Eleições 2006 – Os dois terrores. O dueto dos insensatos.

Ouço, no rádio, enquanto no tráfego, os dois principais candidatos à Presidência da República e, embora não de forma literal, capturo o sentido das falas de ambos;

Lula:
“não despertem a fera que dorme em mim, pois posso resolver fechar esse congresso”.

Alckmin:
“vamos armar a polícia para combater fortemente a violência”.

Os dois, analfabetos, aquele funcional, este, intelectual, compactuam, com suas falas vociferantes, com a burguesia que ao se apropriar do Estado, dócil à prevalência do processo produtivo ao bem estar social, enterrou o Iluminismo.

Tivessem lido Foucault¹, refletiriam que “o sistema carcerário não pode ser reduzido à punição e exclusão”.
Armar o Estado, para os simplórios e desprovidos de visão estratégica e democrática da sociedade é migrar da senzala escravagista para os sistemas prisionais, agora transformados em senzala do Estado.

Ao lado da sanção e da coerção, ações privativas e constitucionais do Estado de Direito, caminham o desenvolvimento e a aplicação sitemática de políticas públicas nos mais diferentes e amplos espectros do tecido social.

Fora desse caminho, desceremos ao primeiro estágio do inferno de Dante.

¹Michel Foucault
Poitiers, França,15 de outubro de 1926
Paris, 26 de junho de 1984.
Foi filósofo e professor da cátedra de História dos Sistemas de Pensamento no Collège de France desde 1970 a 1984.
Suas obras, desde a História da Loucura até a História da sexualidade (a qual não pôde completar devido a sua morte) situam-se dentro de uma filosofia do conhecimento.
Suas teorias sobre o saber, o poder e o sujeito romperam com as concepções modernas destes termos, motivo pelo qual é considerado por certos autores, contrariando a sua própria opinião de si mesmo, um pós-moderno.

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