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Pablo Neruda – Versos na tarde

Posso escrever os versos mais tristes esta noite Pablo Neruda ¹ Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Escrever, por exemplo: “A noite está estrelada, e tiritam, azuis, os astros lá ao longe”. O vento da noite gira no céu e canta. Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Eu amei-a e por vezes ela também me amou. Em noites como esta tive-a em meus braços. Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito. Ela amou-me, por vezes eu também a amava. Como não ter amado os seus grandes olhos fixos. Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi. Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela. E o verso cai na alma como no pasto o orvalho. Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la. A noite está estrelada e ela não está comigo. Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe. A minha alma não se contenta com havê-la perdido. Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a. O meu coração procura-a, ela não está comigo. A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores. Nós dois, os de então, já não somos os mesmos. Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei. Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido. De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos. A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda. É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. Porque em noites como esta tive-a em meus braços, a minha alma não se contenta por havê-la perdido. Embora seja a última dor que ela me causa, e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo. ¹ Neftalí Ricardo Reyes * Parral, Chile – 12 de Julho de 1904 d.C + Santiago, Chile – 23 de Setembro de 1973 d.C Prêmio Nobel de Literatura em 1971 [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Mensagens de texto: o fim do telefone para falar?

Avanço das mensagens de texto gera verdadeira fobia ao telefone No ano de 1876, quando Graham Bell patenteou o telefone, teve início um hábito que cresceu exponencialmente entre os terráqueos. Durante muitos anos, falar ao telefone se tornou uma mania mundial, além de ser a forma mais prática, útil e rápida de se comunicar. Mas, com a popularização das mensagens de texto via celular (SMS), e-mails convencionais, Direct Messages no Twitter, correio eletrônico pelo Facebook, mensagens instantâneas (via Gtalk, MSN, AIM, ICQ e outros), o comportamento está mudando, o que pode levar à morte das conversas telefônicas, sejam elas por aparelhos fixos ou móveis. De acordo com a consultoria Nielsen Media, mesmo no universo dos celulares, os gastos dos usuários com chamadas por voz têm despencado, ao passo que o dispêndio com mensagens de texto vem subindo. Nos Estados Unidos, por exemplo, espera-se que o valor dessas formas de contato não vocais ultrapasse o das ligações de voz nos próximos três anos. Este comportamento não surpreende, se considerarmos apenas a faixa etária das crianças e, sobretudo, a dos adolescentes. No entanto, segundo artigo de Pamela Paul no “New York Times” (vide <nyti.ms/telefone_morreu>), nos últimos cinco anos, uma amostragem considerável de adultos aparentemente desistiu de falar ao telefone. Muitos chegam a odiar. ‘Tenho problemas até para pedir pizza’ Vários são os casos de pessoas que adoravam telefonar, mas que mudaram para o oposto, chegando até a reações extremas. Fabiana Carvalho, de 30 anos, contadora, residente em Varginha (MG), é um exemplo.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Hoje tenho problemas até para pedir pizza. Faço a ligação e passo o telefone para quem estiver por perto para falar por mim – Fabiana Carvalho – Quando mais jovem, eu exagerava no telefone. Meus pais tinham que me controlar. Mas depois da internet, por algum motivo, peguei quase um pavor de telefone fixo – conta. – Hoje tenho problemas até para pedir pizza. Faço a ligação e passo o telefone para quem estiver por perto para falar por mim. E fico ditando meu pedido. Minha família me diz que estou com “telefonofobia”. Até concordo. Já me escondi ao ouvir o toque do fixo, deixando que outra pessoa atendesse o chamado