Elio Gaspari: Empulhação tucana e pôquer do Ibope
– Empulhação tucana: São Paulo atravessou um dilúvio, redes de esgoto invadiram galerias pluviais, centenas de pessoas perderam o que tinham, e o governador José Serra descobriu que parte do problema está na imprensa:
“Outro dia inaugurei um piscinão com 500 metros cúbicos, o segundo maior piscinão do Brasil. A imprensa não deu a menor bola. Porque dá-se bola para o problema, mas para a solução, não”.
Que solução? Em 2006, o tucanato paulista anunciou que reduzira de 50% para 1% o risco de enchente nas margens do rio Tietê.
Os meios de comunicação, felizes, registraram a proeza e caíram na maldição atribuída ao general Orlando Geisel (1905-1979): “A imprensa desinforma, deseduca e ofende o vernáculo”.
Diante de um repique na taxa de homicídios no Estado (4.771 mortos em 2009 contra 4.426 em 2008), Serra atribuiu os números, “basicamente” à “crise econômica e ao desemprego”.
É a velha lenda: crise provoca crime. Se fosse assim, como explicar que a taxa de homicídios caiu 10,4% na Grande São Paulo?[ad#Retangulo – Anuncios – Direita]
Mais: o epicentro do terremoto financeiro ficou em Nova York. Lá o desemprego chegou a 10,3%, o maior em 16 anos, mas os homicídios foram 466, com uma queda de 10% em relação ao ano anterior, o melhor resultado desde 1963.
– Pôquer Ibope: O presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro está jogando 67 anos de prestígio da marca de seu instituto no pano verde das incertezas eleitorais. Há alguns meses ele garante que o PT perderá a eleição presidencial.
Faz isso baseado nas pesquisas de seu instituto e da capacidade analítica que acumulou em mais de 30 anos de serviço. Astrólogo não precisa fazer pesquisa e pesquisador não deve cravar previsões.
Com o crescimento da candidatura da comissária Rousseff, registrado pela CNT/Sensus, Montenegro acrescenta que Lula chegou ao teto de sua capacidade de transferir votos. (Isso oito meses antes da eleição e do início formal da campanha.)
Se acontecer sabe-se lá o que, e o PT vencer, sempre se poderá dizer que Montenegro avançou o sinal. Mas o que se dirá do Ibope?
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