continuar a produzir riqueza, mas garantir que a riqueza seja distribuída mais igualmente que hoje”. Para Jaffe, o que Sanders quer é um “capitalismo mais gentil”. Rejeição Hillary Clinton é principal rival de Sanders pela indicação democrata Image copyright Reuters Entre críticos à direita, porém, Sanders é frequentemente tido como radical. Em artigo publicado na revista conservadora National Review, o editor Kevin Williamson comparou Sanders ao ex-presidente venezuelano Hugo Chávez. “Suas visões são totalitárias ao ponto que ele não acredita haver nenhum aspecto da vida que esteja além do alcance do Estado”, diz o texto. Uma pesquisa do instituto Gallup em junho de 2015 revela que o rótulo de socialista pode ser um grande obstáculo ao sucesso de Sanders na eleição. O levantamento indicou que apenas 47% dos americanos votariam num candidato socialista que vencesse as prévias de seu partido, enquanto 50% afirmaram que não o apoiariam. A rejeição a um socialista é superior a um candidato que seja ateu (40% não o apoiariam), muçulmano (38%), evangélico (25%) e gay ou lésbica (24%). Considerando-se apenas os eleitores Democratas, porém, o índice de eleitores dispostos a chancelar a candidatura de um socialista sobe para 59% – o que em tese daria a Sanders condições de derrotar Hillary nas prévias. E se conquistar a vaga Democrata, pesquisas apontam que hoje ele seria mais forte que Hillary na disputa contra os principais pré-candidatos Republicanos. Segundo o site RealClearPolitics, as pesquisas apontam que Sanders derrotaria o empresário Donald Trump por uma margem média de 7,8 pontos percentuais, venceria o senador Ted Cruz (Texas) por 4,7 e empataria com o senador Marco Rubio (Flórida). Hillary, por sua vez, venceria Trump por 2,8 pontos percentuais, mas perderia de Cruz por 0,8 e de Rubio por 4,7. Ou seja, a resistência à eleição de um presidente “socialista” pode ser grande nos Estados Unidos, mas os demais pré-candidatos também enfrentam níveis significativos de rejeição. João Fellet/BBC

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Eleições nos USA:Bernie Sanders e a rebelião contra o “establishment”

A cobertura do que vem ocorrendo nas eleições primárias para o cargo de presidente dos Estados Unidos por parte dos principais meios de informação da Espanha, como limitadíssimas exceções, é muito tendenciosa, traduzindo a orientação conservadora e/ou neoliberal que caracteriza a grande maioria dos jornais. A bem conhecida (no plano internacional) falta de diversidade ideológica na televisão e rádio, assim como na imprensa escrita, com escassíssima presença de vozes críticas é um reflexo do estado da informação jornalistica no continente europeu. De uma maneira geral, seus correspondentes nos Estados Unidos limitam-se a traduzir o que dizem os principais meios de informação norte-americanos, sem aprofundar criticamente aquilo que é dito. E, para complicar ainda mais, copiam literalmente o que se escreve naqueles jornais, sem compreender que alguns termos têm um significado oposto dos dois lados do Atlântico.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O termo “liberal”, por exemplo, é utilizado nos Estados Unidos para definir um político que apoia o intervencionismo do Estado na atividade econômica, propondo medidas redistributivas e a expansão dos gastos públicos. Liberal, nos EUA, quer dizer o que na Europa se conhece como social-democrata, enquanto no Velho Mundo, liberal define um político que se opõe ao intervencionismo do Estado, que desaprova as políticas redistributivas e promove as privatizações. Definir os políticos da esquerda norte-americana como liberais, cria enormes confusões (vide, como exemplo, desse tipo de erro, o artigo da correspondente de El País em Washington, Amanda Mars, “Sanders centra sua estratégia em associar Clinton com o poder financeiro”, El País, 06/02/2016). O que acontece nos Estados Unidos? Atualmente, a principal notícia que existe nos Estados Unidos é que um candidato à presidência do país, que se apresenta (abertamente e com orgulho de ser) como socialista, e que pede uma revolução política – utilizando essa expressão em cada atividade