e me procurasse pela casa. E quando ouvi o “ela não está”, senti o maior prazer e fiquei aliviada. Outros, que também já falaram muito ao telefone, hoje não mais o fazem. – Não converso mais por telefone. Apenas rapidamente para marcar algum encontro presencial com minha equipe de trabalho, a maioria pelo Skype, mesmo que meu interlocutor esteja no mesmo bairro que eu – diz Antônio Kleber Araujo, 59 anos, gestor de conhecimento que vive entre o Rio e seu “tecnoparaíso rural” em Glicério, na serra de Friburgo. – E quando sou obrigado a falar ao celular, utilizo sempre um fone de ouvido. AKA, como é conhecido, não hesita quando recebe chamadas de voz provenientes de números ocultos, aqueles de empresas ou aparelhos que não identificam a chamada: – Atendo e identifico. Se não interessar, desligo no ato. A recíproca de tratamento é sempre verdadeira. Fernanda Costalonga, 37 anos, jornalista carioca, também se sente incomodada, com sua privacidade invadida, por telefonemas em celular. – Nessa coisa de celular, o que mais me incomoda é que virou obrigação estar 24 horas por dia conectada ao mundo. Outro dia, alguém ligou para meu celular insistentemente por cerca de duas horas. Não me encontrou e me mandou um e-mail. Como não obteve resposta imediata, não hesitou em enviar uma segunda mensagem me acusando de estar me recusando a atendê-la, entre outros impropérios. Duas horas! E eu estava no meu trabalho, onde nem sempre o celular tem sinal e, portanto, não posso checar caixa de e-mail ou voz. Essa necessidade imediata de contato me irrita. Tenho saudades do mundo em que a gente mandava carta e deixava recado com o vizinho para as pessoas que não tinham telefone fixo em casa. Quanto à velha regra de etiqueta de jamais ligar para alguém depois das 22h, os avessos a telefonemas têm verdadeiros chiliques quando recebem chamados tarde da noite. – Fico louca da vida. Altas horas, eu deitada vendo meu filme na TV e o telefone toca? Não atendo e ainda xingo a mãe do infeliz que perdeu a noção. Bem, a não ser que seja uma ligação que eu esteja esperando – desabafa Gisele Petry, 39 anos, assessora de condomínios, de Porto Alegre. Notícias dos amigos pelas rede sociais Gustavo Guimarães, gerente de operações morando no Rio, é daqueles que acham ligação via voz bastante inconveniente. – A gente tem que parar para atender quando a pessoa do outro lado acha mais adequado – justifica-se. – Minha conta de telefone indica que eu uso muito mais SMS do que voz. Afinal, mensagem de texto, a gente recebe na hora, lê na hora, mas responde quando dá. Se é urgente eu respondo de imediato. Alguns antitelefônicos estendem sua aversão aos encontros pessoais, mas os motivos de Gustavo para a raridade dessas ocasiões é outro: A verdade é que as redes sociais já trazem para o nosso conhecimento bastante da vida dos amigos – Gustavo Guimarães – Encontro pouco sim, mas não exatamente por aversão. A verdade é que as redes sociais já trazem para o nosso conhecimento bastante da vida dos amigos. Gustavo cita um encontro cara-a-cara com um amigo num barzinho para ele contar uma viagem que fez: – Quando ele começa o relato, eu digo que já vi as fotos. Ele vai contar alguma coisa do filho, e eu completo a história. Comenta que não está mais com aquela namorada, e eu digo que já vi até o perfil da nova com quem ele está saindo. Ou seja, se não fosse o chope e as batatinhas, a gente nem estaria ali. Unanimidade no quesito ódio telefônico são as ligações de telemarketing. Não há quem as aguente. Uns as ignoram, desligando na cara. Outros, porém, elaboram um pouco mais na retaliação. É o caso do fotógrafo Jorge

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AcheCEP – O melhor buscador de CEP do Brasil

Já está operando um verdadeiro canivete suíço para buscas de CEP em qualquer lugar do Brasil. O AcheCep, já considerado pelas revistas especializadas, o melhor buscador disponível da internet. O software é capaz de encontrar, de forma fácil, segura e rápida, qualquer CEP em qualquer dos 5.565 Municípios do Brasil. O produto vem se integrar ao Ache Certo, já consagrado buscador de endereços no Brasil. aqui ->> www.achecep.com.br aqui ->> www.achecerto.com.br

