Gazel do amor imprevisto
Garcia Lorca¹
O perfume ninguém compreendia
da escura magnólia de teu ventre.
Ninguém sabia que martirizavas
entre os dentes um colibri de amor.
Mil pequenos cavalos persas dormem
na praça com luar de tua fronte,
enquanto eu enlaçava quatro noites,
inimiga da neve, a tua cinta.
Entre gesso e jasmins, o teu olhar
era um pálido ramo de sementes.
Procurei para dar-te, no meu peito,
as letras de marfim que dizem sempre,
sempre, sempre; jardim em que agonizo,
teu corpo fugitivo para sempre,
teu sangue arterial em minha boca,
tua boca já sem luz para esta morte.
¹Federico García Lorca
* Fuente Vaqueros, Espanha – 05 de Junho de 1898 d.C
+ Granada, Espanha – 19 de Agosto de 1936 d.C
Poeta e dramaturgo espanhol.
Fuzilado e uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola
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