eleitoral – está causando um tsunami político semelhante ao que ocorreu na Espanha com o partido Podemos, ou com o candidato trabalhista britânico Jeremy Corbyn. Nas primeiras eleições primárias para o cargo presidencial, que se realizaram no estado de Iowa, o candidato socialista empatou com a candidata claramente apoiada pelo aparelho do Partido Democrata, Hillary Clinton, que não só contava com o apoio daquele aparelho, mas também do establishment político e midiático daquele partido. E essa quase vitória de Bernie Sanders, que é o candidato socialista, ocorreu apesar da clara hostilidade que sofreu sua candidatura por parte dos meios de comunicação (imprensa e televisão) daquele país, (tal como também ocorreu com o Podemos, na Espanha, e com Corbyn no Reino Unido). Previsivelmente, tal hostilidade, ou animosidade, não só apareceu nos principais meios de informação dos Estados Unidos, como também da Espanha, cuja cobertura da vida política dos Estados Unidos, como foi dito no parágrafo anterior, limita-se, na maioria das vezes, à tradução para o espanhol (ou para o catalão) daquilo que dizem os principais meios de informação norte-americanos. O surgimento deste movimento anti-establishment liderado por Bernie Sanders tem características semelhantes ao que vem acontecendo na Espanha e no Reino Unido e reflete uma situação comum nos três países: as classes populares estão cansadas da crescente integração entre os interesses econômicos e financeiros das grandes corporações multinacionais e as instituições governamentais transformadas em representantes do setor economico privado. Tal situação se tornou possível devido à privatização do processo eleitoral nos Estados Unidos, onde qualquer candidato pode receber tanto dinheiro quanto pode gerar e, através dos chamados Super PACs (Political Action Committees), financiar sua campanha, comprando espaço na televisão pelo tempo que queira, sem que exista regulação alguma sobre o acesso a esses meios. A maioria dos financiamentos que a classe política recebe tem origem nas grandes empresas da classe corporativa – o 1% da sociedade que, por seu nível de renda, controla ou exerce enorme influência também sobre a maioria dos meios de informação e de persuasão do país. A consequência deste alinhamento entre o mundo do capital e as instituições políticas é que as políticas aprovadas no Congresso dos Estados Unidos (hoje controlado pela ultra-direita norte-americana, financiada maciçamente por empresas poderosas do mercado de capitais) favorecem sistematicamente seus interesses às custas daqueles do mundo do trabalho, que constitui a maioria das classes populares dos Estados Unidos. Tal situação também afeta em grande parte o Partido Democrata. Foi justamente o presidente Clinton que desregulou o sistema financeiro (sendo seu ministro de Finanças, Robert Rubin, um dos maiores banqueiros de Wall Street), criando as bases para o que viria a ser a principal crise financeira que o país viveu desde a Grande Depressão, uma crise que ampliou a desigualdade economica na população norte-americana. Como Bernie Sanders destaca constantemente, “uma décima parte do 1% mais rico da população controla 90% da riqueza do país”. E os dados, facilmente acessíveis, apontam a veracidade e a credibilidade de sua mensagem. A revolta popular contra o establishment político-midiático Resultado dessa situação: a legitimidade e a popularidade das instituições políticas estão no fundo do poço. A enorme abstenção da população no processo eleitoral (e muito especificamente das classes populares) é um indicador da perda de fé no establishment. A palavra de ordem “Não nos representam”, do 15 M (Movimento 15-M, também chamado Movimento dos Indignados na Espanha), teve grande ressonância também nos Estados Unidos através do movimento Occupy Wall Street, inspirado, em parte, pelo M 15 espanhol. Daí que a convocação, pelo candidato Bernie Sanders, a uma revolução política que quebre este alinhamento entre a classe corporativa e as instituições que se definem – sem o ser – como democratas, é um elemento central de sua mensagem. Sua tese, facilmente sustentável, é a de que sem tal revolução política não acontecerão as mudanças políticas que está propondo, que são, simplesmente, propostas características da social-democracia, antes que esta se transformasse no social-liberalismo, como ocorreu na maioria dos países europeus. Um indicador dessa situação é que o candidato a presidente do governo espanhol Pedro Sánchez, pelo Partido Socialista, pediu a assessoria de Larry Summers, que, junto com Robert Rubin, foi o arquiteto da desregulação do sistema financeiro quando