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José Alencar: processo de paternidade não se encerra com a cremação

Cremação ‘não faz mais diferença’, diz advogado de suposta filha de Alencar Após cremação, não é mais possível recolher material para exame de DNA. Juiz deu ganho de causa a professora, mas recurso ainda será julgado. O ex-vice José Alencar e Rosemary Morais (Fotos: Marcello Casal/ Agência Brasil O advogado Geraldo Jordan afirmou que a cremação do corpo de José Alencar, na última quinta 31), “não faz mais diferença” para o processo que a professora aposentada Rosemary Morais, cliente dele, moveu para ter reconhecida a paternidade pelo ex-vice-presidente. Após a cremação, não é mais possível recolher material de Alencar para se fazer o exame de DNA, capaz de identificar a paternidade.[ad#Retangulo – Anuncios – Duplo] Alencar não aceitou se submeter ao exame. Em julho do ano passado, após dez anos de disputa judicial, o juiz da Comarca de Caratinga, José Antônio Cordeiro, determinou que ele reconhecesse a paternidade. A defesa do ex-vice-presidente recorreu ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), que ainda não se pronunciou sobre o caso. Jordan afirmou que não pretende pretende pedir novamente a comprovação do parentesco por meio de exame de DNA porque a Justiça já havia determinado que Alencar reconhecesse Rosemary como filha. Segundo ele, já passou o momento do processo de investigação de paternidade em que poderiam ser pedidas provas, como o exame de DNA. “A cremação não faz mais diferença porque já passou a época de pedir. O processo foi sentenciado em primeira instância e acreditamos que a justiça será mantida. Não trabalhamos com a hipótese de perder no TJ”, afirmou o advogado da suposta filha de Alencar. Para o advogado do ex-vice-presidente, José Diogo Bastos Neto, é tecnicamente possível determinar com precisão o parentesco, por meio de material colhido de parentes vivos de Alencar. “O fato da cremação não inibe a possibilidade de fazer DNA mediante a coleta de provas de parentes consangüíneos, como os filhos. Nesse processo, se consegue com exatidão determinar o parentesco”, afirmou o advogado. Com a morte de Alencar, o processo de investigação de paternidade fica suspenso até que os filhos e a viúva, Mariza Gomes da Silva, herdeiros do ex-vice, sejam citados pela Justiça, a pedido da defesa de Rosemary. O responsável pelo inventário da herança de Alencar, a ser definido pela família, também terá de ser envolvido no processo. Certeza diminui, diz especialista Apesar de a cremação não impedir por completo um eventual exame de DNA, o teste com material de parentes pode chegar a resultados inconclusivos, segundo um geneticista ouvido pelo G1. O médico legista do Instituto Médico Legal de Brasília Aluisio Trindade Filho, mestre em genética pela Universidade de Brasília, diz que o ideal é fazer o exame com material genético do suposto pai. “A melhor forma de fazer o teste é com material do suposto pai. No entanto, na ausência dele, os parentes podem fornecer material, mas o resultado depende do grau de parentesco e da frequência genética de cada um”, disse. Segundo Trindade Filho, no caso de não haver material do suposto pai, a segunda opção é sempre fazer o exame com os supostos avós do filho que pede reconhecimento de paternidade. A terceira opção é colher sangue dos supostos irmãos, da mãe deles e da mãe da pessoa que entrou com o processo. O ex-vice-presidente tem três filhos, e a mãe deles, Marisa Gomes da Silva, também está viva. Mas a mãe de Rosemary já morreu. “Sem o DNA da mãe da suposta filha, o exame pode e deve ser feito, mas pode não ser conclusivo. As chances de chegar a 99,99%, na verdade, não são boas. Mas pode-se chegar a um resultado de 98%, por exemplo. Para nós, é um percentual muito baixo. [Para ser] conclusivo precisa ser acima de 99,99%. Mas a decisão final é do juiz, que tem outros elementos de prova”, afirmou. Débora Santos e Nathalia Passarinho/G1

