Como o mundo dá voltas.
José Sarney, ontem:
“A América do Sul é o mais pacífico dos continentes. Há mais de cem anos não temos uma guerra. A democracia está consolidada em toda a região. Nunca permitimos corrida armamentista. Ao menor sinal, todos reagimos. O momento mais perigoso foi a tentativa de uma corrida nuclear entre Brasil e Argentina, conjurada por mim e Alfonsín.
“A América do Sul é o mais pacífico dos continentes. Há mais de cem anos não temos uma guerra. A democracia está consolidada em toda a região. Nunca permitimos corrida armamentista. Ao menor sinal, todos reagimos. O momento mais perigoso foi a tentativa de uma corrida nuclear entre Brasil e Argentina, conjurada por mim e Alfonsín.
Há seis anos, quando Menen inventou a tal história da Argentina associada a Otan, o Brasil reagiu e eu tomei a frente desse protesto. Em 1987 – por iniciativa do meu governo -, o Atlântico Sul foi considerado, por resolução da ONU, “zona de paz”, com um único voto contra, o dos Estados Unidos.
Quando o Chile quis equipar sua força aérea com caças F-16 de última geração, Carter embargou a compra para evitar o desequilíbrio de forças estratégicas na região”.
Comentário:
Este “senhor”, Sarney, ontem, foi quem começou a congelar os recursos para manutenção e modernização das Forças Armadas do Brasil, agora, está com o orifício corrugado da região ínfero lombar na mão.
Pior é que ele, em parte, está certo: o risco estratégico e o conseqüente desequilíbrio de forças na América Latina já é uma realidade, sobretudo com os novos meios aéreos e mísseis que o camarada Hugo Chaves adquiriu (muitos ainda por receber, num total inicial de US$ 45 bilhões em compras).
Chavez adquiriu helicópteros de última geração com lançadores de míssil infravermelho. Querer que nossa Força Aérea defenda os céus da Amazônia com “Tucanos” de fabricação nacional ou Mirrage obsoletos e sem apoio logístico (tenho dúvida se o nº de mísseis em estoque na FAB ultrapassa uma dezena, a maioria com a “revisão” vencida) adequado na região é uma tremenda sacanagem com nossos pilotos.
Sarney, hoje.
Agora o plano de Chávez de gastar US$ 60 bilhões em armas, transformando a Venezuela numa potência militar, é uma ameaça ao continente.
Ele disse que ficará no governo até 2031 (não estarei mais por aqui) e se mostra “integracionista”. Mas quem pode saber se um presidente da Venezuela não achará que deve ocupar a Amazônia para evitar sua internacionalização?
Com os novos equipamentos -14 caças Su-25, 600 mil bombas guiadas por GPS, estações de radar ultra-sofisticadas tridimensionais JYL da China e, em aquisição, 138 navios, dez a 15 submarinos e 150 supersônicos-, nossa soberania vira pó. Ninguém imaginou que isso pudesse ocorrer no continente sul-americano.
Para que tudo isso? Para enfrentar os Estados Unidos? Ora, para a superpotência isso não vale nada, mas para nós é uma força de fazer tremer.
De duas uma: ou o Brasil entra na corrida armamentista para assegurar sua defesa, retirando o escasso dinheiro de seu Orçamento que está servindo para nossos programas sociais, ou então, para sobreviver, tem de acobertar-se no guarda-chuva da Otan, tragicamente fazendo voltar a tese de Menen, como única forma de defender-se.
Menen era contra o Brasil, agora seremos todos unidos para nos defendermos da “nova potência militar” que dominará a América do Sul.
Os nossos militares voltaram a suas funções constitucionais, estão submetidos ao poder político que é a síntese de todos os poderes. Mas é do dever deles, constitucionalmente, defender o Brasil.
Para cumprir sua missão eles certamente demandarão recursos, ou ao menos pedirão ao presidente Lula que faça ver a Chávez que a democracia militar que ele implanta deve parar para não pararmos a nossa democracia de mais pão e menos armas.”