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10 coisas que você precisa saber sobre as eleições nos EUA

Eleitores do Estado de Iowa derão na última segunda-feira o pontapé inicial no processo que definirá os candidatos à próxima eleição presidencial americana, em novembro. Prévia nos Estado de Iowa marca pontapé inicial da luta pela definição do candidato dos dois grandes partidos americanos. As prévias se encerram em junho, quando os políticos escolhidos para representar os partidos Democrata e Republicano passam a disputar entre si. A BBC Brasil elaborou uma lista com dez pontos para entender e acompanhar a escolha do sucessor do presidente Barack Obama.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] 1. Quem são os principais candidatos Republicanos Donald Trump: O megaempresário é hoje o candidato preferido de 41% dos Republicanos, segundo a última pesquisa da CNN. Entre suas principais propostas estão construir um muro na fronteira com o México, barrar temporariamente a entrada de muçulmanos e ampliar as taxas sobre produtos chineses. Leia também: Quais as chances de um azarão levar a Presidência dos EUA? Ted Cruz: Filho de um pastor evangélico cubano, o senador pelo Texas conta hoje com 19% das intenções de voto entre os Republicanos. Suas principais bandeiras incluem bombardear as áreas controladas pelo grupo Estado Islâmico, acabar com os subsídios federais a planos de saúde e reduzir o imposto de renda. Marco Rubio: Filho de cubanos, o senador pela Flórida tem hoje 8% dos votos entre os eleitores do partido. Ele diz que, se eleito, ampliará os gastos com defesa, reduzirá impostos e flexibilizará as leis trabalhistas. Muitos analistas o consideram o candidato Republicano mais competitivo. Democratas Ted Cruz, Marco Rubio e Donald Trump são os principais pré-candidatos do Partido Republicanos Hillary Clinton: A ex-secretária de Estado e ex-primeira dama tem hoje 52% das intenções de voto entre os eleitores Democratas. Hillary se apresenta como a sucessora natural de Obama, prometendo aumentar os salários da classe trabalhadora, investir em infraestrutura e combater as mortes por armas de fogo. Bernie Sanders: O senador por Vermont, que se define como socialista, conta hoje com 38% das preferências dos eleitores do partido. Sanders tem, entre suas principais bandeiras, ampliar o controle sobre os bancos, universalizar o sistema de saúde e reduzir a influência política de lobistas e grandes doadores. Leia também: Como o medo e a paranoia impulsionaram a candidatura de Trump para presidência 2. Primárias X ‘caucuses’ Estados adotam dois sistemas distintos para escolher seus candidatos nas prévias: as primárias e os “caucuses” (convenções partidárias). Nas primárias, adotadas por 40 dos 50 Estados, os partidos Democrata e Republicano realizam votações secretas para escolher os candidatos. Em alguns Estados, as primárias de cada partido se restringem a eleitores cadastrados nessas agremiações; em outros, são abertas a todos os eleitores. No “caucus”, eleitores se manifestam publicamente sobre suas preferências, levantando as mãos ou se dividindo em grupos. Em geral, só eleitores cadastrados nos partidos podem participar da escolha. 3. Alguns Estados recebem atenção desproporcional Primeiros Estados a realizar prévias, Iowa e New Hampshire somam apenas 1,6% da população americana, mas é lá que os pré-candidatos passam grande parte do início da corrida eleitoral. Os resultados nos dois Estados têm muito impacto no resto da campanha, já que podem enterrar candidaturas e dar grande impulso aos vencedores. Encerrada a fase das primárias, os candidatos vitoriosos passam a enfocar os chamados “Estados-pêndulos”, onde a disputa entre Republicanos e Democratas costuma ser mais equilibrada. Ao priorizar esses locais, eles tendem a deixar de lado Estados muito identificados com um dos dois partidos. Para um candidato Democrata, por exemplo, fazer campanha em Oklahoma pode não ser tão vantajoso, já que o Estado costuma dar largas vitórias ao partido rival. Alguns dos principais Estados-pêndulo são Flórida, Virgínia, Colorado e Pensilvânia. 