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Racismo no Brasil é real e velado

Ao longo dos anos tenho firmado a convicção que o preconceito no Brasil, em média, é primeiro social e depois racial. Por aqui, quem quer que esteja fora do padrão estabelecido pelo sistema é alvo de preconceito. Negros, magros, obesos, nordestinos, mestiços, pobres… Toda forma de racismo na “terra Brasilis” é sinal de ignorância da própria origem. “Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.” Einstein O Editor PS. Não concordo com o que o sujeito diz, mas deixem o Bolsanaro falar. Querer cassá-lo é uma violência. Liberdade de Expressão é clásula pétrea da Constituição. Aliás, ele é até pedagógico para que as novas gerações conheçam que tipo de mentalidade era dominante nos anos de repressão. Época em que o nefasto Armando Falcão proibiu apresentação do Balé Boshoi. “Asinus asinum fricat.” O penhor dessa igualdade Diz a autoimagem brasileira que aqui não há racismo, que existe uma vocação para aceitar a diversidade que viria da mistura étnica que nos formou. Muito antes de Gilberto Freyre já se propagava essa ideia. Mas essa autoimagem não descreve nem o passado nem o presente da nação. A demora em abolir a escravidão e a demora em incorporar os negros e seus descendentes no progresso democrático, até hoje, põem por terra a afirmação de que a ausência da segregação explícita – vista até os anos 50 em países como os EUA – significa uma espécie de superioridade inerente. É fato que a mestiçagem evitou ou ajudou a evitar tais extremos, mas daí a achar que o gosto do colonizador português por mulheres negras e a índole cordial bastaram para criar uma sociedade livre de racismo, vai atlântica diferença. Quando ouço as declarações desse deputado Jair Bolsonaro sobre a “promiscuidade” que seria ter uma mulher negra, para não falar do pastor evangélico que escreveu que a herança africana é “maldição”, estou ciente de que eles não refletem a maioria dos brasileiros. Mas não subestimo quantos não pensam ou dizem às escondidas a mesma coisa, e fico indignado quando vejo o modo como os ricos e as autoridades deste país tratam seus empregados, não raro de pele mais escura que a sua.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Mais importante ainda, não esqueço que algumas instituições brasileiras, sobretudo a polícia, são eivadas desse preconceito. E lembro como são poucos os negros na “elite” brasileira, os Obamas e as Oprahs, e em algumas profissões, como os garçons. Ok, o deputado tem o direito de dizer o que pensa, mas nós temos o dever de criticá-lo. E quando ele diz coisas como a de que não teria um filho gay porque sabe como “educá-lo” está indo muito além de uma mera discordância sobre a união civil para casal homossexual; está dizendo que acha que essas pessoas são mal-educadas e, logo, são aberrações que merecem corretivo, para usar termos a seu estilo. E então sabemos de gays que são agredidos criminosamente na Avenida Paulista e nada ouvimos em sua defesa por parte do deputado, cuja obrigação é zelar pelas leis. Para piorar, ele tenta escapar da acusação de falta de decoro e incitação ao ódio usando o mais velho expediente dos preconceituosos, o de ter amigos ou parentes negros ou gays. Essa história de que os brasileiros são afetuosos e, portanto, não discriminam etnias e sexualidades também está demorando para acabar. Afinal, este país é o campeão mundial de violência doméstica contra as mulheres. Rodo por todos seus pontos cardeais e me canso de ver mães solteiras, muito jovens, que algum malandro engravidou e depois abandonou. Não, a sociedade brasileira está longe de ser um exemplo de harmonia entre as diferenças; sob a capa do sorriso fácil, do tapinha nas costas, muitos vezes há a mais cruel deslealdade, a mais velada arrogância. Só merece afeto quem antes cultiva o respeito. Daniel Piza/O Estado de S.Paulo

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