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BBC sofre ciberataque que derruba seus sites por várias horas

Páginas ficaram inoperantes na manhã de quinta mas voltaram a funcionar. Sites foram ‘inundados’ com mais tráfego que eles podem absorver. A BBC sofreu na manhã desta quinta-feira (31) um ciberataque que deixou seus sites inoperantes por várias horas, informou a corporação britânica de meios de comunicação públicos. “O site da BBC voltou e funciona normalmente. Pedimos desculpas pelos inconvenientes que tenham sofrido”, limitou-se a comentar a corporação em um comunicado. No entanto, em seu site de notícias atribuiu a falha a um ciberataque. “Nenhuma página da BBC estava disponível na manhã desta quinta-feira por culpa de um grande ciberataque”, afirmou a BBC.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Embora no início o problema tenha sido atribuído a causas técnicas, agora fica estabelecido que a resposta errada dos sites “foi causada por uma técnica de ataque cibernético conhecida como ‘negação de serviço distribuído’”. Este tipo de ataque, conhecido em inglês como DDoS (sigla para distributed denial of service), consiste em deixar um site fora de serviço inundando-o com mais tráfego do que pode absorver. Um total de 100 milhões de usuários visitam mensalmente os sites da BBC. Da France Presse

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Crônica – Ivan Lessa.

Nas malhas da rede *Ivan Lessa – BBC London No mundo inteiro, não se fala de outra coisa: o Windows Vista, novo sistema operacional da Microsoft, começa a ser vendido na quinta-feira. Só a versão para empresas, conforme já anunciou esta página na qual me encontro incrustado como jornalista no começo da invasão do Iraque. O sistema para uso doméstico só em janeiro. De qualquer forma, pode ser um excelente presente de Natal e quem vai, ou quer, receber já olha atravessado para a atual versão XP do Windows. O mundo é novidadeiro. O XP me acolhe aqui na BBC e em casa. Comecei no pobre do Windows 98, que morreu de morte natural, a velhice, e eu lamentei quase tanto quanto lamentei o atropelamento da primeira cachorrinha que tive, a Susy. Aliás, naquela época, nunca me ficou claro na cabeça se era Susy ou Susie. Era, como hoje, semiletrado. De esquemas como XP, manjo um pouquinho mais. Não chego a ser o proverbial “nerd”. “Nerd”, aliás, já traduziram no Brasil? Procuraram um equivalente? Informática A gente passa direto para os “chat rooms” em que se transformaram nossos velhos e simpáticos butecos (sim, com U mesmo) e vamos deletando o português brasileiro cada vez mais. Tem gente que gosta dos neologismos anglo-informáticos. Gente que acha que aumentam nosso vocabulário, nosso léxico, nossas blogueadas por esse mundo de Deus e Bill Gates. Só há dois argumentos contra: primeiro, que a preguiça de procurar um equivalente faz mal à alma e à mente, e, segundo, que cada neologismo que se toma emprestado e se incorpora ao nosso idioma significa uma palavrinha dizendo adeus, sendo atropelada em frente à Colombo de Copacabana, num domingo, feito a minha bassê. (Eu devia ter deixado “basset”.) Noel diante da tela Eu vivo citando nosso cancioneiro (nunca “songuibuque”) para exemplificar tudo e nada. Noel Rosa cantou que o cinema falado foi o grande culpado da transformação. Referia-se, o poeta da Vila, ao fato de que o samba não tem tradução e que o amor, lá no morro, era, e ainda deve ser, espero, amor pra chuchu, inclusive que suas rimas não tinham e não têm tradução. Mais: essa história de “alô, boy, alô, Johnny” só podia ser conversa de telefone. Tinha razão o grande Noel. Pena que não pegou os anos 50 e a televisão para saber o que diria, ou melhor, cantaria e comporia. Internet? Só de pensar, tenho arrepios. Uma coisa é certa: Internet é palavra de rima rica. Não me ocorre nenhuma no momento a não ser “mete”, do verbo “meter”, mas isso é culpa da ignorância e falta de vergonha na cara de minha mente. 15 segundos de progresso Negócio seguinte: um estudo completíssimo, como só os estudos britânicos são completos, revelou uma brusca mudança nos hábitos mediáticos dos cidadãos destas ilhas. Os ingleses, galeses, escoceses e irlandeses do norte, sem combinar nada, baixaram os jornais, fecharam os livros, desligaram a televisão e foram lá para diante das telas cada vez maiores dos computadores. Baixam, ou “download” (daumloudum?) tudo, conforme está na moda. Filme, filminhos e ate mesmo filmões, que estão na bica de começar. Não, os cinemas não estão às moscas. Não, os jornais não estão apenas embalando peixe. Há mais de um senhor aposentado na biblioteca do bairro. Mas houve uma mudança. E sensível, para os donos das mídias. Que, é claro, já correram e há muito para chegar em primeiro lugar na Net, tentando dar aquilo que os irriquietos internautas querem. Não deve ser tão difícil assim. Um dado mudou pouquíssimo: o tempo que um internauta passa diante de um sítio (ou “site”) passou de 40 segundos para 55. Nada contém o progresso. Nada retém a regressão. *Nota do editor do blog. Ivan Pinheiro Themudo Lessa (São Paulo, 9 de maio de 1935) é um jornalista e escritor brasileiro. Filho da jornalista e cronista Elsie Lessa e do escritor Orígenes Lessa. É bisneto do escritor e gramático Julio Cézar Ribeiro Vaugham, autor, entre outros, do romance naturalista A Carne, além de criador da Bandeira Paulista. Ivan foi editor e um dos principais colaboradores do jornal O Pasquim, onde assinava as seções Gip-Gip-Nheco-Nheco, Fotonovelas e “Os Diários de Londres”, escritos em ‘parceria’ com seu heterônimo Edélsio Tavares. Publicou três livros: Garotos da Fuzarca (contos, 1986), Ivan Vê o Mundo (crônicas, 1999) e O Luar e a Rainha (crônicas, 2005).Ivan Lessa mora em Londres, onde escreve crônicas três vezes por semana para a BBC.