4. A importância da ‘Superterça’ As prévias se encerram em junho, mas geralmente o momento mais importante do processo ocorre em fevereiro ou março, quando praticamente metade dos Estados realiza suas consultas num único dia, uma terça-feira. Ex-secretária de Estado Hillary Clinton e Bernie Sanders disputam preferência dos Democratas Neste ano, a “Superterça” ocorrerá em 1º de março. Além de ter grande impacto no resultado final das primárias, a maratona de votações é considerada o primeiro grande teste nacional enfrentado pelos pré-candidatos. 5. A eleição é indireta A eleição presidencial nos EUA é indireta, realizada por 538 delegados eleitorais, distribuídos pelos Estados conforme sua população. Em 48 dos 50 Estados americanos (as exceções são Maine e Nebraska), o candidato vitorioso recebe todos os votos dos delegados desses Estados. Ganha a votação o candidato que somar ao menos 270 delegados. 6. Nem sempre o vitorioso é o mais votado Segundo o site FactCheck.org, ao menos quatro vezes os EUA elegeram presidentes que não tiveram a maioria dos votos. Isso ocorre porque, mesmo ao derrotar o rival por uma margem mínima de votos num Estado, o candidato vitorioso fica com todos os seus delegados eleitorais. O último caso ocorreu em 2000, na releeição de George W. Bush, que assumiu o posto mesmo tendo recebido 540 mil votos a menos na contagem geral que seu concorrente Democrata, Al Gore. 7. Votar pode ser complexo O voto é facultativo nos EUA, e eleitores que queiram participar do pleito precisam se registrar (exceto na Dakota do Norte). Certos Estados permitem que o registro ocorra no dia da eleição, mas outros adotam regras que, segundo analistas, desencorajam a votação e discriminam minorias. Alguns Estados proíbem, por exemplo, que grupos (partidários ou não) promovam campanhas para registrar eleitores, prática especialmente comum em comunidades pobres. Placa de carro comemorativa celebra primária de Iowa neste 1º de fevereiro Image copyright ThinkStock Nos últimos anos, alguns Estados postergaram o início do horário da votação. Segundo ativistas, a decisão cria dificuldades para igrejas frequentadas por negros, que costumam organizar excursões para levar seus fiéis às urnas após o culto matinal. 8. Nem todos os americanos podem votar Embora sejam cidadãos americanos, os cerca de 4 milhões de habitantes dos territórios de Porto Rico, Guam, Ilhas Virgens Americanas, Ilhas Mariana e Samoa Americana não têm o direito de votar para presidente, já que esses territórios

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USA: O mundo em meio a uma corrida nuclear

O governo de Barack Obama tem um projeto de US$ 1 trilhão para modernizar o arsenal nuclear do país.  Planos de fabricar um novo míssil nuclear de longo alcance (LRSO) estão sendo criticados (Foto: Wikipedia) Há 25 anos, telespectadores do mundo inteiro assistiram à exibição da tecnologia de mísseis de cruzeiro dos Estados Unidos. Enquanto os jornalistas escreviam suas reportagens no teto do hotel Al Rashid em Bagdá, os mísseis Tomahawk surgiram na tela percorrendo as ruas da cidade em seu caminho para atingir alvos com uma precisão fantástica.