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Os donos do mundo

A arrogância de quem se pretende dono do mundo e tutor da democracia. O big stick em ação; Congresso dos Estados Unidos aprova projeto de lei para sancionar o Tribunal Penal Internacional por pedidos de prisão a Netanyahu e ministro da “defesa” de “Israel”. Ps: terá sido a pedido do bananhinha?

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Biden e os protestos das universidades americanas

“O presidente que enviou armas para destruir as universidades de Gaza vê as de seu país pegarem fogo”, aponta professor. Samuel Braun criticou duramente o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, por seu posicionamento diante dos protestos de estudantes nas universidades do país contra o genocídio do povo palestino promovido por Israel – e patrocinado pelos EUA – na Faixa de Gaza. “O Presidente dos EUA que enviou armas para destruir todas as universidades de Gaza, e vê as universidades de seu país pegarem fogo em protesto, se sai com essa declaração covarde à nação: ‘é contra a lei e a essência da democracia: vandalismo, invasão de propriedade, quebra de janelas, fechamento de campi, forçar o cancelamento de aulas e formaturas, roubar pessoas, intimidar pessoas’. Basicamente Biden descreveu tudo o que o Estado de Israel faz, por essência – como forma de existir, contra a lei (o Direito Internacional) e contra a democracia (um Estado onde não haja hierarquia racial)”, apontou Braun pelas redes sociais, prevendo em seguida a derrota de Biden para o ex-presidente e candidato a voltar ao cargo, Donald Trump. “Tendo Trump do outro lado, os Democratas com Biden conseguem a façanha de não serem capazes de se diferenciar para melhor. Merecem e estão a caminho de perder”.

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Judeus, Palestinos e Hitler

A equilibrada e racional reflexão de um historiador e jornalista brasileiro sobre o conflito no Oriente Médio. Marcos Guterman, no artigo reproduzido abaixo, não poupa os radicais de ambos os lados. A Hitler o que é de Hitler por Marcos Guterman¹ – Blog O Estado de São Paulo Guerras, por definição, sinalizam rupturas. Enquanto a diplomacia oferece portas de saída, o conflito armado só se justifica pela decisão de destruir o inimigo e aquilo que ele representa. E a destruição não pode ser apenas militar ou material; ela tem de se dar também, e sobretudo, no campo moral. O conflito que simboliza melhor esse conceito é a Segunda Guerra Mundial, que passou à história como a luta contra o mal absoluto, resumido no nazismo. Hitler e sua ideologia insana tornaram-se paradigmas daquilo que deve ser combatido sem trégua e sem quartel, em nome da humanidade. Por isso, mesmo passadas seis décadas do fim do conflito, o nazismo continua sendo a referência mais implacável que alguém pode usar quando pretende desqualificar completamente seu inimigo no campo de batalha da opinião pública e da justificativa moral. O caso da presente guerra entre Israel e Hamas mostra justamente os exageros dessa retórica. Em artigo publicado no Wall Street Journal, o líder da oposição israelense Benjamin Netanyahu comparou os ataques do Hamas no sul de Israel à blitz aérea promovida pela Alemanha de Hitler contra Londres. Já do lado palestino, Mustafa Barghouti escreveu um texto no jornal egípcio Al-Ahram, a respeito da ofensiva israelense, cujo título é “A Guernica dos palestinos”, em referência ao dramático bombardeio nazista contra essa cidade espanhola em 1937. Trata-se de um óbvio exagero, de ambos os lados, e é um exagero calculado. Ao igualar os palestinos aos nazistas, Netanyahu simplifica grosseiramente o quadro com o objetivo de invocar, no imaginário israelense, o pesadelo da “solução final”. Não é possível, em qualquer sentido, dar pesos semelhantes às forças nazistas e ao limitado poder de fogo do Hamas, ainda que este, a exemplo de Hitler, tenha como objetivo eliminar os judeus. Netanyahu, além disso, se esquece de informar que os palestinos vivem em situação de desespero – que gera grandes ressentimentos – em parte como resultado das ações brutais e dos erros de Israel ao longo de mais de 40 anos de ocupação, com laivos de apartheid. Barghouti, por sua vez, recorre à velha fórmula anti-semita de comparar os israelenses aos nazistas. É uma fórmula de duplo objetivo, ambos perversos. Primeiro, iguala a vítima ao seu maior algoz, um algoz que reduziu a população judaica na Europa de 9,5 milhões para 3,5 milhões de seres humanos em menos de dez anos. Ele poderia ter comparado os israelenses aos americanos, por exemplo, mas isso não teria o efeito desejado, qual seja, o de ligar os judeus ao mal absoluto. O segundo objetivo da fórmula é diminuir a importância e a singularidade do Holocausto, para então adaptar a impactante imagem do extermínio em massa perpetrado pelos nazistas a qualquer outra circunstância conveniente – por exemplo, a morte de palestinos por israelenses. A retórica que Netanyahu e Barghouti aplicaram, em lugar de explicar o conflito, obscurece ainda mais o já complicado quadro das tensões no Oriente Médio. Argumentos desse tipo podem até fazer um grande sucesso entre gente oportunista e panfletária – um bom exemplo foi a grosseira nota em que o PT acusou os israelenses de “prática típica do Exército nazista” -, mas eles definitivamente não ajudam a entender a crise nem muito menos a construir pontes para sua superação. Para o bem do debate, deixemos a Hitler o que é de Hitler. ¹Marcos Guterman é historiador e jornalista de O Estado de S.Paulo

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