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Crônica – Ivan Lessa.

Ivan Lessa¹: Tapetes Voadores. Londres Uma das músicas de nosso cancioneiro que mais me comove (e há muitas mesmo) é aquele “Bom dia”, de Herivelto Martins e Aldo Cabral. Aquele da mulher (ou homem) que se mandou e quem ficou sozinho deu com a toalha no banheiro com a inscrição “Bom Dia”. Nunca tive em casa, nunca vi em casa de ninguém a tal da toalha, mas acredito de pé juntos. Essa saudação em objeto inanimado não pode ser mais nossa cara. Feito em aviso de botequim (“Fiado só amanhã”) até o babador do bebê e a decalcomania nos carros e ônibus (“Papai não corra”). Aqui no Reino Unido também há e como. Dizem as línguas sofisticadíssimas que só “gente pobre” (entenda-se colarinho azul) gosta dessas coisas. Muitos apreciam, mas apenas como manifestação artística popular e chamam de “kitsch”. Tudo bem, cada um na sua. Não entendo, porém, implicarem com tapete de porta de casa. Desses que diz apenas, sóbrio e lacônico,”Welcome”, feito tem lá na casa que compartilho um andar com outros três – o quê? Andarilhos? Em casa, aliás, tem dois. Um do lado de fora da porta que dá para a rua, outro na entrada de meu apartamento, que, bobão, não diz nada, não dá as boas vindas a ninguém. Mas isso é problema meu. O resultado é que quem me visita, e felizmente são pouquíssimo, entra de pés limpos. Faço questão inclusive de examinar. Agora, na cidade de Bristol, lá no sudoeste, andaram, ou pisaram, um pouco longe demais. O conselho da cidade, sua vereação, por assim dizer, houve por bem que o humilde, o modesto, o pobre do tapete de porta (“doormat” como se diz no idioma de Keats, Shelley e Byron), que tenha mais de 17 mm de espessura, não pode. Não pode dar o “welcome”, “willkommen”, “bienvenue”, como no filme “Cabaré”. Os tapetes de porta não podem sequer existir. Baixaram o equivalente a uma portaria, ou “medida provisória” (sempre permanente, confere?), decretando proibidos em todas as residências, comunais ou não, os tapetes de porta de casa, ou apartamento, sala e quarto, seja o que for. As autoridades decidiram que tapete de porta com mais de 17 mm constitui ameaça à integridade física das pessoas. Exemplo a ser seguido. A humanidade não é muito imaginativa. Mesmo na aprazível cidade de Bristol, no sudoeste da Inglaterra. Claro que outras vereanças, outras autoridades seguirão o exemplo. Assim caminham as autoridades: se espelhando umas nas outras. Aguardo, nada pressuroso, o dia em que tanto o cordial (“Welcome”) tapete da porta da casa vitoriana em que habito quanto o que zela com sobriedade pela porta de meu “flat”, ou apartamento, tenham cassados seus mandatos de cordialidade funcional. Sim, dei-me ao trabalho de medir um e outro. O lá de baixo tem 1 metro por 55 cm. O de cima, o que chamo de “meu mesmo”, tem 80 por 40 cm. A espessura? Estava correta. Vindo a arbitrariedade, estou – estamos – na ilegalidade. Com perto de 30 anos de Reino Unido, farei o dever que a história local me ensinou: passarei à desobediência civil. Depois, evidentemente, que eu expressar, na praça Trafalgar, meu descontentamento com acontecimentos recentes na Tailândia. ¹Ivan Lessa, uma das mais privilegiadas “penas” do jornalismo brasileiro, auto-exilado em Londres à 30 anos, escreve semanalmente no site da BBC. Impagavelmente irônico e crítico mordaz da banalidade a qual estamos submetidos. Foi um dos fundadores d’O Pasquim, o primeiro e único sopro de inteligência na mofada imprensa brasileira. Entrincheirado na velha Albion, resiste, bravo e solitáriamamente, ao exército Brancaleone da imbecilidade dominante mundial.