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Fabricado no auge da Guerra Fria como um míssil nuclear, que podia carregar uma ogiva nuclear ou uma carga explosiva comum, o míssil Tomahawk tem estado na vanguarda da maioria dos ataques aéreos dos EUA desde a primeira Guerra do Golfo. No entanto, os planos de fabricar um novo míssil nuclear de longo alcance (LRSO), antes que os antigos sejam retirados de circulação em 2030, como parte do projeto do governo Obama de renovar o complexo nuclear obsoleto do país e expandir a produção de armas nucleares nos próximos 30 anos com um custo de $1 trilhão, estão sendo criticados. William Perry, secretário de Defesa de 1994 a 1997, encarregado do projeto do míssil de cruzeiro no Pentágono no final da década de 1970, e Andrew Weber, secretário-adjunto de Defesa responsável pelos programas de defesa nuclear, química e biológica de 2009 a 2014, causaram surpresa em outubro ao defender o cancelamento dos planos de fabricar mil mísseis nucleares. Esse cancelamento representaria uma economia de US$25 bilhões ao país. Segundo Perry e Weber, os mísseis nucleares de cruzeiro são “armas desestabilizadoras”, porque os inimigos em potencial não conseguem distinguir se estão sendo atacados com uma carga explosiva convencional ou com uma ogiva nuclear. O fato de não produzirmos o LRSO, disseram, “não diminuirá o enorme poder de dissuasão nuclear dos EUA”. Especialistas em controles de armas receiam que as justificativas do Pentágono para a fabricação de novos mísseis e da nova bomba atômica extremamente precisa, sugerem que as doutrinas da Guerra Fria, controversas na época, como o aumento do controle e do limite das guerras nucleares, estão sendo retomadas. Hillary Clinton, que em geral tem uma postura mais incisiva e enérgica do que Barack Obama, ao lhe perguntarem em Iowa qual era sua opinião sobre o projeto de US$1 trilhão para modernizar o arsenal nuclear americano respondeu, “Bem, ouvi comentários. Vou procurar me informar com mais detalhes. Mas para mim não faz sentido”. A observação da Sra. Clinton traiu a pressão que tem sofrido por parte do candidato democrata de esquerda e seu rival nas pesquisas de intenções de votos, Bernie Sanders. Mas muitos democratas decepcionaram-se por Obama não ter se mantido fiel ao projeto de um mundo sem armas nucleares, como descreveu no discurso em Praga no ano de 2009, que lhe ajudou a ganhar o prêmio Nobel da Paz, talvez uma escolha um pouco prematura. Fonte: Opinião&Notícia

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O que pensa Bernie Sanders, socialista que ameaça Hillary Clinton

O senador americano Bernie Sanders está, segundo algumas pesquisas de opinião, chegando perto – e, em algumas contagens, até mesmo passando – sua rival Hillary Clinton na disputa pela vaga do Partido Democrata na disputa pela Presidência dos Estados Unidos. Bernie Sanders quer taxar ricos para financiar seus projetos na presidência. Image copyright Reuters Mas o que pensa o político de 74 anos do Estado de Vermont? Abaixo, alguns argumentos defendidos pelo pré-candidato, no momento em que os EUA se aproximam das eleições primárias. A primeira delas ocorrerá em Iowa em 1º de fevereiro: 1. Ele é socialista. Sanders disputa sob a denominação de “socialista democrata”, mas em sua longa carreira política, ele passou a se sentir confortável com o temo “socialista” (“Sou socialista e todo mundo sabe disso”).[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Ele classifica sua ideologia política da seguinte forma: “Socialismo democrático significa que nós devemos criar uma economia que funcione para todos, não apenas para os muito ricos”. A briga de Sanders por tratamento igual para pobres e classe média, e contra a “classe bilionária”, é tema central em sua campanha, e o manto socialista o tem posicionado mais à esquerda de Hillary. 2. ‘As mudanças climáticas são reais’. Depois que a Agência de Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA afirmou que 2015 foi o ano mais quente já registrado, Sanders tuitou: “O debate acabou. As mudanças climáticas são reais e causadas por atividade humana”. Ele quer taxar emissões de carbono, cortar os subsídios aos combustíveis fósseis e investir em tecnologias para energia limpa. 3. ‘O ensino superior deve ser de graça’. “A universidade é o novo ensino médio”, escreveu Sanders em artigo no jornal Washington Post, argumentando que a igualdade de classes será impossível se a maioria dos americanos não tiver acesso ao ensino universitário. Ele montou um plano para tornar gratuitas as mensalidades por intermédio da taxação dos mercados financeiros em Wall Street. 4. Posse de armas é “estilo de vida que não deve ser condenado”. Sanders tem um passado dúbio quanto ao controle de armas, o que se explica pelo fato de ele vir de Vermont, Estado pró-armas e onde “99% das pessoas que caçam obedecem à lei”, segundo o senador. Ele apoia a checagem universal de antecedentes para compradores de armas, mas prefere o meio-termo no lugar de um amplo controle de armas. 5. ‘Vidas de negros importam’. Embora Sanders tenha sido vaiado em um evento de sua própria campanha por membros do grupo Black Lives Matter, ele vem se encontrando com ativistas e concorda que a alta taxa de desemprego e encarceramento entre afro-americanos é uma evidência de racismo sistêmico nos Estados Unidos. Ele defende a reforma da Justiça criminal como saída para o problema. 6. Ele não aceita recursos dos chamados super PACs. Sanders se orgulha de que os doadores de sua campanha são majoritariamente indivíduos, que contribuem, em média, com US$ 27. Ele chama de “desastrosa” a decisão da Suprema Corte Americana que deu aos super PACs, comitês que recolhem doações em nome dos candidatos, o direito de arrecadar dinheiro de corporações e sindicatos. “Não acho que bilionários devam ter o poder de comprar políticos”, ele disse. 7. ‘O salário mínimo deveria ser US$ 15 por hora, em vez dos atuais US$ 7,25′. Sanders afirma que ninguém que trabalhe 40 horas por semana deveria viver em condição de pobreza. No entanto, economistas republicanos e democratas se mostram preocupados com a possibilidade de que tamanho aumento salarial tenha consequências problemáticas para cidades pobres e negócios em dificuldades. 8. ‘Americanos estão cansados do bipartidarismo‘. Por décadas, Sanders tem criticado tanto o partido Republicano quanto o Democrata, afirmando que os dois estão atados ao dinheiro das corporações. Sanders foi eleito para o Senado como independente, e muitos disseram que a rejeição do senador aos dois partidos o deixa isolado e sem força. Sanders argumenta que seu perfil alternativo é que faz crescerem suas bases. Bernie disputa com Hillary Clinton a nomeação do Partido Democrata para a corrida presidencial – Image copyright Reuters 9. Ele prefere viajar de classe econômica. Fotos de Sanders voando nas fileiras do fundo de um um voo comercial se tornaram virais e seus seguidores têm espalhado hashtags como #SandersOnAPlane para mostrar que o pré-candidato é um homem comum, que não desperdiçaria o dinheiro de quem paga impostos. Muitas imagens de Sanders viajando no assento do meio no avião renderam memes com Hillary e o republicano Donald Trump em jatinhos privados. 10. ‘Os EUA deveriam adotar o sistema universal de saúde, pago pelo governo federal‘. Sanders regularmente expõe sua admiração pelos sistemas de saúde do Canadá e dos países escandinavos. 11. ‘US$ 1 trilhão de gastos em infraestrutura’. Sanders quer criar empregos com pesados investimentos em estradas, pontes, sistemas de tratamento de água, ferrovias e aeroportos, que gerariam, segundo ele, 13 milhões de novos postos em cinco anos. 12. ‘Taxar os ricos’. Sanders quer pagar a maior parte de suas propostas com a criação de uma série de impostos e taxas, a maioria dos quais incidindo sobre os americanos ricos: gestores de fundos hedge, especuladores em Wall Street e grandes empresários. 13. ‘A invasão ao Iraque jamais deveria ter acontecido’. Sanders votou contra a guerra iniciada em 2002 e afirma que não mudou de opinião. Ele chama a invasão de “a pior estupidez da política externa na história do país”. 14. ‘Nada de tropas em terra na Síria ou no combate ao Estado Islâmico’. Sanders acredita que a diplomacia deve sempre vir primeiro na política externa e afirma que os países do Oriente Médio devem liderar o combate na região contra o Estado Islâmico. 15. ‘Estilo pessoal é perda de tempo‘. Se os Obamas são chamados de o mais estiloso casal presidencial desde os Kennedys, a Casa Branca de Sanders seria certamente mais relaxada. A esposa do candidato, Jane O’Meara, afirmou que se o marido “tem sete suéteres, isso significa que três estão sobrando”. Questionado por estar sempre descabelado, Sanders foi duro: “A mídia frequentemente gasta mais tempo preocupada com cabelo do

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