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Crônica – Ivan Lessa.

Ivan Lessa – BBC A Taça Global já é nossa! Folhas inglesas e brasileiras me informam que há 500 jornalistas brasileiros cobrindo a Copa do Mundo na Alemanha. Uso o verbo cobrir em seu mais amplo sentido. O mesmo não faço com a palavra “jornalista”.Pelo que depreendi, há muito tempo, jornalista cobre (novamente em seu mais amplo sentido) radialista e televisionista. São 500 atletas das palavras se exercitando – atirando martelos, arremessando dardos, correndo os 200 metros rasos – para que 270 milhões de brasileiros possam ficar imaginando o que não deve ser um jogo de futebol entre seleções internacionais. Corrigindo-me: são 280 milhões de brasileiros. Foi só eu parar para digitar duas linhas que mais 10 milhões coroaram ou deram as caras, por assim dizer. As mesmas folhas me dão conta que, desses 500, 160 são da Globo, o que inclui rádio e televisão, mais 16 – esses comprovadamente alfabetizados –, do jornal com uma triagem de mais de 300 mil exemplares.É bastante. Levando-se em conta que o Brasilzão, como o chamam carinhosamente essas pessoas aumentativas torcendo por jogadores diminutivos (Ronaldinho, Juninho, Robinho, Cafuinha, Didinho etc), não tem mais que 3 jornais e 1/3 que possam ser levados a sério por pessoas que fazem questão de ser sérias. Acho uma boa distribuição daquilo que poderíamos chamar, no melhor estilo PT, de “Bolsa Beabá”. Folheio ciberneticamente o simpático jornalão soi disant carioca. Lá estão, todos os santos dias, desde que esse raio dessa copa começou, 16 jornalistas. Dos colunistas, coitados, morro de pena, apesar de todas as mordomias, pois já exerci a profissão quando jovem, inocente, duro e cara de pau. Dia após dia, lá estão os 16 fazendo o espetáculo sem juiz, bandeirinhas, cartões amarelos ou vermelhos. É só dar uma chegada ao sítio global. Olhai-os a zanzar pela relva verde, farta e saborosa da palavra escrita. De óculos escuros, bengalas brancas, tentando não esbarrar uns nos outros, esbarrando sempre uns nos outros, tropeçando, caindo de bunda no chão, como num pastelão clássico imitando os mestres do gênero, de Chaplin a Buster Keaton, passando por Harry Langdon e Harold Lloyd, em roteiro idealizado por Ionesco e Beckett. Suas frases ecoam na mente como encantações ou pontos de macumba. As escritas e lidas e principalmente as imaginadas, pois não há melhor forma de elogio do que a imaginação. O texto está pronto e tinindo, para os bons apreciadores. Como nas velhas sessões Passatempo, do Capitólio, na Cinelândia, onde também estavam Os Três Patetas e O Gordo e o Magro, o espetáculo começa quando você chega. – É preciso escalar Robinho. – Ich komme aus Rio. – Comandante Lobato! Comandante Lobato! – Ronaldinho está jogando muito na frente. – Leitura labial é crime previsto na constituição ou não? – Qual é o certo: Ich bin ein Berliner ou Ich bin Berliner? – Como dizia Neném Pé de Prancha… – Alguém aí viu o comandante Lobato? – Der Motor ist kaputt. – Devemos esquecer 2002 e 1998. Dois amigos cuja opinião prezo e respeito me garantiram que a coluna do Tostão é a melhor do gênero. Por ser um fracasso na marcação, eu sempre me descuidei. Passei a acompanhar, a fazer minha cobertura. Eles estavam, estão, certos. Tostão é longe o melhor comentarista, traje esporte ou passeio. Agora, pouco importa o resultado do jogo de sábado e o próximo, se houver, e sei que, malheuresement, haverá. Uma taça nós já erguemos: a Global de Cobertura Jornalística é nossa. Sempre mal informado, só não sei se somos penta, tetra ou hexa.

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